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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Luz Bendita 1 - Francisco Cândido Xavier

 

 

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Suzana Maia Mousinho

... sua obra inegavelmente é destinada a atravessar os séculos ...

Foi no ano que os meus filhos foram para a Escola Preparatória de cadetes, em São Paulo. Para mim, que nunca havia me separado deles foi uma morte-lenta. Tudo fiz para ocultar deles o meu sofrimento. Contudo, quando os vi partir, adoeci seriamente. O organismo recusava-se aceitar a alimentação e tudo era devolvido pouco tempo depois da ingestão. Fiquei assim um ano, até que uma colega de repartição convidou-me a ir ver Chico Xavier.

Não o conhecia. Alguém já me havia emprestado um livro psicografando pelo querido médium. A leitura fez-me muito bem. Tratava-se de André Luiz, e muito chorei ao ler, identificando, de pranto, com o Espírito.

Conheci Chico Xavier no dia 8 de novembro de 1957, em Pedro Leopoldo, Minas, levado por uma colega, a quem devo esta benção. Em Pedro Leopoldo, sem perda de tempo, as 19hrs fomos para o Centro Espírita Luiz Gonzaga. Poucas pessoas lá estavam. Chico de pé, na cabeceira de uma longa mesa, atendia uma senhora. Nem sei explicar o que se passou quando o avistei. Parei um pouco hesitante e muito emocionada. Como percebeu o que se passava em meu coração, olhou em direção a porta, parou a conversa e disse-me. “Suzana, eu já a estava esperando”. Minha emoção atingiu o auge, e chorei copiosamente no abraço de Chico. Na verdade já não sabia o que desejava conversar com ele, nem mesmo como começar qualquer assunto. Eles, tomando a palavra, começou a falar sobre a minha vida, referindo-se aos meus sofrimentos e até calunias por mim sofridas, com pormenores que jamais alguém conhecera, desde que tudo ficara no silencio do meu coração. Foi uma conversa altamente confortadora para mim. No final me disse que o Espírito de Emmanuel ali presente, pedia que lesse para mim determinado trecho de uma Epístola de Paulo a Timóteo cap. 4:14, que diz: "Alexandre, o latoeiro, me fez grande mal, mas Deus o recompensará segundo as suas obras". Terminou dizendo: "Não é que se deseje o mal de ninguém, minha filha, mas isto é da Lei"

Nessa viagem fiquei 3 dias em Pedro Leopoldo e, pelo meu gosto, não teria saído mais de perto do Chico. Creio que será desnecessário dizer que voltei completamente curada e inteiramente renovada, espiritualmente falando.

Este livro não seria suficiente se fôssemos relatar tudo o que Deus nos tem permitido observar e aprender ao lado do Chico. Relatarei um caso que ficou gravado até hoje em minha tela mental. Certa vez lanchávamos em companhia de Chico, em Uberaba, quando ele passou às minhas mãos uma xícara de café. Em pleno dia, houve então impressionante fenômeno de efeitos físicos; vi, altamente surpreendida, que os seus dedos brilhavam e como se fossem de cera a derreter-se em contato com o calor, começou a jorrar perfume. O café ficou perfumado e o chão respingado de agradável perfume que invadiu a sala toda. Ele ocultou a mão, meio sem jeito, e eu perguntei: Chico, o que você sente quando isto acontece?! Respondeu-me: "Sinto vergonha, minha filha!" Este fato, no meu entender, fala por si só, da humildade e da estatura espiritual desse amado mensageiro de Jesus. Tenho pensado muitas vezes que, se Chico professasse qualquer outra crença religiosa, certamente seria isolado e considerado santo. Contudo, a beleza de tudo isto é que, como Espírita-Cristão, ele é apenas o nosso irmão, o nosso amigo, benfeitor e conselheiro, que está sempre ao lado das que sofrem. Enfim, ele é apenas CHICO XAVIER.

Tem muitas vezes nos transmitido recados de Amigos Espirituais, de familiares, pessoas que estão na Espiritualidade ha muitos anos, e com quem lidamos na adolescência. Outros até nem sabíamos que já haviam desencarnado. Exemplo: Recados de papai, Gerson Ferreira Mousinho, que através do Chico. sabemos estar reencarnado, do Padre Severino Ramalho, de Nova Cruz, Est. do Rio Grande do Norte; Doutor Orlando Azevedo, distinto médico, também do Estado do Rio Grande do Norte; Doutor Lysanias Marcelino da Silva, igualmente distinto médico com quem trabalhei, logo depois que terminou a última grande guerra. Dr. Lysanias, médico psiquiatra,examinava os imigrantes vindos para o Brasil, integrando ele a equipe médica destinada a esse fim, pelo Serviço de Saúde dos Portos, do Ministério da Saúde.

Secretariei este serviço do qual Dr. Lysanias fazia parte e estabeleceu-se entre a equipe médica e demais colaboradores uma amizade sadia e duradoura. Desencarnou Dr. Lysanias há uns poucos anos e tenho tido o contentamento de receber, através da mediunidade indiscutível de Chico Xavier, recados e orientações verbais do Dr. Lysanias. Chico nem sequer sabia que eu com ele trabalhara. Outro também que está no Além há poucos anos, foi meu médico operador; igualmente tenho tido suas notícias, é o Doutor Hélbio Regos Lins.

Outra coisa: não foram poucas às vezes em que viajando para Uberaba, ao encontro do Chico, tive a surpresa, em lá chegando, de saber que ele estava a par de tudo quanto havíamos conversado em viagem.

Para mim Chico é um dos grandes Benfeitores da Humanidade. Atesta a renovação moral, conseqüentemente a espiritual de todos quantos têm a felicidade de privar da amizade, ou do simples conhecimento com o Chico, e muito mais do que isto, da grande e monumental obra que o Plano Espiritual Superior enviou ao mundo por intermédio de sua mediunidade. É incalculável o número de Mães que perderam filhos ou entes queridos, por ele confortadas, a par dos suicídios evitados pela leitura das Obras Espíritas, dos trabalhos assistenciais criados e mantidos por Espíritas convictos, que se tornaram Espíritas depois do contato com o Chico. Poderíamos examinar a situação do ser humano, no campo religioso, pelo menos em nosso Brasil, antes e depois do Chico Xavier. Entendo que só um Apóstolo, afinado cem por cento com o pensamento de Jesus, poderia nos dar, em matéria de conhecimento espiritual e exemplos sublimes, o que Chico nos tem dado. Talvez, nós Espíritas, não tenhamos ainda meditado o suficiente, no que representa a presença de Chico Xavier entre nós. Sua obra inegavelmente é destinada a atravessar os séculos.

Antes de conhecê-lo não professava a Doutrina Espírita e hoje, tudo o que sou, e que faço, devo aos exemplos e ao estímulo que recebi dele. Chico é para ruim aquela cidade erguida no cimo do Monte, de que nos falou Jesus. Não se pode ocultar uma cidade assim. Por qualquer que seja o ângulo que se aprecie a vida de Chico Xavier, há uma virtude exposta, como um farol a nos guiar rumo à Casa Paterna, ao Lar Espiritual. Em tolerância, trabalho, compreensão, bondade inata, disciplina, amor ao bem, caridade e humildade ninguém excede o Chico! Que não tenhamos à infelicidade de receber tantas bênçãos dos céus por suas mãos e não valorizarmos!

Eu como devedora insolvente do Chico, mesmo que rastejasse pelo resto de minha vida, não pagaria o que fiquei a lhe dever nesta existência. O Espírito de Emmanuel disse, certa vez, que não houve um século em que não reencarnasse um Apóstolo de Jesus. Para mim, Chico é o Apóstolo deste século.

Por isso, entendo que os 50 anos de mediunidade cristã de Chico Xavier, facultou à Humanidade um avanço no campo do conhecimento espiritual de no mínimo dois mil anos. Ninguém ignora que nestes 50 anos de trabalho com Jesus e os Bons Espíritos, a luz dos seus olhos foi-se apagando lentamente, para que os nossos olhos tivessem luz. Espero que todos os que privaram do contato pessoal ou através do livro, com o Chico Xavier, saibam receber a mensagem do Alto, de alma agradecidamente voltada para Deus. Há no Evangelho de Jesus uma sentença que diz: "Aquele que receber um Profeta, na condição de Profeta, receberá o galardão de Profeta". Mat. 10:41. Que cada um traduza para si mesmo essa afirmativa do Mestre, porque Chico Xavier, sem dúvida alguma, marcou época nos Anais da Espiritualidade Superior e entre nós também!

Além de tudo que já relatei, poderia ainda dizer que, em 1968, recebi uma carta de Chico Xavier, falando-me da necessidade de submeter-se a uma intervenção cirúrgica bastante delicada, e com autorização dos seus Mentores Espirituais pedia-me para acompanhá-lo durante os dias que estivesse sob os cuidados médicos. Embora ocultando minhas preocupações com a saúde dele, considerei uma bênção de Deus em meu caminho, poder, como filha pelo coração, pois é assim que me considero em relação a Chico, estar a seu lado naquelas horas difíceis. Uma cirurgia, por mais simples, é sempre uma interrogação em nossas vidas, e de certo modo é tranqüilizante ter ao nosso lado alguém em quem possamos confiar. Chico me deu este crédito de confiança, pois os familiares, que ele gostaria estivessem ao seu lado, duas pessoas estavam com problemas de saúde, e ele preferiu não preocupar os demais. Assim, no dia 29 de agosto de 1968, entramos na Casa de Saúde Sta. Helena, em São Paulo. Acredito que conheciam o assunto somente o Dr. Elias Barbosa, distinto médico de Uberaba. Dr. Oswaldo de Castro que ia colaborar em sua cirurgia, e o casal Francisco Galves. Todos amigos íntimos de Chico. Nunca esqueço a hora em que Chico trocou suas vestes pelas do Hospital, e entregou-me sua roupa e a pasta que conduzia. Não era hora de chorar, e foi imenso o esforço que fiz para conter as lágrimas... chorar para dentro do coração, pois de forma inarticulada havia um mundo de recomendações nesse simples gesto de entregar-me os pertences. Dormiu pouco à noite, e no curto espaço do sono, desdobrado, visitou uma Enfermaria no Plano Espiritual, que há no sub-solo do Hospital, destinada a recolher recém-desencarnados necessitados de ali permanecer por mais algum tempo. Desceu de elevador, disse-me ele, e conversou com alguns espíritos ali abrigados.

No dia seguinte, logo às 7 hs. recebeu o pré-anestésico. Parecia repousar, mas quando vieram buscá-lo, para surpresa nossa, ergueu-se e sem auxilio de ninguém passou à maca, risonho e bem-disposto. Despedimo-nos dele e o acompanhei até o elevador, e ele seguiu acenando-nos. Estranhei aquilo, e, mais tarde, vim a saber que já não era ele, Chico, e sim o Espírito de Meimei que o tomou naquela hora, e o acompanhou para dar-lhe o calor que seu organismo necessitava durante a cirurgia. Soube que entrara na sala de operação conversando lucidamente com os médicos; mas não era ele, e sim Meimei. Este fato é extraordinariamente belo. Tanto assim que antes de deixar o Hospital, tez questão de conhecer a sala de cirurgia da qual não tinha a menor noção, e depois visitar as criaturas simples e boas que trabalhavam na cozinha do Hospital Santa Helena, distribuindo rosas para todos. No recinto, era quase a hora do jantar, misturou-se o perfume do Plano Espiritual com o cheiro da comida em preparação.

Durante a sua estada no Hospital foram proibidas as visitas pari que Chico Xavier tivesse o repouso indispensável à sua cura, e nós que o acompanhávamos, tivemos oportunidades sublimes de observar muita coisa. Ele despertou da anestesia por volta das 10 horas da noite. Calmo, nada falava, mas de vez em quando via que estendia a mão a alguém. Como estivesse à sua cabeceira, tomava-lhe a mão e perguntava o que queria, ele falava então o nome do Espírito que o visitava naquela hora. E não foram poucos os visitantes... Havia no Hospital, frente a sua cama, um Crucifixo, que Chico nos disse ter reparado e achado interesse na iluminação que o rodeava. Perguntara ao Espírito de Emmanuel o que significava aquela luz, ao que Emmanuel lhe explicou serem as preces dos doentes ali internados, as rogativas agoniadas e sinceras que embelezavam o crucifixo com aquela auréola.

Outra coisa curiosa, à noite, quando Galves e Nena, Dr. Oswaldo de Castro e Terezinha chegavam para visitá-lo, naquelas noites frias, a garoa cobria S. Paulo, e eles chegavam envolvidos em grossos agasalhos, logo eram forçados a retirar os sobretudos de lã, porque o quarto mantinha-se numa temperatura agradabilíssima pára as necessidades do doente. Chico confessara que vira os Benfeitores Espirituais conduzindo aparelhagem especial para esse aquecimento. Essa aparelhagem foi retirada no dia da alta, tanto assim que permanecendo mais um dia, para poder receber os amigos que desejavam visitá-lo no Hospital, Chico sentiu frio à noite e precisou agasalhar-se, coisa que não havia acontecido até então.

Certa noite também, aconteceu algo curioso. O enfermeiro, habilmente treinado para atender aquele tipo de cirurgia, teve que fazer limpeza numa sonda e quebrou um pequeno vidro que se intercalava na sonda. Apanhando outro para substituí-lo urgentemente, não conseguiu de forma alguma colocar o vidro entre os dois ligamentos. Já estava dando sinais de afobamento. quando pedi: o senhor não quer me deixar tentar? Por gentileza lhe peço, deixe-me tentar! Ele olhou-me incrédulo, e disse: pode tentar, mas se eu que sou enfermeiro não estou conseguindo, como a senhora irá conseguir?! Contudo, deixou-me tentar. Apanhei o vidro e simplesmente o introduzi na sonda, numa única tentativa. Chico falou que viu direitinho a mão do Espírito de Meimei, por sobre a minha. Fura ela quem colocara a sonda. Perguntei, por que não fizera o mesmo com o enfermeiro. Falou Chico que para o Espírito foi mais fácil controlar o meu campo nervoso do que o do rapaz.

Maria Philomena Aluotto Berutto

... pelo fruto se conhece a árvore ... Foi num dia de carnaval!...

Cerca de 4 anos são passados e ainda o vejo chegando ao local indicado para nosso encontro, com o sorriso meigo e o jeito característico de andar, tranqüilo e modesto.

Realizava-se, naquele momento, o mais belo e ansiado sonho de minha vida. Junto de Mamãe e de pessoa amiga, intermediária do encontro, ali estava na então pequena cidade de Pedro Leopoldo.

Viajáramos de trem e chegando à tardinha dirigimo-nos ao lugar combinado: um café, que ainda hoje existe, na rua principal, próximo à Igreja e em frente a um sobrado onde funcionava um clube recreativo.

Até esse encontro mantivéramos contato apenas através de correspondência.

Lembro-me de um detalhe curioso que assinalou, de forma marcante, o nosso relacionamento epistolar, caracterizando-o já como lição doutrinária, cujo alcance somente mais tarde compreenderia: na referência interna da correspondência, principalmente de um belíssimo cartão, mencionava sempre um nome, como se fosse a destinatária: Yolanda! No envelope, contudo. meu nome e endereço certos.

Em minha ignorância, realmente não sabia a que atribuir o tato. Recolhia, apenas, a mensagem, cunhada sempre com aquela característica generosa que todos nós lhe reconhecemos. Quando muito, poderia me passar pela idéia que, em virtude do grande número de pessoas com as quais convivia, trocasse o meu nome.

Logo às primeiras palavras, com referências pessoais, disse: "Sim, aqui está a nossa Yolanda!"

Não é preciso alongar-me para esclarecer que se tratava de alusão a uma existência anterior, que não cabe detalhar.

Retomemos o fio do meu depoimento.

Pouco depois, fixando Mamãe, disse o querido Chico: "Vejo uma senhora idosa, sorridente, olhando-a com muita ternura. Diz chamar-se Carmela." Mamãe disse-lhe não saber quem era. Chico Xavier, sempre tranqüilo e risonho, aduziu: "Ela diz que era sua parenta." Outra negativa de Mamãe.

Após pequena pausa volta o Chico a complementar, lentamente: "Ela está dizendo GIARDINO DEL MIO CUORE." Mamãe, muito emocionada e em lágrimas, exclama: Meu Deus, é MAMMAMELA, a minha avó. Era só assim que ela me chamava!"

Dali para diante, houve perfeita integração entre nós.

Como disse no início deste depoimento, era um dia de carnaval.

Em meio ao culto pagão, a bênção da presença divina: de um lado, o turbilhão ruidoso; do outro, a suavidade da ternura amiga.

Lá em frente, no clube, os gritos comuns às comemorações carnavalescas; aqui, a palavra generosa, mesclando sabedoria e amor. Deus e Mamon, em situações bem definidas e bem próximas.

Paralela à excitação das fantasias e máscaras, a pureza do lírio do Senhor transmitindo as Verdades Eternas. Gritos e gargalhadas misturados em estridentes canções, lá fora; alegria e encantamento na palestra que transcorria como que em um oásis repousante, calmo e tranqüilo, no recinto do café. Movimentação estrepitosa entre os partidários de Momo; harmonia e paz entre nós.

Assim foi, assim é e será por todo o sempre o querido amigo Chico Xavier: porto seguro, alma benfazeja, paz na tempestade. Todos nós bem sabemos disso.

Quanto a mim, ali permaneci,-em noite memorável, até que, sempre em sua companhia, fomos ao Hotel onde nos reservara lugares, Hotel Diniz, se não me engano.

Conosco ali permaneceu até duas horas da madrugada, o que era considerado muito tarde naquela época, mas que, na realidade, representou para mim uma fração de segundo, retirando se depois para retornar pela manhã, proporcionando-nos a continuidade dos abençoados momentos que, como o tesouro da referência de Jesus, jamais me será tirado do coração agradecido.

Assim foi o meu primeiro encontro com o nosso querido Chico Xavier. E a partir daquele dia entremeamos sempre o Céu em nossa vida, quando no generoso intercâmbio com o querido amigo, nunca deixando de render graças a Deus pela preciosa dádiva que me foi concedida pela presença de Francisco Cândido Xavier, reencarnado neste mesmo período em que, mais uma vez, desfruto de uma nova oportunidade reencarnatória.

As bênçãos de sua presença são incontáveis.

Identificando-me com o espírito deste livro, destaco, a seguir, à guisa de testemunho, algumas ocorrências mediúnicas.

Fôramos chamados a testemunho inesperado: meu cunhado, Francisco Scalzo, marido de minha irmã Hilda, muito estimado por todos nós, especialmente por meu Pai, que, na ocasião, encontrava-se enfermo, assistia na televisão, em nossa casa, a um programa humorístico. Para tal, acomodara-se em um sofá, na sala onde estávamos reunidos.

Num intervalo da programação, alguns se levantaram e um de seus filhos, o Roberto, hoje rapaz, trás-lhe um biscoito, que ele, imediatamente, levou à boca.

O garoto senta-se na cadeira, em frente do sofá, e, de imediato, vejo-o levantar-se surpreso, encaminhando-se a seguir para junto do pai. Pergunto o que era e ele respondeu: "Papai parou de comer!"

Chegamos junto dele e tão tranqüilo estava que as frases jocosas surgiram: Deixe de brincadeiras! Você vai engasgar-se com o biscoito!...

E o sorriso continuou em sua fisionomia serena, sobrepujando a violência do enfarte fatal, num testemunho de amor aos familiares, aos quais realmente dedicara sua existência. Momentos dolorosos se seguiram, na azáfama das providências conseqüentes ao fato.

Mais tarde toca o telefone e a doce voz de nossa querida Luiza Xavier; irmã do Chico, nos diz de Pedro Leopoldo: "Nenem, o Chico telefonou de Uberaba pedindo para tocar para você perguntando o que há!"

Informei-a do que se passara e ela, perplexa, não se conformava com a rudeza do acontecido.

Era a presença do grande amigo no momento doloroso! Sua mensagem de reconforto chegava na hora certa com a discrição e naturalidade que assinalam o "fazer com a mão direita sem que à esquerda o saiba."

Não fora a abençoada palavra-mensagem do querido Chico Xavier e não teríamos vencido aquele momento e outros que se seguiram com intervalos relativamente pequenos, com as desencarnações do meu Pai, Giácomo Aluotto, e do meu marido, Adriano Berutto.

A seqüência de testemunhos culminou com uma tragédia que assinala penoso record até o momento: a perda de nove pessoas da família, três adultos e seis crianças com menos de oito anos (mães, filhas e, netos representando três gerações) retornando à Pátria Espiritual de uma só vez, em desastre aéreo que a imprensa designou "A Tragédia de Caparaó."

O conforto das notícias asserenou-nos as almas conturbadas e saudosas, no transe angustioso...

Mais recentemente, há cerca de um ano e meio, outra vez a palavra-conforto do querido amigo chegou-nos ao coração com a partida de nosso convívio de mais uma sobrinha, Elisabete, no curto período de nove dias, em conseqüência de acidente cirúrgico. Trinta e um anos de idade, casada, deixou três filhinhas de cinco, dez e doze anos.

Outro caso acrescenta-se neste depoimento, não mais envolvendo a família, mas as nossas atividades na União Espírita Mineira, fundadora e mantenedora do Colégio O Precursor.

Certa vez o Colégio enfrentava problema, difíceis, tão difíceis que, parecendo-nos insolúveis, levavam-nos a pensar se não seria inevitável o encerramento de suas atividades.

Valendo-nos da oportunidade de nossa presença em sua casa, em Uberaba (eu, o secretário da União Espírita Mineira, Martins Peralva, e seu filho, Basílio), acertáramos previamente que, como assunto não doutrinário, falaríamos apenas sobre o Colégio, a fim de não perdermos os preciosos momentos daqueles dias a nós doados por misericórdia do Alto.

