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domingo, 2 de setembro de 2012

ESPERANÇA E LUZ-Francisco Cândido Xavier

Índice do Blog

 

www.autoresespiritasclassicos.com

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ESPERANÇA E LUZ

 

FRANCISCO CANDIDO XAVIER

ESPÍRITOS DIVERSOS

 

EDITORA CEU

Digitado por Rafael Lima

Associação Espírita Casa da Esperança

 

 

 

 

Sumário

 

PREFÁCIO

Emmanuel ................................................................................................... / 04

GRANDEZA

Emmanuel ................................................................................................... / 05

PETIÇÕES

Emmanuel ................................................................................................... / 06

AS SENTINELAS DA LUZ DO SANTUÁRIO

Emmanuel ................................................................................................... / 07

PÁGINAS DE FÉ

Maria Dolores............................................................................................ / 08

EVANGELHO, FRATERNIDADE, ESCLARECIMENTO

Emmanuel .................................................................................................. / 09

CONVERSA DE IRMÃ

Maria Dolores............................................................................................. / 11

AS PEDRAS DO CAMINHO

Emmanuel................................................................................................... / 13

ENÍGMA

Cornélio Pires............................................................................................. / 14

PERANTE A VIDA

Emmanuel................................................................................................... / 15

IMPORTÂNCIA DO CORPO

Jair Presente............................................................................................... / 16

OBTER

Emmanuel .................................................................................................. / 19

SÉCULO XX

Castro Alves................................................................................................ / 21

VISÃO NOVA

Maria Dolores............................................................................................. / 23

ROGATIVA

Castro Alves ............................................................................................... / 25

PERDÃO E VIDA

Emmanuel ................................................................................................... / 29

CONFISSÃO

Maria Dolores............................................................................................. / 30

GENÉTICA ESPIRITUAL

Emmanuel................................................................................................... / 31

REGRESSÃO DA MEMÓRIA

Emmanuel.................................................................................................... / 33

VIDA E AMOR

Antenor Horta............................................................................................. / 34

PERDÃO SEMPRE

Emmanuel................................................................................................... / 38

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Prefácio

 

A esperança é o estímulo com que a Divina Providência marcou o crescimento e a elevação da vida.

A luz do conhecimento é o poder da visão e da análise com que todas as criaturas estão dotadas da faculdade de discernir.

***

A esperança é a força de compreender e de esperar.

A luz aclara os caminhos que devemos percorrer, a fim de que nosso livre arbítrio possa agir com a responsabilidade de nossas escolhas.

A própria Natureza nos proporciona lições na área de nossas afirmativas.

A semente espera condições para germinar e oferece-nos a planta da espécie em que se configura; o embrião nascente espera crescer, aspirando a ser tronco; o tronco verde aguarda a formação das frondes que lhe proporcionará a posição da árvore que deseja ser; e a árvore adulta mobiliza as suas energias para produzir o fruto, que após nascido se desenvolve e amadurece, doando gratuitamente as possibilidades do plantio de outras árvores iguais a ela para o enriquecimento da natureza.

***

Em síntese tão simples, temos uma noção de vida da criatura humana perante o mundo que lhe serve de temporária moradia e diante do próprio Universo.

Primeiramente o Espírito Humano se prende à vida fetal; nasce nas condições em que se encontra trazendo consigo as qualidades ou os defeitos que procurou adquirir nas existências passadas; no estágio da primeira infância, anseia crescer e senhorear um corpo que lhe forneça oportunidade de expressar-se; chegando à meninice, quer a posse da juventude; atingindo a mocidade, sonha expandir as próprias tendências felizes ou infelizes.

***

Aproximando-se da maturidade, a criatura caminha sob os impulsos da esperança, encontrando sempre, diante de si, o conhecimento ou a luz do bem e do mal, com o ensejo de reconstituir-se nas disciplinas e ensinamentos do bem ou descambar para as complicações e despenhadeiros do mal.

***

Entendemos, assim, facilmente que a personalidade humana vive sob o estímulo da esperança nas estradas do conhecimento que é a luz a desvendar-lhe o caminho, aprendendo que, em verdade, conforme a promessa das Revelações Divinas: “A cada um será dado segundo as próprias obras.”

Emmanuel

Uberaba, 19 de Março de 1993

 

Grandeza

 

Quanto mais avança o Tempo nas trilhas da História, apartando-se da figura sublime, mas amplo esplendor lhe assinala a presença.

***

Ele não era legislador e a sua palavra colocou os princípios da Misericórdia nos braços da Justiça.

Não era administrador e instituiu na Caridade o campo da assistência fraternal em que os mais favorecidos podem amparar os irmãos em penúria.

Não era escritor e inspirou e ainda inspira as mais belas páginas da humanidade.

Não era advogado e ainda hoje, é o defensor de todos os infelizes.

Não era engenheiro e continua edificando as mais sólidas pontes, destinadas à aproximação e ao relacionamento entre as criaturas.

Não era médico e prossegue sanando os males do espírito, além de suscitar o levantamento constante de mais hospitais e mais extensas obras de benemerência, capazes de estender alívio e socorro aos doentes.

