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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Luz Bendita–Francisco CÂndido Xavier

 

 Índice do Blog - Parte 1Parte 2

 

 

LUZ BENDITA

 

 

FRANCISCO CANDIDO XAVIER

RUBENS SILVIO GERMINHASI

 

 

Instituto Divulgação

Editora André Luiz

IDEAL

 

Luz Bendita, obra comemorativa dos Cinqüenta anos de mediunidade de Francisco Cândido Xavier. Depoimentos de corações que exteriorizaram seu amor a esse querido amigo e companheiro de sempre.

 

 

Sumário

Escrevendo a Jesus

 

Depoentes

J. Martins Peralva / 10

Detzi de Oliveira / 15

Gerson Sestini / 23

Leila Sahb Inácio da Silva / 28

Romeu Grisi / 33

Isabel Bittencourt de Souza / 39

Neumis Souza da Silva / 53

Hilda Mussa Tavares / 59

Daisy Andrade Pastor Almeida / 68

Ruth Maria Chaves / 76

Maria José Caetano Marcondes / 80

Carlos Eduardo de Toledo / 96

Encarnação Blasquez Galves / 104

Inayá Ferraz de Lacerda / 109

Joaquim Alves / 123

Maria Eunice Meirelles / 129

Suzana Maia Mousinho / 134

Maria Philomena Aluotto Berutto / 142

 

Referências

 

Humberto de Campos - Psicografia Ante os Tribunais / 155

Agripino Grieco - Psicografia ante os tribunais / 157

Walter José Fae - Chico Xavier, D. Pedro II e o Brasil / 160

Pedro Bloch - O Semeador, Feesp - Julho - Agosto 1977 / 160

J. Mello Teixeira - Diário de São Paulo - 22.08.1971 / 161

Zeferino Brasil - Psicografia Ante os Tribunais / 162

Menotti Del Picchia - O Semeador, Feesp - Julho 1977 / 164

Antonio Olavo Pereira - O Semeador, Feesp - Julho 1977 / 165

Nelly Alves De Almeida - O Popular - Goiânia - 17.07.1977 / 166

Monteiro Lobato -  O Semeador Feesp - Julho/Agosto 1977 / 167

Geraldo Majela Franklin Ferreira - O Popular - GO - 1977 / 167

Edmundo Lys - Psicografia Ante os Tribunais / 170

Manuel Quintão - Reformador – Novembro 1977 / 172

Alexandre Kadunc - Ver. Relax – novembro 1977 / 173

Crônica - O Estado de São Paulo - 10.7.1944 / 175

Radiel Cavalcanti - Correio Fraterno do Abc - 08/1977-1978 / 177

Ivani Ribeiro - fatos e fotos, Gente - 25-07-1977 / 179

Paulo Dantas - O Semeador, Feesp - Julho de 1977 / 180

J. Herculano Pires - TV Tupi - Câmera Aberta - 30.6.1977 / 181

Humberto de Campos Filho - Aruanda - 08/09- 1977 / 182

Licinio Leal - O Popular - Goiânia - 25/09/1977 / 185

Aparício Fernandes - Livro Trovas do Brasil / 188

Maria Antonieta Alessandri - O Popular - Goiânia - 1977 / 192

Moacyr Salles - O Popular - Goiânia - 25.09.1977 / 195

Bernardo Elis - O Popular - Goiânia - 25.09.1977 / 198

Ely Brasiliense - O Popular - Goiânia - 25.09.1977 / 200

Iron Junqueira - O Popular - Goiânia - 25.09.1977 / 202

Jandyra Ayres Cruvinel - O Popular - Goiânia - 25.09.1977 / 204

Zeus Wantuil - O Espírito Mineiro - 05/e 06 de 1977 / 205

Mário Palmério - TV Tupi - Câmera Aberta - 30.06.1977 / 207

João Ribeiro - Psicografia Ante os Tribunais  / 208

Ataliba Guarita Neto - TV Tupi - Câmera Aberta – 30.06.1977 / 208

Marcia Elizabeth De Souza - Goiás Espírita - 07 e 08/1977 / 210

Padre Pascoale Filipele - TV Tupi - Câmera Aberta - 1977 / 212

Silvia  Alessandri Monteiro de Castro - O Popular - 1977 /  214

Rosalita Fleury - O Popular - Goiânia - 28.08.1977 / 216

Delfino da Costa Machado - O Popular - Goiânia - 17.07.1977 / 218

Marlene Deon - Folha da Tarde - 8.7.1977 / 223

Clovis Tavares / 225

Jarbas L. Varanda - O Triangulo Espírita - 15-12-1975 / 5.7.1977 / 228

Carmem Pena Perácio - O Espírita Mineiro - Julho 1977 / 234

Humberto Ferreira - O Popular - Goiânia - 28.08.1977 / 240

Lavoura e Comércio - 8.7.1977 / 241

Elias Jose Sayão - O Espírita Mineiro - maio - agosto 1977 / 244

Mario Boari Tamassia - Jornal Espírita - Julho 1977 / 246

Carlos Torres Pastorino - O Popular - Goiânia - 28.8.1977 / 247

Cora Coralina - O Popular - Goiânia - 28.8.1977 / 249

Padre Sebastião Scarzelli - Lavoura e Comercio - 29.4.1974 / 249

Alfredo Neto - Revista Destaque - Outubro 1977 / 250

O Confessor de Chico Xavier / 253

Associação Espírita Obreiros do Bem - Julho 1977 / 257

Silvio Santos - Programa Silvio Santos - 8.12.1974 / 259

Fred Jorge - Chico Xavier, sua verdadeira história / 261

Fernando Worm - Livro A Ponte / 262

Elias Barbosa  - No Mundo de Chico Xavier / 263

Gilberto Campista Guarino  / 264

Mario Donato - O Estado de São Paulo - 12.8.1944  / 270

Salomão J Haddad - Folha Espírita - Novembro 1977 / 272

Salvador Gentile - Anuário Espírita 1977 / 274

Orientador - Julho 1977 / 275

Garcia Junior – Psicografia ante os Tribunais / 275

Miguel Timponi - Psicografia ante os Tribunais / 277

 

Mensagens de Emmanuel

 

Felicidade / 278

Perfume de Deus / 279

Convivência / 280

Aceita / 281

Segue com Deus / 282

Jamais Só / 283

Marcha no Bem / 284

Serve e Prossegue / 285

Servir Sempre / 286

Identidade / 287

Erros / 288

Serve sem Apego / 289

Alguém Sempre / 290

Alegra-te e Confia / 291

Ânimo / 292

Gentileza / 293

Prossegue Trabalhando / 294

Se queres Paz / 295

Prece da Benção / 296

Dados pessoais / 297

 

Escrevendo a Jesus

 

Senhor Jesus.

Estamos felizes, apresentando mais um livro do nosso abnegado Emmanuel, o mentor e amigo de sempre.

Pedimos-te, porém, Senhor, para que estejamos igualmente no limiar destas páginas, entremeadas por testemunhos, dignos do nosso maior respeito, para evidenciar igualmente nosso apreço, pelo instrumento humano que se fez o intérprete do benfeitor espiritual que tanto amor e tanta consolação nos tem proporcionado.

Desejamos salientar aqui o cinqüentenário de trabalho mediúnico de um irmão e de um amigo: Francisco Cândido Xavier.

Chico Xavier, será para nós melhor e mais íntimo, chamá-lo assim.

Imaginamos-lhe o começo da luta edificante a que se impôs.

Órfão de mãe aos cinco janeiros de idade, foi entregue a um lar estranho, onde conheceu duras provas.

Atualmente biografado por vários amigos não precisamos assinalar-lhe esse doloroso período da infância.

Entretanto, aquela que lhe fora mãe na experiência física, D. Maria João de Deus, ao desencarnar, prometera-lhe enviar a ele e aos demais irmãos, um anjo de bondade que a substituísse.

Esse anjo em forma de mulher apareceu na pessoa de D. Cidália Batista, que se tornou a segunda esposa de João Cândido Xavier, o pai de nosso amigo.

Cidália Batista chamou a si a tarefa de Maria João de Deus e abraçou-lhe os nove filhos, em Pedro Leopoldo, como se fossem dela própria.

A mediunidade que começara em Chico aos quatro anos de idade, com fenômenos de clariaudiência, passou a desdobrar-se, sem que houvesse alguém para orientar-lhe o crescimento.

O pai, conquanto generoso, não compreendia a criança. Dona Cidália, a segunda mãe, não tinha dúvida em encaminhar o menino à máxima autoridade a quem poderia recorrer um sacerdote amigo.

E Chico se entregou à fé católica, encontrando, nos templos que respeitosamente freqüentava, as estranhas ocorrências que lhe marcavam a vida.

Médico das almas, o bondoso sacerdote lhe receitava penitências e cilícios, obrigações e disciplinas que o menino cumpria fielmente.

As visões e as vozes, no entanto, se ampliavam. Enquanto mais cresciam, mais se avolumava a incompreensão daqueles que o estimavam, procurando restituí-lo a existência comum.

O lar, a escola, a comunidade e o trabalho profissional, iniciado aos dez anos de idade, não lhe foram favoráveis, conquanto lhe dessem simpatia e amor.

Chico falava daquilo que Ihes era invisível, contava episódios que não conseguiam escutar.

E sobrevinham os conflitos sem conta.

D. Cidália Batista, que o adotara por filho do coração com os demais descendentes de João Cândido, teria sido a única a dar-lhe crédito:

- "Chico, do que você escute ou veja fora da vida natural, nada conte a seu pai ou às outras pessoas - dizia ela - a não ser ao Padre Sebastião que nos confessa perante Deus, e a mim que me sinto sua mãe. Você não é louco, nem está perturbado. Não compreendo bem o que você me descreve, mas o padre saberá entender o que você diz."

E se o rapazinho chorasse, repetia:

- "Não se aflija. Alguma pessoa no faturo saberá o que a ver a ser tudo isso que nós não compreendemos. É preciso esperar..."

Aos 17 de idade, Chico é conduzido à Doutrina Espírita.

Abre-se-lhe um caminho claro e novo.

O padre concorda em que ele experimente conhecer a nova doutrina.

E há cinqüenta anos, Chico Xavier trabalha com a mesma pontualidade e com a mesma alegria, transmitindo as mensagens da Vida Maior.