Todavia, qual não foi a nossa surpresa quando, ainda à distância e antes dos cumprimentos normais, o querido Chico, antecipando o assunto, falou: "Como vai o Colégio?" E logo após essa pergunta, palavras de incentivo e orientação, como chuva de bênçãos para os nossos corações apreensivos: Percorram as ruas, se necessário, mas não fechem o Colégio! Não é dificuldade, é pressão. O Colégio O Precursor é o cartão de visita da União Espírita Mineira! Continuem enquanto Deus assim o determine.

E o Colégio O Precursor, departamento educacional da União Espírita Mineira, está completando 23 anos de ininterrupto funcionamento.

Nessa mesma visita a Uberaba, outro acontecimento mediúnico.

Encontrava-se ali o comandante Santinônimo (assim entendemos o seu nome), que nos relatou singular ocorrência. Aterrisara ele seu avião em pequena cidade do interior do Maranhão, a fim de pernoitar e levantar vôo na manhã seguinte.

Como a temperatura estivesse elevada, deixou aberta a janela do quarto, pensando fechá-la mais tarde, antes de adormecer, o que não fez, porque adormeceu profundamente.

Mais ou menos às 4 horas da madrugada, despertando, lembrou-se da janela aberta. Levantou-se, para fechá-la, mas verificou, surpreso, que estava fechada. Estranhou, naturalmente, o fato, mas logo o esqueceu.

Semanas depois foi a Uberaba para visitar o Chico, que o recebeu com as seguintes palavras: "Meu caro Santinônimo, que susto você me deu, deixando aberta a janela do hotel! Receioso de que algo lhe acontecesse, fui fechá-la, enquanto você dormia!

Relato, agora. outro episódio revelador da personalidade espiritual de Chico Xavier, ocorrido por ocasião de sua vinda ã capital mineira para receber, na Secretaria de Saúde, em 8 de novembro de 1974, o diploma de Cidadão de Belo Horizonte.

Dia seguinte, visitou a União Espírita Mineira. Após 7 horas de atendimento aos que o procuravam, com a bondade de sempre, fomos surpreendidos com ruidosa manifestação em um grupo de pessoas que vinham em nossa direção.

Empunhando uma arma, alguém bradava: "Ninguém vai tocarem Chico Xavier: Eu o defenderei de qualquer um. Ele é um santo!"

Notava-se o desequilíbrio da pessoa, o que aumentava a apreensão de todos, especialmente porque em sua mão havia a realidade de uma arma de fogo, de grosso calibre...

A movimentação aumenta no recinto, uns se apavorando, outros procurando correr, e outros, ainda, tentando controlar a pessoa.

O Chico, tranqüilo, afasta-se um pouco do grupo e põe-se em silêncio, permanecendo, contudo, no recinto.

Descemos ao andar térreo pensando em providências defensivas, e, para, nosso alívio, um jipe com militares da PMMG pára junto ao meio-fio e os seus ocupantes, comandados por um distinto sargento, vêm ao nosso encontro, sendo recebidos com as seguintes palavras: "Graças a Deus vocês chegaram em boa hora: estamos com problemas lá em cima!"

E antes de qualquer explicação, para surpresa, nossa, o Chefe da Patrulha fala: "Não tem nada não, vamos subir. O senhor Chico Xavier FOI NOS CHAMAR NA ESTAÇÃO RODOVIÁRIA, onde nos encontrávamos em serviço de ronda. Viemos logo atender ao chamado!"

Fora evidente o fenômeno de bilocação.

Em poucos minutos a situação normalizava-se. O difícil foi impedir os nossos estarrecidos comentários...

Ainda por ocasião da cidadania de Chico Xavier, em Belo Horizonte, outro fato significativo, pelo muito de generosidade que encerra.

Havíamos prometido aproximar do médium o caríssimo amigo Sr. Francisco de Paula Andrade. Assessor da Presidência da Câmara Municipal, e pessoa merecedora de nosso eterno reconhecimento. No entanto, na azáfama dai, providências e da própria solenidade, esquecemos.

Eram já duas horas da madrugada e o meu desapontamento crescia, pela omissão involuntária. Nisso, o telefone chama e a voz querida de Chico Xavier fala: "Neném, você poderia dar um recado a Wanda Marlene? Diga-lhe que o sobrinho dela esteve aqui e tocou belos números ao violão. Gostamos muito. E olha, Neném: quanto ao snr. Andrade não se preocupe, eu estive com ele!"

Respondi-lhe emocionada: "Chico, querido amigo, você não imagina que alívio para mini. Estava sem poder dormir, tão grande a preocupação de haver deixado de cumprir um dever."

Ainda com a mesma tonalidade generosa e amiga, que todos conhecemos, falou: "Não tem nada não, está tudo bem."

Seguiram-se palavras e mais palavras de alegria. Mais tarde, refletindo, compreendi mais uma vez a grandiosidade do coração amigo de todas as horas, vindo ao encontro dos aflitos, sobrepondo-se à realidade da distância e da hora.

Assim tem sido Chico Xavier. O que exponho, neste depoimento, representa um décimo do muito que ele tem feito em favor de todos nós.

Para definir o que representa ele, na atualidade, não creio, sinceramente, me seja possível dizê-lo com precisão.

Diante de sua laboriosa existência, que assinalamos especificamente com o cinqüentenário de sua tarefa mediúnica, torna-se impossível expressar o que transcende â minha capacidade de raciocínio.

Recorro às palavras de seu admirável benfeitor no livro PALAVRAS DE EMMANUEL: "No serviço cristão lembre-se cada aprendiz de que não foi chamado a repousar, mas à peleja árdua, em que a demonstração do esforço individual é imperativo divino."

"Todas as seitas religiosas, de modo geral, somente ensinam o que constitui o bem. Todas possuem serventuários, crentes e propagandistas, mas os apóstolos de cada uma escasseiam cada vez mais."

Isso define, em meu entender, parte do que significa Chico Xavier na atualidade. "Pelo fruto se conhece a árvore."

Observando os frutos do seu Trabalho, do seu Apostolado, só encontro uma expressão para lhe dizer: Louvado seja Deus que me permitiu, agora, a reencarnação numa época e num País em que foi possível conhecer, amar e manifestar minha gratidão e respeito ao querido Chico Xavier!

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Novo Dia

Todo o dia de ontem

Pode ter sido árduo.

Muitas lutas vieram,

Deixando-te o cansaço

Provas inesperadas

Alteraram-te os planos.

Soma, porém, as bênçãos

Que Deus já te entregou.

Esqueço qualquer sombra,

Não pares, serve e segue.

Agora é novo dia,

Tempo de caminhar.

Nas página que se seguem

Trazemos alguns conceitos de

Escritores, crítico literários, poetas,

Poetisas, novelistas, radialistas,

Professores e pessoas dignas do

Máximo apreço, como se de viva voz

Irradiassem os efeitos do bem recebido.

Convém dizer que estas referência,

Algumas extraídas de jornais, rádios e

Televisões, nos proporcionam uma

Visão real da tarefa em mãos de

Francisco Candido Xavier, que

Representa no campo da cultura

Espiritual, da fraternidade e acima de

tudo, na difusão do Evangelho

redivivo, a exaltação da caridade e a

necessidade de Deus, no

pensamento das criaturas, além de

revelar-nos a lealdade do

companheiro, fiel aos

compromissos assumidos, em seu

dia-a-dia, marcado pelo trabalho da

verdade a iluminar-se de amor

HUMBERTO DE CAMPOS

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Crônica publicada no "DIÁRIO CARIOCA", em edição de 10 de julho de 1932, de Humberto de Campos, ainda quando encarnado, no advento da publicação do Livro Parnaso de Além-Túmulo.

"Eu faltaria, entretanto, ao dever que me é imposto pela consciência, se não confessasse que, fazendo versos pela pena do Sr. Francisco Cândido Xavier, os poetas de que ele é intérprete apresentam as mesmas características de inspiração e de expressão que os identificavam neste planeta. Os temas abordados são os que os preocuparam em vida. O gosto é o mesmo e o verso obedece, ordinariamente, a mesma pauta musical. Frouxo e ingênuo em Casimiro, largo e sonoro em Castro Alves, sarcástico e variado em Junqueiro, fúnebre e grave em Antero, filosófico e profundo em Augusto dos Anjos sente-se, ao ler cada um dos autores que veio do outro mundo para cantar neste instante, a inclinação do Sr. Francisco Cândido Xavier para escrever A la manière de... ou para traduzir que aqueles altos espíritos sopraram ao seu..."

AGRIPINO GRIECO

Um dos maiores e mais vigorosos críticos da época, em várias entrevistas nos trouxe; Diário da Tarde - 31 de julho de 1939.

O médium Francisco Cândido Xavier escreveu isto do meu lado, celeremente, em papel rubricado por mim. A atenção que lhe dei e a leitura que fiz em voz alta dos trabalhas por ele apresentados com as assinaturas de Augusto dos Anjos e Humberto de Campos, não importam em nenhuma espécie de adesão ao credo espírita, como fiz questão de esclarecer naquele momento.

Diário Mercantil - 5 de agosto:

"...Tive, já, ocasião de externar a minha maneira de encará-lo ao me entrevistar com um representante dos "Diários Associados", na Capital do Estado,, quando disse textualmente o que o "Diário Mercantil", em serviço telefônico divulgou em edição do dia 2 do corrente.

Assim, nada mais tenho a acrescentar senão repetir algumas palavras sobre a profunda emoção que me assaltou ao ler as referências da mensagem de Chico Xavier, feitas a mim e atribuídas a Humberto de Campos.

Íntimos, num contacto cordial e literário constante, ambos críticos, ambos homens de letras, era natural que entre mim e Humberto existisse uma amizade intensa e mútua. Agora, anos após sua morte, eis que me é dado encontrar-lhe novamente as idéias e o estilo, e da maneira extraordinária por que o foi... "

Diário da Noite, 21 de setembro:

Estava eu em Belo Horizonte e, por mero acidente, acabei indo assistir a uma sessão espírita. Ali, falaram em levar-me à Estação de Pedro Leopoldo para ver trabalhar o médium Chico Xavier. Mas, já havendo tantas complicações no plano terrestre, quis furtar-me a outras tantas no plano astral, e lá não fui. Resultado: Chico Xavier resolveu vira Belo Horizonte.

"Na noite marcada para o nosso encontro, fui em vez de ir ao sítio aprazado, jantar tranqüilamente num restaurante onde não costumava fazer refeições e onde, não sei como, conseguiram descobrir-me. Mas o caso é que me descobriram junto a um frango com ervilhas e me conduziram à agremiação onde havia profitentes e curiosos reunidos em minha intenção.

Salão repleto; uma das grandes noites do kardecismo local... Abolotei-me à mesa da diretoria, junto ao Chico, que não me deu, assim inspecionado sumariamente, a impressão de nenhuma inteligência fora do comum. Um mestiço magro, meão de altura, com os cabelos bastante crespos e uma ligeira mancha esbranquiçada num dos olhos.

"- Nisto, o orientador dos trabalhos pediu-me que rubricasse vinte folhas de papel, destinadas à escrita do médium; tratava-se de afastar qualquer suspeita de substituição de texto. Rubriquei-as e Chico Xavier, com uma celeridade vertiginosa, deixando correr o lápis com uma agilidade que não teria o mais desenvolto dos rasistas de cartório, foi enchendo tudo aquilo. À proporção que uma folha se completava, sempre em grafia bem legível, ia eu verificando o que ali fixara o lápis do Chico.

Primeiro, um soneto atribuído a Augusto dos Anjos. A seguir, percebi que estavam em jogo, bem patentes, a linguagem e o meneio de idéias peculiares a Humberto de Campos..."

"... Fiquei naturalmente aturdido... Depois disso, já muitos dias decorreram e não sei como elucidar o caso. Fenômeno nervoso? Intervenção extra-humana? Faltam-me estudos especializados para concluir. Além do mais, recebi educação católica e sou um entusiasta dos gênios e heróis que tanto prestígio asseguram à religião que produziu um Santo Antônio de Pádua e um Bossuet. Meu livro, "São Francisco de Assis e a Poesia Cristã" aí se encontra, a testemunhar quanto venero a ética e a estética da igreja. Mas - repito-o com a maior lealdade - a mensagem subscrita por Humberto de Campos profundamente me impressionou..."

WALTER JOSÉ FAÉ

Escritor, Jornalista e Poeta de alto merecimento.

Pedro 11 - Alma apegada ao chão brasílio - retorna às paisagens de sua infância-mocidade-velhice, através da antena sensibilíssima de Chico Xavier nobreza-espiritualizada que Pedro Leopoldo viu nascer para o mundo embrutecido, nestes tempos de buscas e desencontros.

PEDRO BLOCH

Teatrólogo e Crítico de Arte.

"Sobre a pureza de Chico Xavier, só quero dizer que muita gente o considera um embusteiro. Mas que divino embusteiro não deve ser para viver toda aquela vida de humildade e renúncia!"

J. MELLO TEIXEIRA

PROFESSOR - Catedrático de Psiquiatria da Universidade de Minas Gerais; estudou em 1944 o trabalho de Chico Xavier, "por pura especulação intelectual", como explicou. E, em entrevista publicada nos jornais da Capital mineira, na época, diz:

"No caso vertente, não se pode admitir, como explicação, o "pastiche" literário: uma maravilhosa capacidade de imitação de estilo. Tampouco sumarizara interpretação em simples caso de fraude ou mistificação. Analisando o método de trabalho de Chico Xavier, o improviso, diz: "Não. O subconsciente recebe, registra, acumula e reproduz, fiel ou deformado, mas somente o que passou pela porta crítica da consciência. Não cria do nada. Conhecimento não se improvisa: adquire-se".

E a esta conclusão chega o catedrático: "Chico Xavier, em suas atividades supranormais, um "fenômeno"; integralmente um "fenômeno" real, inegável, absoluto, que cumpre estudar, compreender e, se possível, explicar"

ZEFERINO BRASIL

Academia Rio-Grandense de Letras e da Academia de Letras do Rio Grande do Sul. Afirmava categoricamente a identidade dos estilos numa crônica magnífica escrita especialmente para o Correio do Povo de Porto Alegre, edição de 15 de novembro de 1941.

"Seja como for, o que é certo é que ou as poesias em apreço são de fato dos autores citados e foram realmente transmitidas do Além ao médium que as psicografou, ou o Sr. Francisco Xavier é um poeta extraordinário, genial mesmo, capaz de produzir e imitar assombrosamente os maiores gênios da poesia universal.

Porque ninguém que conheça a arte poética e haja lido assiduamente Antero de Quental, Antônio Nobre, Guerra Junqueiro, João de Deus, Olavo Bilac, Augusto de Lima, Augusto dos Anjos, Cruz e Souza, Castro Alves, Casimiro de Abreu e os demais poetas que enchem as 398 páginas do "Parnaso de Além-Túmulo", deixará de os reconhecer integralmente nas poesias psicografadas.

Em todas elas se encontram patentes as belezas, o estilo, os arrojos, as imagens próprias, os defeitos, o "selo pessoal", enfim, dos nomes gloriosos que as assinam e vivem imortais na história literária do Brasil e de Portugal.

Ora, eu não creio, nem ninguém também o acreditará, que haja alguém no mundo capaz de produzir os mais belos e empolgantes poemas e renegue a glória e a imortalidade, atribuindo-os, "Charlatanescamente", a autoria de grandes poetas mortos, aos quais apenas serviu de médium.

De resto, este, como outros fenômenos do Espiritismo, tem sido objeto de acurados estudos por parte de cientistas e sábios notáveis, que os observaram demoradamente e os submeteram a minuciosa análise, sendo forçados a aceitá-los e a reconhecê-los.

Não serei eu, portanto, quem ponha em dúvida a autenticidade do "Parnaso de Além-Túmulo", livro este que deve ser lido por todos os intelectuais que amem a boa poesia e tenham a curiosidade de ver como alguns dos seus poetas adorados - como Guerra Junqueiro, Antero de Quental, Antônio Nobre, João de Deus, Olavo Bilac, Raimundo Correa, Augusto de Lima, Augusto dos Anjos, Cruz e Souza e outros, já falecidos - continuam a escrevê-la no outro mundo...

MENOTTI DEL PICCHIA

Escritor, da Academia Brasileira de Letras. Autor do famoso poema "Juca Mulato".

"Deve haver algo de divindade no fenômeno Francisco Cândido Xavier, o qual sozinho, vale por toda uma literatura. É que o milagre de ressuscitar espiritualmente os mortos pela vivência psicográfica de inéditos poemas é prodígio que somente pode acontecer na faixa do sobre-humano. Um psicofisiologista veria nele um monstruoso computador de almas e de estilos. O computador, porém, memoriza apenas o já feito. A fria mecânica não possui o dom criativo. Este dimana de Deus. Francisco Cândido Xavier usa a centelha imanente em nós".

ANTONIO OLAVO PEREIRA

Detentor de prêmios da Academia e da União Brasileira de Escritores, escreveu:

"Em matéria de experiência humana, Chico Xavier representa o maior conhecimento que já realizei na vida. Considero-o uma das criaturas mais evangelizadas, não só do nosso meio, como possivelmente do nosso tempo como expressão da tolerância, da renúncia, da compreensão, do respeito e do amor. Sua existência se desenvolve num plano de absoluta espiritualidade, infensa às solicitações de ordem material que constituem o ideal da vida moderna. Num mundo em que prevalecem a má fé, a mistificação, a fraude, o egoísmo, a insinceridade, Chico Xavier avulta como um ponto é referência para aqueles que ainda crêem na dignidade do homem e na sua recuperação pelos caminhos do Evangelho."

NELLY ALVES DE ALMEIDA

Escritora, Poetisa, Jornalista, Historiadora. Pertence à Academia Feminina de Letras e Artes do Estado de Goiás.

Chico Xavier, o iluminado. Emissário do Casto, encarregado de extraordinária e belíssima missão que desempenha com devotamento e altruísmo, CHICO XAVIER, o iluminado, é, sem dúvida, uma das grandes personalidades deste século.

Sustentado por forte poder mediúnico, durante estes anos de trabalho santificante e contínuo, tem dado à humanidade lições de caridade e amor, dentro da magnífica doutrina que o tem por apóstolo.

Quer psicografando obras estupendas (que já se elevam a número recorde) ou mensagens de grande alcance humano - evangélico - filosófico (hajam vistas as de seu mentor espiritual, Emmanuel), quer atendendo às multidões que o cercam, amam e respeitam, sua palavra, sublime e sã, é bálsamo que consola e ensinamento que constrói.

Incalculável é o número de pessoas que, como eu, em momentos de cru desespero, têm recebido, de sua mão generosa, a consolação precisa para, de novo, enfrentar a vida.

Sinto-me pequenina diante da sua grandeza. Grandeza a que ele sabe misturar, no complexo de indefinível paradoxo, a simplicidade piedosa e humana que só se equipara em forças à vastidão de sua doce humanidade."

MONTEIRO LOBATO

Escritor, Tradutor, Novelista predileto de crianças e adultos. Gênio renovador. Admirável brasileiro, filho da cidade de Taubaté, Estado de São Paulo.

"Se o homem produziu tudo aquilo por conta própria, então ele pode ocupar quantas cadeiras quiser na Academia."

GERALDO MAJELA FRANKLIN FERREIRA

Desembargador, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Magistrado e Escritor respeitável.

"Inexiste, na história do Espiritismo, pessoa que tenha sido dotada, e de maioria tão acentuada, de tantas modalidades mediúnicas, como soe acontecer com Chico Xavier.

A sua visão, que, de há muito, se apresenta deficiente para contemplar as coisas materiais, tem o dom de penetrar no mundo invisível e avistar aqueles que se encontram em sua mesma faixa vibratória.

Seus ouvidos possuem a faculdade de captar as vozes dos habitantes do Além.

Dentre outras belas e excepcionais mediunidades que ornamentam o seu espírito, é de destacar o poder de perfumar o ambiente, com agradabilíssimo aroma, que é sentido por todos os presentes e, muitas vezes impregnando-se em líquidos ou objetos, como o lenço, que o retém por longos dias.

Entretanto, o que na realidade notabiliza o extraordinário médium é a psicografia. Não é de se admirar apenas a incomum quantidade de livros, monografias e mensagens que já produziu. O que mais espanta seus leitores, ainda que leigos em coisas da Espiritualidade, é o conteúdo de todos os escritos que jorram de sua pena privilegiada.

Sem possuir cultura de qualquer espécie, pois a vida a tanto não lhe ofertou oportunidade, aprofunda-se em intricadas questões filosóficas, sobrepujando-se aos mais versados no assunto. Sobre a ciência, discorre com tal propriedade que confunde os próprios cientistas. No que tange a religião e à moral, é realmente, inigualável. Neste setor é que sua obra mais se destaca e cresce de vulto. Seus livros são verdadeiras fontes perenes de luz, abrindo novas clareiras para o homem que deseja se aperfeiçoar espiritualmente.

As obras que Chico Xavier já nos legou representam, efetivamente, algo que transcende a capacidade de um simples escritor, quer tanto à qualidade, quer no que toca à quantidade.

Nos estreitos limites desta entrevista, podemos apenas afirmar que as lágrimas que seus livros já conseguiram estancar, as dores, as angústias e os sofrimentos que seus escritos suavizaram; os suicídios, os abortos e tantos outros crimes que seus conselhos evitaram; o conforto, a esperança e a fé que suas mensagens levaram aos corações aflitos e desesperados; a luz que irradia das páginas de seus livros, indicando novos caminhos para a humanidade sedenta de paz e justiça, tudo isto, constitui um acervo de benefícios tais que poucas criaturas humanas conseguiram nos legar.