***

Ensinou a prática do amor, renunciando à felicidade de ser amado.

***

Pregou a extinção do ódio, desculpando sem condições a todos aqueles que lhe ultrajaram a existência.

***

Não dispunha dessa ou daquela posse, na ordem material dos homens, e enriqueceu a Terra de esperança e de alegria.

Não viajou pelos continentes do Planeta, mas conversando com alguns necessitados e desvalidos, na limitada região em que morava, elevando constantemente os destinos da vida comunitária.

***

Embora crucificado e tido por malfeitor, há quase vinte séculos, quando os povos tentam apagar-lhe os ensinamentos, a Civilização treme nas bases.

***

Esse homem que conservava consigo a sabedoria e a beleza dos anjos, tem o nome de Jesus Cristo.

O seu imenso amor é a presença de Deus na Terra e a sua vida é e será sempre a luz das nações.

Emmanuel

Petições

 

Muito perto da esfera humana, levantam-se grandes institutos para o exame das petições do mundo...

Um homem conseguiu desligar-se do corpo físico e entregou uma petição, em forma de prece, a favor dele próprio.

O encarregado da instituição anotou-lhe a identidade, consultou grande arquivo e indagou em seguida:

- O irmão possui aqui a reserva de serviço aos outros que o habilita à concessão?

- Infelizmente, não tenho reserva alguma, respondeu o recém-chegado.

- Então, meu amigo, volte à sua casa, recorde que a prestação de serviço ao próximo é o seu investimento mais importante. Para pedir algo é preciso que algo tenhamos doado aos outros. Nosso movimento de trabalho aqui, é semelhante à vida bancária na Terra. O pedido em oração, de certo modo, é igual ao cheque. Sem depósito de recursos, nesta casa, o seu talão é papel vazio e o seu cheque não tem validade.

Emmanuel

 

 

 

As Sentinelas da Luz do Santuário

 

A tempestade avizinha-se nos horizontes políticos e sociais do mundo inteiro.

Todas as vozes falam de um perigo iminente e todos os corações sentem algo de estranho no ar que respiram.

***

Fala-se no coletivismo, recolhendo-se cada qual no exclusivismo feroz, e fala-se de nacionalismo e de pátria, dentro do mesmo conceito de egoísmo e de isolamento.

Esses extremismos caracterizam um período de profunda decadência nos costumes sociais e políticos desta época de transições.

***

Apesar, porém, de sua complexidade, esse fenômeno pode ser definido como a angústia generalizada do homem, nas vésperas de abandonar a sua crisálida de cidadão.

***

Todos os acontecimentos que abalam o planeta, espalhando nos seus recantos mais remotos uma onda revolucionária e regeneradora, significam o trabalho intenso e difícil da laboriosa gestação do novo organismo de leis pelo qual se regerão, mais tarde, os institutos terrenos.

***

Ditadores e extremismos são expressões transitórias dessa fase de experiências dolorosas porque a verdade é que o cidadão da pátria será substituído pelo homem fraterno, irmão dos seus semelhantes e compenetrado dos seus deveres de amor.

Muitas dores implicam, por certo, nessa transformação das fórmulas patrióticas da atualidade, mas as democracias avançadas guardam, na sua estrutura, as sementes desse luminoso porvir.

***

Todavia, se falamos com respeito a esse assunto, é para dizermos aos nossos irmãos espiritualistas que eles são as sentinelas da Luz do Santuário, à maneira dos antigos heróis que guardavam as primícias do fogo sagrado.

***

Na hora das sombras, quando a subversão ameaçar o planeta, compete-lhes fornecer o testemunho de sua fé, como um penhor de segurança para as gerações do futuro.

***

A tarefa do espiritismo está, portanto, adstrita à realização do Homem Interior, dentro de um novo conceito de fraternidade.

***

Fora desses princípios, as atividades de cada qual serão como folhas volantes, dentro do seu caráter dispersivo, porque todo o nosso esforço está enquadrado no “amarmo-nos uns aos outros” e é essa fórmula que deverá representar a bússola das atividades dos espiritualistas sinceros, os quais, com os seus abençoados sacrifícios, serão os “engenheiros sociais” dos tempos do porvir.

Emmanuel

Página de Fé

 

O homem de alma sofrida

Quer milagres para crer,

Carrega, porém, consigo

O prodígio de viver.

 

Um amigo pediu ao Céu

Mais dinheiro, em hora grave.

Ele tem um Céu no peito,

No entanto, perdeu a chave.

 

Ouro, Cultura, Poder,

Posse, Influência e Abastança

São de Deus, nas mãos do Homem

E a morte faz a cobrança.

Maria Dolores

 

Evangelho, Fraternidade, Esclarecimento

 

Meus amigos,

Deus vos conceda paz aos corações.

Estamos convosco em vossa reunião de preces, como acontece semanalmente.

Deus vos abençoe.

O estudo do Evangelho renova as fontes de vitalidade espiritual.

Seu culto é a luz para as sendas diárias.

Somos muito felizes por nos dessedentarmos em fontes dessa natureza.

E digo “somos”, porque a esfera dos desencarnados é também zona de realização e luta.