Despender quarenta anos nas atividades profissionais em que se aposenta na condição de funcionário público federal, em 1961. E há meio século caminha entre dificuldades e bênçãos, alegrias e aflições, distribuindo as páginas dos Amigos Espirituais que lhe aceitaram a cooperação ou que o instalaram no serviço de Jesus, interpretado por Allan Kardec.

Cinqüenta anos de trabalho, cinco decênios de caminhada ininterrupta...

Conhecemo-lo por amigo dedicado e tarefeiro leal aos próprios compromissos, além de irmão que se nos instalou nos corações reconhecidos, mas, o que terá conhecido nessa viagem de meio século na mediunidade ativa sabe-o Deus.

E para ele, Senhor Jesus, que te pedimos amparo e encorajamento para a continuidade dessa jornada luminosa entre dois mundos, ao mesmo tempo em que agradecemos ao devotado Emmanuel a felicidade de compartilhar da alegria que 1977 nos trouxe.

Senhor Jesus, aqui terminamos nosso apelo e por tudo que temos recebido na luz dos teus emissários de paz, amor, para a edificação e aprimoramento de nossas vidas, de alma voltada para o nosso amado instrutor Emmanuel e de corações unidos ao nosso amigo Chico, aqui repetimos jubilosamente:

- Louvado seja Deus!

São Paulo, 1 de Novembro 1977

Rubens Silvio Germinhasi

 

Nota – Todos os documentos, reportagens, entrevistas, comentários, definições, declarações colhidas em álbuns organizados em realizações beneficentes e opiniões outras, torno do médium Francisco Candido Xavier, pertencem ao arquivo do Instituto Divulgação Editora André Luiz

 

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Chico Xavier aos 17 anos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DEPOENTES

 

J. Martins Peralva

 

... a mediunidade de Chico Xavier e a sua singular personalidade evidenciaram - me de forma incontestável ...

 

Desde os primeiros momentos de minha presença no trabalho espírita, na União Espírita Sergipana, o nome de Francisco Cândido Xavier tem-me sido uma bandeira sem similar, por suas qualidades de médium cristianizado, que à distância sempre venerei, lá no nordeste.

Já o tinha por médium incomum, acima de qualquer avaliação em termos humanos. E tal o imaginava, assim fui encontrá-lo pela primeira vez, em Pedro Leopoldo.

Corria o ano de 1949...

Leopoldo Machado coordenava, no Rio de Janeiro, a Festa Nacional do Livro, com o propósito de reunir jovens de todo o Brasil. Compareci ao Encontro, representando Sergipe Espírita.

A incontida vontade de conhecer e abraçar Chico Xavier fez-me embarcar num avião no Rio, após o Encontro, e descer na Pampulha, quando a capital mineira, hoje importante e formosa metrópole, era uma miniatura do que é hoje.

A cidade, com seus vagarosos bondes circulando o Pirulito, na Praça Sete, para retomar, logo depois, o caminho dos bairros, possuía apenas três prédios altos: Acaiaca, IAPI e Hotel Financial.

Logo ao chegar, a ânsia de conhecer e abraçar o médium, que à distância amava. E lá fui, de ônibus, pela estrada velha que passava em Venda Nova, a região de Neves e Vera Cruz, para, afinal, chegar a Pedro Leopoldo.

A emoção - lembro-me bem - foi enorme, ao olhar pela janela da acolhedora casa de D. Geni Xavier, onde funcionava, então, o Centro Espírita Luiz Gonzaga. O Chico, aparentemente distraído, de costas, simples e de uma simpatia contagiante, manuseava, curvado sobre a mesa, laudas de papel.

A mesa, coberta com alvíssima toalha; um recipiente com água e copos em torno; um banco com marca de ferro de passar roupa, se não me engano - tudo isto permanece em minha retentiva visual, por carinhosa e agradável lembrança.

Estava, enfim, em Pedro Leopoldo. E diante de mim, o Chico Xavier!...

Após os cumprimentos e antes do início da reunião, Chico dá notícias do movimento espírita sergipano, citando, nominalmente, companheiros encarnados e desencarnados, fazendo especial referência ao Major Vianna de Carvalho, o grande apóstolo cearense, que impulsionou o Espiritismo também no nordeste,empolgando imensos auditórios com seu verbo inflamado e culto.

Foi uma noite realmente encantadora, assinalando, para mim, a realização de um grande desejo.

Quando regressei a Aracaju, já com o pensamento e o coração desejosos de transferir a residência para Belo Horizonte, escrevi no "Sergipe-Jornal", respeitado órgão da imprensa sergipana, uma série de artigos contando as emoções da viagem a Pedro Leopoldo, do encontro com o Chico, cujos recortes conservo em meu arquivo pessoal por tesouro recordativo.

Dois meses depois, viajava em definitivo para Belo Horizonte, desembarcando de novo na Pampulha. Era o dia 4 de setembro de 1949.

O primeiro pensamento, tal como na primeira viagem: ir logo a Pedro Leopoldo, desfrutar do privilégio de, novamente, ver e abraçar o querido companheiro, o que fiz com a alma inundada de felicidade.

A mediunidade de Chico Xavier e a sua singular personalidade evidenciaram-se-me de forma incontestável, ao ouvi-lo discorrer, com a segurança e esplendor de sua vidência, sobre o que ocorria comigo, registrando a presença do meu pai, um dos pioneiros do Espiritismo em Sergipe, grande doutrinador e polemista e médium de várias faculdades, desencarnado em 1931, ou psicografando uma íntima mensagem do coração paterno, tão íntima que pouca gente, de Aracaju, conhecia os fatos e situações nela inseridos, relacionados com a nossa equipe familiar.

Naquela época, Chico Xavier vinha mais vezes a Belo Horizonte, participava de reuniões, orientava-nos, em grupo de estudos, sobre assuntos doutrinários. Suas nobres atividades, menos intensas do que hoje, obviamente permitiam maiores contatos, durante os quais lições inesquecíveis e fatos maravilhosos eram-nos transmitidos.

Muita coisa extraordinária aconteceu.

D. Balbina, uma senhora humilde. que me fora vizinha, na infância, em bairro pobre, identifica-se dando a época - dia, mês e ano - de sua desencarnação.

Meu pai, Basílio Martins Peralva, envia-me oportunos recados.

Lívio Pereira da Silva, notável tribuno e admirável médium receitista, mineiro de Teófilo Otoni, mas radicado desde jovem em Sergipe, desencarnado em Maceió, Alagoas, em conseqüência de uma pneumonia dupla contraída após conferência em noite de grande calor, quando suara demais, encharcando a camisa, trazia-me pelo Chico advertências e orientações que me foram valiosas à adaptação em Minas Gerais. Oportunamente, se materializaria, tendo o próprio Chico por médium, todo iluminado, dialogando comigo durante cerca de cinco minutos.

Chico Xavier, perto ou longe, tem-me sido amigo excepcional e caridoso. Quando não ajuda pela palavra, na televisão, por carta, em pensamento ou em desdobramento natural, fá-lo pelos milhares de mensagens espalhadas pelo Brasil inteiro.

Os livros por ele psicografados chegam-nos quase mensalmente, por condutores de amor e luz, mercê do esforço de editoras que põem nas livrarias o apreciável alimento: o livro espírita.

Emmanuel, seu Instrutor, Bezerra de Menezes, André Luiz, Irmão X, Meimei, Maria Dobres, Batuíra e tantos outros Espíritos que interpretam, fielmente, o pensamento crístico, são benfeitores de todos os instantes, graças à mediunidade do Chico.

A psicografia do médium mineiro, exercida, publicamente, durante 50 anos, tudo nos tem ofertado: religião, filosofia, ciências, romance, poesia, história, apólogos etc., consubstanciando uma literatura altamente educativa, de conteúdo moral inestimável, e, sobretudo, inultrapassável, insubstituível.

De certo tempo para cá, um novo sentido caracteriza a sua mediunidade: o recebimento de mensagens esclarecedoras e reconfortantes, posteriormente enfeixadas em livros que percorrem os quadrantes do País e se projetam no plano internacional.

"Jovens no Além", "Somos Seis", "Amor e Luz" e "Crianças no Além" são obras de rara beleza, trazendo a corações saudosos, de pais, amigos e parentes, abençoadas compensações espirituais, contribuindo para que almas antes infensas às realidades do após-morte, despertem para tarefas de amor, no campo da beneficência, sob a inspiração e o influxo de corações recém-libertos que voltam, pela mediunidade de Chico Xavier, para afirmar que a vida continua, noutra dimensão.

E uma etapa nova, que ratifica o sentido cristão da mediunidade do querido companheiro.

Estou certo, em Deus, de que, por muitos e muitos anos, teremos entre nós, no plano físico, o valoroso e fidelíssimo servidor de Jesus, sempre debruçado sobre laudas de papel a escrever, escrever... Enquanto o lápis desusa, celeremente, fixando apontamentos consoladores, cantando a glória da Imortalidade, estancam-se lágrimas, corações aflitos são lenitivados.

Corações que pranteiam, no transe compreensível da saudade, que é, no dizer do poeta, "a presença do ausente". Deus abençoe o querido amigo, em seus 67 anos de fecunda existência, e nos seus 50 anos de missão mediúnica, dando-lhe, centuplicadamente, tudo quanto tem dispensado, a mim e a milhares de pessoas, em amor e carinho.

 

 

 

Detzi de Oliveira

 

... estava ali confirmada mais uma vez a lisura da mediunidade de Chico Xavier...

 

Quando da oportunidade de ir a UBERABA para encontrar o médium FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER, hoje nosso admirável Chico Xavier, naquele instante. eu e minha senhora passávamos por um transe de sofrimento e dor dos mais profundos.

Houvera acontecido aqui em Juiz de Fora, minha terra natal, o desabamento de um hospital em construção. Nesse acontecimento, lamentavelmente, vieram a desencarnar minhas três filhas e mais uma sobrinha de nome Marcia Dias Mattos, que passava suas férias em minha casa.

O hospital desabara sobre minha residência, privando-nos da vivência material com minhas filhas, Tereza Cristina, Jussara Maria e Ana Paula. A dor se arrefecia e resolvemos procurar Chico Xavier, para que ele, como missionário, pudesse aliviar nossa dor.