Antes de encerrarmos esta ligeira apreciação sobre a obra de Chico Xavier, imperioso tornar-se dizer que, como discípulo do Mestre Nazareno, exemplifica a humanidade em toda a sua extensão, pois, podendo vangloriar-se de seus escritos, a outrem transfere o seu mérito, oferecendo ao mesmo tempo, um eloqüente e irretorquível atestado da realidade dos dons mediúnicos."

EDMUNDO LYS

Comentarista literário do Rio de Janeiro e crítico perspicaz, escreveu sobre o extraordinário médium de Minas: "Se quiséssemos imitar Belmiro Braga, seria justo versejar na sua forma habitual. Ora, no "Parnaso de Além Túmulo", o poema de Belmiro Braga é em sextilhas e, entretanto, se identifica como inspiração, como estilo, até como forma!"

"... Queremos concluir, aqui, sobre a pasmosa identidadE espiritual, com exclusão de qualquer recurso literário, entre a obra legada e a psicográfica, de Chico Xavier. Há casos, entre tanto, em que o pensamento e a forma são imprescindíveis, como no de Augusto dos Anjos, por exemplo. O poeta do "EU" foi um estro singularíssimo e, por isso, inconfundível, embora muito imitado. Diante de cada discípulo do vale paraibano, sente-se o aprendiz e, em geral, o mau aprendiz. Entretanto, o que Chico Xavier nos dá de Augusto dos Anjos, se aparecer entre os sonetos do "EU", não poderá ser denunciado como obra psicografada. "

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MANUEL QUINTÃO

(Nos cinqüenta anos de mediuNidade de Francisco Cândido Xavier).

Soneto psicografado pelo médium Júlio Cezar Grandi Ribeiro, em reunião pública comemorativa dos 50 anos de atividades mediúnicas de Chico Xavier, na Casa Espírita Cristã, Vila Velha (ES), na noite de 8-7-1977.

BILHETE DE IRMÃO

Dez lustros de profícua atividade,

Dez lustros de severas disciplinas

Conduzem-te no Amor...

E te iluminas

Pelos caminhos da mediunidade!

Por tuas mãos, em lides peregrinas,

Fluem consolações da Eternidade,

Desvendando-se o Além, pleno em Verdade,

Ante os clarões de graças cristalinas.

Lembro-te, em prece, a marcha redentora,

Buscando, em paz, a força alentadora,

Onde teu coração constrói o abrigo...

E rogo ao Pai, sentindo o indefinível:

Deus te abençoe, irmão inesquecível,

Deus te abençoe, bondoso e terno amigo!

jornalista, Radialista e Escritor de renome.

ALEXANDRE KADUNC

Jornalista, Radialista e Escritor de renome.

...Chico Xavier é, simplesmente, um instrumento, um "aparelho" na linguagem espiritualista. O cérebro humano, do qual pouco se conhece, opera como um poderoso emissor e captador de ondas magnéticas. O processo funciona tal qual uma emissora e um receptor de rádio ou TV. Todos os seres humanos tem essa faculdade, acontecendo, no entanto, que alguns "escolhidos" ostentam condições especialíssimas de "recepção" e "emissão". No meu superficial entender "eletrônico", Chico é muito mais "receptor" do que "emissor". Os advogados do diabo já fizeram o diabo para provar fraudes nos textos captados do além e transmitidos (estilos incontestáveis) pela entidade-titular (padre Manoel da Nóbrega) que se denomina Emmanuel e por famosos autores falecidos, como Humberto de Campos, Castro Alves e Cid franco. Chico Xavier é um fenômeno muito elevado para ser analisado...

Chico Xavier é um inigualável conselheiro, o próprio CONSELHEIRO XX. Ele é, para quem entende certo tipo de colocação aparentemente aloprada, um fenômeno eletrônico, um ser humano de alta sensibilidade, de poderosa humildade e intrigante cultura, obtida fora dos livros e das escolas, mas no contato com outros planos, que só não existem no entendimento daqueles que são cegos mentalmente (a quase totalidade) e na análise pobre dos donos da pálida tecnologia terrestre, infinitamente inferiores "culturas espaciais", absolutamente reais, mas ao alcance de uns poucos, que, em vida, se preocupam fundamentalmente com os outros. Chico Xavier não é Deus, mas é amigo pessoal Dele. Certos seres nunca morrem, contrariando a prosaica colocação de colapso orgânico. Chico é imortal, não pelas dezenas de livros de autoria de mentes imortais que se valeram de seu cérebro sensitivo e de sua mão "eletrônica", mas porque é formado com louvor na "Academia do Astral" que torna pobre a outra Academia literária dos pesados fardões, onde, aliás, ele deveria ocupar a cadeira de número um. Chico Xavier é o símbolo da delicadeza, maldosamente interpretada pelos seus detratores.

Chico Xavier é um HOMEM MAIOR que ao longo de sua vida terrena não fez outra coisa senão virar a outra face. Mas, agora, chegou à hora do reconhecimento e da recompensa eternos. Computador algum, nem o complexo eletrônico da NASA, conseguiria calcular a altura e a luminosidade da morada final que está reservada a esse maravilhoso e ecúmeno Conselheiro XX.

UMA CRÔNICA

Publicada no jornal "O Estado de São Paulo", edição de 10 de junho de 1944, da qual extraímos o seguinte trecho:

"...Fui sempre leitor de Humberto de Campos. Há anos, atraído pelo rumor que se fazia, procurei ler, igualmente, umas crônicas a ele atribuídas por Francisco Xavier, esse jovem, modesto e iletrado caixeiro de loja de uma cidadezinha de Minas. Observei o seguinte: a fantasia, a compreensão fraternal da vida e o bom gosto na composição são os mesmos que caracterizam a obra do nosso ilustre patrício. Até aí, trata-se de faculdades inatas que, por um acaso qualquer, poderiam ser trazidas do berço por Francisco Xavier.

O mesmo, porém, não poderia dar-se com a cultura, a correção, a clareza, a maneira particular de sentir, de escrever, de comunicar a sua impressão ao leitor. Enfim, a sua personalidade, a sua atitude perante a vida, os seus silêncios, elementos de êxito que Humberto de Campos conseguiu em quarenta anos de incessante prática da literatura. E o rapazinho de Minas Gerais, apresentando tais virtudes, não poderia improvisar aquilo que em todas as artes os artistas não trazem do berço e que é o mais difícil de conseguir.

Não quero discutir a questão, mas, no meu pobre entender, o Tribunal terá dois caminhos a seguir: ou declarar que Humberto de Campos é autor de tais obras, mandando o editor entrar com os direitos para os herdeiros, ou negar a autoria do nosso grande escritor. Nesse último caso, terá de pedir a Academia Brasileira de Letras uma poltrona para o rapazinho que principiou por onde nem todos acabam, isto é, escrevendo páginas que puderam ser atribuídas a quem tão formosamente escreveu..."

RADIEL CAVALCANTI

Da Academia Paraibana de Poesia Aos Cinqüenta anos de Mediunidade do celebérrimo confrade FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER, em sinal de agradecimento por tudo que há feito em nosso favor!

Divino Alpinista

Dos Alpes do coração do nosso querido poeta Radiel Cavalcanti, da Academia Paraibana de Poesia, rolaram as lágrimas do agradecimento, versejadas na transposição de grotas e montanhas, inundando os vales com a alegria, de trazer aos confrades os Cinqüenta anos de mediunidade, que iluminou paços e tapera, refloriu a primavera, onde a treva crestou o coração.

Caros leitores, abaixo transcrevemos o lindíssimo poema inserido no Correio Fraterno do ABC, em agosto de 1977, que motivou-nos a reproduzi-lo nesta edição, enriquecendo-a com a presença do querido poeta.

Transpondo vales, grotas e montanha,

Como empecilhos naturais da senda,

Ele, ontem, se arrastou, hoje se banha,

E aproveitando o pó, fez sua tenda!

Mora na Pátria que não é estranha,

Fala bem claro para que se entenda;

Enquanto o povo o seu ensino ganha,

Haurindo luz para evitar contenda!

OS CINQUENTA ANOS DE MEDIUNIDADE

Anteciparam a sua Eternidade,

Pondo-o a viver no céu e aqui no chão...

Iluminando paços e tapera,

Fazendo reflorir a primavera

Onde a treva, crestou o coração!!!

IVANI RIBEIRO

Escritora, Novelista, Jornalista e Poetiza de renome nacional.

"A primeira coisa que aprendi com Chico Xavier - diz Ivani - foi a certeza do renascer. Antes eu tinha medo da morte. Agora sei que ela é uma passagem e deve ser encarada com tranqüilidade. Conviver com o Chico dá um enriquecimento interior muito grande, porque ele emana uma riqueza que passa pra gente. "

E com entusiasmo que Ivani Ribeiro fala de Chico Xavier: "Ele é uma figura mística, quase transparente, sendo ao mesmo tempo tão forte e vigorosa que empurra as pessoas para frente e para o alto. O Chico é ecumênico: ele aceita todos os credos e comunga com todas as crenças. E eu acho que é assim que tem de ser. O seu trabalho vem há 50 anos tentando aproximar o homem de Deus."

PAULO DANTAS

Jovem Romancista nordestino, detentor de numerosas láureas acadêmicas.

"Não conheço, mas admiro o espantoso Chico Xavier. Tenho mesmo a intenção de um dia ir a Uberaba para ver o homem-fenômeno de perto, conversar com ele, sentir o profundo de sua natureza, tocar na mão de seu caráter. Não morrerei sem vê-lo de perto. Porque Chico Xavier, pela sua pureza, é um homem suspenso no infinito."

J. HERCULANO PIRES

Parapsicólogo, Professor, Jornalista, Escritor Romancista de alto sentido filosófico.

Entrevista feita no programa "Câmara Aberta, levado ao ar no dia 30.6.1977 pela Rede Tupi de Televisão - Canal 4 - São Paulo, no advento do cinqüentenário de Mediunidade de Francisco Candido Xavier.

Chico Xavier é uma doação, uma verdadeira doação, uma criatura que se entregou inteiramente aos outros. Criança, ele foi, como todos sabem, uma criança pobre, abandonada, sofredora, entregue mesmo a situações bastante cruciais e cruciantes; sofreu bastante na adolescência também, desenvolvendo a sua mediunidade que é uma das mais fabulosas mediunidades do mundo; a sua capacidade de psicografia é extraordinária como sabemos, um volume de obras por ele recebidas, obras de escritores, poetas, cientistas, sim, de cientistas também, como se vê nas suas obras referentes a problemas científicos. Chico Xavier realizou um trabalho constante de abnegação, de entrega aos outros, não pensou em si mesmo, não cuidou de si, cuidou de servira Doutrina, que lhe pareceu o que mais lhe tocava o coração, e a mais certa, e entregou-se a essa doutrina, procurando ajudar, esclarecer e orientar as criaturas em todas as situações difíceis em que se encontravam; nós sabemos que Chico não media horas,e não mede ainda hoje, apesar de ser obrigado a não se exaurir tanto, ele na verdade, entrega-se ás pessoas que lhe necessitam com inteira abnegação, inteiro carinho, com verdadeiro amor fraterno; é uma criatura que realiza uma das coisas mais difíceis do ensino evangélico: 'Amar o próximo como a si mesmo:'

HUMBERTO DE CAMPOS FILHO

Jornalista, Escritor e Poeta eminente.

- E suas relações com Chico Xavier, atualmente, Humberto? - pergunta o redator.

- São e sempre foram ótimas.

Você acredita que as mensagens de Chico, são mesmo obra do espírito de seu pai?

- Você é a milionésima pessoa que me faz essa pergunta, ou melhor - essas perguntas. Vou tentar responder ambas, agora, contando uma passagem de minha vida:

Por volta de 1957, vindo com uma caravana de espíritas até Uberaba, como tanta gente que busca, incansavelmente, uma resposta às suas perguntas angustiosas sobre o fenômeno da morte, do destino e da dor, fui conhecer de perto o Chico Xavier. Passados tantos anos, quase duas décadas, ia encontrar-me com aquele que tinha sido alvo de uma ação movida pela minha família. Foi um encontro realmente comovente, pois, desta vez, ambos estávamos do mesmo lado da trincheira. Participei da feitura da sopa dos pobres, descascando cenouras sob um telheiro, numa atmosfera que lembrava as cenas simples dos primeiros dias do verdadeiro cristianismo. Caminhei ao lado do Chico ao longo da romaria que era realizada no sábado à tarde, levando um saco com mantimentos, que seriam distribuídos aos pobres, visitados no trajeto. Presenciei no interior de uma palhoça o tocante momento em que um doente grave era visitado pelo espírito de Memei, que se anunciava por um pronunciado cheiro de éter que, depois, era substituído pelo aroma de flores silvestres. E, por final, já na noite anterior ao nosso regresso, a conversa realmente impressionante que tive com ele.

De início, envolvido por aquela atmosfera de paz e bondade que sua presença transmite, conversamos sobre o passado e sobre as coisas que julgávamos importantes, em relação ao momento em que vivíamos. De repente, sem as bufadas ou contorções tão comuns para quem freqüenta reuniões desse tipo, notei que o Chico deixava de ser o Chico para ser, talvez, alguém que identifiquei como meu pai. Pelas coisas' que dizia e pela forma que as dizia. E o que ouvi naquela noite, guardei para o resto de minha vida. Foram coisas que agora me fazem pensar se não estamos bem próximos ou já chegamos aos instantes de decisão, vaticinados por aquela voz.

"O mundo é uma fogueira que se consome nos mais baixos impulsos da vaidade e da ambição do homem. Nesse mundo que está sendo transformado, fisicamente, sem nenhuma consciência e sem nenhum escrúpulo, numa rapidez surpreendente, o próprio homem, vivendo nesse contexto e agindo de acordo com as regras vigentes, para não ser aniquilado, já começa a desconfiar de que alguma coisa está profundamente errada."

- Essa entrevista com Humberto de Campos Filho, falando sobre Chico Xavier pessoa humana, sobre Chico Xavier, homem de paz e de bondade, comove aos espíritas e umbandistas. E o momento inesquecível na vida de Humberto, no qual as palavras e as coisas ditas por Chico, pareciam vir da mente do seu querido pai - também são registros importantes - pois que dificilmente um filho esquece as maneiras, os pensamentos e conceitos íntimos de seu pai. Pode ser que o Espiritismo não tenha conquistado em Humberto um adepto fervoroso, mas - segundo ele mesmo confessa - afigura de Chico Xavier; naquela noite longínqua, plantou, em seu coração, uma semente de esperança, que jamais deixará de ser cultivada.

LICINIO LEAL

Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás, Vice-diretor da Faculdade de Direito Federal de Goiás, Presidente do Colegiado de Cursos Jurídicos da UFG. Professor nas Universidades de Direito Federal, Católica e Anhangüera. Já escreveu uma vasta produção literária e Jurídico Penal.

"Foi aos 17 anos de idade, pela vez primeira, ouvi falar de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier. Eu havia ido à Veneza brasileira, estudar. Hospedei-me com um parente longínquo, fervoroso adepto do Espiritismo. Sua biblioteca estava repleta de obras espíritas, a maioria mediúnica, escritas por Emmanuel, André Luiz e outros, através do médium de Pedro Leopoldo.

Os jornais de grande circulação no Nordeste, vez por outra estampavam, nos idos de 1952, reportagens de primeira página sobre o mago da mediunidade no Brasil. Sua extraordinária fertilidade literária - jamais igualada, aqui e além fronteiras, nem mesmo por Coelho Neto ou Castilho - era motivo de espanto, saindo de um modesto amanuense do Ministério da Agricultura, que jamais tivera outra escolaridade que o primário. Descreviam-se os seus gestos no momento da produção mediúnica - a mão esquerda cobrindo os olhos, a mão direita empunhando um lápis após outro, numa escrita nervosa e extremamente rápida, as folhas de papel sem pauta retiradas por um acólito. E ao cabo de alguns minutos do mais profundo silêncio, diante de uma assistência contrita e espectante, ora lida, pelo próprio médium, o texto recebido durante o transe, ora uma poesia concebida nos mais diversos estilos, ora tema exortação de cunho ético ou religioso.

Ao vir para Goiás, senti, no Planalto, uma Profunda atração mística na direção do grande médium brasileiro. Os centros espíritas, as mocidades espíritas se espalhavam pelas principais cidades goianas. Tornei-me espírita, Kardecista - Kardec o mentor do verdadeiro Espiritismo, seguido por Francisco Cândido Xavier., E como todo espírita, aspirava a conhecer o grande médium.

Ele se transferira, por ordens do alto, segundo confidenciara a amigos, para a cidade mineira de Uberaba. Tinha, como secretário Weaker Batista, como eu Maçom: quando esse ilustre Obreiro foi Venerável Mestre da Loja "Roosevelt", de Anápolis, eu fui seu Orador. Daí, o convite de Weaker, que mora ao lado da casa de Chico Xavier. À noite, seria a sessão. Não havia muitas pessoas de fora, ao contrário do que, freqüentemente, ocorre. Mesmo assim, o recinto estava repleto.

Uma fervorosa adepta de Chico lhe trouxe uma exuberante rosa vermelha que ele, após a apresentação, me passou às mãos, como uma recordação sua.

Após, homens e mulheres, vestidos com simplicidade, apesar de vários serem portadores de títulos universitários, reunimo-nos em torno de uma mesa, onde seriam discutidos textos do Evangelho. Coube a mim discorrer sobre o texto escolhido, à deriva. Chico, enquanto isso, cerca de hora e meia a duas horas - se trancara num quarto, contíguo, atendendo a uma fila, que, lentamente, se esvaia. Ao termo, voltou, sereno, e sentou-se; sobre o papel, no gesto característico de vedar os olhos, começou, como tangido por estranha corrente elétrica, a escrever, página que leria, minutos após, com voz angelical.

A impressão que Francisco Cândido Xavier deixa, nos que o conhecem, é a de um apóstolo do verdadeiro Cristianismo, santo que, ao lado de Francisco de Assis, o Polverello, e Mohandas Carancham, o Mahatma Gandhi, mais perto se aproximou, pela pregação e seu devotado exemplo de caridade, do sublime rabi da Galileia.

APARÍCIO FERNANDES

Escritor, Jornalista, Poeta, Radialista e eminente homem de letras, nascido na cidade de Acari, Estado do Rio Grande do Norte.

Em 1965, a Federação Espírita Brasileira publicou a antologia "Trovadores do Além", organizada pelo médico (e trovador) Elias Barbosa, residente em Uberaba, Minas Gerais. O livro enfeixa 312 trovas de autores desencarnados, isto é, de poetas já falecidos, que retornaram, em espírito, para, através das faculdades do médium, fazer chegar aos seus irmãos deste mundo algumas das trovas que continuam a compor na Vida Espiritual. O médium é mero instrumento intermediário. Para isto cede seu corpo (ou apenas seu braço) a fim de que o poeta desencarnado, utilizando-se dele, possa escrever a trova que fez. As trovas figurantes no livro "Trovadores do Além" foram psicografadas (isto é, recebidas mediunicamente), pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. O primeiro é um dos mais famosos médiuns espíritas do mundo, cuja vida de renúncia, humildade e caridade incondicionais a muitos tem edificado...

Serão realmente dos trovadores do além-túmulo essas trovas?

Eis uma questão cuja resposta depende do entendimento de cada um e da perseverança e seriedade com que se empenha em pesquisar a Verdade. O que podemos dizer é que nossos olhos se encheram de lágrimas quando lemos, pela vez primeira, estas trovas, atribuídas ao espírito de Adelmar Tavares:

O regozijo da morte,

que ninguém sabe dizer,

tem a beleza da noite

no instante do amanhecer.

Ouvi alguém que dizia:

- "La se vai o poeta morto",

sem perceber a alegria

do sonho chegando ao porto.

No momento derradeiro,

antes do sono feliz,

compus em gotas de pranto

a trova que nunca fiz.

Afeições enternecidas, meus derradeiros amores!...

Deus vos salve, mãos queridas,

que me cobristes de flores!...

Celeste amor que perdura

atende a roteiro assim:

ilimitada ternura

no entendimento sem fim.

Morte!... No termo das provas,

Senhor, agradeço a luz

com que adornaste de trovas

as trevas de minha cruz!

Nas trovas acima; duas são de rima simples - o que era comum em Adelmar Tavares - mas tem a singeleza e a espontaneidade característica do saudoso poeta. Tivemos o prazer de conhecer pessoalmente o Doutor Adelmar, já velhinho, com o qual conversamos várias vezes. Constatamos de perto a bondade e o lirismo de sua alma de poeta. Por outro lado, lemos e relemos inúmeras vezes suas poesias e trovas. Ora, em nossa opinião, tanto no estilo como no sentimento, essas trovas são tipicamente de Adelmar Tavares. Para que o leitor possa comparar, extraímos da obra do grande trovador pernambucano as trovas que se seguem, as quais apresentam nítidos pontos de contato com as outras trovas, que Adelmar-Espírito nos enviou através da mediunidade de Chico Xavier:

A morte não é tristeza

é fim, é destinação.

- Tristeza é ficar vivendo,

depois que os sonhos se vão..

Trovas, trovas da minha alma!

Da vida quando eu me for,

sede o humilde travesseiro

do sono de um sonhador.

Quando eu morrer, levo à cova,

dentro do meu coração,

o suspiro de uma trova

e o gemer de um violão.

Neste mundo, a certas vidas,

a morte seria um bem.

Mas até a própria morte

se esquece delas também...

Mãe, que os meus versos incensam!