***

Somente em regiões muito próximas do planeta, numerosas almas fazem cultos de suas próprias ilusões.

Graças à Misericórdia Divina, no entanto, hoje já não cultuamos caprichos, mas a Vontade de Deus nas determinações do Divino Mestre.

***

Esta posição é muito encorajadora.

O nosso amigo Irmão X retomará a feitura do trabalho em organização, logo seja possível.

Também quanto a mim, sempre que oportuno prosseguirei trazendo-vos alguma coisa, para dilatarmos o material seletivo do livro em andamento, entretanto, esta pálida contribuição continuará dentro de minhas possibilidades, de vez que, no momento, permanecemos em atividade intensa, por organizar “ligas intercessórias” no Plano Espiritual do Brasil.

***

Essas ligas não se prendem a simples atitudes adorativas. Não. O esforço intercessório é serviço de cooperação, alimentado pelas vibrações de desejo ardente.

Aqui conhecemos que todo impulso é oração.

Todo impulso é desejo tendente a realizar-se na esfera objetiva da existência.

***

Há, por isso, o que poderíamos denominar “orações infernais”, isto é, a vibração do mal e serviços anexos.

A guerra é vasto movimento de desejos diversos.

É preciso acender “Orações Celestiais”, estabelecer diretrizes e propósitos em favor do direito e da paz.

Convidamo-vos a participar de nossa liga.

Não estais obrigados a agir materialmente mais que o razoável, na rotina de cada dia, mas no esforço espiritual podeis fazer muito, pensando, orando, auxiliando mentalmente.

Nosso trabalho presentemente é enorme e destina-se a esclarecer indivíduos e grupos extensos nos próprios domínios de desencarnados, prisioneiros de falsas impressões que trouxeram do mundo e que recebem dele.

***

Como vedes, a guerra espiritual, psicológica, mental, etc, é bem maior que a das armas desembainhadas.

Nosso círculo de intercessão foi organizado em nome de Jesus.

Dentro dele, não temos outro código que não seja o Evangelho, outro ideal que não seja a fraternidade, outro fim que não seja o esclarecimento.

Que o Senhor nos abençoe e proteja.

Deus vos conceda boa noite.

Do vosso irmão e servidor muito grato de sempre.

Emmanuel

(Página dirigida a um grupo de amigos, em Pedro Leopoldo, Minas).

 

 

 

 

 

 

 

Conversa de Irmã

 

Alma irmã, não te amedrontes

Na senda em que te renovas,

Ante o cadinho das provas

Do mundo a te constranger.

Pela bússola da fé

Já conheces como e onde

A obrigação se esconde

Nos vínculos do dever.

 

Segue adiante e não temas

As frases cruéis que escutas,

Calúnias, sarcasmos, lutas,

Que te buscam destruir.

Esses venenos da estrada

Misturas de treva e lodo,

Desaparecem, de todo,

Se te deténs a servir.

 

Se a incompreensão te molesta

Por mais que a mágoa te doa,

Suporta, olvida, perdoa

Nas lides a que te dás;

Quem elege no silêncio

O apoio de cada dia,

Faz-se ponte de harmonia

Para o serviço da paz.

 

No lar que o Céu te concede,

Espera-te a confiança,

Se o fel da intriga te alcança

Por sofrimento a transpor,

Converte o fio de sombra

Em convite à tolerância

E apaga ofensa e distância

Para a vitória do amor.

 

Alma irmã, nunca te esqueças

De que a Terra é nossa escola,

O que aflige ou consola

São sempre lições de luz.

Dificuldade e desgosto

Das horas amarguradas,

Significam tomadas

De ligação com Jesus.

Maria Dolores

 

 

 

 

 

 

 

As Pedras do Caminho

 

Meu prezado irmão,

Que a paz de Jesus derrame sobre o seu coração as suas bênçãos divinas.

***

Em nossa tarefa de consolação e de amor, não nos detenhamos na contemplação das pedras do caminho.

Se a análise é um serviço sagrado com os que tenham olhos de ver e oração para sentir, o atrito de opiniões nos bastidores das idéias religiosas, sem que hajam nos espíritos, a mesma capacidade de visão espiritual e o mesmo sentimento de fraternidade e de amor nos corações, torna-se pedra que pode paralisar, indefinidamente, a nova marcha para Deus.

***

Com respeito às teses do Consolador, que consubstanciam a Terceira Revelação, em face da igreja romana, mais que nós, acima de quaisquer polêmicas ou comentários, falam as misérias e as ruínas da suposta consciência cristã nesta hora amarga do mundo, fruto das cogitações políticas do Papado.

***

Não nos cabe discutir qualquer ponto de vista particular, em matéria religiosa. Cada qual deve guardar a sua concepção de conformidade com a sua “zona lúcida”.

E são poucos os que a preferem conservar na zona de seus imperativos de ordem econômica, no complexo das atividades sociais.

***

O nosso esforço é o da cristianização, dentro da certeza de que todas as ilusões cairão por si mesmas, sem que o Senhor para destruir os falsos ídolos necessite mobilizar os processos agressivos do mundo.