Esse primeiro contato com o querido Chico Xavier ocorreu em meados de fevereiro do ano de 1976 em Uberaba, apesar de conhecê-lo há 34 anos, quando ele veio fazer uma visita à Casa Espírita, nesta cidade de Juiz de Fora.

É interessante analisar neste tópico, as circunstâncias desse encontro. Nós deixamos Juiz de Fora numa quinta-feira, sabendo de antemão que Chico Xavier estaria na sexta-feira no Grupo Espírita da Prece, e partimos esperançosos de encontrá-lo.

 Chegamos a UBERABA após uma viagem cansativa, mas recompensadora. Tivemos o encontro com Chico Xavier na sexta-feira às 4 horas da tarde. Abordei o Chico dizendo-lhe: "Estou aqui à sua procura, trazendo minha esposa para que você possa consolá-la um pouco e a mim também, pois, perdemos uma filha em um desastre". A princípio não havia lhe dito que foram 3 filhas e uma sobrinha, apesar de conhecer a mediunidade de Chico e não pairar nenhuma dúvida sobre ele.

Ao nos aproximarmos de Chico Xavier contando o que havia se passado, como disse acima, de ter perdido uma filha, ele me falou:

"Ah! meu filho, para obter as comunicações é muito difícil, o telefone não toca toda hora para mim" e, prosseguindo na conversa, no meio desse diálogo, perguntou-me: “Você conheceu Isaltino Dias Moreira, de Juiz de Fora?”.

Eu fiquei surpreso, pois Isaltino Dias Moreira, tratava-se de meu sogro desencarnado há 18 anos. Chico continuou. "Ele está presente; mas, não foram quatro meninas que desencarnaram juntas?"

Minha esposa já estava emocionada com o esclarecimento da presença de seu pai, quando Chico falou das quatro meninas; a emoção tornou-se mais forte e Luzia desatou a chorar.

Estava ali confirmada mais uma vez a lisura da mediunidade de Chico Xavier. E prolongando-se a conversa, ainda nos disse: "fiquem aí de lado que daqui a pouco vou conversar com vocês".

Qual não foi nossa surpresa instantes depois, quando procurava no seu pequeno salão, por minha senhora, para dizer-lhe: "a sua filha mais velha chamava-se Tereza Cristina? era professora?" Mais aumentou a emoção de minha esposa e a minha. Continuando dizia: "ela está aqui presente, foi trazida pelas mãos de seu pai Isaltino Dias Moreira, segundo me diz Emmanuel ao ouvido. Vocês aguardem aí, poderão obter o que desejam. Vamos aguardar." E nós esperamos.

Nesse primeiro encontro, após o que nos havia acontecido, no momento da psicografia de Chico Xavier, recebíamos a primeira mensagem de Tereza Cristina, surpreendendo-nos, ainda mas, com as citações de nomes e fatos por nós conhecidos.

Aparte da Luzia, minha esposa.

Como vim conhecer Chico.

Conversando com uma vizinha sobre nossos problemas, deu-me um jornal, a Folha Espírita, de São Paulo, que trazia uma mensagem de uma moça desencarnada no incêndio do Joelma, em São Paulo; li e fiquei com vontade desesperadora de conhecer Chico, e desejosa de receber uma mensagem de minhas filhas.

Pedi ao meu marido que me levasse a conhecê-lo. Eu não aceitava aquelas mortes de maneira nenhuma. De ver assim de repente acabar meu lar, minhas filhas. Tudo de impacto. Foi terrível.

Quando cheguei e fiquei conhecendo o Chico, achei que podia conversar, contar minha vida, lastimar-me; mas, falei três ou quatro palavrinhas, e ele respondeu-me com três palavras. Não precisou dizer mais nada. A partir daquele instante me tornei espírita. Até hoje e para sempre.

Se tenho alegria de viver, agradeço ao Chico.

 Voltando ao meu testemunho, tenho a dizer, ainda, que na minha juventude houve um fato bem positivo. Freqüentava as dependências da velha Casa Espírita, à Rua do Sampaio, quando Calíope Braga de Miranda, dona Zuzu, que dirigia essa Casa fez um convite a Chico Xavier para visitar a Instituição, o qual foi aceito.

No dia marcado, uma multidão de pessoas o aguardava. Já nessa ocasião Chico para mim marcara sua humildade. Tenho-o na lembrança desde aquele momento, confundido na multidão, simplesmente vestido, com sua calça de brim amarela, camisa listrada e botinas. Chico ficava despercebido para muitos, ele que era o participante principal daquela comemoração.

Ao iniciar-se a sessão, a presidente da Casa notou a ausência de Chico ao redor da mesa. Perguntava: "Cadê o Chico, onde esta o Chico". Estava sentado no meio do povo. Chamaram-no para que se assentasse à mesa.

Nessa época eu começava na União Mocidade Espírita, da Casa Espírita, pois sou espírita nato. Meu pai, José Militão, freqüentou alguns trabalhos em que Chico participava.

O primeiro impacto de importância que tive no Espiritismo, foi, o que marcou-me profundamente, saber que Chico conversava com os espíritos. Tomei conhecimento dessa belíssima existência de mediunidade. Desde esse tempo interessei-me muito em conhecer melhor o Chico e aprofundar-me no estudo da Doutrina Espírita.

Falar sobre Chico é bem difícil; ele é um missionário do mundo espiritual. É um ser que simboliza o bálsamo que nos chega ao coração.

Ameniza nossos sofrimentos, traz-nos a paz, a concórdia e o amor. Chico representa para nós muito daquilo que precisamos. Proteção Divina, que através de suas mãos angelicais, fecham o elo na comunicação do mundo espiritual para com o mundo terrestre. Representa muito em nossas vidas.

Sua figura influenciou-me demais, posso me considerar hoje um homem mais desprendido das coisas supérfluas materiais. Procuro desenvolver-me dentro dos ensinamentos evangélicos, naquilo que se propor Jesus à humanidade. Espelho-me em Chico, nos seus exemplos de amor e trabalho, e procuro fazer o melhor que meu coração possa ofertar.

Repito e com muita convicção. Era espírita, criado por pais espíritas, mas, depois da convivência mais adulta e lendo os livros psicografados por Chico Xavier, interessei-me ainda mais pela Doutrina Espírita, com os presentes trazidos como ensinamentos por Emmanuel, Maria bolores, André Luiz e tantos outros mestres espirituais.

Neste ano em que a luz dos 50 anos dessa mediunidade nos mostrou os 50 anos de sacrifícios, que tudo abandonou para dedicar-se ao seu semelhante, abdicando aos confortos e prazeres que a vida nos proporciona, serviu sua Doutrina, serviu a Jesus.

Chico Xavier, nós temos orado em seu favor, pedindo ao Cristo que prorrogue o seu mandato de vivência aqui na Terra, porque ainda necessitamos muito de sua presença. pois sua missão de minorar o sofrimento daqueles que o procuram ainda é grande.

Nós te agradecemos do fundo dos nossos corações Francisco Cândido Xavier, os 50 anos de sua mediunidade através de suas mãos aveludadas pelo Mestre Jesus.

Que me desculpem os leitores se procuro trazer um pouco mais do meu testemunho de carinho a essa alma querida, em vários encontros e não mais em busca de mensagens de minhas filhas, mas para beijar-lhe as mãos, reabastecer-me com seus fluidos positivos que me fazem bem ao coração.

A bem pouco tempo fui a Uberaba e presenciei importante.

Uma senhora chegou com uma criança que chorava muito. Chico se encontrava na sala das receitas e a senhora dizia que não sairia do recinto sem falar com Chico, pois não agüentava mais o choro da criança, que chorava dia e noite, sem parar.

Quando Chico saiu do receituário, a primeira pessoa a quem falou foi com essa senhora. Trazia uma orientação de Emmanuel; que levasse a criança a São Paulo e procurasse o médico que estava com o seu nome escrito no bilhete. Aquela criança tinha o céu de sua boca aberto e aquele médico tinha condições de operá-la.

A mãe ficou muito surpresa, pois não havia falado nada e perguntava como ele sabia se ela não lhe falara nada. Respondeu-lhe que não tinha qualquer conhecimento do caso.

Aquele choro iria continuar por algum tempo; era um problema de carma, mas estava amparada pela espiritualidade, a mãe traz consigo o bálsamo. Por isso ela fora escolhida para a guarida desse espírito.

Noutra ocasião, uma senhora veio de Brasília a pedido de sua filha para uma orientação do Chico.

Havia perdido seu marido há 41 dias, por suicídio. E, no seu desespero, alimentava a idéia de suicidar-se.

Quando essa senhora chegou, não houve tempo para falar com o Chico. No final do trabalho ele psicografou a mensagem e chamou por Maria Cristina, de Brasília. Sua mãe não ligou os fatos, pois estava endereçada à sua filha. Chico leu a mensagem e, para quem fosse, que a procurasse. Nas suas primeiras linhas. essa senhora, a meu lado nada percebera; só depois de um certo detalhe é que ela veio identificá-la, notando que o espírito do seu marido escrevia para sua filha, esclarecendo os fatos que ocorreram.

 

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Gerson Sestini

 

 .... muitos nomes, alguns ressurgiram do passado desconhecido de nós, de nossa terra natal...

 

Quando contei a meu irmão Hilário que seu amigo, Professor Cícero Barbosa Lima, havia dado uma mensagem através do Chico e que eu testemunhara o fato, em Uberaba, ele admirou-se muito. Naquele momento, talvez lhe perpassasse pela mente o desejo que sempre tivera de conhecer Chico pessoalmente. Dois meses após este contato, Hilário desencarnava repentinamente, vítima de um enfarte fulminante, aos 54 anos de vida terrena. Com pouco mais de três meses, ei-lo, em espírito, transmitindo uma mensagem a nossa mãe, em concorrida reunião pública no Grupo Espírita da Prece.

Professor Cícero fora Presidente do Lions Club em Votuporanga, Estado de São Paulo, e desencarnara a 25 de novembro de 1975. Meu irmão era Presidente do Rotary Club Norte em São José do Rio Preto, Estado de São Paulo, na ocasião em que se deu o desenlace, a 30 de março de 1976.