Quando eu vim do mundo à luz,

foi na cruz de tua bênção

que eu vi a vida - uma cruz

Alguém já disse, e é verdade,

que o sentimento do amor,

ou se faz eternidade,

ou, então, não é amor...

Trova que vens novamente

encher o meu coração,

- sê bendita, luz divina,

amor de consolação.

Que contraste tem a Sorte!

No mundo, que ingrata lida!

- A Vida chorando a Morte...

E a Morte rindo da vida...

Para os que acreditam, é uma alegria e um certeza de imortalidade. Para os descrentes, será, pelo menos, uma esperança.

MARIA ANTONIETA ALESSANDRI

Intelectual e Orientadora educacional, vive há mais de vinte e cinco anos dedicada à causa espírita em Goiás, presidente da Irradiação Espírita Cristã que segrega dezoito departamentos assistenciais sob sua orientação. Escolhida pelo Grêmio Lítero Carlos Gomes como a Mulher do Ano de Goiás de 1977.

"Amor! Rememora a luz.

Que do Cristo se descerra...

Um berço, um barco, uma cruz

E o bem redimindo a terra" - Auta de Souza

Atendendo o convite de um grande educador mineiro José Ignácio de Souza, fui conhecer, em Pedro Leopoldo, em 1939, um médium que começava a ser conhecido no Brasil por sua psicografia: Francisco Cândido Xavier.

De Belo Horizonte, partimos rumo à pequena cidade mineira, onde chegamos à tardinha. Fomos acolhidos com carinho e encaminhados a uma sala humilde, onde se encontrava Chico Xavier, sentado à cabeceira de uma mesa rústica, tendo à sua treme papel e muitos lápis. Nos bancos, ao redor, vários senhores já se encontravam assentados, e, entre eles, nos colocamos.

Eu era uma recém-normalista e aquele ambiente ou o ar compenetrado dos presentes, diante da leitura do Evangelho, me infundiram um grande respeito. Terminada a leitura, o médium começou a escrever, com incrível rapidez. Após a psicografia, à medida que as páginas iam sendo lidas, lágrimas de emoção afloravam aos olhos dos beneficiados. Algumas mensagens traziam provas irrefutáveis da presença de pessoas queridas há muito desencarnadas, outras faziam apelos veementes à divulgação do Esperanto na Terra do Cruzeiro e finalmente a mensagem dirigida a todos os corações, trazendo o convite à renovação interior à luz dos ensinamentos evangélicos. E aquela voz, diferente de todas as vozes, e que lia a matéria recebida do Além, partindo daquele que irradiava bondade e ternura, exercia profunda influência em meu espírito. Naquele instante, despertaria em mim o grande interesse pelo espiritismo e o livro espírita se transformaria no alimento indispensável ao despertar espiritual.

Em verdade, quando jovens temos o coração repleto de indagações e do desejo ardente de consertar as injustiças do mundo, desejamos provas reais da presença do Espírito e muitas vezes um misto de ansiedade e desespero se instala no coração, diante da própria impotência.

E foi nesta hora que apareceu como um facho de luz a mensagem mediúnica de Chico Xavier, hoje, materializada em dezenas e dezenas de livros: livro estudo, livro história, estórias, romance, poesias, ciência, filosofia, religião, remédio, livro roteiro, todos eles inteiramente calçados nos ensinos sublimes de Jesus.

É muito difícil dizer da gratidão e do carinho de minha alma a esse Seareiro do Pai. Saberia o filho compreendera bênção do amor maternal ou a grandeza da proteção paterna?

Assim, para nós outros, que fomos encontrar na literatura espírita, que veio, dos Espíritos mais elevados até nós, graças ao espírito de renúncia, dedicação e amor do Chico Xavier, a nossa gratidão. Esses livros têm sido luz espiritual para o norteamento do rumo a seguir; o bálsamo para as horas difíceis; o júbilo nos momentos de lazer; o socorro às aflições alheias; o estímulo constante para a sementeira da fraternidade no processo assistencial; o amparo direto nas horas de indecisão; o roteiro abençoado a nos mostrar a bandeira verde da esperança dentro da problemática da evolução humana.

Os espíritos do Senhor, usando esse instrumento afinadíssimo, temperado na dor, que é a mediunidade de Chico, conseguiram trazer à humanidade, e de uma maneira maravilhosamente atraente a palavra do Cristo nos recordando: "Nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros, João 13:35".

E assim, o amor de Deus continua na Terra crescendo na bondade de Francisco de Assis, na dedicação de um Vicente de Paulo, na renúncia-caridade de um Chico Xavier. Graças a Deus".

MOACYR SALLES

Escritor, Poeta, com obras publicadas de grande valor literário, ele é citado com um seu poema no livro "Poetas do Brasil", onde figuram os maiores nomes da literatura nacional.

"Um médico anapolino me disse, certa vez, que bastaria o livro "Parnaso de Além-Túmulo" para atestar a perfeição da mediunidade de Chico Xavier, valendo, ainda, como elemento de prova da comunicação dos mortos.

De fato, naquela obra - a primeira das cento e cinqüenta publicadas com a assinatura do famoso intérprete, encontrasse um valioso registro da palavra de além-túmulo, endereçada aos mortos do mundo dos vivos. Assisti, em várias oportunidades, ao veloz movimento do lápis, fazendo o Chico fluir mensagens admiráveis, como se visse, das entranhas da terra, brotar uma fonte no alto e a água despejar-se em cachoeira, na lauda do solo. Desse jorro, diz M. Quintão, prefaciando aquele livro : - "Não há ideação prévia, não há encadeamento de raciocínio, fixação de imagens. E tudo inesperado, explosivo, torrencial!" - Na perfeição de cada estilo, não é necessário anunciar Emilio de Menezes, em "Recado": "No incenso a Bacojá não me agonizo, Prossigo além, exótico e discreto, Mangando embora, mas com regra siso..." (Antologia dos Imortais); nem se precisa dizer que é Alvarenga Peixoto, em "Redivivo": - "Divina lira, Musa que inspira, Meu coração, A relembrar.... Celebra, amena, A vida plena, A paz sublime. A luz sem par. (Cartas de Coração); nem que é Augusto dos Anjos, em "Vozes de uma sombra": - "Donde venho? Das eras remotíssimas, Das substâncias elementaríssimas, Emergindo das cósmicas matérias. Venho dos invisíveis protozoários, Da confusão dos seres embrionários, Das células primevas, das bactérias" (Parnaso de Além Túmulo); ou Alceu Wamosy, em "Página ao Homem": - "Romeiro da ansiedade, em lágrimas avanças, A estrada é solidão enquanto a luz declina. Esbravejam bulcões na tela vespertina, Faz-se a noite aguaceiro em súbitas mudanças!... (Poetas Redivivos).

Em 1975, vindo de umas férias, com esposa e filho (esse contava três anos de idade), fizemos uma visita ao Chico, em Uberaba. Sala cheia, como sempre, fila ziguezagueando dentro e fora do salão, esperei a oportunidade e consegui chegar ao médium. Conversando sobre determinado caso, Chico me informou: - "Há aqui um médico homeopata e eu vou ouvi-lo, sobre o nome do remédio". - Pensei eu estivesse o médico na assistência, mas Chico se levantou, para ir à cabine de recepção de mensagens. Ficou de pé, na porta, pois um grupo de senhoras cercou-o, não lhe dando ensejo nem de entrar na cabine nem de sentar-se. E o tempo passou - meia hora, no mínimo. Meu menino, no braço da mãe, demonstrava cansaço e eu, receiando prolongar-se a espera, propus ao Chico me deixasse levar a família ao hotel e, depois, ficaria na sala aguardando, o tempo que fosse preciso, o resultado da conversa que ele viesse a ter com o doutor. - "Não é preciso - observou - aqui está o nome do remédio". E desdobrou um papel branco, contendo o nome do medicamento, o do laboratório, seu endereço e apreciações outras - tudo gravado à tinta manuscrita. - Estivera eu todo o tempo a seu lado e não tenho dúvida de que ele não escreveu nada, nesse período, pois as inúmeras consulentes não lhe deram folga. O papel apareceu em sua mão, com os elementos de orientação bem expressos.

Falei, outras vezes, com o Chico, mas nem tive oportunidade de tocar no assunto com ele, fazendo as minhas perguntinhas de acupuntura. Nem mesmo lhe contei que, chegando daquela vez mesmo a Goiânia, Telefonei para São Paulo, encomendando o remédio cujo nome apareceu inentendidamente no papel branco.

E que veio do outro lado do fio, a informação: - "Como o senhor sabe desse remédio? Agora é que estamos acabando de o produzir!"

BERNARDO ELIS

Membro da Academia Brasileira de Letras, Membro, da Academia Brasiliense de Letras, Membro da Academia Goiana de Letras, Membro do Instituto Histórico Geográfico de Goiás, Membro da União Brasileira de Escritores. Tem publicadas nove obras, sete de ficção e duas de ensaio, inúmeras crônicas e contos literários.

"Minha jovem repórter, você me pediu a impressão sobre Chico Xavier e eu fiquei de dar.

Digo-lhe que pensei muito sobre o assunto e pareceu-me prudente calar. O momento é para falar de divórcio, de controle de natalidade, de mordomias, novelas de televisão e acima de tudo é para se falar de título eleitoral, esse documento que ultimamente vem assumindo uma importância formidável, embora eu não possa compreender a razão. Estamos, pois, num tempo de mulheres nuas (ou quase, não sejamos exagerados!), num tempo de piadas. Você já viu o Brasil está ceio de piadas? Não, ninguém que não tenha a última (muito boa) para contar assim meio no cochicho, que parede tem ouvidos... E Chico Xavier é assunto sério. Imagine que ele só pensa em dar, num tempo de tomar de qualquer maneira; ele só fala no próximo, num tempo em que todos são distantes; fala do outro mundo, num tempo em que o tempo é pouco para devorar este nosso pobre mundinho; ele fala de caridade num momento que a suprema felicidade é ver arder a barba do vizinho. Então esse homem é um perigo. Contudo, como você está cobrando, vou falar de Chico Xavier quase em tom de piada. É o caso que Voltaire entendia que os patrões só deviam empregar criados que fossem cristãos convictos. Dizia que um cristão convicto verdadeiramente é incapaz de roubar o patrão e nessa segurança reside a paz na terra. Mas se Voltaire ficou aí, outros filósofos prosseguiram no raciocínio e concluíram que um cristão convicto oferece ainda outra comodidade: a do patrão desonesto roubar impunemente o cristão convicto, para quem só valem os bens do outro mundo.

Por aí você pode imaginar. Se todos os que vivem do próprio trabalho, nesse mundo fossem cristãos convictos, o mundo seria o Paraíso dos patrões (desonestos)! Nesse pontinho é que divirjo um pouco de Chico Xavier: naquilo que ele possui de humilde, manso, desprendido dos bens terenos, atitude que é uma delícia para os patrões desonestos e para os donos do mundo. "Faze-te de mel que as abelhas te comem" - já diziam os portugueses de outrora. No mais, se existir santo Chico Xavier é um dos maiores; se houver Céu, dele será o melhor lugar, salvo se por lá já não houverem chegado os desonestos, ambiciosos, hipócritas e outros seres que é costume chamar poderosos."

ELY BRASILIENSE

Academia Goiana de Letras, Ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, Membro da Academia Maçônica de Letras do Rio de Janeiro. Tem publicado dez livros.

"Tenho profunda admiração pelo trabalho de Chico Xavier, e dedico-lhe o maior respeito. Beijar-lhe-ia a mão, se tal gesto não representasse a hipocrisia e o exibicionismo de todos os tempos. Admiro-lhe a coragem, a persistência e a dignidade com que vem desempenhando essa sublime tarefa que lhe foi confiada na Terra. Não é fácil. Sabemos que muita gente tenta, com os acenos da grande imprensa, ofuscar essa obra, procurando explorara vaidade que o grande médium não possui, no sentido de forçá-lo a gritar a todo mundo que tudo é fruto de criação sua, de seu talento literário. Se assim o fizesse, já estaria na Academia Brasileira de Letras, vestido com a mortalha mais cara do mundo. Não condeno aqueles que duvidam da psicografia. Os dez mandamentos, quem ditou?

Charles Dickens concluiu seu romance THE MISTERY OF EDWIN DROOD com a colaboração de um iletrado aprendiz de mecânico, T. P. JAMES, e nenhum crítico, por mais severo que se mostrasse, conseguiu descobrir onde terminava o manuscrito e onde começava a parte mediúnica. Tal acontecimento se registrou em 1872.

A mediunidade não é qualidade inata; e um dom para aqueles que são escolhidos pelos mentores espirituais; depois de observados cuidadosamente por muito tempo. A falsa mediunidade é um perigo para a própria pessoa que tem a ilusão de possuí-la, sem merecimento. Francisco Cândido Xavier é um dos grandes escolhidos da atualidade: "

IRON JUNQUEIRA

Jornalista, Escritor e Poeta.

O maior mérito de sua vasta obra literária é que ela é toda revertida em prol do Lar Humberto de Campos em Anápolis, que ele não só dirige, mais convive no dia a dia com aqueles pequeninos desfavorecidos pela sorte, como um verdadeiro pai e mestre.

"Grandes eventos se registraram ao longo deste século, em todos os campos da atividade humana, principalmente nestes últimos cinqüenta anos, quando a humanidade fora fartamente enriquecida com os extraordinários benefícios da ciência, que se expandira com amplitude e de maneira geral, amenizando sofrimentos e proclamando eureka a antigos e complexos desafios; em termos de futuro, nenhuma obra foi tão marcante como a construção de Brasília que, segundo entendidos, será, em futuro breve, a Capital das grandes decisões para a felicidade de todas as criaturas.

Mas em se reportando ao progresso espiritual dos homens, quase que somente a Dor tem sido o anjo distribuidor das mais profundas e verdadeiras lições, entretanto, ao lado dela, com destinação aos que desejem evoluir optando pelo SERVIR e não pelo SOFRER, existe, para a ventura de milhares e milhares de pessoas, a mediunidade sublime de Francisco Cândido Xavier, através da qual os espíritos dos que nos precederam ao túmulo nos provam a sua imortalidade, nos falam da glória eterna do Bem, nos concitam ao trabalho, à Virtude, ao Amor, à Caridade que "fora desta não há apelação"- e, principalmente, nos tornam imensamente felizes, por nos darem tanta esperança e nos falarem de um Deus tão bom, verdadeiramente Pai, bem ao contrário daquele Deus tirano que dava castigo eterno aos filhos que erravam.

Milhares e milhares de criaturas estariam hoje nas vascas do sofrimento ou nas curvas dos descaminhos, padecendo na inutilidade e tateando nas trevas da própria ignorância, se não fosse o trabalho desse incansável homenzinho de Uberaba, cujo exemplo de bondade a todos nos tem servido como bússola ao coração, cuja inteligência, a serviço da sabedoria dos Espíritos Egrégios, não deixa de estar sustentando - e mantendo - o progresso moral e espiritual da humanidade, em grande parte.

Francisco Cândido Xavier é um dos homens deste século, e só chegaremos a esta conclusão quando os estudiosos fizerem a soma dos benefícios que os livros psicografados por ele trouxeram à humanidade, em todos os sentidos positivos".

JANDYRA AYRES CRUVINEL

Professora aposentada, conviveu com Chico nos anos 40 em Pedro Leopoldo. Respeitada Educadora do Estado de Goiás.

Juscelino fez o Brasil progredir 50 anos em cinco. O Chico com sua literatura de caráter científico, consolador e sobretudo moral, com seu exemplo de virtude e profunda humildade, proporcionou à sociedade brasileira um amadurecimento espiritual de 500 anos em 50. Falamos de sociedade brasileira porque neste querido Brasil todos conhecem Chico, e mesmo aqueles que não comungam com a crença espírita reconhecem-lhe a pureza de caráter e o fenômeno da sua produção literária. " Palavras da estudante de Direito MIRLENE BARBOSA DA CRUZ: "Momentos de neuroses coletivas, onde o grito torna-se mais estridente, eis que se nos aparece como verdadeiro paradoxo, a figura do Chico Xavier, que só fez durante estes 50 anos amor-doação. Chico sempre deixou falar mais alto o que muitos corações não conseguiram nem pensar baixinho."

ZEUS WANTUIL

Trechos de carta do Doutor Zéus Wantuil, 3.° Secretário da Federação Espírita Brasileira, à presidente da União Espírita Mineira, publicados com sua autorização, a nosso pedido. Dr. Zéus Wantuil é filho do saudoso presidente da FEB, Dr. Antonio Wantuil de Freitas, grande amigo da Casa de Antonia Lima.

"... não me considero à altura para escrever algo sobre o Chico. Dele, dão testemunho (e que testemunho!), as belas obras que semeou e semeia por esse Brasil afora, com reflexos benéficos em diversas nações do Mundo. E quando digo "obras"; refiro-me não só a palavra escrita e falada, que também aos seus exemplos de caridade, de perdão, de fé, de humildade, aos seus diálogos fraternos e frutíferos, enfim, à sua multiforme vivência evangélica junto a pobres e ricos, num trabalho diário de edificação e alevantamento de espíritos ".

Conheço o Chico há bastante tempo. Nos seus livros mediúnicos encontrei forças, luz e paz, e através de suas cartas pude senti-lo e amá-lo bem no fundo do seu ser. Por várias vezes chorei com as suas preocupações e sua dor, vivendo-Ihes as graves responsabilidades e lamentando a incompreensão dos homens. Mas sempre orei pedindo ao Senhor não lhe tirasse o pesado fardo dos ombros, e sim que o ajudasse a carregá-lo. Graças a Deus, o nosso caro Chico tem vencido todas as dificuldades e todos os óbices do caminho, numa maratona hercúlea que realmente o dignifica aos olhos dos homens e aos olhos do Pai.

Como vê a prezada Amiga, não sei como poderia dizer algo sobre o Chico. As palavras não o saberiam expressar. Tenho-o dentro de minha alma como a um irmão multo querido, a quem devo grande parte da minha renovação espiritual e, mais ainda, da felicidade parcial que mora em meu coração.

MÁRIO PALMÉRIO

Advogado, Escritor, Educador, Embaixador e Membro da Academia Brasileira de Letras.

Entrevista feita no programa Câmara aberta, levado ao ar no dia 30.6.1977 pela Rede Tupi de, Televisão - Canal 4 - São Paulo, no advento do cinqüentenário de Mediunidade de Francisco Cândido Xavier.

Nós, Uberabenses, as pessoas que aqui nascemos, ou que aqui residimos, só temos motivo de orgulho e de prazer por contar com a presença de Chico Xavier na nossa cidade. Ele não é apenas essa figura tão conhecida, tão exaltada, tão aplaudida de um líder religioso; Chico Xavier alia a esse seu trabalho religioso, um trabalho de assistência impar, raríssimo.

JOÃO RIBEIRO

Historiador e Crítico de Literatura. Grande nome das letras nacionais.

Chico Xavier, não atraiçoara poeta algum, todos no "Parnaso de Além-Túmulo, se revelavam como realmente o foram em vida.

ATALIBA GUARITA NETO

Jornalista, Poeta, Escritor e Radialista.

Entrevista feita no programa "Câmara Aberta", levado ao ar no dia 30.6.1977 pela Rede Tupi de Televisão - Canal 4 - São Paulo, no advento do cinqüentenário de Mediunidade de Francisco Cândido Xavier.

Quando minha cidade "roubou" Chico Xavier de Pedro Leopoldo, Uberaba passou a conquistar, a ganhar um embaixador, o embaixador da fé. Só quem reside aqui pode saber o que esta expressão tem de significado; ele é realmente um grande embaixador da fé, abraçando a todos, envolvendo a todos, impressionando a todos...

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MARCIA ELIZABETH DE SOUZA

Jornalista, Professora, Radialista e Entrevistadora de mérito.

"São cinqüenta anos na tarefa abençoada de fazer claridade nos caminhos de nossa vida, consumindo-se a si mesmo como um círio aceso, para que vejamos o caminho.

Cinqüenta anos de labor fecundo, que são mais de um século de trabalho incessante, porque o tarefeiro do Senhor não conheceu noites de repouso; trabalhou sem cessar. Ouviu e compreendeu as palavras do Mestre: "meu Pai trabalha desde toda a Eternidade e eu trabalho também". Trabalhou servindo e serviu amando.

Muitos são os convocados para o trabalho na seara do Mestre, poucos o iniciam e raros nele persistem. Por isso mesmo são dignos do maior respeito e admiração aqueles que permanecem vários anos na tarefa, sem interrupção, vacilação ou desânimo.

Francisco Cândido Xavier, o nosso Chico, ê um destes homens extraordinários, um verdadeiro missionário, de quem temos a honra e a alegria de ser contemporâneos.

Por suas mãos, a Espiritualidade tem transmitido milhares de mensagens que têm trazido consolo e esperança a milhões de pessoas.

Através de sua psicografia, já foram publicados cento e cinqüenta livros, fonte inesgotável de ensinamentos.

Por suas palavras refeitas de bondade, milhares de criaturas têm sido consoladas e orientadas.

E ninguém pode afirmar que Chico seja um privilegiado, porquanto, a despeito da constante orientação de Emmanuel e outros espíritos de escol, inúmeras vezes o sofrimento o tem visitado. Como se não bastasse a precária saúde física, nos seus sessenta e sete anos de existência, tem conhecido humilhações e calúnias de toda ordem, sempre gratuita.

Privilegiados somos os espíritos da atualidade, que, além das obras monumentais do insigne Allan Kardec, usufruímos vasta literatura complementar de que é instrumento este admirável missionário, ao lado de seu indiscutível exemplo de simplicidade, humildade, perseverança e amor incondicional.