***

Em nossos labores doutrinários, não nos impressionamos com os longos discursos e com os amontoados de palavras. Aos subterfúgios e à intoxicação intelectual, respondamos com a nossa tarefa de educação e de nosso trabalho, como quem sabe que cada um deve responder por suas próprias obras.

São elas que salvam ou condenam os homens, longe das escolas religiosas a que se hajam filiado nas inquietações terrestres.

E quanto ao mais, lembremos que o Mestre Divino recomendou o crescimento simultâneo do joio e do trigo, na sua semeadura bendita.

Suas mãos misericordiosas saberão guardar os frutos da verdade na ocasião da ceifa.

***

Oremos pelos nossos irmãos que não nos compreendem e não perturbemos a nossa marcha para Deus, cultivando qualquer cristalização do caminho.

Emmanuel

(Mensagem dirigida a um irmão solicitante, em 14 de abril de 1939)

 

Enigma

 

 “Vais, filha, ao carnaval

Mas nada penses de mal,”

Disse o pai com voz serena.

E acrescentou: “Teu pai te aprova,

Mas não traga gente nova

Que a nossa casa é pequena.”

Cornélio Pires

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Perante a Vida

 

A riqueza é lição.

A pobreza é prova.

A lição informa.

A provação corrige.

***

A riqueza é possibilidade.

A pobreza é necessidade.

A possibilidade permite.

A necessidade dificulta.

***

A riqueza é malho.

A pobreza é bigorna.

O malho educa.

A bigorna ampara.

***

A riqueza é fonte.

A pobreza é solo.

A fonte fecunda.

O solo produz.

***

Todavia, se a lição não se estende, é orgulho enquistado.

Se a provação não aperfeiçoa, é azorrague do desespero.

***

Se a possibilidade não auxilia à vitória do bem, é caminho ao império do mal.

Se a necessidade não aproveita, é porta à rebelião.

Se o malho comanda em excesso, é martelo destruidor.

Se a bigorna foge ao serviço, a obra em formação não atende aos seus fins.

***

Se a fonte não desfila, é charco perigoso.

Se a gleba é preguiçosa, faz-se imenso deserto.

***

Reconheçamos que riqueza e pobreza são simples condições do progresso comum e ajustadas em ordem, no trabalho constante, serão por toda parte como força divina, levantando a alma humana, da Terra para o Céu, em sublime ascensão.

 

Emmanuel

Importância do Corpo

 

A Senhora Nina Laura,

Em meio de grande brilho,

Desposou Tetéu Carvalho

Aspirando ter um filho.

***

Ele era jovem ricaço

Que possuía o que quer,

Ele queria o prazer

Mas adorava a mulher.

***

Ela queria domínio,

Usando a própria beleza,

Ele buscava o prazer

Nas forças da natureza.

***

Nina Laura engravidou-se

Em poemas de carinho.

E apesar das muitas queixas,

Teve um garboso filhinho.

***

O marido entusiasmado

Deu-lhe o nome de Luiz,

O casal que o recebera

Ficou muito mais feliz.

***

O pequenino crescia

Na doce e bela existência,

Era uma flor de ternura

Numa grande inteligência.

***

O esposo, após uma festa,

Tocado em nova esperança

Disse à esposa que aguardava

Obter nova criança.

***

Mas Nina Laura alegava,

Quase com áspero acento:

“A gravidez para mim

Foi um terrível tormento...”

***

Decorridos quatro anos,

O quadro mudou de vez.

Dona Nina se mostrou

Sob nova gravidez...

***

Três meses foram passados;

Ela que amava o conforto,

Procurou certa parteira

Que lhe dirigisse o aborto...

***

Elegante, ela dizia

Que o aborto era assunto seu...

No entanto, o filho querido

De repente entristeceu.

***

Luizinho, por dois meses,

Manteve a melancolia,

E apesar dos tratamentos,

Faleceu de leucemia.

***

Conquistou o amor materno.

Nina, enfim, caiu de cama.

Agora achava que o filho

Era o ser que mais se ama.

***

Certa noite ouviu Luiz:

“Mãezinha, ainda me desconsolo,

Ao saber que você negou a meu irmão,

O aconchego do seu colo.

***

Era ele meu irmão,

Irmão a mim, muito amado,

A quem prometi socorro

Para viver ao meu lado.”

***

Dona Nina entrou em pranto

Dor e remorso também,

Até que o câncer lhe abriu

As portas do Grande Além.

Jair Presente

Obter

 

Muitos rogam chorando.

E muitos recebem sorrido as concessões que solicitam do Celeste Poder.

***

Contudo, é preciso não olvidar os compromissos que a dádiva envolve em si mesma.

Na vida comum, disputamos determinada posição de serviço, não somente para amealhar os vencimentos que lhe digam respeito, mas também para trabalhar, fazendo jus ao salário ganho.

Uma planta simples recebe do horticultor cuidados especiais não apenas para adornar a paisagem, mas igualmente para produzir, valorizando-lhe o suor e o celeiro.

***

É imprescindível, assim, meditar nas responsabilidades das bênçãos que entesouramos.