Naquela sexta-feira, 16 de julho, procuramos o Chico, sem pretensão de recebermos mensagem de nosso irmão. Algumas palavras de consolo ou qualquer notícia ser-nos-iam gratificante, principalmente à nossa mãe, Maria Sestini, que se restabelecia de grave enfermidade naqueles dois íntimos anos, recebendo de Chico uma especial atenção em forma de apoio moral e espiritual.

O afluxo de pessoas que chegavam de várias partes do País. talvez por ser o mês de julho coincidente com férias escolares, impossibilitava o atendimento a todos que procuravam falar com o médium. Na extensa fila conheceramos uma senhora que viera de Lião, terra natal de Allan Kardec, e nos empenhamos para que ela chegasse junto ao Chico antes de encerrar-se o atendimento inicial, a fim de cumprimentá-lo. Sem conhecer nosso idioma, tal senhora esforçava-se para dizer que "não queria morrer sem antes abraçar Chico Xavier": Emocionante encontro...

Por volta da primeira hora do dia 17, o médium retornava à sala, depois do receituário. Fazia frio, mas nossa mãe não quisera permanecer no hotel, retornara conosco à reunião como que movida por uma intuição, uma energia maior que lhe renovava as forças para o reencontro com o primogênito através do lápis que, nas mãos de Chico, ganha novas dimensões nesta era da esferográfica.

No profundo silêncio da madrugada, saudosos corações palpitavam ansiosos. Eram mães, cônjuges e parentes de entes queridos que partiram para o Além, mas que ficam retidos em nossos campos mentais e emocionais, o que, muitas vezes, ocasiona desespero, quando inconformados permanecem os que ainda nesta vida física têm tarefas a realizar. A tão almejada mensagem iniciara-se. O canal mediúnico fora ligado "de lá para cá", como sempre afirma nosso querido Chico, e o comunicante era a incógnita, a resultante de inúmeras variáveis daquela reunião. Escoou-se uma hora, lentamente. Sobre a mesa acumulara-se quase uma centena de laudas quando o médium parou de escrever.

A mensagem inicial viera assinada por Bezerra de Menezes. que analisava nossas forças mentais, reportando-se, indiretamente, aos fenômenos produzidos por Uri Geller através da televisão brasileira.

Depois, ante a expectativa geral, a voz serena du médium declinou nossos nomes, constantes na saudação inicial, e a emoção do reencontro tomou conta de nós. Mal podíamos ouvir, impossibilitados que estávamos de maior aproximação da mesa.

Entre as frases que procurávamos assimilar, destacamos este trecho: "Comunico-me na forma do viajor que está vivendo o inesperado. Não entendo meu novo clima com muita segurança mas sei, com raciocínios lógicos, que estou vivo, e isto, agora, é tudo para mim. A morte é uma sombra. uma espécie de barreira que a verdade com Jesus nos ensinará a derribar pouco a pouco".

Francisco Cândido Xavier é o mais fiel instrumento que conhecemos em nosso tempo para que a sombra, a barreira da morte física comece a diluir-se diante da humanidade, ainda atônita e perplexa em em face de esse fenômeno natural, esta humanidade presa aos dogmatismos religiosos e científicos dos séculos. Ele figura entre os precursores de uma nova era para o homem, pois, como o homem que vive o Evangelho de Jesus, encarna para nós o modelo do habitante terrestre dos futuros milênios. Seus 50 anos de atividades mediúnicas, ligadas à Espiritualidade Maior enriqueceram nosso patrimônio filosófico, científico e religioso, descortinando de maneira objetiva o mundo espiritual e ampliando as bases da Codificação Espírita.

Conheci-o quando eu era bem jovem, numa tranqüila tarde. no momento em que se encerrava o expediente da Fazenda Modelo, onde ele trabalhava, em Pedro Leopoldo. Foi precisamente no dia 02 de julho de 1954. Naquela época ele era mais gordo, fisicamente mais forte, e sua jovialidade me encantou. Por mais que eu o quisesse imaginar antecipadamente, a impressão que me causou foi profunda, despertando-me sentimentos nobres e o senso de responsabilidade para com meus futuros anos de labor espírita. Posteriormente, quando se mudou para Uberaba, ficou mais fácil revê-lo, o que se deu muitas vezes, pois, residindo com minha família em São José do Rio Preto, onde eu cursava faculdade, as distâncias encurtaram-se.

Desde o tempo em que conheci o Chico, embora nunca tivesse privado em sua intimidade, testemunhei fatos irretorquíveis referentes a nomes, datas e locais citados através da psicografia ou oralmente.

Por volta do mês de julho de 1961, assisti a uma comunicação dada pelo espírito de um jovem, dirigida a seus familiares, residentes em Ponta Grossa, Paraná, presentes na Comunhão Espírita Cristã. Vivera um pungente drama que, segundo se afirmava, o Chico não tivera conhecimento antes da mensagem. O rapaz fora morto acidentalmente por um seu amigo no jardim de sua casa, vítima de um disparo de revólver, justamente na festa de seu aniversário. Depois de detalhar seus últimos momentos no corpo que se extinguia, em linguagem vívida, rogava ainda à sua mãe e aos parentes, que procurassem o amigo que lhe fora o instrumento de separação, e o consolassem também, pois este alimentava idéia de suicídio. Toda uma ala daquela pequena sala de reuniões entrou em convulsivo pranto; a prova da sobrevivência chegava aos corações doloridos confortando-os e reanimando-os, além de trazer um importante pedido: o perdão e a reconciliação para com o inesquecível amigo.

Quanto à mensagem de meu irmão Hilário, tivemos a confirmação de que, nas dimensões do além-túmulo, o tempo pode retroagir e o ambiente etérico do passado tornar-se uma realidade, pois ele reviu-se menino, por contingências próprias ao seu espírito, no Rio Preto da década de 20, recebido e amparado por entidades que lá viveram, cercado por construções, tais quais eram naquele tempo. Muitos nomes, alguns desconhecidos de nós, ressurgiram do passado de nossa terra natal. Por felicidade. possuímos em casa um volumoso e raro trabalho, amplamente ilustrado, obra de valorosos pioneiros da época, intitulado "álbum da Comarca de Rio Preto", datado de 1929. Nele encontramos as referências feitas na mensagem, com exatidão, um verdadeiro levantamento histórico daquilo que continua sendo o presente. Chico nos disse depois que as cidades têm expansões etéricas no futuro, e lá vivem aqueles que alcançaram maior evolução global. E assim deve ser nas dimensões do Mundo Espiritual, caso contrário, como se explicaria as precognições tão amplamente constatadas?

Muitas lições e muita beleza o Chico nos mostra com sua simplicidade, singeleza e humildade. Sua presença entre nós suscita-nos a esperança de um mundo melhor, ânimo para continuarmos batalhando pelos ideais superiores, mesmo quando tudo nos pareça adverso. Junto a ele, com o exemplo de irmão espiritualmente mais velho, nos sentimos seguros, com um lugar ao Sol na Seara do Cristo, dentro de nossas ainda inexpressivas tarefas individuais - amparados pelo Amor Divino em busca da tão almejada felicidade integral, apanágio de cada um de nós.

 

 

 

 

 

Leila Sahb Inácio da Silva

 

...um espírito profundamente bondoso, inteligente e evangelizado...

 

Numa terça-feira. 19 de fevereiro de 1974. Meu filho Izidio foi acidentado. Seu companheiro mais conhecido por Zé da Brahma faleceu no local e Izidio desencarnou depois de coma de seis dias.

A morte prematura ele Izidio deixou-nos todos desolados e só quem já passou por uma experiência dessa pode avaliar o tamanho e o grau da dor que  marcou o coração.

Meu marido, homem alegre e trabalhador, excessivamente apegado ao filho caiu num estado de desanimo e tristeza que passou a preocupar seriamente todos da família.

Recebemos continuamente de amigos e dedicados religiosos de várias Igrejas os mais carinhosos testemunhos de apoio moral e espiritual, mas a situação era a mesma.

Espíritas amigos deram-nos vários livros para ler e o consolo mais valioso que encontramos foi no Capítulo quinto (V) de “O Evangelho Segundo o Espiritismo que trata de consolo geral a todos os sofrimentos, inclusive os que se referem a perdas de pessoas amadas e as mortes prematuras”.

Fui levada nessa ocasião a um Centro Espírita de Goiânia, a “Irradiação Espírita Cristã”, casa bendita de orações onde não faltou carinho, as atenções e o passe com que todos procuravam nos transmitir o conforto e a ajuda espiritual. E através da orientação da querida presidente D. Maria Antonieta Alessandri Figueredo, comecei a trabalhar nas obras assistenciais do referido Centro. Trabalhos esses que muito me alegra, porque faço em intenção de meu filho.

Em meados de 1974. Francisco Candido Xavier foi trazido a Goiânia pelo querido Deputado Lucio Lincoln de Paiva, onde na Assembléia Legislativa recebeu o titulo de Cidadão Goianiense.. Não conseguimos entrar no recinto da Assembléia devido ao acúmulo de admiradores do Grande Médium. Mas não desanimamos. Sabendo que após as cerimônias ele iria comparecer ao Instituto Araguaia para uma noite de autógrafos, para lá nos dirigimos com o esposo desolado. Enfrentando uma grande fila conseguimos lá pelas duas da madrugada conhecer e falar rapidamente com o bondoso Chico Xavier que nos disse palavras de conforto convidando-nos para irmos a Uberaba. Aproveitamos a oportunidade e demos um retratinho do filho amado para Chico Xavier.

No dia 12 de outubro do mesmo ano fomos a Uberaba e até o momento da mensagem só mantivemos contatos impessoais com Chico Xavier.

A mensagem veio na reunião pública diante do assombro de todos. Foi um conforto imenso para a família triste que nela encontrou a certeza da sobrevivência do Espírito de nosso filho, visto pela sua carta repleta de fatos, referências e informações que não podiam deixar qualquer dúvida sobre a sua espantosa autenticidade.

A mensagem de lzídio foi publicada em vários jornais de Goiânia e por iniciativa também do Professor Múcio de Melo Álvares as palavras de lzídio chegaram a mais de 600 cidades e cerca de um milhão de pessoas, através do seu belíssimo Programa espírita "Luzes do Consolador", que se realiza as terças feiras, no canal 2, TV Anhangüera. Graças a abençoada mediunidade de Chico Xavier, meu filho, ajudado por Espíritos iluminados que assistem ao grande médium. consolou pela Televisão milhares lares e pais e sons palavras de alento e de fé, de confiança em Deus e resignação, de incentivo à mediunidade e de convite à reforma íntima e prática do bem, tiveram imensa repercussão.