PADRE PASCOALE FILIPELE

Entrevista feita no programa "Câmara Aberta", levado ao ar no dia 30.6.1977 pela Rede Tupi de Televisão - Canal 4 - São Paulo, no advento do cinqüentenário de Mediunidade de Francisco Cândido Xavier.

Pergunta: Padre Pascoale Filipele, quem é Chico Xavier?

"Tenho profundo respeito pelos homens, sobretudo por aqueles homens que se dedicam atender aos mais necessitados, por isso o respeito profundo pelo Chico Xavier, que deve estar completando 50 anos de seu trabalho; homem bom, homem generoso, homem de coração maior do que ele mesmo, vive na magreza da sua constituição. Chico Xavier de fato é um coração imenso, ainda mais, eu acredito nos dons; leio São Paulo, que tem dom da língua, o dom das curas, tudo que é bom vem de Deus; acredito que qualquer um possa ter esses dons, uns mais outros menos, e porque, acredito nos dons que venham de Deus, venham do Espírito Santo, venham de onde vierem, acredito que os homens possam ter dons, mas, que eles sejam sempre a serviço dos outros. A modificação que a gente vê dentro da igreja, que passa de uma linha de poder para uma linha de serviço ou de diaconia, me faz ver algum aspecto também da vida de Chico Xavier. Um homem que serve, um homem que ajuda, um que colabora, Oxalá, todos aqueles que possuam dons, os ponham ou os pusessem sempre a serviço dos outros, não fazer deles um aproveitamento para si, mas simplesmente para dizer aos outros: Deus me deu e estou distribuindo o bem que Deus me deu, Homenageio neste momento esse homem, profundamente bom e religioso, por aquilo de bom que faz e faço votos que aqueles que nele acreditam vejam nesse homem um bem, esse bem que venha de Deus."

SILVIA ALESSANDRI MONTEIRO DE CASTRO

Professora de Didática Geral da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás.

"Fazei isso em memória de mim"...

"Mudando o calendário da história apareceu no planeta, Jesus - o Cristo. Sintetizou a sabedoria de seus ensinamentos na frase "Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei". As almas sensíveis às belezas do Evangelho tentam "Não sou eu quem vive, é o Cristo que vive em mim" - escreveu o Apóstolo Paulo.

A vida de Chico Xavier é a exemplificação do pensamento de Paulo. Colocando-se no posto de trabalho, divide o tempo ora psicografando as mensagens do Além, como atestam as cento e quarenta e seis obras publicadas, ora consolando, inspirando, enxugando lágrimas ou norteando vidas. Seu campo de trabalho é um barracão humilde colocado à beira da estrada. Ali aportam amigos, admiradores e sofredores de todas as partes do Brasil e do mundo.

Alguém chega com o coração trespassado de dor pela morte de um filho, de um parente, ou de uma pessoa querida.

Os dramas os mais variados são segredados a seus ouvidos. Escutando pacientemente, deixa sair da sinceridade de seu coração uma palavra, um sorriso, um gesto amigo. O milagre se opera. Os corações se desanuviam, a compreensão desponta e uma nova dimensão aparece na vida do consultaste.

Qual o segredo, qual o milagre dessa energia irradiadora de paz e libertação? Poderíamos dizer que a Força Cristíca obtida à custa de anos e anos de dedicação à causa do Evangelho, responde a pergunta levantada.

Renúncia, dedicação, humildade e fé são atributos de seu espírito, burilado através de múltiplas existências. Escolhendo o celibatanismo voluntário faz da humanidade a sua família.

Nada exige, tudo dá. Testemunha seu amor a Deus servindo ao próximo.

Que o Mestre o ampare, ilumine e o abençoe."

ROSALITA FLEURY

ESCRITORA. Presidente da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, sócia da Associação Goiana de Imprensa, sócia da União Brasileira de Escritores, sócia do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, romancista e poetisa.

"Não te esqueças da "boa parte" que reside em todas as criaturas e em todas as coisas. A apreciação unilateral é sempre ruinosa. Assim há criaturas que, em se revelando negativas em determinados setores da luta humana, são extremamente valiosas em outros". (Trecho da página psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada na coluna Jesus e Atualidade em "O Popular" de 27/07/77).

A semente da compreensão humana está nesses pensamentos expostos com tanta clareza, dentro da simplicidade das palavras que os materializaram.

Nos dias que vivemos, seja pelo constante aumento da densidade populacional, pela imposição do progresso, ou dificuldades na vivência emocional do dia-a-dia, as pessoas fecham-se cada vez mais em atitude egoística e contraproducente. Fazem do individualismo uma couraça que as defenda em seu bem-estar. E assim, mesmo sem agredirem com atos e palavras, ferem pelo silêncio, pelo desestímulo, pela omissão. Contudo, se procurarmos, nelas encontraremos a "boa parte", como afirma o médium.

Se bem não tenha estado, ainda, pessoalmente, com Chico Xavier, conheço-o bastante, através de suas páginas psicografadas. O bastante para admirá-lo como criatura que, em vez de fechar-se e proteger-se ante os embates do mundo atual, abre-se em compreensão, e se multiplica e se desfaz em quantas sejam necessárias ao atendimento da humanidade sofredora.

É ele, para seus inúmeros seguidores, como o vento que penetra e oxigena todos os recantos, como o sol que desconhece fronteiras, como o perfume que se evola da terra, em louvor ao nosso Deus."

DELFINO DA COSTA MACHADO

Crônica feita pelo médico Delfino da Costa Machado, Pediatra, Psiquiatra e Professor de Histologia e Embriologia no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás.

UMA CRÔNICA PARA CHICO

Francisco Candido Xavier, Chico Xavier- mais de cem anos ininterruptos de psicografia.

Mediunidade não deve ser luxo e nem moda, mas serviço a bem das criaturas. O médium deve comportar-se como um círio aceso que consome para fazer luz nos caminhos do próximo. Isso foi o que Francisco Cândido Xavier sempre fez.

"Reconhece-se a evolução de uma alma pelo número de almas que ela influencia beneficamente" ou também pela sua capacidade de amar e não pelos seus valores materiais ou intelectuais.

"Oh! Bendito o que semeia

Livros... livros a mão-cheia...

E manda o povo pensar!

O livro caindo n'alma

É germe - que faz a palma

É chuva - que faz o mar. "

Nos tempos modernos, a ninguém se aplicariam melhor essas palavras que a Chico Xavier e a Emmanuel.

Quando nos reportamos a Emmanuel queremos nos referir a toda essa equipe de irmãos abnegados da espiritualidade, que toma parte nas tarefas mediúnicos de Chico Xavier. Lembramo-nos também de todos aqueles que estiveram ao seu lado, participando do seu trabalho abençoado. As tarefas são de equipe.

Oito de julho de 1977. Há cinqüenta anos Chico Xavier começava a psicografar na pequena cidade mineira de Pedro Leopoldo, no Centro Espírita Luiz Gonzaga.

Cinqüenta anos ininterruptos de psicografia. Meio século, uma existência.

Benditas essas mãos de semeador da luz, de semeador do verbo sob a forma de páginas e de livros.

"Aquele que semeia a sua semente saiu a semear... A semente é a palavra de Deus."

Chico não semeia sem sair. Sai a semear, o que é mais laborioso.

Cinqüenta anos na tarefa abençoada de fazer claridade nos caminhos de nossa vida, consumindo-se a si mesmo como um círio aceso, para que vejamos o caminho.

Cinqüenta anos de labor fecundo que são mais de um século de trabalho incessante, porque o tarefeiro do Senhor não conheceu noites de repouso. Trabalhou sem cessar, Ouviu e compreendeu as palavras do Mestre: "meu Pai trabalha desde toda a Eternidade e eu trabalho também". Trabalhou servindo e serviu amando.

Que homem estranho é esse Chico Xavier. Poderia alguém pensar: "Ele não é estranho; nós é que o somos..."

Pelos seus dons mediúnicos foi chamado o homem psi,sensitivo paranormal, sensitivo ESP, mas ele se considera simplesmente um médium psicógrafo. Tudo mais simples, como nos ensina a Doutrina Espírita.

Observando a vida laboriosa de Chico Xavier nos domínios da mediunidade, vemos que ele se entregou a um autêntico processo de iniciação nos mistérios profundos da vida. Ele é um iniciado ou uma alma entregue à iniciação. Podemos ver isso nas suas próprias palavras:

"Compreendo, desse modo, que mediunidade com Jesus para mim tem sido um encontro progressivo e constante comigo mesmo, em que a luz dos Amigos Espirituais me mostra, sem violência, quanto preciso ainda aprender e trabalhar para melhorar-me."

Iniciação não é condicionamento mental e nem prática de ritos estereotipados, mas é auto conhecimento e trabalho - serviço ou seja, trabalho em favor do próximo.

Para nós, Chico Xavier é o iniciado dos tempos modernos que buscou a sua iniciação não em Himalaias, mas na planície e até no vale dos sofrimentos dos seus irmãos. Viver nas solidões, nos ermos, longe dos problemas humanos, em meditação, é até agradável. Abandonar o mundo para viver para si, não é renuncia. Renúncia é doar-se em benefício do mundo.

Chico Xavier conviveu e convive com os sofrimentos humanos, com todos os seus problemas, para levá-los aos Espíritos e trazer as respostas do Além. Através das suas mãos abençoadas nos chegou e nos tem chegado a mensagem que nos esclarece e nos anima.

Quantos se tem reerguido para vida renovada a uma palavra sua, a uma mensagem que veicula, a sua presença. Não devemos endeusar os homens, mas também não devemos profanizar os iniciados. Devemos buscar a estes a fim de que sua luz nos banhe.

Há quem pense que Chico Xavier não tenha nem cultura intelectual nem espiritual. Isso não alterará a vida do médium. Longe dele está de sujeitar-se às opiniões. Ele não precisa das nossas opiniões, mas nós precisamos das lições que nos transmite dos espíritos e das que ele é detentor. Ele tem não apenas cultura, mas também sabedoria. Esta chegou ao ponto dele ser humilde.

Muitos não entendem a humildade de Chico Xavier; acham até que ele não seja sincero. Ele se fez humilde, conscientemente humilde. Tinha de ser assim, para que pudesse desempenhar a sua missão - a de médium fiel. Tinha de ser assim para que as mensagens dos espíritos não sofressem influência da sua personalidade. Empreendeu a sua tarefa de canal e para bem desempenhá-la desobstruiu-se. Fez isso voluntária e conscientemente: "costumo dizer que devo ter o apelido de Chico, em meu nome individual, para lembrar-me de que a minha posição é realmente a posição de criatura que de si própria nada vale, ou pouco vale".

"Compreendo a tarefa dos espíritos, por meu intermédio, assim como se eu fosse um arbusto de qualidade muito inferior e o jardineiro ou o floricultor interferisse trazendo, por exemplo, sobre mim, num fenômeno de exertia uma árvore de natureza superior para que essa árvore produza frutos dos quais essa mesma árvore nobre seja mensageira. "

Receba hoje, dileto irmão e benfeitor, as nossas modestas vibrações da mais sincera gratidão pelo que nos tem doado do seu coração generoso e que o Senhor da Vida o recompense e lhe dê forças para prosseguimento da sua semeadura de luz no solo dos corações adubados pelas lágrimas.

MARLENE DEON

Jornalista, Educadora e brilhante Comentarista.

"UM PROVÁVEL APÓSTOLO DO APOCALIPSE"

"Assim, como no passado Hermes trouxe conhecimentos necessários para o homem, Orfeu, Pitágoras, Platão, Sócrates, considerados grandes apóstolos preparados da humanidade, pode ser Chico Xavier colocado na lista destes iluminados. Sem dúvida, nos sincretismos da mística da nova era, ele representa o apóstolo do apocalipse, que revela que ao aproximar-se a renovação muitos seriam postos no caminho porém poucos os escolhidos para a tarefa do Supremo. E tudo leva a crer que Chico Xavier foi escolhido para livrar e preparar o terreno qUe a humanidade futura trilhará."

SUA MEDIUNIDADE

Para os pesquisadores científicos, Chico Xavier é classificado como paranormal. É um sensitivo médium que se abre em dimensões psíquicas capaz de percepções extra-sensoriais ou extra-somáticas, de produzir efeitos materiais sem contato físico, completo desenvolvimento do terceiro olho ou da terceira visão (o olho de Siva).

Sua palavra é envolta num ar de sabedoria, bondade e fidelidade incomparáveis, o que o faz ser venerado e admirado por todos. Um dos poucos puros dentro da doutrina Espírita Kardecista. Chico Xavier pode ser considerado, para os meios espirituais, um enviado das divindades e o maior dos últimos séculos, pela capacidade única de sintonia com mais de 500 espíritos diversos. Nada mais, nada menos de 150 obras mediúnicas publicadas e que abrangem numerosos assuntos, poesias, romances, contos, crônicas, história (geral e do Brasil), ciência, filosofia e religião, todas de qualidade moral e educativa.

Faculdade mediúnica de aptidões reunidas num só instrumento, audiência, vidência, cura, transporte, materialização, psicofonia, psicografia e, o mais inédito, 50 anos completos de atividades mediúnicas sem interrupção, num cumprimento exemplar e integral.

CLOVIS TAVARES

Professor, jornalista, Escritor, Advogado.

HUMILDE LEMBRANÇA

Comoveram-me muito estas palavras de uma confissão do Mahatma Gandhi: "Não sou um homem de letras, nem um cientista, mas pretendo humildemente ser um homem de oração. Foi a oração que salvou a minha vida"...

Neste cinqüentenário do mandato mediúnico de Francisco Cândido Xavier, o humilde e bom Chico Xavier, inúmeros corações recordam seu inegável valor, nos polivalentes aspectos de sua missão gloriosa.

Sua magnífica obra espiritual de cento e cinqüenta volumes psicografados... Seu trabalho assistencial junto aos sofredores e aos humilhados da terra dos homens... Seu inesgotável amor, a repartir-se em pão da vida entre milhões de fios do Calvário... Sua paciência sobre-humana ante os gemidos e o clamor dos aflitos... Suas virtudes de servidor fiel do Evangelho no lar e fora do lar, junto aos bons e aos desgarrados, para com os pobres e para com os ricos, entre os sorrisos das criancinhas e nos vales da sombra da morte...

Tudo está sendo lembrado e meditado, para nossa edificação, nos templos e nos lares espíritas, com o mais vivo sentimento de gratidão, ao recordarmos este meio século de trabalho e de renúncia, de luz e de martírio desse Discípulo Fiel, de coração mais alvo do que a neve...

Quis Deus, em sua Misericórdia, agraciar-me com a amizade protetora de nosso amado Chico. E tesouro cujo valor não sei calcular. São quarenta e um anos em que meu pobre espírito tem recebido, incessantemente e prodigamente, do coração e das mãos do Apóstolo, benefícios espirituais sem conta e sem medida...

Não sei, não saberia, não poderia, em minha penúria total, encontrar expressões de louvor e reconhecimento.

"Diante disso, depois disso..." - repito som Rui - falecem-me as possibilidades de manifestar o sentimento agradecido.

Mesmo assim, ouso acentuar um aspecto, uma faceta da alma luminosa que todos reverenciamos.

À semelhança de Gandhi, Chico não é um homem de letras, nem um teólogo, nem um cientista. Contudo, além dos títulos mais valiosos que estes, que estão registrados na Eternidade, ele é um homem de oração.

Isso significa, nem mais nem menos, que é uma alma profundamente identificada com o Plano Divino. Tenho tido a ventura de testemunhar (tanto quanto possível, sem ferir a privacidade de sua vida) a sublime vivência espiritual do nosso admirável Amigo. É ele um verdadeiro filho de Deus, nascido e renascido do Espírito. É um coração que ternamente se reclinou junto ao coração do Mestre Divino, traduzindo sem palavras, mas numa vida inteira, as sístoles e diástoles da Alma Sublime de Jesus, seu refúgio e fortaleza.

E nesse espírito de comunhão com o Alto ele tem nobremente vivido, e tem sofrido dores que o mundo desconhece, e tem realizado milagres de amor, e tem socorrido multidões torturadas e sofredoras. Tudo em nome de Deus, e por amor de Deus, e para glória de Deus.

Permitam-me parafrasear os pensamentos de Gandhi, a quem também muito amo e muito devo: não sou entendido em ciências, nem homem ele letras, nem teólogo, nem erudito em coisa alguma, mas pretendo humildemente, muito humildemente, ser um homem de oração. Também a mim, foi a oração que me salvou a vida. E agora alegro-me nesta confissão: foi com Chico Xavier que aprendi a orar...

Devo-lhe cornucópias de bênçãos. Rendo graças a Deus por sentir-me o menor dos servidores de Seu grande servo, buscando aprender a ser humilde servidor do Reino.

Santo Amigo, Amorável Benfeitor, Mensagem Viva de Deus: Vejo-te qual gaivota de luz, ora em altíssimos vôos pelas Esferas e Santuários do Céu, ora pousando serenamente no Coração da Rocha dos Séculos... E mal posso balbuciar: Chico querido, Deus te abençoe, Deus te abençoe!...

JARBAS L. VARANDA

Escritor, Jornalista, Radialista, Orador espiritualista e notável Advogado do Fórum de Uberaba, Minas.

CHICO XAVIER 50 anos como porta-voz dos Espíritos.

Para entendermos a beleza e a importância da vida missionária, de Francisco Candido Xavier, no campo da mediunidade, é preciso situá-lo no contexto histórico. Para isso, basta recordar a missão do Brasil no concerto das Nações, do ponto de vista espiritual. Nesse sentido, nada melhor do que transcrever o que nos diz Humberto de Campos em "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho":

"Jesus transplantou da Palestina para a região do Cruzeiro a árvore magnânima de seu Evangelho, a fim de que os seus rebentos delicados florescessem de novo, FRUTIFICANDO EM OBRAS DE AMOR PARA TODAS AS CRIATURAS." (Humberto de Campos, em "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho").

"O Brasil, segundo sua história, é um país onde a paz e a concórdia se estabelecerão, como penhor de um evangelismo convincente e digno de ser imitado", (Prof. Carlos Pepe, em "Jesus, Kardec, Emmanuel").

Humberto de Campos ressalta o esforço da Espiritualidade visando preservar a integridade territorial do "Coração do Mundo" e a incumbência do Divino Mestre a ISMAEL, para ser o seu zelador espiritual.

A MISSÃO DE CHICO XAVIER NO BRASIL.

Nessa ordem de idéias, estando o Brasil com uma elevada missão, e como o Alto necessitasse de um continuador de KARDEC, DISCÍPULO FIEL, no desempenho da tarefa de manter vivos os ensinos de JESUS que o Espiritismo revive em sua pureza primitiva, CHICO XAVIER aparece como um dos mais "LÚCIDOS DISCIPULOS DE KARDEC, ALMA TEMPERADA EM REPETIDAS EXPERIÊNCIAS". (Roque Jacinto, em "Quarenta Anos no Mundo da Mediunidade"), estreitamente ligado ao Cristianismo primitivo, e que deveria enobrecer a MEDIUNIDADE, com vistas ao levantamento INTELECTO-MORAL da Humanidade, como realmente aconteceu.

Escolhido a dedo pelo Alto, Chico Xavier reencarna na Terra em 1910 com a elevada missão de difundir e exemplificar o Evangelho de Jesus na Pátria do Evangelho, nela permanecendo já há 50 anos no sagrado labor mediúnico, sem claudicar, continuando FIEL, aos ensinos dos Espíritos!

Sua vida é de toda conhecida. Nasceu em berço humilde e toda a sua existência foi decalcada no sofrimento, nas dificuldades de toda sorte. Cresceria pobre e sem título acadêmico.

Todavia, jovem ainda, acordou para a mediunidade.

E com ele estaria não apenas o Espírito de sua progenitora, naqueles formosos diálogos no fundo do quintal de sua casa em Pedro Leopoldo, mas e sobretudo EMMANUEL para guiar-Ihe os passos, porque no COMANDO DA FALANGE incumbida de florescer o Evangelho nas Terras brasileiras!

E as obras mediúnicas, através de sua psicografia, iniciada em 8 de julho de 1927, tornaram-se um fenômeno, tendo na vanguarda uma OBRA CICLÓPICA e que por si só bastaria para demonstrar a imortalidade da alma e o objetivo maior de sua missão - a evangelização das almas pela mensagem e pelo exemplo: "PARNASO DE ALÉM-TÚMULO!"

Sua obra mediúnica abarca toda a gama de conhecimentos humanos, não se ajustando a qualquer hipótese no campo das explicações científicas atuais, sendo, todavia, considerado por Herculano Pires, como um Homem-Psi, ou um paranormal, um "interexistente", isto é, um ser que vive entre dois planos: o físico e o extrafísico, dotado, assim, de percepções extra sensoriais.

E mais ainda: Se o Espiritismo sustenta e a Parapsicologia demonstra, em pesquisas de laboratório (através de um Price, de Oxford, Soal, de Londres, Carington, de Cambridge, e Fernandes, de B. Aires) a comunicação extrafísica, Chico Xavier tem realmente demonstrado no labor humilde e desinteressado de sua mediunidade, em 50 anos sem interrupção nem desfalecimento, essa permanente comunicação de mentes desencarnadas com as criaturas humanas!...

- CONCLUSÃO -

De, PARNASO DE ALÉM-TÚMULO", lançado em 1932, até "COMPANHEIRO", de Emmanuel, completando 150 obras, em 1977, as mãos benditas de Chico Xavier, a serviço dos Espíritos, inscreveram na história da mediunidade uma verdadeira epopéia de Amor.