Rogamos ao Céu a prerrogativa da saúde e o equilíbrio físico nos enriquece a existência, entretanto, chegará o dia em que a Divina Contabilidade nos examinará as experiências.

***

Pretendemos dignificar a personalidade com títulos que nos aformoseiem a condição social e as forças inatingíveis das Esferas Superiores nos auxiliam, através de mil modos, na aquisição deles.

***

No entanto, surgirá o momento em que seremos convocados à prestação de informes sobre o aproveitamento edificante da oportunidade que nos foi conferida.

***

É justo pedir sempre.

E é natural receber sempre mais.

Todavia, a Lei sábia e justa nos espreita os passos e os movimentos de vez que se há tempo de emprestar, há também tempo de ressarcir.

***

Vejamos, pois, que fazemos da riqueza de luz, a expressar-se na fé renovadora e reconfortante que nos ampara atualmente os destinos.

***

Ontem, antes da presente romagem evolutiva, éramos órfãos de paz e segurança, vagueando no turbilhão das sombras a que relegamos o próprio espírito pela delinqüência multissecular, mas o Senhor, assinalando-nos as súplicas, reformou-nos os títulos de trabalho, em favor de nosso próprio aperfeiçoamento.

Somos servos privilegiados com valioso empréstimo de dons sublimes.

Abstenhamo-nos, desse modo, da perda de tempo e ataquemos a tarefa que nos compete atender.

***

Hoje, brilha conosco o ensejo de auxiliar, aprender, amar, perdoar, sublimar e redimir...

Não nos esqueçamos, porém, de que as horas voam apressadas e de que amanhã, a Lei nos tomará contas do serviço realizado, porque obter, na Terra ou no Céu, exige fazer e resgatar.

Emmanuel

 

 

 

Século XX

 

Século XX... Entardece.

Fim do milênio segundo.

Jesus tutelando o mundo,

Horas de paz e de prece.

***

Conflito, inveja, rancor;

De nada valem na Terra,

E o ódio que faz a guerra,

Só se desfaz pelo amor.

***

Desde milênios distantes,

Assírios, gregos, romanos,

Formavam grupos insanos,

Ostentando o orgulho vão...

Viviam de luta armada,

Foice, forca, pedra, espada,

Terror e devastação.

***

Nesse clima belicoso,

Entre nós, brilha Jesus!...

Mas a guerra do poder,

Pela astúcia e pelo mando,

Deu-lhe num gesto nefando,

Martírio e morte na cruz!...

Depois da angústia do Cristo,

A guerra vai aos cristãos,

Que morrem, dando-se as mãos

Na arena do horror e fel.

Temos depois as Cruzadas,

Com matança nas estradas,

Domina o gládio cruel.

***

No entanto, os povos do tempo

Estavam todos cansados

De tantas guerras... Pediam,

Nas sombras da Idade Média,

Termo a qualquer desavença.

Surge, então, a renascença,

Por elevada esperança.

Mas a guerra ressurgiu

Nos movimentos da França.

***

Século XX... Anoitece.

Ouço dele estranhas vozes,

O nosso Século XX

É daqueles mais ferozes!...

***

Espíritas, companheiros,

Recordai a trilogia,

União, serviço e amor,

Nas lutas de cada dia.

Resguardai com zelo e fé

Nossa Doutrina de luz!...

Ante a treva mais espessa,

Que nenhum de nós se esqueça

Da rota para Jesus!...

Castro Alves

 

(Mensagem recebida na reunião pública comemorativa do aniversário do Centro Espírita União, São Paulo, Capital, na noite de 7 de outubro de 1992).

 

Visão Nova

 

O homem, para carregar a cruz,

Seguindo os passos de Jesus

Não hesitará no grande esforço!...

***

Pensará na beleza do Reino

E ascenderá monte acima

Na visão nova do ideal,

Ofertando seus braços fortes ao trabalho,

Nem perderá tempo na inutilidade!

***

O homem que coopera

Para a vida melhor;

Encontrará serviço dia-a-dia

Em derredor de si.

Será sempre, ele, a melhorar-se

Acompanhando o Mestre,

Não terá desânimo ou tristeza

Transformando lâminas e canhões

Em recursos de paz;

Suportará a cruz que lhe compete

Perdoando setenta vezes sete

A ofensa que venha a receber;

Não ferirá a ninguém

Porque vive em Jesus

Para a força do bem.

***

E escalando, monte a monte,

Chegará o momento

Em que mais fará do sofrimento

Frutos de experiência no caminho.

Porque terá vencido pedra e espinho

Em paz consigo mesmo!

Vendo a vida do Alto, anotará as maravilhas

Das maravilhas do Universo!...

Refletirá no coração

As luzes do Senhor;

Mesmo sem conhecê-las!...

***

Dos Céus fitando

A lágrima e a vida

A que a humildade se aferra

Ele conhecerá, embora a dor e a guerra

Que a nossa linda Terra

É um “Hotel Cinco Estrelas!...”

Maria Dolores

(Página recebida no Centro Espírita União, no Bairro do Jabaquara, S. Paulo).

 

Rogativa

 

No Golfo Pérsico é noite...

Revejo a nuvem da guerra,

Pairando, acima da Terra,

A espalhar-se na amplidão...