Assim que a misericórdia do Alto nós proporcionou a primeira mensagem de nosso filho lzídio não podemos deixar de mencionar o muito que recebermos também no Centro Seareiros do Cristo, através de um Espírito profundamente bondoso, inteligente e evangelizado que se incorpora em nossa amiga Elba de Melo Álvares, num eficiente e maravilhoso tratamento espiritual que se realiza a mais de quatro anos, nas terças e quintas feiras.

Esse Espírito amigo sugeriu-nos oferecer aos que perdiam os entes queridos, juntamente com a mensagem de Izídio, os livros de Allan Kardec e os de Chico Xavier, dentre os quais destacamos "Presença de Chico Xavier", "Entre Duas Vidas", "Relicário de Luz", "Mensagem do Pequeno Morto", e, ultimamente "Jovens no Além" e "Somos Seis".

Recebemos, depois, mais duas mensagens de Izídio, através da Psicografia de Chico Xavier. A segunda no dia 20 de agosto de 1976 e a terceira a 20 de agosto de 1977.

As duas mensagens de Izídio, identificando fatos íntimos notáveis que ocorriam na família, dando notícias de tudo como se ele estivesse presente entre nós, causaram-nos também impactos e assombro.

Eram provas autênticas da imortalidade e de tudo que já estávamos lendo e aprendendo nos livros espíritas.   Encheram-nos os corações de alegria, esperança e incentivo para nos melhorarmos cada vez mais e servirmos ao nosso próximo como se o próximo fosse o nosso filho querido.

Provando a imortalidade da alma, consolando aos que sofrem, orientando aos que erram e mostrando o mesmo caminho que Jesus ensinou aos homens. Há dois mil anos, temos para nós que Chico Xavier trouxe para o mundo um acontecimento muito maior do que a ida do homem à Lua. Sobretudo neste campo das cartas do mundo Espiritual, em que se beneficiam não apenas os mortos vivos do Além porém mais ainda os vivos mortos de saudade do Aquém.

Vale a pena transcrevermos aqui as palavras do médico e pregador espírita de Goiânia Dr. Delfino da Costa Machado, publicadas no Jornal Cinco de Março:

- "Temos visto ali, em Uberaba, no Grupo Espírita da Prece, criaturas a quem faltava só o sepultamento, pois estavam mortas na desolação, que ao final de psicografia, depois de chorarem de emoção, reacenderam na alma a chama da alegria e recuperaram na expressão do rosto as claridades da esperança e da paz. Verdadeiras ressurreições."

Para mim, Chico Xavier e a Doutrina Espírita são as luzes Divinas que nus conduzem às pegadas do Cristo.

Que Deus nosso Pai derrame sobre este querido benfeitor amigo, as suas santas bênçãos por toda a eternidade.

 

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Romeu Grisi

 

...tanto em Pedro Leopoldo, com em Uberaba, Chico espiritualmente continua o mesmo...

 

Devemos ao professor Romeu de Campos Vergal nossa primeira visita a Pedro Leopoldo, cidade onde então residia Chico Xavier. O consagrado orador espírita e ilustre parlamentar, numa de suas idas a São José do Rio Preto, após uma palestra proferida no Centro Espírita Rodrigo Lobato, convidou-nos para integrarmos uma caravana que iria a Pedro Leopoldo. Aderimos ao convite, uma vez que desde a adolescência aspirávamos conhecer o médium - nascidos que tomos em lar espírita:

O Centro Espírita Luiz Gonzaga, tal como o conhecemos na noite de 14 de junho de 1948, era menor que o atual Grupo da Prece da cidade de Uberaba. Algumas paredes não se revestiam de reboco; a mesa e os bancos turcos de madeira não haviam recebido verniz e nenhum acabamento especial; mobiliário rústico e indispensável; um caixote à guisa de biblioteca fixado na parede. Nele se alinhavam várias obras recebidas pelo querido médium, como se elas representando as palhas humildes da manjedoura, encontrassem de novo o pensamento vivo de Jesus a traduzir-se no esforço de seus mensageiros que lhe restauravam o verbo. A humildade de Chico confundia-se com a simplicidade ambiente. Seu amor desvelado derramava paz e alegria em nosso favor. O recinto comportava perfeitamente a assembléia presente. Distante, muito distante nos, encontrávamos do programa Pinga-Fogo, dos meios de comunicação da fase atual. Era o alvorecer de uma nova era.

Retornamos a Pedro Leopoldo, pela segunda vez, no início de julho de 1954. Mamãe havia regressado à vida espiritual, alguns meses antes. Embora a convicção espírita nos fortalecesse o coração e a sentíssemos em nova fase de experiências. um impulso espiritual nos impelia a buscar o médium. fomos para abraçá-lo, pois conhecíamos a força do seu amor. Havíamos, no intervalo que medeia nossas duas viagens, trocado várias cartas, porém, desde o desencarne de mamãe nada havíamos escrito. Não buscávamos provas, pois nenhuma dúvida nos atormentava quanto aos problemas da imortalidade e comunicabilidade dos espíritos, mas há momentos que necessitamos do auxilio maior junto aos corações amigos. Chico conversou conosco mais de uma hora, antes de concentrar-se, narrando-nos com detalhes impressionantes tudo o que se relacionava com a doença de nossa mãe, os dias que esteve hospitalizada após a cirurgia, nossas preces e o intercâmbio de espíritos familiares e Benfeitores de nosso grupo com a equipe de Pedro Leopoldo.

Após dado momento, Chico nos diz:: "Vocês conhecem o espírito Romeu de Angelis?"

- Conhecemos, respondemos nós. É o Guia de nossa mãe. Prosseguindo, Chico torna a dizer: "Numa noite em que me encontrava psicografando, uns oito dias antes do desencarne de Dona Elvira, apareceu-me, pedindo socorro, o espírito Romeu de Angelis, que me relatou tudo o que estava se passando com aquela irmã, internada no Hospital Santa Catarina, em São Paulo. Assim, uma equipe de socorristas, comandada pelo espírito André Luiz, foi àquele local, dando-lhe assistência necessária até o seu desencarne."

 

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Como se observa, Chico nada sabia a respeito do que vinha acontecendo com nossa mãe, uma vez que, como dissemos acima, nada havíamos escrito nesse sentido. Para relatar-lhe essa ocorrência, funcionou o Correio da Espiritualidade, através do seu mensageiro, o espírito Romeu de Angelis, dando, desse modo, o grande médium, mais uma prova do grande poder de penetração no campo maior da espiritualidade.

Pelo que foi narrado, guardávamos a impressão de que Chico estivera conosco todos aqueles dias de sofrimento, proporcionando ao fato novas e surpreendentes dimensões, haja visto a mensagem recebida e inserida mais tarde no livro "ENTRE DUAS VIDAS", CAPÍTULO 19, intitulado "ESPOSA E MÃE".

A influência que a carta de mamãe e os contactos com o Chico exerceram em nossas vidas, são indescritíveis. A mediunidade de Chico aliada à sua bondade e sabedoria, encanta as criaturas.

Ao fixar residência em Uberaba, desde 1959, temos visitado o amigo periodicamente. Assim como fomos guiados pelo ilustre professor Romeu de Campos Vergal, procuramos, na medida do possível, retribuir essa gentileza, servindo de ponto de contacto, junto ao Chico, a centenas de pessoas residentes em Votuporanga e região.

Certa feita, em Uberaba, o confrade Farid Mussi, de São José do Rio Preto (SP), encontrava-se na fila, no "Centro Comunhão Espírita Cristã", esperando a sua vez. E, quando esta chegou, Chico disse-lhe: "Encontra-se ao seu lado uma entidade que deseja agradecer-lhe os favores recebidos através de uma prece. Diz ela chamar-se Maura de Araujo Javarini, tendo vivido e desencarnado em São José do Rio Preto (SP), em 1932." No momento, o senhor Farid não se lembrou de ter prestado qualquer auxílio que merecesse tal agradecimento. No dia seguinte, o senhor Farid rememorando essa ocorrência, veio-lhe à lembrança de que em tempos idos, passando por uma padaria. situada nas proximidades do TATWA-Circulo Esotérico da Comunhão do Pensamento, em São José do Rio Preto, teve notícia de que a esposa do padeiro se suicidara. Nessa ocasião, não era espírita, mas sim secretário do referido TATWA, e condoído da infelicidade dessa senhora, tirou do bolso um caderninho de notações e nele anotou o nome de Maura de Araujo Javarini, dirigindo-se ao Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, uma vez que a reunião da noite estava prestes a se realizar.

Tanto em Pedro Leopoldo, como em Uberaba, Chico, espiritualmente continua o mesmo, atendendo a todos com o mesmo carinho e amor, muito embora, a cena panorâmica ser bem diferente da do Centro Espírita "Luiz Gonzaga", onde o número de pessoas era diminuto.

Para terminar, é oportuno relatar que a comunidade espírita votuporanguense muito recebeu e muito vem recebendo através das mãos abençoadas do Chico: mensagens e mais mensagens comprobatórias e insofismáveis da imortalidade da alma, de amigos, parentes e diretores do "Centro Espírita Emmanuel". Dentre elas convém destacar as recebidas de Lidai Benini, Hilário Sestini, professor Cícero Barbosa Lima Jr., Doutor Orlando Van Erven Filho e Carlos Alberto Andrade Santoro.

Quanto à mensagem do professor Cícero Barbosa Lima Jr., destaca-se uma ocorrência, não inserida no seu contexto, que nos pareceu, no momento, sem sentido. Na tarde em que se deu a mensagem, no Centro Espírita da Prece, em Uberaba, Dona Chamena, viúva do referido professor, foi interpelada por Chico: "A senhora se lembra de um educador famoso, cujo nome foi dado à escola de comércio, dirigida pelo professor Cícero?" Não, respondeu Dona Chamena. Chico tornou a dizer-lhe: "O espírito presente, desse educador, cuja identidade ele não quer revelar, insiste em dizer sim."