Há livros e livros, nós bem o sabemos, mas a obra mediúnica de Chico Xavier está isenta de joio. E parafraseando Castro Alves, poderíamos dizer: "Oh, bendito o que semeia livros espíritas a mancheias e leva o povo a pensar!"

Para aquilatarmos da importância de Chico Xavier para a difusão do Espiritismo no Brasil e, conseqüentemente, a projeção do Brasil no concerto das Nações como País que tem por missão reviver o Cristianismo primitivo, basta recordaras suas entrevistas no "Pinga-Fogo", realizadas no Canal 4 de São Paulo. Graças a este acontecimento, o Espiritismo ganhou, sem sombra de dúvida, 50 anos de adiantamento no reconhecimento e no respeito dos seus ensinos evangélicos perante a opinião pública!...

Daí a nossa gratidão, o nosso carinho para com essa alma que encarna as virtudes cristãs da bondade, da humildade, da autenticidade, do serviço perseverante e desinteressado na mediunidade, sem descanso, sem férias, sem reclamação, sem exigências, com um só pensamento: semear os ensinos dos Espíritos, que revivem Jesus!

Daí, a nossa gratidão, sim, pelo trabalho evangélico e missionário daquele que não apenas difunde esses ensinos, mas, sobretudo, os tem vivido em todos os instantes de sua vida. Nós poderíamos mesmo dizer que, se Allan Kardec foi "o bom-senso encarnado"na feliz expressão de Camille Flammarion, Chico Xavier é o Evangelho personificado!

Chico, que Deus o abençoe. Temos certeza de que de cada um dos espíritas brasileiros se eleva, nesta ocasião uma prece ao Pai rogando que o cubra de bênçãos espirituais, recompensando-o pelo muito que nos tem dado!...

CHICO XAVIER, A GRANDE PRESENÇA

Sem dúvida, nosso querido Chico é a grande presença no trabalho da divulgação da IDÉIA espírita, através da mensagem esparsa e do livro espírita, recebidos num ambiente de simplicidade e pureza doutrinárias, numa demonstração permanente de serviço desinteressado no bem em favor da nossa abençoada Doutrina Espírita, e, conseqüentemente da Humanidade.

Nesse sentido, ainda, entendemos ser, a obra mediúnica de Chico Xavier, a PRINCIPAL Fonte Mediúnica para o desenvolvimento e desdobramento dos ensinos de ALLAN KARDEC em razão da sua absoluta fidelidade ao pensamento dos Espíritos.

E recordando as primitivas casas do Cristianismo primitivo, o GEP constitui, na atualidade, um oásis de Paz, de Consolo e esclarecimento espirituais de quantos o procuram, enfim, urna verdadeira "Casa do Caminho" em termos espírita cristãos!

A PALAVRA DO PRESIDENTE DA FEB, FRANCISCO THIESEN, ATRAVÉS DE "O ESPÍRITA MINEIRO":

ENTREVISTADOR: Como encara a missão de Chico Xavier?

"F. Thiesen: Encaramos com o maior respeito e admiração o trabalho do valoroso médium mineiro, Francisco C. Xavier.

Acostumamo-nos a apreciar o valioso intercâmbio entre os dois mundos, iniciado há cinqüenta anos em Pedro Leopoldo, através da figura humilde, simpática e laboriosa desse lutador perseverante.

O nosso companheiro tem honrado, sobremaneira a mediunidade, dando-nos, no Espiritismo e fora dele constantes e difíceis testemunhos, os quais nos autorizam considerar a tarefa que realiza como legítimo mediunato.

Aproveitamos o ensejo que nos oferece o "O Espírita Mineiro" para enviar ao querido médium o abraço fraternal dos Diretores da Casa-Mater, renovando-lhe, assim, nossos votos de Paz, Amor e Trabalho na Seara do Senhor".

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CARMEM PENA PERÁCIO

D. Carmen, cuja vivacidade espiritual causou-nos a maior admiração, colocou-se inteiramente à vontade, respondeu do a todas as perguntas que lhe formulamos.

Eis, a seguir, o resultado de nossa entrevista com a dedicada servidora do Espiritismo, à luz do Evangelho Redentor:

- Poderia dizer-nos alguma coisa, quanto aos motivos da aproximação do Chico da Doutrina dos Espíritos?

- Pois não. Em maio de 1927adoeceu em Pedro Leopoldo uma irmã de Chico, atingida por violenta obsessão que, à época, foi considerada como loucura. Meu companheiro, José Hermínio Perácio, atendendo a pedido do Sr. João Candido Xavier (pai do Chico), que desejava ver sua filha curada, foi a Pedro Leopoldo ver a enferma.

- Onde residia a senhora na época?

- Morávamos na Fazenda de Maquiné, município de Curvelo, para onde a doente foi levada por meu marido, que era médium curador. Na Fazenda de Maquiné, com o auxilio de nossos protetores espirituais, sob a misericórdia do Infinito, ela obteve grandes melhoras, restabelecendo-se muito depressa.

- Estava presente à reunião em que Chico recebeu a primeira mensagem do Plano Espiritual? Como se iniciou Chico na mediunidade, no desdobrar dos acontecimentos a que a senhora se refere?

- Na segunda quinzena de junho de 1927, meu marido e eu acompanhamos a irmã de Chico a Pedro Leopoldo, com a alegria de restituí-la ao lar, curada da obsessão de que fora acometida, aí demorando-nos por alguns dias. Compreendemos então que os nossos irmãos em Pedro Leopoldo necessitavam de um grupo espírita evangélico. Meu esposo e eu, com alguns companheiros, fundamos o Centro Espírita Luiz Gonzaga, que ali funciona até hoje. Lembro-me de que na sessão publica de 8 de julho de 1927 (o Centro iniciante funcionava então numa residência particular), ouvi Um amigo espiritual aconselhando para que o Chico tomasse o lápis, a fim de experimentar a psicografia; transmiti a recomendação e o Chico obedeceu imediatamente, recebendo de maneira muito rápida várias páginas que foram assinadas por um benfeitor do Alto. Ficamos todos muito contentes com o fato, sendo que, dai a dois dias, voltávamos para a nossa casa de Maquiné. Chico acompanhou-nos para ficar em nossa companhia alguns dias na fazenda e, aí, na primeira reunião mediúnica que efetuamos, após a chegada, no momento das orações, com aquela humildade que sempre o acompanhou, perguntou-nos se "podia fazer parte em nossas preces", o que, naturalmente, foi permitido com muita alegria para mim e para o meu companheiro.

- Que aconteceu, de novo, então?

- Durante a reunião, enquanto estávamos pedindo, em oração ao Senhor, pela conservação das melhoras de nossa irmã, que havíamos deixado em Pedro Leopoldo, ouvi uma voz suave, doce, tão cativante que logo reconheci não pertencer a qualquer criatura encarnada. A voz declarava ser "Emmanuel", amigo espiritual do Chico. Depois de começar a ouvi-lo, surgiu à minha visão mediúnica uma bela entidade, com vestes sacerdotais e apresentando aura tão brilhante que, através da luz que irradiava, eu podia ver seu rosto calmo, tranqüilo e sorridente. Depois de identificar-se como sendo Amigo Espiritual do jovem amigo ali presente conosco, recomendou-me: "irmã, fale ao Chico para tomar papel e lápis". Imediatamente providenciamos a busca desse material sob forte emoção. Alguns instantes depois, Chico passou a receber uma mensagem; terminada a psicografia, vimos que essa mensagem orientava a continuação do tratamento de nossa irmã e era assinada por sua mãe, Maria João de Deus, que tantas vezes lhe aparecera, através da vidência mediúnica e com ele conversando.

- Como receberam esse acontecimento?

- Com muita alegria, porque em seus dizeres maravilhosos essas páginas traziam sadios conselhos para todos nós, os necessitados de amparo espiritual, com instruções muito importantes para a doente que fora recuperada, para mim que também me achava no início do desenvolvimento mediúnico, para meu marido e para Chico, a quem a mensagem despertava para a grande missão que trazia: quanto a meu marido, a mensagem incentivava-o para as tarefas curativas, na aplicação dos fluidos magnéticos que ele possuía em benefício dos sofredores.

- Quer dizer, dona Carmen, que a senhora identificou a presença de Emmanuel, junto de Chico, antes dele mesmo?

- Sim. Nosso caro Chico somente passou percebê-lo, mediunicamente, quatro anos mais tarde, em 1931.

- A senhora pode explicar a razão disso?

- Amigos espirituais me disseram, por várias vezes, que ele acompanhava Chico, de muito perto, desde a infância e que, ainda depois dos seus primeiros passos na mediunidade, ele, Emmanuel, o observava e protegia, deixando que outros amigos desencarnados lhe exercitassem as faculdades na mediunidade escrevente, antes que ele pudesse começar com ele a grande tarefa dos livros psicografados.

- Com respeito à tarefa dos livros mediúnicos, a senhora observou mais alguma coisa?

- Sim. Numa de nossas reuniões dos primeiros tempos do "Centro Espírita Luiz Gonzaga", em Pedro Leopoldo, me foi mostrado um quadro fluídico que, na época, nenhum de nós entendeu; mediunicamente, vi que do teto estava "chovendo livros" sobre a cabeça do Chico e sobre todo o nosso grupo. Mais tarde, quando foi publicado o "Parnaso de Além Túmulo", vim a saber, através de um espírito amigo, que a visão fora criada por Emmanuel que desejava avisar-nos, simbolicamente, quanto à missão que o Chico viria a desempenhar, recebendo livros do Plano Espiritual. Posso dizer que o quadro da "chuva de livros" foi maravilhoso. Decorridos quase quarenta anos, guardo-o ainda em minha visão como se tudo isso tivesse acontecido ontem.

- A senhora e seu esposo continuaram na Fazenda de Maquiné?

- Pouco. tempo depois de maio de 1927, recebemos conselhos dos Amigos Espirituais para transferirmos residência para Pedro Leopoldo, dois, com a presença do meu companheiro, o desenvolvimento de nosso estimado Chico se faria com maior facilidade. Sempre dedicamos ao Chico especial afeição e assim nos foi muito agradável a mudança da Fazenda de Maquiné para Pedro Leopoldo, onde continuamos sob as ordens de nossos Guias. Além de nossas sessões habituais no Centro, reuníamo-nos, meu marido, Chico e eu. Depois de algum tempo de muitas mensagens familiares e íntimas, começou Chico a receber poesias comoventes e lindas, assinadas por poetas que não conhecíamos, nem mesmo de nome. Havia noites em que até mesmo três poesias eram psicografadas. Já possuíamos bastante material, quando meu companheiro sugeriu ao Chico escrevesse ao Sr. Manoel Quintão, naquele tempo diretor da Federação Espírita Brasileira, sobre o assunto, explicando o que estava acontecendo e pedindo orientação.

- Quintão respondeu logo?

- Imediatamente. Disse-nos, em carta ao Chico, que havia lido as poesias que ele lhe enviara, pedia a remessa de outras mensagens que tivéssemos nas mãos e comunicava-nos que a Federação providenciaria a publicação de um livro com elas, surgindo, então, o "Parnaso de Além-Túmulo". O Sr. Quintão deu-nos grande estímulo.

- E depois?

- Depois vieram outras mensagens maravilhosas, de outros Espíritos. Vários companheiros encarnados, entre eles meu marido, o Juquinha, se devotaram então com mais ardor pela consolidação das tarefas do "Centro Espírita Luiz Gonzaga" que merecia, cada vez mais, as nossas atenções.

- Ficaram muito tempo, em Pedro Leopoldo?

- Seis anos, de 1928 a 1934. Premidos por necessidades materiais, mudamos para Belo Horizonte, onde continuamos até hoje, ficando como Presidente do Centro, naquela época, José Cândido Xavier, irmão do Chico.

- Conte-nos algo de que se lembre, relativamente à presença de Chico nas reuniões.

- Além das mensagens que nos instruíam e confortavam tanto, inúmeras vezes éramos surpreendidos por fatos interessantes, como pétalas que caíam do teto junto a nós e perfume de rosas no ambiente.

- Como a irmã recorda aqueles dias que já se vão tão longe?

- Com muita emoção e saudades! São quarenta anos que se foram e aqueles dias maravilhosos jamais poderão ser esquecidos. De joelhos, peço sempre ao Nosso Pai de Amor cada vez mais luzes e forças espirituais para o nosso bondoso Chico.

E, assim, caros leitores, desenvolveu-se nossa entrevista com D. Carmen Pena Perácio, a dedicada irmã que orientou o nosso amigo Francisco Cândido Xavier, nos primeiros tempos de sua mediunidade.

HUMBERTO FERREIRA

MÉDICO. Professor assistente de Fisiologia no Instituto de Ciências Biológicas da UFGO, mestre em Fisiologia, ex-Presidente e atual vice-presidente da Federação Espírita do Estado de Goiás.

"Na vida exemplar de Francisco Cândido Xavier, devemos ressaltar o médium dedicado aos seus deveres espirituais, com meio século de fecunda produção psicográfica, e o homem simples e caridoso. A pua obra mediúnica é de valor incalculável, não só pelo evidente enriquecimento da Codificação Kardequiana, com cento e cinqüenta livros de riquíssimo conteúdo, como também pelo consolo que as mensagens recebidas dos emissários divinos tem levado a milhões de pessoas.

Como homem que pratica o Evangelho de Jesus em todos os instantes de sua vida, seu papel não é menos importante. Através de sua palavra consoladora, de suas mãos generosas tem orientado e assistido a milhares de criaturas sofredoras.

É importante porem evidência também o seu exemplo de persistência na tarefa, o que é tão raro na atualidade. Acreditamos que o médium de Uberaba marcará época na História do movimento religioso no Brasil.

O verdadeiro valor da obra de Chico Xavier somente poderá ser aquilatado no futuro, porquanto foi sempre assim com os grandes homens."

LAVOURA E COMÉRCIO

Diário da cidade de Uberaba, fundado pelo notável Escritor e Jornalista Quintiliano Jardim.

Francisco Cândido Xavier completa, hoje, 50 anos de mediunidade.

Nascido em 1910, a maior parte de sua existência foi, portanto, dedicada ao Espiritismo, em cujas fileiras todos o saúdam como um líder autêntico.

Chico Xavier é evidentemente um líder. Um líder pela sua estrutura moral, pela certeza na sua missão e sobretudo pela sua compreensão tecida de delicadeza e afabilidade.

O calor humano de Chico Xavier! A maneira atenciosa com que recebe a todos, especialmente aos humildes.

Lembramo-nos de uma cena que ficou gravada para sempre nas nossas retinas: - Francisco Cândido Xavier chegou a esta redação acompanhado de vários amigos. Aqui, sabendo da sua visita, aguardavam-no várias pessoas, algumas de projeção na vida de Uberaba e de outras cidades.

Logo que entrou nesta redação, Chico Xavier foi imediatamente rodeado pelos visitantes, que se apresentavam ansiosos, por ouvir sua palavra, para conversar com o médium de projeção mundial.

Num canto da sala, uma jovem de São Paulo, envergando um uniforme de propagandista de firma industrial, aguardava, humilde, uma oportunidade para falar com a personalidade mais alta do Espiritismo. Mas não foi preciso esperar.

Informado da aspiração da moça, Chico Xavier pediu licença aos que o cercavam e foi ao encontro da jovem, ouvindo-a com toda a atenção, mantendo com ela um diálogo carinhoso, informando-se de seus problemas e procurando esclarecê-la e orientá-la com o maior interesse e boa vontade.

É essa a atitude típica de Francisco Cândido Xavier: - primeiro os humildes, porque são eles, quase sempre, os portadores de problemas mais prementes, de dificuldades mais cruciantes.

Uberaba, com a presença de Chico Xavier, transformou-se na Meca do Espiritismo, ponto de atração nacional e internacional dos discípulos de Allan Kardec.

Através de Francisco Cândido Xavier e de sua doutrina espírita, a cidade ganhou também novas dimensões no plano assistencial. Cresceu, tornou-se mais adulta e sobretudo mais animada de solidariedade humana.

O que o médium espírita tem feito, nesse terreno, não pode ser registrado em uma simples nota de jornal, mas já está escrito no coração de milhares e milhares de pessoas que receberam benefícios de seu luminoso espírito.

Mas não são só os humildes que o procuram: - figuras do mais alto relevo no panorama do País, intelectuais de vulto, escritores, jornalistas, homens de negócios, toda uma imensa galeria humana e profissional está constantemente recorrendo a Chico Xavier, ao seu conselho e ao seu esclarecimento de questões delicadas que envolvem a tranqüilidade e o bem estar de numerosas pessoas.

Tudo isso faz da vida de Chico Xavier uma atividade incessante, sem margem para repouso, consumindo-lhe a saúde, levando-o ao esgotamento físico.

Mas dentro desse sacrifício incessante, nesse corpo depauperado pela idade e pelas enfermidades, vigora um espírito luminoso, esclarecido e forte, que se desdobra na execução das mais diferentes tarefas no cumprimento de uma ação que se estende do plano religioso ao terreno social e material: - confortando, esclarecendo e ajudando materialmente a inúmeras pessoas.

Os livros psicografados por Chico Xavier alcançam 4.500.000 exemplares, cerca de 500 edições e 25 traduções para esperanto, francês, inglês japonês e grego.

Esse gigante de ação, conhecido no mundo inteiro, é uma criatura humilde, de uma modéstia que na opinião de muitos é excessiva. Mas Chico Xavier é autêntico: - age, fala e vive como realmente é, despido de vaidades e preocupações secundárias.

Hoje, aniversário de sua mediunidade, quando alcança meio século de atividade constante e intensa, o querido médium, fugindo das homenagens que lhe seriam prestadas, viajou para São Paulo. Um gesto característico de sua personalidade em que se aliam, intimamente, o valor e a modéstia; a grandeza e a humildade!

ELIAS JOSE SAYÃO

Espiritualista, Professor e Orador distinto. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento, sólido, porque ainda não podeis suportá-lo Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais". Paulo, l. Coríntios, 3-2.

CHICO XAVIER

O Apóstolo do Século XX

Allan Kardec, o missionário, revelou o Espírito de Verdade, o Paráclito, o Consolador Prometido por Deus.

O Paráclito, defensor das verdades do Evangelho, já está no mundo, cumprindo a missão de esclarecer a consciência dos homens no conhecimento do Reino de Deus. Os Centros Espíritas, por toda a parte representam a Luz-conhecimento - iluminação - das verdades eternas, estudando com o povo o Evangelho de Jesus, preparando a humanidade para sua alta finalidade: um só Pastor, o Cristo, um só rebanho, a construção do Reino de Deus na Terra.

Um só Pai, Deus Todo Poderoso, uma só família, todos irmãos.

Na Terra, os homens nascendo, vivendo, morrendo e renascendo em milhares de anos, errando e acertando em suas inumeráveis reencarnações, estão preparados para receber o alimento sólido.

Não são mais crianças, são adultos, podem já viver espiritualmente e, assim, Deus em sua misericórdia infinita deu-nas Chico Xavier, apóstolo e Profeta do Cristianismo, auxiliando-nos no Grande Salto evolutivo, sendo carnais ontem, hoje espirituais, alimentando-nos com as extraordinárias revelações de Emmanuel e André Luiz, descortinamos o que nos espera no Além.

Com Allan Kardec e Chico Xavier sentimo-nos mais perto de Deus.

Ave Cristo! Ave Kardec! Ave Chico Xavier!

Passo a relatar um fato interessante acontecido comigo. Chico Xavier em Uberaba, eu em Belo Horizonte. Problemas vários me preocupavam. Uma noite, sonhava com o Chico dando-me conselhos. Acordei. O Chico estava sentado na minha cama. Sentei-me também. Via-o ali e ele falou-me por mais um minuto e despediu-se. Bati-lhe no ombro e falei: Deus lhe pague, Chico!

Ele saiu pela porta de meu quarto, que estava fechada. Levantei-me e relatei o fato aos meus familiares e, depois, a alguns amigos. Todos diziam: foi sonho! - Não - dizia eu - o Chico visitou-me e com aquele seu carinho aconselhou-me, esclarecendo muitas dúvidas.

Um mês depois, eu, meus familiares e amigos, sabendo que Chico estava em Pedro Leopoldo, fomos visitá-lo. Quando o encontrei, disse-lhe: Chico, quero lhe agradecer e, antes de terminar a frase, ele falou: A visita que lhe fiz em sonho. Você se lembra do que lhe disse.

Todos ficaram pasmos.

Chico, Deus lhe pague, por mim e por todos nós.

MARIO BOARI TAMASSIA

Escritor, Jornalista, Compositor, Educador, Orador e destacado Parapsicólogo do país.

Se se trata de conhecer o Chico Xavier-homem, importa que se destaque a sua impressionante coragem moral e espiritual. Em nenhum momento, vemo-lo tergiversar, recuar, no plano em que domina, o espiritual, não se curva diante da calúnia, da traição e de quaisquer outros processos esquivos do adversário. Muitas vezes deverá ter sofrido abandono e a incompreensão. Continuou impávido, mais corajoso do que Hércules, ele, justamente, que talvez não seja capaz de matar uma mosca.

É, sobretudo, na humildade que reside a sela força e é com ela que esgrime. A estocada do seu florete derrama perfume e inocula no corpo do adversário plasma de amor. Querem-no, os da galeria, ovacionando-o, que dê marradas ou destile verrinas, mas ele logo obtempera: "Antes de tudo, pedimos licença para dizer que temos aprendido com os Bons Espíritas que as titulações exteriores não nos afastam das obrigações de amparo mútuo em nome do Cristo de Deus".