***

No bojo dos grandes barcos,

Em mesas enfileiradas,

Ouço frases cochichadas

Exprimindo inquietação.

***

Nos guerreiros veteranos,

Há silêncio, não há voz...

***

E vendo luz ao meu lado

Entro na benção da prece,

Pedindo a Deus,

Fortaleza a todos nós.

***

Fitando o Alto, eis que imploro:

“Ah! meu Pai, por que, meu Deus,

Por que deste tanto ódio,

Aos teus filhos e irmãos meus?”

Sem que ninguém saiba de onde,

A voz dos Céus nos responde:

“A todos damos amor!...”

***

Invoco então Jesus Cristo,

Amado Mestre e Senhor:

“Jesus, ante o teu Natal,

Livra-nos sempre do mal.”

E o Mestre disse em voz alta:

“Para o Bem nada nos falta

Amparai-vos uns aos outros,

Amai-vos qual vos amei.”

***

Sei que o conflito iminente

Pode surgir de repente...

***

De espírito transformado

Operando mentalmente

Volto ao meu próprio passado...

Vejo a Guerra das Cruzadas,

Homens munidos de espadas

Montam soberbos corcéis;

Criança abandonadas,

Procuram mães desoladas,

Sofrendo golpes cruéis!...

Eis-me também nas Cruzadas...

A guerra é longa e sangrenta,

O homem não se contenta,

Crê no ódio, mais e mais;

Nada suprime a matança,

Morre a paz sem esperança,

Gerando embates fatais...

***

A batalha continua...

***

Volto a Jesus e pergunto:

“Como agir? Dize Senhor,

Perante o desequilíbrio

De nossos irmãos do mundo,

Rogamos que nos definas

Com tuas lições Divinas:

Que fazer, perante a Lei?”

Fala, entretanto, o Senhor,

Quando a vida se desmanda

Precisamos cultivar mais trabalho,

Mais perdão e mais amor.

***

A guerra prossegue intensa,

Os homens nos lembram feras

No caminho de outras eras

Sem Luz, sem Paz e sem Crença...

E em vilarejo distante, embora vitorioso,

O Rei Luz cai exangue

E morre em poeira de sangue

Ferindo o mundo cristão!...

***

Tantas lembranças amargas!...

Afasto-me do terror,

Sempre o ódio em tantas cenas!...

Para ilações mais serenas

Em torno do hórrido evento

Coração em sofrimento

Mergulhado em grande dor!...

***

Quero pensar livremente,

Não suporto a grande luta;

Retiro-me quando escuto

Alguém a dizer-me, claro:

“Em Deus não há desamparo!...”

O mensageiro da Luz

Pedia-me paz e fé,

Na bênção do Herói da Cruz.

Consciente, ansioso e aflito,

Procuro guardar-me em prece,

Na paz de que necessito;

Vejo em torno a Natureza,

Tudo é Esperança e Beleza!...

***

O vento brinca na areia...

Noto onde o solo se alteia,

Terra verde e céu anil!...

A dor quase me enlouquece,

Mas em paz reflito em prece:

- Deus nos preserve o Brasil.

Castro Alves

 

(Poema recebido em reunião pública e comemorativa do Centro Espírita União, em São Paulo, na noite de 17 de Outubro de 1990).

 

Perdão e Vida

 

Em verdade, o nosso tempo, na atualidade terrestre, é de muitos conflitos e manifestas perturbações.

Anotemos, no entanto, que a ausência do perdão reúne as parcelas de nossas reações negativas, e apresenta-nos a soma inquietante que se transforma em caminho para a guerra.

***

Os atritos do lar, as reclamações que se espalham, resultam da incompreensão, em que se especifica, entre os homens, a dureza dos corações de uns para com os outros.

Aqui, é a irritação que prepara ambiente à enfermidade, ali, é a falta de aceitação com que nos desligamos da humildade, é a prepotência pessoal favorecendo o orgulho de quantos intentam ser um fator de poder mais forte do que aqueles outros irmãos que lhes partilham a vida.

***

Lemos, sensibilizados, algo em torno das reuniões notáveis dos nossos homens de orientação ou de Estado, quando se congregam para discutirem os problemas da Paz.

É natural nos emocionemos com as primorosas declarações deles e com a grandeza de suas promessas e decisões.

Acontece, porém, que no desdobramento das horas, eles não são os personagens de nosso convívio... Longe deles, angariamos, com a benção de Deus, o nosso pão de cada dia e sem eles é que nos vemos uns aos outros, nos modos diversos em que nos mantemos no cotidiano.

Admiramos as personalidades da televisão e das mostras de valores artísticos, entretanto, necessitamos aprender como tratar as nossas crianças e jovens na intimidade.

Muita gente gaba os feitos de grandes desportistas, como aconteceu à frente daqueles que venceram as distâncias e foram até a Lua. Sucede, contudo, que não vivemos com eles, conquanto mereçam a nossa melhor consideração.

***

Somos chamados a saber de que maneira minimizar as dificuldades de grandes incidências entre as paredes de nosso mundo doméstico.