Passados muitos dias, numa palestra entre confrades, vindo à tona esse acontecimento, antigos alunos e professores daquela escola, revelaram que antes de ser "Escola de Comércio Cruzeiro do Sul", dito estabelecimento de ensino tivera a denominação de "Escola Comercial Horácio Berlinck", como homenagem prestada, pelos fundadores ao emérito educador, membro da Fundação "Álvares Penteado" de São Paulo.

Ante tantas revelações de sobrevivência do espírito, provada de uma maneira exaustiva e sempre surpreendente, podemos repetir com Chico: "A VIDA É FATAL".

 

 

Isabel Bittencourt de Souza

 

... coração de infinitos raios de amor...

 

Vovó, espírita convicta, residindo em Caratinga, e com muita vontade que mamãe pudesse estudar, matriculou-a na Escola Normal Nossa Senhora Auxiliadora, na cidade de Ponte Nova, onde mamãe ficou interna desde a infância até a idade adulta. Portanto, todo ensinamento e base religiosa de mamãe foi católica.

Mamãe casou-se e após sete anos perdeu seu primeiro filho, João Campos Bittencourt. Nesse passamento recebeu seu primeiro livro espírita das mãos do poeta Vallado Rosas que fazia parte do grupo Espírita familiar, juntamente com titia Adelaide Coutinho, conhecida mais por Dadá. Nessa época era muito difícil falar em Doutrina Espírita.

Ainda de convicção católica e em Caratinga, perdeu mais um filho, Antônio Bittencourt (Tonico).

Em 1930 a família mudou-se para o Rio de Janeiro, quando conheceu Aura Celeste, fundadora do Asilo Espírita João Evangelista.

Dessa época em diante mamãe abraçou o Espiritismo como sua Doutrina, com muito entusiasmo.

Em 1 de maio de 1943, passou-se a desencarnação de minha irmã Agar, médica. Apesar de seguidores da Doutrina, não contínhamos as lágrimas da saudade.

Em setembro desse mesmo ano, dentro do nosso relacionamento comum, conhecemos o Sr. Manoel Quintão, então Presidente da Federação Espírita Brasileira, por intermédio de minha cunhada, Eunice Quintão Rangel Bittencourt, sua sobrinha. Para nossa felicidade, em uma das costumeiras visitas que Chico fazia ao Sr. Manoel Quintão, viemos a conhecê-lo. Isto em 19.9.1943 e, nesse mesmo encontro, ampliou-se nossa felicidade, pois recebíamos a primeira mensagem de Agar.

O tempo passava e Maria Aparecida, outra irmã, também médica, vem através de desencarnação por acidente automobilístico, enfeixar uma vez mais a tristeza em nosso lar. Isto em 16.1.1951.

O importante, que Chico telefona para nossa família para nos consolar e mediunizado, Agar por seu intermédio falou diretamente com mamãe, confortando e consolando-a, dizendo-lhe que Maria Aparecida partira com acervo espiritual muito grande.

Em certa ocasião, numa confirmação pura de sua mediunidade, Chico nos surpreende com um recado de Maria Aparecida, que estava presente dizendo que: "A pulseira que sua madrinha Adelaide Pinto Duarte lhe dera por ocasião de suas núpcias, perdera-se no acidente".

Como sabíamos desse seu presente, após sua desencarnação a família procurou-o, não o encontrando.

Aconteceu o passamento do meu quinto irmão, Antônio Ildefonso Bittencourt Filho, jornalista. Mamãe nesse dia estava em Pedro Leopoldo e, antes que qualquer contato fosse feito, Chico tomou conhecimento por seus amigos espirituais logo que ocorreu o acidente automobilístico em 5.3.1953. Não sabia curro falar à mamãe.

 

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Quando começou a dizer "Dona Esmeralda, houve um acidente, o Antônio...", não precisou dizer mais nada,  mamãe percebeu o que acontecera e imediatamente voltou ao Rio.

Os queridos leitores poderão notar que Chico apresentou-se em nossa vida da maneira mais benéfica que se possa imaginar. As mensagens e os recados dos amigos espirituais e dos familiares, são inúmeros, haja visto que mamãe, devotada e agradecida, compilou juntamente com Ismael Gomes Braga, que atuou em suas diagramações, os quatro livros, Relicário de Luz, Dicionário da Alma, Cartas do Coração e Nosso Livro, onde muitas mensagens ali estão impressas.

Ninguém que convive com Chico pode deixar de se impressionar com sua bondade e com suas alegrias em amparar as criaturas humanas.

Coisas lindas pude observar ao lado de Chico; por volta de 1956, estávamos na sua residência e, como sempre, fazíamos as reuniões à noite. Havia um grupo de confrades de Belo Horizonte. Feita a prece, percebíamos que as pessoas dessa cidade traziam retratos de amigos desencarnados e Sheilla aplicava substância fluorescente nesses retratos. Mamãe pesarosa dizia: "Que pena, não trouxe os retratos das meninas."

Sheilla, captando seus pensamentos, falou:

"Que pena, não Esmeralda!

Quando mamãe menos esperava, em seu colo estavam os retratos de Meimei, Agar e Maria Aparecida.

Cabe aqui um pequeno esclarecimento.

Mamãe estava com esses retratos trancados em seu armário, deixando a chave com minha irmã Maria Auxiliadora, com medo das crianças tirarem ou mexerem no seu caminho de relíquias.

Em Pedro Leopoldo ainda, o Antônio meu segundo irmão desencarnado, apareceu ao Chico e trouxe seu recado simples de criança, no qual perguntava à mamãe:

"A senhora lembra-se daquele roseiral tão lindo, que papai plantou para nós em Caratinga? Pois é, nós estamos também preparando um para a senhora quando voltar e encontrar-se conosco aqui."

 Realmente, em nossa casa em Caratinga havia um roseiral em forma de túnel, trabalhado por papai, que saia da porta de nossa cozinha, atravessava todo o terreno e terminava na beira do rio. Formava um caminho florido, deixando muito alegre o ambiente em casa.

Ainda uma vez em suas reuniões, Chico viu "papai grande", meu bisavô, que ganhou esse apelido por ser um homenzarrão.

Apareceu a Chico como em vida.

Por problema físico, pois estava com cirrose hepática, via-se obrigado a escrever sentado em uma cadeira de braços, apoiado sobre uma taboa colocada transversalmente sobre a cadeira, e despachava seus serviços.

 

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Pois foi exatamente assim que trouxe seu recado, para mamãe, pedindo ao Chico que o lesse:

"Deus te abençoe minha neta".

O importante neste recado é que ele escreveu-o diretamente na taboa e, quando meu bisavô falecera, mamãe contava apenas cinco anos de idade, era a única lembrança que tinha dele.

Certa época, voltando de Pedro Leopoldo a Belo Horizonte no trenzinho que fazia a ligação, Chico gentilmente nos acompanhou e, em dado momento, disse-me que tinha um recado de Vallado Rosas. Pediu-me um pedaço de papel. Não tínhamos.

Levava algumas laranjas embrulhadas em papel jornal, e nesse papel é que foi feita sua mensagem.

Na noite de 17.7.48, recebemos onze mensagens de parentes e amigos espirituais tais como:

Adelaide Coutinho, tia, João Coutinho, tio, Jurandir Campos, primo, Casimiro Cunha, amigo, Bibita (apelido) tia, Vallado Rosas, amigo, Zizinha, bisavó, João Ildefonso, tio-avô, Nicandro Campos, tio, Silos, tabelião em Caratinga, amigo, Mariquinhas, amiga, e, fechando essa reunião, Emmanuel trouxe a mensagem que muitos já conhecem, "Oração Dominical", publicada em livros e folhetos.

A autenticidade dessas mensagens, é que todas estão com letras e assinaturas diferentes. Com todas essas mensagens, foi preenchido na sua totalidade um bloco de papel pautado.

Portanto amados leitores, se fôssemos descrever aqui tudo o que recebemos desse abnegado coração de infinitos raios de amor, daria um livro à parte.

Chico apontou um roteiro de luz em minha vida e me fez assumir responsabilidades ante à divulgação da Doutrina Espírita.

Devemos nos conscientizar de que Chico é um missionário e feliz é o Brasil de ter sido berço de um espírito de seu valor. Nas comemorações dos 50 anos de atividades mediúnicas de Chico Xavier, rogo a Deus conceder ao querido médium suas bênçãos de paz e amor, multiplicando-lhe as alegrias e consolações que nos permitiu receberem tantos anos de devotamento ao Bem.

A seguir, com permissão dos queridos leitores, publicarei a primeira mensagem de minha irmã Altar e umas trovas de meu tio João Coutinho.

 

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O véu branco que se vê sobre a cabeça, é a substância luminosa

com que Scheilla presenteou D. Esmeralda Bittencourt.

 

Carta de Agar

 

Mamãe muito querida, abençoe-me.

Guarde sua filha nos braços e no coração, como noutros tempos. Não se recorda?

A noite vinha com a paz envolvente das sombras e o seu colo amenizava meus receios.

Agora, mamãe, mais que nunca preciso de sua coragem. Enquanto a criança transita nos prados verdes, não importam as quedas sem importância. Os tropeços ensinam a andar. Mas... quando aparecem abismos, quando surge a ameaça dos monstros o coração maternal chama a criança ao mais íntimo do seio. Esta dor de hoje, mamãe, é um sofrimento assim, que necessitamos atravessar muito unidas, para que as angústias se atenuem nas nossas almas.

Presentemente seus olhos afetuosos irão poderiam lobrigar senão a filha devotada, ativa, dedicada do dever, entretanto, trinta e três anos, constituem espaço de tempo excessivamente curto, em face dos muitos séculos que se desdobram no caminho da vida.

Acreditei demasiadamte em minhas forças e cai no grande despenhadeiro. O passado fez-se ouvir lá, no silencio profundo de meu coração, que desejava crer e viver, servir e sentir, o nosso adversário venceu, compelindo-me a perdas amargurosas. Mas Deus, mamãe, e o Senhor da Justiça impoluta. Os homens julgam, Deus ama. No mundo opiniões escabrosas que ferem o espírito mais que o aço contundente, todavia, no plano eterno, encontramos a bondade sublime do Criador. Há sempre, na Terra quem saiba maldizer e raros que se dispõem a ensinar e a servir com Jesus. Compreendeu-se a diferença, mamãe? Encontro-me, pois, numa fase nova de serviços redentores. Façamos o possível por não recordar a extensão das sombras. Aceitamos o dia novo.