CARLOS TORRES PASTORINO

Filósofo e professor de Língua e Literatura Grega, Língua e Literatura Latina da Universidade de Brasília; autor de grande produção literária e espiritualista, entre seus livros destacamos o mundialmente conhecido "Minutos de Sabedoria", presidente da Escola de Sabedoria de Brasília.

"Foi em 1952, em Pedro Leopoldo, que pela primeira vez encontrei Chico Xavier, um homem que teve influência decisiva em toda minha vida espiritual. Proveniente do clero católico, onde encontrara muitos espíritos de escol, a figura e o espiritualismo desse modesto Chico Xavier sombreou a todos, pois descobri nele uma autenticidade absoluta. Às noites, na cidadezinha de então, passeávamos a conversar sobre os mais variados temas do espírito, as lições hauridas jamais me saíram da memória, quando, por exemplo, descrevia a constituição do universo, pelo qual viajava em espírito, percorrendo diversas galáxias e penetrando os segredos de sua formação e do desenvolvimento do maquinismo perfeito que nos rege.

Suas palavras permanecem gravadas em anotações que, ao chegar ao hotel, eu fazia cuidadosamente, a fim de não olvidar as impressões que ele sentira. Falavam-me à alma seus ensinamentos, profundos e dados com imensa humildade e serra qualquer pretensão de sabedoria. Contou-me particularidades de diversos planos, tanto do astral quanto do mental, aqueles com quem conversava haurindo conhecimentos úteis à vida prática, as lições dos mentores espirituais que encontrará e traçando, para minha vida, um roteiro definido e perfeito de obediência às tarefas que me seriam cometidas. Desde essa época, considero Chico um luminar, cuja luz me guia através de todos os percalços humanos.

Jamais esquecerei sua palavra, quando disse de minha intenção de fazer nova tradução do original grego dos Evangelhos: "Pastorino, antes disso, procure traduzir o Evangelho em sua vida, pois essa tradução será muito mais útil a você e aos outros". Por essa razão, só dez anos mais tarde, depois de tentar por em prática seu ensinamento, é que me dispus a iniciar o trabalho.

Nenhum outro ser humano teve sobre mim tanta influência quanto Chico Xavier, e faço, de tudo o que dele ouço e leio, uma norma de vida, embora com imperfeições; mas dos primeiros degraus em que me encontro, olho para ele, que já está quase no patamar superior, como um modelo fulgurante, apesar de muito difícil de ser imitado. Eis o que, em cerca de trinta linhas, pude dizer. Mas Chico bem que merece um livro inteiro, e talvez ainda um dia aconteça essa obra. "

CORA CORALINA

Poetisa, Escritora, Romancista e Historiadora de elevado conceito nas letras pátrias.

"Seu nome é uma Bandeira branca de Paz e de Esperança, que se estende, das cidades dos pequenos e tristes arruados da nossa terra.

A certeza do depois numa justiça a todos os injustiçados do mundo.

Quando tudo na vida tende a aridez e egoísmo, sua palavra de Mestre é óleo que suavisa. O caminho de sua casa é palmilhado pelos cansados de esperas e ali o verbo confiante e fraterno levanta e soergue. E o renascer de vidas novas. Cada um traz a sua carga de angústias que a caridade do Apóstolo contemporâneo, reanima, confirma na fé e fortalece.

O triste, inseguro e vacilante, levanta e segue confiante. Volta renovado e espera.

Francisco Cândido Xavier é o Homem que feito a Imagem e Semelhança do Criador (Gênesis), honra essa imagem e dignifica essa semelhança, na aridez e na discriminação da vida, ele planta a certeza da volta e os júbilos da salvação.

Semeador da Boa Nova.

Semeia sempre no coração calcinado de todos os esmorecidos que o procuram, sedentos dessa Fome Viva.

Senhor, que esse homem predestinado se encontre sempre no caminho de todos os vencidos que estendem as mãos na humildade de um pedido. "

ALFREDO NETO

Jornalista, Escritor, Professor e distinto literato brasileiro.

De fama mundialmente difundida, Chico Xavier, o médium que espalha humildade, nos recebe fraterno com palavras delicadas - sua maneira constante de ir ter com as pessoas.

Homem terrenamente irrepreensivo, mensageiro do além, contato direto com o distante de nós. Ele conforta os que sofrem o desespero; é um homem como outro homem comum, que brinca com cachorrinho e cuida de plantas.

Como, em pleno século XX uma doação de vida nestes termos? Ainda hoje se fala em "negar-se" e "entregar-se" para outros? Fenômeno? Astral estranho? De outro mundo? Enviado de Deus?Amigo inseparável dos que nos deixaram?Sem muitas questões, Chico Xavier é só GENTE, sincero, amigo e transparentemente ele é a PAZ.

Como chamá-lo religioso? Chico na sua universalidade transcende as trilhas da norma e, "doutrina" é muito pouco para definir sua espiritualidade e fortaleza de coração.

Astronomicamente ele 'transporta as letras para o papel, assim como uma força enérgica, rápida e concisa, psicografando eletricamente mensagens de Emmanuel, André Luiz, e muitos outros.

Diante de tanta riqueza espiritual, tamanha simplicidade de coração e da amizade do maior médium do Brasil, a reportagem da Revista "Destaque" através do Jornalista Alfredo Neto transpõe para você leitor, todo o amor e a fragrância inteira dos encontros com Chico Xavier.

Dentre as várias perguntas e respostas inseridas na Revista Destaque, destacaremos uma que achamos oportuna, pois completará o artigo a seguir do sacerdote Sebastião Scarzelli, que muito orientou Chico Xavier.

C.X. - Quando meu pai se casou pela segunda vez, aquela que veio para nós como sendo uma segunda mãe, era uma criatura de sentimentos muito nobres e generosos, católica também, por formação, a minha segunda mãe me aproximou de um padre que está sempre em minha lembrança.

Trata-se do sacerdote Sebastião Scarzelli, desencarnado na cidade de Joinville, no estado de Santa Catarina. Talvez com mais de 90 anos de idade, já na condição de monsenhor Sebastião Scarzelli, esse sacerdote, a pedido de minha segunda mãe, me confessou várias vezes, me ditou diversas penitências e diversos deveres de natureza religiosa, às vezes um tanto quanto difíceis para uma criança de 8 a 11 anos de idade. Ele notava que o meu comportamento era de uma pessoa lúcida, mas acompanhada de inteligências que ele não podia, na condição de sacerdote, classificar com justiça absoluta. Quando eu completei 10 anos em 1921, ele foi para mim de uma bondade enorme, aconselhando-me a procurar no trabalho, numa condição de vida, através da qual eu pudesse crescer no interior de Minas Gerais, sem que parentes e amigos chegassem a lembrar a minha internação em sanatório.

Ele me reconhecia como pessoa lúcida na minha idade de 10 anos, mas, me via expressando inteligências estranhas a meu modo de ser e me recomendou que esperasse o tempo, para que com a ajuda de Deus pudesse a minha condição mental ser clareada suficientemente e para que eu não viesse a entrar em qualquer processo de perturbação mental. O Pe. Sebastião Scarzelli foi um verdadeiro benfeitor. Quando pediu para mim um emprego na Cia. de Fiação e Tecelagem Cachoeira Grande em Pedro Leopoldo, no ano de 1921, onde comecei o meu serviço profissional, ali trabalhando durante 4 anos. Foi um trabalho que me livrou de uma condição difícil de vez que no ponto em que me cediam os meus conflitos, qualquer pessoa poderia pensar que se tratava de um criança mentalmente alienada, o que o Padre reconhecia não ser verdadeiro.

O CONFESSOR DE CHICO XAVIER

Monsenhor Sebastião Scarzelli, Educador eminente. Orador sacro e venerando apóstolo da Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil.

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Monsenhor Sebastião Scarzelli,

o confessor de Chico Xavier

O venerando sacerdote Monsenhor Sebastião Scarzelli, residente na cidade de Joinville, Santa Catarina, que completou noventa anos de batismo e setenta de sacerdócio, foi confessor do querido e famoso médium-psicógrafo Francisco Candido Xavier. A propósito, o sr. Waldemar Luz, tendo tomado conhecimento do fato pela biografia de Chico Xavier, escrita por Fred Jorge, entrevistou o virtuoso sacerdote, conforme se aprecia em artigo no jornal daquela cidade, "A Notícia ".

Como essa entrevista merece ser conhecida e divulgada, transcrevemos a seguir aa palavras do respeitável sacerdote, dignas do maior crédito por procederem de um culto e amado ancião, professor universitário, e que se expressa com franqueza, isenção de ânimo e lealdade daqueles que evoluídos por uma longa, laboriosa e útil existência, já cumpriram a sus: missão terrena e aguardam, com a serenidade dos justos, a hora que o Altíssimo o chamar.

As interrogações do sr. Waldemar Luz, assim se expressou Monsenhor Scarzelli:

- "Conheci muito bem Chico Xavier, quando vigário de Matozinhos, Minas Gerais. Era, então, em Pedro Leopoldo, município vizinho, balconista de um senhor Felizardo, comerciante abastado, e homem bastante estimado. A família de Chico era de bons costumes. Seu pai vendia bilhetes de loteria. Tinha predileção pelas boas palestras. Conheci também outros irmãos menores de Chico e sua segunda mãe. Constantemente procurava conversar, na venda do senhor José Felizardo com o seu pequeno empregado, por estimar vê-lo

Seria impossível que a qualidade e a quantidade de meio século de incessante produção mediúnica, como a de Francisco Cândido Xavier, deixassem de suscitar, em toda parte, curiosidade e interesse crescentes, principalmente quando obras de sua intermediação, vertidas para o idioma internacional e para outras línguas, começam a ser mais conhecidas no mundo todo sempre preocupado no balcão do meu amigo, atendendo gentilmente a freguesia "... "Certa vez fui procurado pelo pai do menino, dizendo-me que Chico tinha algo na cabeça, certas visões que pareciam ser coisa do demônio. Pedi-lhe calma, informando-lhe que seu filho tinha grande devoção por Nossa Senhora, e, por isso, era defendido das influências demoníacas. Procurando ouvir de Chico o que o perturbava, informou-me que, nas comunhões que assistia nas missas notava certo resplendor nas hóstias dadas nos comungantes. Procurei, então, acalmá-lo dizendo que, pela sua devoção à Nossa Senhora, deveria continuar rezando para a cura das visões"...

- "Na minha opinião acho que Chico não mente subjetivamente, porque o julgo de boa formação moral e, no seu postulado, mantém-se com muita dignidade, pelo que peço a Deus que jamais penetre ele no campo comercialista. A referência feita ao meu nome na sua biografia é certa e, por isso, tenho grande satisfação, lembrando-me do tempo que convivi com a gente boa e piedosa daquele município, onde conto, felizmente, com muitos e dedicados amigos. Como vigário de Matozinhos, tive ali como em Pedro Leopoldo, distante daquela cidade poucos quilômetros, uma saudosa permanência, acompanhando e, às vezes, dirigindo, importantes campanhas de assistência social. Chico foi e é meu amigo. E nesta oportunidade envio uma saudação afetuosa àquela população, com o testemunho do meu apreço e estima".

Monsenhor foi para Joinvile em 1930, tendo sido Vigário Geral da diocese durante trinta e cinco anos. Diplomado pela Escola Superior de Guerra, sócio fundadora Academia Joinvilense de Letras, é presidente honorário dos Professores Universitários e há longos anos professor no Colégio Normal Santos Anjos, Joinvile, que por suas organizações políticas, estudantis e religiosas, prestou-lhe imponente e popular homenagem natalícia, e tivemos a oportunidade de ouvir nessa ocasião a sua palavra lúcida e serena, embora comovida, lembrando ao padre moderno que sacerdócio e sacrifício são palavras sinônimas".

OBREIROS DO BEM

Órgão de comunicação da Associação Espírita Obreiros do Bem.

Chico Xavier... Um nome apenas... Acima de tudo uma alma que não conhece limitações nas obras do Amor. Alguém que atravessava pântanos para visitar Espíritos em redenção, em casebres mal sustidos, na velha Pedro Leopoldo... Alguém que sabe lançar mão do humorismo sadio, do trocadilho fino, da palavra grave, jamais exigindo de quem quer que seja devolução em favores ou especiais considerações... Alguém que não se limita a cumprir com a obrigação assumida perante a própria consciência, mas que o faz com indizível dose de alegria cristã e devotamento indelimitável!

Cinqüenta anos de ininterrupta doação à causa do Amor... Quem lhe ouve a voz abemolada, suave, naqueles lábios que se abrem docemente para nos fazer ouvir pétalas de rosa transformadas em som, não se esquece de dizer, para o resto da existência terrestre, que Chico lhe terá trazido a palavra certa, na hora exata. Cinqüenta anos de mediunidade que tem no livro urna das facetas em que se exprime... Imaginemos as horas não dormidas, transformadas em cascatas de ouro e prata no milagre do entendimento.

Chico é bem o exemplo de um Espírito que veio de muito acima, e que, justamente por caracterizado pela vontade espontânea de se apagar a si mesmo, é quem mais alto proclama as verdades de Deus, neste rincão sagrado que o Brasil personifica.

Cinqüenta anos de liderança insubstituível, de diretividade incomparável e insuperável... Cinqüenta anos que, em outros cinqüenta ou cem, a não ser por ele mesmo, não poderão ser alcançados. Chico Xavier colocou a mediunidade de onde todos devem prosseguir, segundo as próprias tarefas, sem as precipitações que estigmatizam o nosso tempo, fora do critério quantitativo, dentro do sistema do lugar devido para a boa obra executada.

SILVIO SANTOS

Trechos da entrevista de Chico Xavier no programa Silvio Santos, em 8-12-1974.

SS - Chico Xavier, a pessoa desenganada pela medicina, ela pode curar-se através do espiritismo?

CX - Através da oração e da confiança em Deus, a pessoa pode ser curada, com os recursos de qualquer setor religioso, nós não podemos esquecer as curas, que se processam em Lourdes, nos templos católicos, nos templos evangélicos e no espiritismo cristão, isso pode também acontecer, porque o poder do amor vem de Deus, através da criatura, e onde a criatura confia em Deus, aí está a presença de Deus, aliviando, curando, melhorando, redimindo.

SS - Chico Xavier, para evitar-se que o mau espírito traga problemas a uma casa ou a uma pessoa, o que é possível fazer-se?

CX - A vivência segundo o amor que Jesus nos ensinou, é sempre o melhor processo para remover as chamadas más influências, e hábito também da oração que devemos cultivar muito vivos em nossos lares.

SS - Chico Xavier, dizem que determinadas pessoas poderiam se quisessem receber espíritos, o que acontece quando uma pessoa não quer se aprofundar e não quer receber esses espíritos?

CX - Essa pessoa não pode e nem deve ser violentada no seu livre arbítrio para escolher o seu caminho de fé, por isso mesmo, as leis de Deus determinam que a criatura seja respeitada e que siga o caminho religioso que lhe pareça mais compatível com o grau de evolução em que se encontra. Não podemos esquecer que a bênção do Criador, alcança todas as criaturas.

FRED JORGE

Escritor, Jornalista, Compositor, Poeta, Radialista e nome destacado na literatura e nas artes.

...Chico um deus. É um ser humano como qualquer outro. Apenas tem sua humildade, sua bondade e sua paciência: É uma alma imensa de irmão! Um forte desejo de ajudar o próximo!

Ele é na verdade um verdadeiro distribuidor de bênçãos. Por trás dele estão aqueles que nos procuram ajudar., Não há nenhuma fantasia ou mentira no que foi aqui escrito. E apenas a verdade como eu a senti. Como sentem todos aqueles que se aproximam do homem modesto que vive em Uberaba. Uma verdade, não mentiras. Uma verdade sem retoques.

Enfim, a história de uma criança que cresceu e continua sendo criança por dentro. E um dia vai morrer criança, porque ainda tem na alma a mesma pureza que tinha no alvorecer de sua vida. Quando criança, foi um predestinado. Trabalhava como faxineiro em toda parte onde procurava emprego. Em casa, no bar, na repartição pública... Limpar... era essa a missão que lhe davam!

Será que não há um sinal nisso? Será que ele não nasceu para limpar o nosso mundo das mazelas e das tormentas que o afligem?

FERNANDO WORM

Escritor, Jornalista, Poeta, Orador, Historiador e distinto Entrevistador. Nascido no Estado do Rio Grande do Sul.

Um cuidadoso exame abrangendo o conjunto de livros psicografados por Francisco Cândido Xavier, em estudo comparativo com os seis livros básicos de Allan Kardec, comprova de forma inequívoca esta comprovável verdade: a obra do médium Xavier, muito antes de ser apenas extensiva confirmação de tudo quanto se contém na codificação kardecista, no fundo e na forma se constitui num extraordinário trabalho de uma equipe espiritual cujo claro e evidente objetivo é a complementação da Terceira Revelação, tal como foi prometida por Cristo. (Evangelho de João, cap XIV, VV, 15 a 17 e 26).

A transcendente tarefa do sábio de Lião, iniciada com a publicação de O Livro dos Espíritos em 1857, vem encontrarem Parnaso de Além-Túmulo seu prosseguimento natural, inclusive e sobretudo no que concerne a novos matizes e revelações condizentes com a época e as condições evolutivas que a humanidade terrestre vive ao longo deste final do Segundo Milênio.

ELIAS BARBOSA

Médico, Psiquiatra, Escritor, Poeta e Catedrático da Faculdade Superior de Medicina do Triangulo Mineiro, em Uberaba, Minas.

Se as obras trazidas ao mundo pelas mãos de Xavier são fruto de osmose imaginária da cultura com a inteligência, como não exigir das pessoas cultas que façam o mesmo? Por outro lado, dispondo de elementos tão vastos para senhorear o campo da letras, com inequívocas possibilidades de extrair dele os mais ricos filões da fortuna material, por que permaneceria Xavier na mesma vida simples, sem aceitar quaisquer proventos dos livros de que é, aliás, co-autor, na condição de médium, quando poderia faturar milhares de cruzeiros, anualmente, por direitos autorais? Estas são as perguntas das muitas que o caso Chico Xavier nos suscita ao raciocínio, mas fiquemos por aqui e entreguemos nosso despretensioso volume aos leitores interessados na vida eterna de nossos espíritos eternos.

GILBERTO CAMPISTA GUARINO

Jornalista, Escritor, Poeta e Professor emérito.

Centro Espírita Luiz Gonzaga. Cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Chico apressava-se para a reunião da noite, dentro em pouco. Nesse ínterim, já haviam chegado a Belo Horizonte duas senhoras muito distintas, travando relacionamento na classe médica da capital. Um médico havia que, por seu lindo caráter, seu conhecimento e sua cultura, chamava a atenção de todos. Era o Dr. Melo Teixeira. Ele, as duas senhoras e um terceiro médico resolveram excursionar por Belo Horizonte. Conversando animadamente, o automóvel rodou até Pedro Leopoldo. Uma das senhoras, ouvindo pronunciado o nome da cidade, perguntou se não era, porventura, a terra de Chico Xavier... O interpelado disse que, naqueles mesmos minutos iria ter início a sessão, no Luiz Gonzaga. Para lá se foram. (Observe o leitor o desfecho que, habilmente, a Espiritualidade preparava...) Chegaram, entraram e o Dr. Melo Teixeira dirigiu-se a Chico, que não o conhecia. Apresentaram-se, em termos gerais, só declinando o nome o conhecido médico, os demais referidos como amigos. Chico, como de costume, após dizer-se honrado pela visita ilustre (o Dr. Melo declinara sua condição de catedrático de Psiquiatria, crítico literário), indicou os lugares para todos, lugares esses que se constituíam em vários bancos e toscos caixotes, sob um teto de palha e sobre um chão de tijolos, faceando grande mesa, coberta porto toalha branca, trazendo o nome LUIZ GONZAGA. O Dr. Melo Teixeira tomou assento à esquerda de Chico; referiu-se, para a direita, mostrando um lugar para a esposa do médico (Chico desconhecia inteiramente os lances do episódio); mais adiante, fulano e beltrano; cicrano, ainda à frente. Após o receituário, o médium grafou inúmeras mensagens, sob o desconfiado olhar diante do visitante que se traia surpreso diante de tal velocidade. O papel era de padaria, havendo diversos lápis com ponta muito bem feita. Chico pegava um lápis... deixava-o; pegava outro... deixava-o... enquanto alguém ia virando as folhas já psicografadas.

Terminada a reunião, após a leitura de mensagens e receitas, Chico parou, virou-se e disse, timidamente, ao Dr..

“– Dr. Melo o senhor vai me perdoar, mas houve uma confusão muito grande, que eu não pude compreender...”

“– Eu tenho aqui um soneto de Hermes Fontes,dirigindo a sua viúva, que ele diz estar presente aqui, e ser aquela senhora.” (Apontou para aquela que ele, Chico, dissera ser a esposa do doutor Melo)

“Tinha a impressão”, diz César Burnier, “que uma pedra havia caído num imenso reservatório de água: as lagrimas jorraram dos olhos da infeliz senhora, comovendo a todos, e enchendo de espanto o recinto singelo e desataviado. O Doutor Melo, atônito, quase desconcertado, olhou para todos os lados e disse:

“Deixe-me ver o soneto, Chico...”