Sejamos benevolentes para com todos aqueles que nos compartilham a vida.

Toleremo-nos, sabendo que hoje desculpamos a falta de alguém e talvez amanhã sejamos nós os necessitados de benevolência e tolerância.

Diz o texto desta noite:

 “Perdoemos para que Deus nos perdoe.”

Coloquemos nossa atenção nessa máxima e desculpemos uns aos outros, tantas vezes quantas se façam necessárias. E que o Pai Misericordioso a todos nos releve em nossas falhas e, compadecidamente, nos abençoe.

 

Emmanuel

(Página recebida em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas, na noite de 21 de novembro e 1992).

 

Confissão

 

Revendo as falhas que tenho

Das mais diversas e feias,

É que tenho tanto empenho

Em ver as falhas alheias.

Tantas vezes, vivo errada!...

Senhor, guarda-me no Bem.

Também eu caio na estrada,

Não posso julgar ninguém.

 

Maria Dolores

(Página recebida em reunião de amigos, no Culto do Evangelho no Lar, na noite de 17 de fevereiro de 1993 em Uberaba, Minas).

 

Genética Espiritual

 

É lamentável o dogmatismo estreito das escolas científicas da Terra que teimam em não reconhecer, no seu patrimônio, uma série de conhecimentos instáveis, mesmo porque humanos, saturados da relatividade a que se subordinam todos os fenômenos do planeta.

Esclarecidas pelas verdades do Espiritismo, a biologia, a química, a física, e a medicina, no futuro, renovarão as suas concepções, investigando o complicado problema das origens, considerando-se, todavia, que a humanidade somente poderá intensificar as suas aquisições evolutivas, quando buscar desenvolver a sua visão espiritual, dentro da ascensão moral na virtude e no conhecimento.

***

Vós outros, os encarnados, sois os primeiros a observar as maravilhas já descobertas, entretanto, bem sabeis que o homem material terá sempre um limite para as suas perquirições do invisível.

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Esse limite reside na estrutura do seu olho, cuja potencialidade visual está em correspondência direta com a sua capacidade de conhecimento.

Esse “homem material” já conseguiu muito e é louvável todo o seu esforço, na elucidação de todos os problemas da vida.

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No capitulo da biologia, a teoria dos “genes” tem a sua importância no drama biológico e a hereditariedade física tem o seu incontestável ascendente no seio das espécies da natureza.

Ai está, contudo, um campo imenso, onde os estudiosos materialistas somente poderão se socorrer das hipóteses inverossímeis, caso persistam em se conservar longe das verdades imutáveis do Espírito.

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A ciência poderá equilibrar os elementos da gênese profunda dos seres, mas esbarrará sempre com a claridade espiritual que se irradia de todos esses movimentos, ordenados dentro de certa matemática, estranha aos homens e independente de sua colaboração.

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A ciência terrestre, afinal, poderá especializar as suas atividades, surpreendendo novos compêndios e catalogando novos valores nos seus centros de estudo, mas não será realizado um trabalho mais sério, em benefício da alma humana, sem espiritualizar o homem.

É esse “homem espiritual” do porvir que poderá alçar vôos mais altos, porquanto não terá a sua visão adstrita às reduzidas possibilidades do olho humano.

Seu campo de ação será vastíssimo, abrangendo o infinito, de cuja grandeza insondável participará naturalmente, pelos caminhos evolutivos.

***

Os cientistas do mundo deveriam estar atentos para com os imperativos dessa “genética espiritual”, cujas lições e cujas sínteses se encontram aí no orbe totalmente no problema da educação individual e na cultura dos sentimentos.

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Sem o estudo desses “genes espirituais” que constituirão as células da nova organização social do futuro, no elevado plano moral das criaturas, os estudiosos e os seus compêndios não sairão das discussões esterilizadoras, no abismo das hipóteses em que se submergiram.

A nossa preocupação atual caracteriza-se no esforço de formarmos o maior número de corações para a grande causa.

Os espiritistas sinceros são os colaboradores da nossa tarefa humilde e simples, cujo êxito requer o máximo de boa vontade.

Coloquemos mão à obra e, enquanto os nossos irmãos estudam e analisam as células orgânicas, procurando estabelecer o equilíbrio e determinar a distribuição dos “genes” pelos corpos, organizaremos a nova genética dos seres, trabalhando pela edificação do “homem espiritual” do futuro, quando então a palavra do Divino Mestre apresentará uma claridade nova para todos os corações.

 

Emmanuel

(Página recebida em 02 de fevereiro de 1938, em Pedro Leopoldo, Minas)

 

Regressão da Memória

 

Se fomos trazidos à Terra para esquecer o nosso passado, valorizar o presente e preparar em nosso benefício um futuro melhor, por que provocar a regressão da memória de que fomos ou fizemos, simplesmente por questões de curiosidade vazia, ou buscar aqueles que foram nossos companheiros, a fim de regressar aos desequilíbrios que hoje resgatamos?

***

A nossa própria existência atual nos apresentará tarefas e provas que, em si, são recapitulações de nosso passado em nossas diversas vidas, ou mesmo, somente em nossa passagem última na Terra fixada no mundo físico, curso de regeneração em que estamos integrados nas chamadas provações de cada dia.