Ah! Quanto venho lutando por arrebatá-lo aos sentimentos negativos de tristezas e derrotas espirituais. Com que angustia despejei o meu vaso de lagrimas no seu coração amoroso nos primeiros dias do doloroso despertar! No entanto, agora, sei que posso contar com seu entendimento de todos os dias. Não estou em círculos infernais; fui conduzida ao serviço ativo. Minha queda amargosa recebeu do Pai, a benção de novo ensejo de trabalho regenerador. E desdobro-me por alcançar novas oportunidades de compreender e servir a Jesus.

Sei, mamãe, quando lhe custou a nossa separação, meu gesto rude demais, entretanto, nunca suponha que eu pudesse cometer ingratidão para com seu desvelado amor. Fiz tudo, mamãe, por vencer o inimigo das sombras e deveria ter ainda mais, por anular-lhe a influenciação inferior. E seu coração carinhoso pode avaliar com que as lagrimas venho levando o remorso de não ter pensado mais. Entretanto, façamos de conta que regressamos ao passado. Sou ainda sua filhinha e peça-lhe, com lagrimas, que me ajude e perdoe. Quero resgatar minha falta no trabalho persistente sem repouso. Auxilie-me com sua força, confiando em Deus. Lembre, mamãe, aquela Virgem Santíssima, que também foi mãe de um Filho Divino que expirou na Cruz. E ele era puro e santo por excelência, e eu, a pecadora endividada de outras encarnações. Com  o seu perfeito equilíbrio espiritual vou conseguir cada vez mais, nos trabalhos diferentes a que me vou consagrando, ao lado de nossa irmã Olímpia. Tenhamos coragem. Jesus não nega oportunidades santas aos que recorrem a Ele de boa vontade. E eu recorri de todo o meu coração. Reconheço que errei, mamãe, dando ouvido as forças destruidoras, que me aniquilaram muitas esperanças e envenenaram o ambiente de nossa casa feliz; todavia, também sei que sua alma generosa me perdoou aquelas setenta vezes sete vezes. Mas tarde saberá tudo.

Agora, preocupemo-nos com o trabalho salvador. Ei de ajudá-la na restauração de suas forças orgânicas.

Seja alegre e otimista, não percamos fé no Poder de Jesus. As nuvens são fenômenos atmosféricos simplesmente. A realidade está no infinito dos céus, onde a luz do Senhor nos abençoará para sempre. Vamos juntas ao trabalho no bem de nossos semelhantes. E unida consigo cada vez mais, elevo ao Pai de Infinita Bondade o meu cântico de agradecimento e fé. Tudo no mundo é expressão transitória. Aproveite pois, mamãe, a dar como benção.

No planeta, quase toda a alegria é perigosa, talvez por isso mesmo, o Pastor Divino preferiu conduzir as ovelhas pela porta da cruz. E você, minha querida Bibi?

Não se esqueça que sua Dina esta mais ativa do que nunca. Console mamãe, não a deixa entristecer. Os sofrimentos dela agravariam minha situação. Estou atualmente em aprendizado mais belo e preciso ampara-me em todos vocês.

Agradeço seu devotamento, minha querida irmã, e espero que continue sempre dedicada a felicidade de nossos pais, fazendo o que me não foi possível fazer.

E agora, mamãe, aqui encerro minha noticia escrita com o coração, pedindo-lhe a Deus abençoe a senhora e ao papai, concedendo-lhe muita paz e muita energia na luta. Não desdenhamos o Calvário que o destino nos reservou e que minhas fraquezas agravaram. Dia virá em que as pedras estarão convertidas em pão, os espinhos em flores e a cruzes em caminhos redentores da eternidade.

A noite passou. Vamos a um novo dia e nunca esqueça de abençoar a filha do seu coração e sempre sua.

Agar

 

Notícias Fraternas

 

Zita querida irmã, que Deus te ajude

A conservar a lâmpada da crença,

Concedendo-te a luz por recompensa,

Nas estradas dá prova ingrata e rude.

 

Arrebatou a morte inesperada!

Para sofrer-lhe o golpe para vela

Bastou-me a dor junto ao Café da Estrela

Que me impeliu a vida renovada...

 

Esperava-me laços prediletos,

Entretanto, apesar dos novos brilhos,

Sinto a amarga distancia de meus filhos

E a saudade de todos os afetos.

 

Lembro, além de meus velhos desenganos,

Nossos dias floridos e tranqüilos,

As palestras do Lázaro e do Silos,

Em nossa Caratinga de outros anos!...

 

E seguindo-te as lagrimas e as dores,

Rogo ao Mestre do Amor te siga os passos,

Suprimindo-te a sombra nos cansaços

De teus padecimentos remissores.

 

Não temas! Atravessa os temporais!...

Em seguida ao caminho doloroso,

Encontrarás o Ninho de Repouso,

Na luz do Céu que não se apaga mais!...

 

 

No depoimento de D. Isabel Bittencourt de Souza (D. Bibi, na intimidade), transpareceu-nos a situação cármica de sua mãe. Tem-se, que sua passagem nas vidas anteriores, D. Esmeralda e seus filhos tiveram grande influência na fatídica noite de São Bartolomeu.

No Reformador de novembro de 1975, reportagem completa, inclusive com mensagem de Emmanuel à D. Esmeralda Bittencourt, esclarecendo-a de sua situação no passado.

Francisco Cândido Xavier, ligado ao seu problema, esclarece a D. Bibi, através de carta endereçada, quando de sua estada na França, Paris.

Abaixo transcreveremos trecho dessa carta, que também está inserido no Reformador de novembro de 1975.

 

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...Hoje, escrevo a você com a emoção que você pode imaginar, pois, alguns poucos dias antes da partida do nosso Antônio, Dona Esmeralda e eu nos achávamos em reunião íntimas em nossa casa, junto à casa de Luiza, quando, finalizadas as nossas preces e encerrada a reunião, comentamos as lutas que haviam ficado no mundo, depois da perseguição aos nossos irmãos das igrejas evangélicas na França de Catarina de Médicis... Dona Esmeralda e eu comentávamos os vários aspectos das provações a que me referi, quando ela solicitou que eu perguntasse a Agar, então presente, se eu. Chico, estava também no círculo de provas por motivo da perseguição aludida, ao que ela respondeu:

- Sim, mamãe, de algum modo, embora indiretamente... Dona Esmeralda, estão, indagou em voz alta:

- Minha filha, quando terminarão essas provas?

Agar respondeu, com palavras de que não me lembro, afirmando que, quando ela, D. Esmeralda e eu nos encontrássemos de novo, num 24 de agosto, em uma oração no Palácio do Louvre, isso seria o sinal de que as nossas provações (naturalmente, pelo menos quanto a mim, que reconheço ser uma alma infinitamente devedora perante as Leis de Deus, somente as provações que se referem à perseguição de São Bartolomeu) estariam terminadas. Agar sorriu e despediu-se. D. Esmeralda e eu encerramos a conversação com bom humor e alegria, e concordamos em que, com certeza, isso se verificaria quando nós ambos, ela e eu, estivéssemos no Mundo Espiritual. Passou o tempo, e a palestra, como tantas, ticou aparentemente esquecida. Pois hoje, Bibi, eu que nunca imaginei poder vir a Paris e demorar-me aqui, entre nossos irmãos franceses, estive no Louvre (hoje, grande museu) e, em prece rápida, pude ver Dona Esmeralda com Dona Isabel Cintra e outras afeições. Ela estava de fisionomia tranqüila e feliz, e, com lágrimas que não chegaram dos olhos, apenas me disse: "Chico, meu filho, Deus te abençoe". O movimento no Louvre é muito grande e a visão com as preces foram ligeiras. Mas, você pode avaliar a minha emoção escrevendo a você, agora à noite, no hotel, como não podia deixar de fazê-lo, pois você é o coração capaz de compreender a beleza do acontecido.

Esta a interessante carta remetida da Rue Bonaparte, 49 - Paris.

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Neumis Souza da Silva

 

... Deus nos deu essa dádiva da maternidade, que é dar luz à vida e não apagá-la ...

 

André Luiz, meu filho, cursava a Fundação Educacional Souza Marques, no segundo ano de medicina, quando deu-se o seu passamento, vitimado por aneurisma cerebral, que levou-me a grande desespero e descontrole.

Dézinho, seu apelido familiar, possuía várias medalhas de esportista, da escola, gozava de plena e perfeita saúde. Não compreendia como podia ter acontecido.

Devido ao meu estado, procurei um psiquiatra, achando que poderia resolver minha situação; fui aconselhada por ele; que procurasse sair de minha casa à procura de serviços no campo da ajuda mútua, da caridade cristã.

Incentivada, entrei em contato com Alcina Barcelos, amiga muito querida que me aconselhou procurar o Grupo Espírita André Luiz; trabalhei no setor de Assistência Social e, oportunidade, vim a conhecer sua Diretora Dra. Silvia Ferreira da Silva, que, após algum tempo, interpelou-me e preocupada com minha situação e atuação, pois não estava me encontrando nesse trabalho, perguntou-me:

"O que se passa com você?" Aproveitei-me dessa pergunta e indaguei se ela conhecia Chico Xavier e se eu poderia me avistar com ele.

Respondeu-me que sim e que aguardasse com calma, pois levar-me-ia a qualquer momento. Ela desconhecia minha situação. Nada lhe contei. Achou até que fosse um problema familiar.

Quinze dias após, Dra. Silvia procurou-me e se eu estivesse em condições de ir, que me preparasse; Chico estaria em Uberaba naquele fim de semana.

Não tinha conhecimento sequer com Chico e com a Doutrina Espírita. Fiquei aflita em chegar; ansiava muito esse encontro, certa de que poderia receber algumas palavras de conforto.

Em 10.8.1973 íamos ao seu encontro e, para minha surpresa, notei um grande número de pessoas. Pensei, não terei a mínima possibilidade de falar-lhe. Doente, tinha medo de penetrar no meio de toda aquela gente. Fiquei isolada num dos cantos do salão. Chico adentrou pela porta do fundo, que ligava à sua residência. Os que tiveram oportunidade de conhecer a Comunhão Espírita Cristã, irão lembrar.