“Leu-o, primeiramente, em silencio. À medida que o fazia, todos pressentíamos em seu semblante indescritíveis emoções. A testa vincada, tinha lívido o rosto... Súbito, ele, que era um homem honesto e leal ao extremo, vira-se para o publico, que era reduzido, e confessa, fortemente chocado, o que se segue:

- Meus amigos... Se eu andasse atrás de um prova definitiva, comprobatória mesmo do mediunismo, jamais a encontraria como a encontrei aqui, neste instante. Ela veio as minhas mãos, sem esforço algum. Eu não conhecia Chico Xavier; Chico Xavier não me conhecia, e muito menos sabia que a ilustre senhora que aqui se encontra e viúva do grande poeta Hermes Fontes. Vou ler o soneto, e quero dizer ainda aos amigos que, neste soneto, Hermes Fontes faz referencias ao seu auto-extermínio, motivado por inúmeros problemas, envolvendo o desalento familiar. Preciso notar ainda: EU CONHEÇO TODA A OBRA DE HERMES FONTES, e a conheço muito bem. O estilo e cem por cento do poeta inesquecível. Todas as características poéticas estão profundamente assinaladas na peça. Este soneto só poderia ter sido produzido pelo Espírito do nosso querido Hermes. Vou lê-lo para cumprir dever de honra.

E a voz ecoou, comovida no pequeno recinto:

(-Para X que esta na sala-)

“Não condeno o teu dia de ventura,

Dessa ventura que eu antegozei

Em meus sonhos lindíssimos de rei,

Que em prazeres as magoas transfigura.

Eras a luz suave, terna e pura,

A encantadora estrela que eu amei,

Sonho divino, que idealizei

Em meu mundo de sombras e de amargura.

A teu lado busquei amparo e um ninho,

Tomando, ávido a mão que me estendeste,

Num grande e abençoado afeto irmão,

E deixaste-me, só, no meu caminho...

Mas há neste a alma, que não compreendeste,

Uma fonte sublime de perdão.”

Se o leitor acompanhou atentamente os leves traços fonte-anos que nestas paginas ficaram, mais anteriormente, decerto recorda-se do “Buena-Dicha”: “Para amar – procurei o bem, no afeto (AO TEU LADO BUSQUEI AMPARO E UM NINHO) (TOMANDO, ÁVIDO, A MÃO QUE ME ESTENDESTE NUM GRANDE E ABENÇOADO AFETO IRMÃO!!!) Para sofrer - levei a cruz e o Andor...POR SUA PARTE/MENTIU-ME O AMOR. TUDO MENTIU.... EXCETO / A DOCE MÃE DOS IMORTAIS, A DOR!”

Impossível negar!... Ninguém o negaria... Mas, porque, então o silencio e o olvido de tantos e tantos anos em tomo de tão emocionante acontecimento?!... Talvez para que, neste cinqüentenário de amizade e respeito, de AMOR... que não mentiu, o soneto de Hermes Fontes brotasse dos alfarrábios de César Burnier, fazendo com que nossos próprios sentimentos fremissem de jubilo, tremessem de alegria. Mais de 30 anos no olvido, até que...

..."um dia”, torna a falar César, “em 1968, fui a uma sessão de materialização, que não se realizou, porque a nossa querida médium, sofrendo interferência espiritual na barca que atravessava a baia de Guanabara, dormiu a sono alto, atravessando de Niterói para o Rio inúmeras vezes. No entanto, levara comigo um pequeno gravador, mas em bom funcionamento. No meio da conversa, estimada senhora de chofre, me diz:

- O Sr. Sabe...

- Sim...

- Vi um soneto uma única vez, e, encantada com sua beleza, decorei-o, quando o Sr. Leopoldo Cirne para mim o leu, de imediato, como se tivesse tirado uma fotografia mental dos versos. E dele jamais me esqueci: até hoje o guardo.

Como se estivéssemos em ambiente espírita, franco e interessado nas coisas do “outro mundo”, perguntei-lhe que soneto era aquele, afinal. Ela insistiu em não deixar seu nome ligado ao episodio, mas arrematou:

“É de fato, o soneto...

“Pois não”...

“... O soneto era de Hermes Fontes.

“De Hermes Fontes?”, perguntou eu...

“Sim, de Hermes Fontes...

“Gosto muito de Hermes Fontes. De que trata o soneto?

“Ele foi recebido em Pedro Leopoldo, na presença do Doutor Melo...

“Melo Teixeira?!, cortei-lhe aos saltos, a voz...

“Sim... conhece-o?...

“Prossiga por favor...

“É um soneto dedicado a viúva do poeta...

“Não e possível, interrompi eu, novamente, Minha filha... este soneto esta desaparecido há anos e anos... Ninguém lhe tem a copia. A Ultima vez que o vi, há muito tempo estava já puído, dentro da carteira do Doutor Melo Teixeira. Ele desencarnou e o soneto se perdeu.. pelo amor de Deus... vamos a copa... a senhora precisa recitar para mim este soneto... vou gravá-lo”

E assim foi. O soneto surgiu. De 1968 para cá, esteve perdido nas Bibliotecas de César Burnier. Até que, novamente, veio a tona: Uma fita, um rolo antigo, gravado ainda em 50 ciclos, a tessitura vocal ligeiramente prejudicada, mas... lá estava... e aqui, por vez primeiro, ficou.

Hermes Fontes terá, logicamente, acompanhado todo o episódio. As personalidades se fundem. A vida não cessa.

MARIO DONATO

No dia 12 de agosto de 1944, o famoso escritor Mario Donato publicou um artigo no "Estado de São Paulo" sobre as mensagens psicografadas por Chico Xavier, onde em certos trechos declara:

"Não posso admitir que um homem, por mais ilustrado que seja, consiga pastichar, tão magnificamente, autores como Humberto de Campos, Antero de Quental, Augusto dos Anjos, etc...

Opto pela explicação sobrenatural, que não satisfaz a minha consciência é verdade, mas apazigua a minha humaníssima vaidade de literato. Pode lá um homem avultar tantos palmos, por suas próprias forças, sobre a cabeça dos demais? Pode lá plagiar, velozmente como o faz Chico, Humberto, Antero e outros do mesmo naipe, a quem não se pasticha, senão depois de larga experiência literária e trabalhosa noite de insônia? Não, absolutamente. É milagre. Coisas assim não podem ser senão milagre, puro milagre. Há qualquer intervenção sobre-humana no fato; não porque o diz o Chico Xavier, mas porque assim o exige a nossa arrogância.

Positivamente não aceito a autoria de Chico Xavier, e aceito a de Humberto de Campos, como a de Antero... e qualquer outro que, do lado de lá, tenha o mau gosto de praticar literatura. E creio que esta e a atitude mais humana, a mais condizente com a nossa falta de humildade. É milagre, e o milagre, não explicando nada, explica tudo. "

E conclui euforicamente:

"Pois se não admitirmos que o caso é milagroso, temos que levar o Chico Xavier à Academia Brasileira de Letras e, naturalmente, estamos mais dispostos a reconhecer-lhe amizades no céu que direitos literários ao Petit Trianon.

Ou se aceita Humberto subsistindo no outro mundo ou se aceita Chico Xavier valendo por Humberto e mais meia dúzia de cérebros arquiprivilegiados. "

SALOMÃO J HADDAD

Entrevista feita pela Folha Espírita, quando da passagem do casal Haddad pelo Brasil. Fundador do Ellon College na Carolina do Norte recepcionistas de Chico Xavier nos Estados Unidos.

F. E.: Na sua opinião foram proveitosas as viagens de Chico a América do Norte?

S.J. Hadad: E lógico que foram. Em nosso século de tantas facilidades de transporte e comunicação e muito natural que um dos representantes mais legítimos do Espiritismo em todo o mundo, como é o Chico, cuidasse também dos seus irmãos do Norte. A América precisa muito de Kardec. E estas viagens permitiram o anuncio de um trabalho que tem que se estender bastante ainda, mas que já se constitui em uma semente pequenina...

F. E.: Como se deu a fundação do Christian Spirit Center?

S.J. Haddad: Chico Xavier e o Dr. Waldo Vieira, em sua primeira viagem, em 1965, tinham como meta principal lançar o livro Ideal Espírita, em inglês e nos chamaram para as responsabilidades desta tarefa nos Estados Unidos. Em nova York, depois de uma semana de esforço com o livro, Waldo nos transmitiu o parecer dos espíritos de que deveríamos fundar um núcleo espírita, especialmente com a finalidade de divulgação do Espiritismo na América. Nasceu, assim, o Christian Spirit Center. Colocamos a palavra Christian para frisar bem a idéia cristã da Doutrina.

F.E.: Phyllis, quando foi a estada do Chico em Ellon College? Phyllis: Tivemos o privilegio de tê-lo em nossa casa, em 1966; quando da segunda viagem, por três semanas consecutivas. Foram dias maravilhosos.

Chico recebia lições de inglês, três vezes ao dia. E à noite trabalhava até 2 horas da manhã, diariamente psicografando e escrevendo cartas.

Houve um fato muito interessante: Chico esgotou o estoque de selo dos correios. O pessoal de lá queria saber quem era esse homem, porque viram que se tratava de uma pessoa diferente.

SALVADOR GENTILE

Advogado, Escritor, Jornalista e Poeta

Na verdade, Francisco Cândido Xavier não precisa de apologistas, de pregoeiros das suas virtudes pessoais a incensar-lhe a figura inconfundível. A sua obra fala por si mesma, revelando o médium disciplinado e perseverante, humilde e desprendido, que sabe se fazer instrumento dócil dos Espíritos, de tal forma que possibilitou a eles, os Amigos da Vida Maior, nos transmitirem, por suas mãos operosas, cerca de cento e cinqüenta livros, onde o mundo espiritual e os problemas do espírito nos foram amplamente devassados, para que possamos tomar consciência de nós mesmos.

Não apenas nós, mas muitas gerações de Espíritos que virão a reencarnar na Terra, ficaremos a dever a esse trabalhador infatigável, pela obra que vem realizando e que, certamente, iluminará os séculos porvindouros.

ORIENTADOR

Mensário Espírita da cidade de Passo Fundo - Rio Grande do Sul.

Impossível condensar essa vívida saga, que é a existência consagrada de Francisco Cândido Xavier, mas foi esse testemunho sobre-humano de vivência evangélica a primeira e grande lição que a Sabedoria do Alto silenciosamente nos ofereceu, como um celeste desafio, na escola bendita de Pedro Leopoldo... Bem escreveu o grande Manuel Bernardes que não há modo de ensinar "reais forte e suave que o exemplo: persuade sem retórica, reduz sem porfia, convence sem debate"

GARCIA JUNIOR

Escritor e Historiador Brasileiro. Crônica inserida na secção de "Contrastes e Confrontos", em edição do Correio da Noite, de 18 de julho de 1944.

"...outros escritores desaparecidos deste mundo, mas que, graças, então, à habilidade e até mesmo certa inteligência do moço mineiro, continuam a andar tão vivos nas páginas que ele alinhava publicamente, para quem quiser ver, como qualquer um de nós outros que, aqui em baixo, ainda esprememos diariamente o miolo do crânio para ter com que comprara noite miolo de pão! Ora, admiti que fosse a hipótese de o Chico Xavier poder imitar de modo mais amplo a Pedro Rabelo, que se atreveu a copiar a forma de estilo de Machado de Assis, mas tão-somente em meia dúzia de páginas, então, convenhamos, o caso muda de figura. E muda, sobretudo, porque, ao contrário do incorrigível boêmio que se deu ao trabalho de escrever à maneira do criador de "Quincas Borba" à la manière de... como tinha feito alguém na França - o nosso Chico Xavier, dada a obra já produzida, está desde já a merecer a glorificação de gênio...

De resto, subsiste uma circunstância que mais servirá ainda para exaltá-lo aos que insistem teimosamente na idéia do pasticho: é que o Chico Xavier trabalha a sua obra diante de quem quer que o deseje ver: basta apenas que lhe ponham à frente dos olhos algumas laudas de papel e um lápis, tal como o viu Agripino Grieco, faz alguns anos, lá mesmo em Pedro Leopoldo!... Acresce outro detalhe sobremaneira relevante: se se trata de um pastichador (extraordinário, que é esse Chico Xavier!), como pode, ele escrever à maneira não só do saudoso autor de "Carvalhos e Roseiras"; como também dentro do estilo inimitável de Augusto dos Anjos, de Eça de Queirós? Será que ele guarda o próprio Diabo dentro do corpo? Entretanto, como mudaria certamente o quadro, se todos nós - crédulos ou incrédulos - nos dispuséssemos a pensar um segundo acerca das coisas sobrenaturais! Se refletíssemos, por exemplo, sobre aqueles dois versos famosos que nos foram deixados pelo imortal cantor dos "Lusíadas", e que retratam a dúvida que o atormentava:

"Uma verdade que nas coisas anda.

Que mora no visível e no invisível. "

... Como quer que seja, o que se não pode porem dúvida é que, se o Chico Xavier tivesse realmente capacidade para produziras duas dezenas de obras que já saíram de suas mãos de médium, bem que ele não precisara ser o moço humilde que começou a vida como caixeiro de armazém e que só há pouco é um modesto funcionário da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais... Bastaria que o Chico Xavier viesse aqui para o Rio, mudasse o seu indumento de pobre, para uns bons ternos de cavalheiro abastado, e entrasse a freqüentar as rodas intelectuais. Com talento para produzir o que já lhe passou pelo lápis, psicograficamente, ele hoje poderia ufanar-se de ser um dos maiores escritores do Brasil..."

MIGUEL TIMPONI

Advogado, Professor e literato eminente. Encerrando nesta apresentação de depoimentos, gostaríamos de juntar a opinião do ilustre jurista, que na ocasião da defesa a FEB e Chico Xavier, no rumoroso processo movido pelos herdeiros de Humberto de Campos no ano de 1944, argumentava:

"De qualquer modo, porém, se admitirmos que Francisco Cândido Xavier, moço de instrução primária, tem capacidade para imitar os versos de Castro Alves, reconhecer deveríamos que ele é igual a Castro Alves. E como pode também imitar os versos de Guerra Junqueiro, Augusto dos Anjos, Antero de Quental e de muitos outros, é também igual a cada um deles. Mas, nesse caso, não é propriamente igual a cada um deles; é superior a todos eles!..."

MENSAGENS PSICOGRAFADAS

DO ESPÍRITO EMMANUEL

Felicidade

Queres felicidade

E te cansas por isso.

Trabalhas. Ninguém te nota.

Server. Ninguém te vê

Sai de ti, entretanto,

E busca ouvir os outros.

Ama e terás amor,

Dando e que se recebe.

Felicidade existe

Se a pusermos nos outros.

Temos, sempre o que damos,

Isso é das Leis de Deus.

Perfume de Deus

Derramou-se o perfume

Das Alturas Celestes.

Os homens o puseram

Em vasos numerosos;

Uns esguios de ouro,

Outros de barro ou prata.

Tantas formas diversas,

Mas o aroma era o mesmo.

Esta – é a historia do amor,

O perfume de Deus

Convivência

Não te afastes dos outro

Porque tenhas sofrido.

Sem nossos semelhantes,

Não sabemos quem somos.

Cada pessoa é um teste

Que nos situa em prova.

Em nossas reações,

Vemos a própria imagem.

Ama, serve, perdoa

E Estarás progredindo.

Deus nos envia os outros

Para ver como estamos

Aceita

Aceita a própria vida

Buscando melhorá-la.

Abraça os que te cercam,

Doando-lhes auxilio.

Nada exijas. Trabalha.

Não condenes. Constrói.

Se a provação chegou,

Acata-lhe os ensinos.

Se fiel a ti mesmo,

Serve, segue e não temas.

Se te aceitas como és

Deus te fará feliz.

Segue com Deus

Nunca te desanimes

Seja qual a prova.

Mais recursos na vida?

Trabalha e obterá.

Dor e tribulação?

A prece te alivia.

Incompreensão e ofensa?

Perdoa, ajuda e esquece.

Caíste em algum erro?

Ergue-te e recomeça.

Nada te faltará.

Se te entregas a Deus.

Jamais Só

Se alguém te deixa a sós

Abençoa esse alguém.

Nem todos passarão

Pelos mesmos caminhos.

Ás vezes, quem partiu

Sofre o que desconheces.

Não sabes em que provas

Estará quem mais amas.

Se a sombra te envolveu,

Outras luzes virão.

Nunca estarás a sós,

Confiando-te a Deus

Marcha no Bem

Por nada te desgarres

Do trabalho no bem.

Se algum te injuriou,

Silencia e prossegue.

Se a doença te aflige,

Serve quanto possível.

Há quem pare na queixa,

Mas, um dia verá.

Que os irmãos em serviço,

Prosseguindo com Deus,

Muito dificilmente

Hão de ser alcançados.

Serve e Prossegue

Nada te desanimes

Nunca sem esperança.

Terás visto em caminho

Tempestade de dor.

Perdestes bens do mundo

Que supunhas sem termo.

Julgas-te em abandono,

Inútil, triste e só.

Entretanto, não pares,

Serve, luta e prossegue...

Na frente, encontrarás

Novas benções de Deus

Servir Sempre

Deus nos concede a todos

A benção de servir.

Se não podes curar,

Podes ser a esperança.

Não dispões do dinheiro.

Não serás o milagre;

Tens, contudo, o sorriso.

Recorda a noite espessa

E o valor de uma vela.

Semeia o bem que possas.

O poder vem de Deus.

Identidade

O que falas nem sempre

Pode mostra-te o ser.

Tudo aquilo que tens

Não se revela aos outros.

Quantos sabes, por vezes,

É uma riqueza estanque.

O nome, quase sempre,

É só retrato a cores.

Observa o que crias

Do que sejas ou tenhas.

Tão-só no bem que faças

E o que vales com Deus.

Erros

Compadece-te sempre;

- Assim pede o Senhor.

Quem nunca escorregou

Talvez caia amanhã.

Esse que chora espera

Coração que o entenda.

Outro sonhava o bem

Mas ficou preso ao mal.

O perdão aparece

Àqueles que perdoam.

Todos estamos juntos

Na Justiça de Deus.

Serve sem Apego

Usa, sem algemar-te,

Os bens de que desfrutes.

Medita nas riquezas

Que já se dispersaram.

Antigas obras de arte

Valorizam museus.

Títulos de ascendentes

São brasões sem calor.

Do que sejas ou tenhas,

Faze o melhor que possas.

Serve sem apegar-te.

Tudo pertence a Deus.

Alguém Sempre

Se a sombra te surgiu

Em forma de pesar...

Não permitas que a dor

Permaneça contigo.

Repõe no pensamento

As bênçãos que possues.

Nada te desespere,

Fita o Céu e caminha.

Entrega-te ao trabalho

E renova-te nele.

Alguém te guarda sempre,

Alguém te apóia: Deus.

Alegra-te e Confia

Contempla o mundo em torno...

Tudo pede alegria.

Cada flor é um sorriso

Da beleza imortal.

O Sol conta que a luz

Reina acima das trevas.

A noite mostra a vida

No alfabeto dos astros.

Até o pó que pisas

É berçário do pão.

Rejubila-te e serve,

Deus faz sempre o melhor.

Ânimo

Age em favor dos outros,

Sem que isso te arrase.

Lamentações que faças

Enfraquece a quem ama.

Esse tem duras provas

E precisa escorar-se.

Outro te pede auxílio

Para fortalecer-se.

Suporta qualquer sombra

Sem que a fé se te perca.

Nada te desanime,

Serve e confia em Deus.

Gentileza

A hora mais difícil

Não te impede a bondade.

Nem sempre dirás “sim”.

Ao que se te proponha.

Mas um “não” pode ser

Trajado de veludo.

Não recuses doar

Uma palavra boa.

Olha o teu cão, ai ver-te,

Mostrando a cauda em festa.

Um sorriso em teu rosto

É notícia de Deus.

Prossegue Trabalhando

Às vezes, o problema

Parece insuperável.

Contudo, não receies,

Insiste para o bem.

Promessas que escutaste

Sumiram-se no vento

Recursos que esperavas

Falharam sem motivos.

Entretanto, não pares,

Prossegue trabalhando.

Ora, serve e terás

A solução com Deus.

Se queres Paz

Mesmo que alguém te fira,

Não acuses. Esquece.

Quem prejudica a outrem,

Prejudica a si mesmo.

A memória do ingrato

É uma ferida aberta.

A culpa e a enfermidade

Caminham sempre juntas.

Basta a quem faz o mal

Simplesmente viver.

Se procuras a paz,

Serve e entrega-te a Deus

Prece da Benção

Nos momentos alegres

Deus te abençoe.

Ante as provas do mundo,

Deus te abençoe.

Se caíste em erro,

Deus te abençoe.

Antes ofensas alheias

Deus te abençoe.

Se procuras por paz,

Deus te abençoe.

Haja o que houver

Deus te abençoe.

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DADOS PESSOAIS

Nome: Francisco Cândido Xavier

Filiação:

João Cândido Xavier

Maria João de Deus

Nascimento: 2 de abril de 1910

Cidade: Pedro Leopoldo

Residência Atual: Uberaba – MG

MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA

1.a Manifestação Mediúnica: 8 de julho de 1927

1 Entidade Comunicante: Um Espírito Amigo

Assunto: Deveres Espíritas

N.° de Páginas Psicografadas: 17

Local: Centro Espírita Luiz Gonzaga Cidade

Pedro Leopoldo - MG

50 ANOS DE MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA

Livros Psicografadas: 153

Autores Espirituais: 572

Edições Nacionais: 573

Tiragem: 4 801.500

Páginas Psicografadas: 28.658

Em parceria com Waldo Vieira: 17

Autoria de Emmanuel: 38

Edições Nacionais de Emmanuel: 160

Tiragem das obras de Emmanuel: 1.342 500

Autoria de André Luiz: 17

Edições Nacionais André Luiz: 117

Tiragem das obras André Luiz: 1.232.000

OBRAS TRADUZIDAS

Castelhano: 16

Esperanto: 9 + 1 ed. bilíngüe Francês: 1

Grego: 1

Inglês: 2 + 1 ed. biling

Japonês: 1

Tcheco:3

total 35

TRANSCRITAS: Braille: 22

FIM