***

Por que efetuar a regressão da memória, unicamente para chorar a lembrança dos pretéritos episódios infelizes, ou exibirmos grandeza ilusória em situações que, por simples desejo ou leviana retomada de acontecimentos, fomos protagonistas, se já sabemos, especialmente com Allan Kardec, que estamos eliminando gradativamente as nossas imperfeições naturais ou apagando o brilho falso de tantos descaminhos que apenas nos induzirão a erros que não mais desejamos repetir?

Sejamos sinceros e lancemos um olhar para nossas tendências.

 

Emmanuel

(Mensagem recebida em 30 de julho de 1991, em Uberaba, Minas).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vida e Amor

 

São dois corações fraternos

Que se fitam encantados,

Dizem amigos em torno

Que eles já são namorados.

***

Permutam palavras lindas

Trocam pétalas douradas,

Passeiam, todas as noites,

Beijando-se nas estradas.

***

Lembram fatos, contam casos

Da mais diversa expressão,

São felizes, a contento;

Anunciam-se em noivado

E combinam casamento.

O enlace foi realizado,

Segundo normas antigas,

Preces, doces e presentes,

Em meio a vozes amigas.

***

Junto agora sorriem

Resguardando a luz da paz,

Pois, fazem o que desejam

Buscando o que lhes apraz.

***

Findos porém, poucos meses

Chega o tempo do fastio,

Ela mostra a face triste,

Ele tem o olhar sombrio.

***

Quando ele chega, ela diz:

- Abre o teu rosto fechado!

Ele fala: - Se eu tivesse refletido,

Jamais teria casado.

***

E o casal vive em silêncio,

Sofrendo amarga tensão,

Ao invés de procurar

A própria conciliação.

***

Trocavam palavras feias

Arrufos, queixas, conflitos,

Quanto mais corria o tempo

Mostravam-se mais aflitos.

***

Queriam que o mundo fosse

Belo jardim, mas não é...

Declaravam-se quais ateus,

Entretanto resguardavam

Migalhas da própria fé.

***

Surgiu momento mais triste.

Alegou ele que o chefe Elias

Pediu-lhe abnegação

De viajar por três dias.

Era assunto do seu cargo!...

A esposa lançou protesto,

Mostrando um sorriso amargo.

***

Ele se ergueu e exclamou

- Minha vida fez-se um osso,

Nisso uma serva avisou:

- Tudo pronto para o almoço.

***

Logo após, ele fez-se ausente

Para cumprir o dever.

A esposa recusou a despedida,

Não sabia o que fazer.

***

Depois da ausência, ei-lo de volta.

Entrou no quarto devagarinho,

No quarto notou a esposa

Vestindo um pequenininho...

***

Ao vê-lo exclamou, contente:

- Nasceu nosso filho amado...

Ele abraçou-a Cortez.

Em seguida pôs-se de lado.

***

Contemplava o pequenino,

Como quem pensa e compara,

Que mostrou nos sinais dele,

A cópia da própria cara.

***

Disse alegre: - Minha flor,

Ele terá meu carinho,

Agora já temos em casa,

Nosso amado filhinho!

***

Beijou a senhora em pranto,

Perdendo o jeito tristonho;

Unidos ante o recém-nato,

Fitando os mantos seus,

Abraçaram-se felizes,

Rendendo graças a Deus.

***

Contei esta história longa,

Em que o amor se descerra,

Para dizer que a família

É a Bênção Maior da Terra.

***

Primeiro veio a vontade

E a atração a se interpor;

Diz que acima da amizade

É que brilha a luz do amor

 

Antenor Horta

 

(Versos recebidos em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em 14 de março de 1993, em Uberaba, Minas).

 

Perdão Sempre

 

Quem deseje encontrar paz na vida, perdoe as provas que a vida nos apresenta.

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Se procuramos a paz com os amigos, perdoemos a todos sem reclamar as faltas que nos ofertem.

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Se desejamos a paz com os vizinhos, tratemos a todos eles com a bondade e a distinção com que desejamos ser tratados.

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Se desejamos a paz com a natureza, procuremos agir com ela dentro do equilíbrio com que somos por ela beneficiados.

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Se desejamos obter a paz com os inimigos, abençoemos a todos eles como ansiamos ser por eles abençoados.

***

Se queremos a paz com os animais, respeitemo-los como aspiramos ser por eles respeitados.

***

Se queremos a paz com a própria saúde, protejamos o corpo que nos serve de moradia como precisamos ser protegidos.

***

Se queremos a paz com as criaturas infelizes, tratemo-las todas com o amparo que venhamos a precisar recolher de cada uma delas.

***

Se queremos encontrar a paz da felicidade, saibamos repartir com os outros os melhores sentimentos do coração, com a mesma esperança de que algum dia venhamos a precisar do auxílio de qualquer um deles.

***

Se sonhamos guardar conosco a paz de Deus, procuremos trazer a nossa consciência ligada ao Amor Infinito, com a fé vigorosa com que somos chamados a viver cumprindo os desígnios de Deus.

 

Emmanuel

 

Fim