Não poderia imaginar, ouço Chico chamar-me e pedir ao povo que abrisse um caminho para que eu passasse e dizia: "Gente, por favor deixem a Dona Neumis, passar, ela esta muito doente." Admirei-me, estava a uns quinze metros do Chico, ele nunca me viu, não me conhecia e chamava-me para a frente.! A senhora Carmem Higino dos Reis, que trabalha com o Chico, a qual devemos muito pelo seu carinho, gentilmente levou-me à sua presença.

Fiquei completamente muda; Chico pedia que me acalmasse, abraçando-me, beijou-me com muita ternura, percebi então que começava a me refazer naquele momento. Chico ainda para justificar minha presença, virou-se para uma senhora que não conheço, dizendo: "Ela perdeu seu filho." Outra surpresa, não havia falado nada da desencarnação do meu filho.

Aguardei com os demais o término dos trabalhos e voltei para o meu hotel, com o convite de regressar na manhã seguinte para uma pequena reunião, que costumeiramente Chico fazia com um grupo mais restrito. Dessa reunião voltamos mais confortados.

Em 13.11.1973, recebemos um recado, que veio na mensagem de Paulo Barbosa, conhecido compositor na década de 1930, endereçada à sua esposa Nelita Barbosa, e assim se expressava: "...e dar votos de refazimento do jovem André Luiz, endereçados aos pais queridos aqui presentes, especialmente. André Luiz, o jovem a que me refiro pede aos pais que se refaçam. O aneurisma não foi o fim, exclama ele, rogando a mãezinha para que se acalme e confie em Deus. Ele tem dificuldade para se exprimir como deseja, conquanto já esteja trabalhando. Peça a irmã Neumis fortaleça o filho que não morreu."

Dada à emoção do momento, jorrou pelas minhas narinas grande quantidade de sangue. Refeita, voltei ao hotel.

Em outras viagens, isto é, precisamente em 20.7.1974, sete meses após sua desencarnação e apesar de receber vários recados de André Luiz, desejava profundamente uma mensagem. Que veio com a graça de Deus na data acima.

Nessa mensagem meu filho relata sua desencarnação, seu encontro com o Dr. Alcides de Castro já desencarnado e que fora grande amigo de meu marido, sua bisavó, que ele carinhosamente tratava de "Bisa Maria", e outros pontos mais que nos surpreenderam muito.

Com todos os testemunhos que nos assombraram, ainda assim, minha confiança, balançava, e só vim solidificá-la e encerrar meu sofrimento na sua terceira mensagem. André Luiz identificou-me da maneira que somente eu,  meu marido e ele conhecíamos, que foi: ..."pedi a meu pai que proteja a nossa querida Miuda, porque tenho necessidade de recorrer à intimidade familiar recordando a minha própria infância, quando comecei a chamar você, querida mamãe por "Miuda e Chupetinha" ... necessitamos recorrer a passagens do lar que ficam sendo somente nossas..."

A única coisa que faltava era isso, esses apelidos "Miuda e Chupetinha", só eram ditos por ele, restritamente em nosso ambiente familiar. Entre nós três.

Hoje, professando a Doutrina Espírita, encontrei o lenitivo que muito esperava, no meu berço religioso, o qual agradeço os momentos em que vivi dentro do catolicismo, mas o que a Doutrina Espírita esclareceu-me e confortou-me é indescritível.

Devo a minha existência, a esse abnegado e incansável médium, companheiro e orientador, pois pensava seriamente desistir desta encarnação. Essas mensagens chegaram no momento mais crítico de minha vida. Clareou-me a visão e apelo a todas as mães, que como eu se viram com a dor maior, que é a perda de seus filhos, reflitam seriamente nesses momentos e tenham a certeza de que nossos filhos estão a amparar-nos no Além; Deus nos deu essa dádiva da maternidade, que é dar luz à vida e não apagá-la.

A influência da mediunidade e da pessoa do Chico, trouxeram-nas momentos de grande tranqüilidade e felicidade. Ao depararmos com problemas. buscávamos à sua imagem. numa prece de agradecimento a Jesus por tudo recebido e logo se fazia notar a paz no ambiente. Transformou nossa conduta no modo de agirmos, abrindo-nos caminhos por nós desconhecidos que nos levaram a um porto mais seguro.

Portanto, tudo o que de bom e bem nos acontece. atribuo a esse irmão e companheiro, reconhecendo que sem a sua participação não estaria como estou.

Que Deus possa lhe dar a eternidade em nosso meio; se nós partirmos nada representamos para a humanidade, mas, Chico é e será o companheiro para todos em todas as épocas.

Por isso ele estai aí com cinqüenta anos de Amor e Ensinamentos, trazidos por suas abençoadas mãos, dos Irmãos que representam a plêiade de Espíritos Maiores.

Que Deus o abençoe sempre.

Aparte do Sr. Luiz Dantas da Silva.

Com o meu endosso nas palavras de minha esposa. Neumis de Souza da Silva, gostaria de levar o reconhecimento de público a tão ilustre figura de Chico Xavier, que demonstrou numa vida de cinqüenta anos de mandato mediúnico, que amar ao próximo pode ser exemplificado nas caminhadas peregrinas da bondade, amenizando corações aflitos.

Saciou a fome espiritual e material com o seu manancial de amor, com o apoio das forças Divinas que o importaram neste plano terreno como o seu enviado.

Ouvia falar muito de Chico Xavier através do Dr. Alcides de Castro, Joaquim Cascão de Castro e na leitura espírita.

Meu desejo sempre foi muito grande em conhecê-lo pessoalmente, mas em situações mais alegres. Mesmo assim nossa alegria é eterna, por tudo o que representa para nossa família na sua transformação, ao encontro do Caminho, da Verdade e da Vida.

Minha busca fez-me encontrar o médium e o Amigo de todas as horas.

Gostaria de relatar e não deixar passar, um caso acontecido conosco em uma das reuniões que lá estávamos; minha senhora recebeu uma dádiva tão grande da espiritualidade que a deixou emocionadíssima, bem como todos os presentes que, possuídos de grande emoção não conseguiram conter as lágrimas que rolaram pelas suas faces.

Em nossa saída para casa, Chico amavelmente solicitou-nos uma reunião de passes, para despedida, preocupado porque viajaríamos à noite. Neumis, concentrada em preces, ao receber o passe das mãos de Chico, choveu pétalas de rosais sobre ela.

Perguntando posteriormente ao Chico, sobre o que acontecera, esclareceu-nos que André Luiz, nosso filho, carinhosamente se fez presente à sua mãe, cobrindo-a com essa chuva de pétalas orvalhadas.

O mais interessante, explicou-me também, por uma pergunta formulada por mim, que essas pétalas haviam sido colhidas aqui na Terra mesmo.

Neumis perguntara-lhe se aquelas pétalas agüentariam a viagem de volta, o calor era imenso. Maior do que quando chegamos. Chico respondeu-lhe: "Que chegariam como saíram de Uberaba". O que aconteceu.

No dia seguinte, voltando a Friburgo em nossa casa, Neumis foi a florista e ela ofereceu-lhe uma rosa exatamente igual a do dia anterior, com as pétalas de duas nuances, rosa e amarela. numa pétala só.

Chico, Jesus nos disse "Amai-vos uns aos outros cones Eu vos amei" e nós dizemos: "Obrigado Jesus, pelo exemplo vivo que permitistes entre nós".

 

 

Hilda Mussa Tavares

 

...você e para mim um presente do Céu!...

 

Palavras também do coração

 

No cristão e principalmente no espírita há como que um "sentimento de urgência" quando se está diante do imperioso dever de testemunhar.

"Calar a verdade é omissão", diz um provérbio antigo. E o Evangelho do Cristo, cujas palavras são "espírito e vida", propõe à reflexão de cada ser humano: "Porventura, toma-se uma lanterna para colocar debaixo do alqueire ou do leito? Por acaso não é para colocar sobre o candelabro? Porque nada se oculta senão para depois ser manifestado. Nem coisa alguma se esconde, senão para depois vir a lume. Se alguém tem ouvidos para entender, entenda." (Mc. 4,21-23)

E é imbuída desta necessidade profunda de "colocar a luz sobre o alqueire", que rememoro um dos dias mais comoventes para o meu coração no ano de 1974 o inesquecível 5 de agosto. E olhando demoradamente... exaustivamente... para os três anos passados-presentes, porque permanecem dentro de mim, relembro fatos que, aparentemente sem significação, dentro do contexto, ganham conotação extraordinária. Relembro, por exemplo, quando Chico, o nosso querido Chico Xavier, adiou por uns dias um encontro que havíamos combinado para o final de julho em Uberaba.

Encontro-necessidade, encontro-afeição, encontro-paz.

Estes encontros já vêm sendo feitos há alguns julhos de cada ano, antes mesmo da partida do nosso Carlinhos. Acompanhavam-me sempre, além do meu esposo, Clóvis Tavares, as amigas Professoras Ruth de Oliveira Monteiro e Gilda Duncan Tavares e minha filha Margarida.

Neste ano, o nosso Chico, por motivos de compromissos seus, telegrafou-nos, adiando o tão esperado encontro, para o dia 5 (cinco) de agosto. Dias antes toda a cidade de Campos havia sofrido o golpe da perda brusca, em acidente de automóvel, de um grande professor e amigo, o Professor Osvaldo Peixoto Martins. Na véspera do acontecido estivemos juntos numa reunião do Conselho de Professores da Escola Técnica Federal de Campos e durante alguns minutos conversamos sobre a sua filha mais velha Luciana e também sobre sua viagem do dia seguinte - a viagem do acidente.

Ao tomar conhecimento de minha próxima idá a Uberaba, a sua então viúva, Professora Ruth Maria Chaves Martins, escreveu para Chico uma carta, narrando o triste fato. Nesta carta, a nossa irmã, tomada da dor, abre o seu coração a Chico, contando-lhe o acidente fatal, embora reconhecendo, numa prova de coragem e fé incomparáveis, a proteção que tivera do Senhor quando poupou seus três únicos filhos de penosa situação.

Nenhum detalhe a mais havia no relato de nossa querida Ruth Maria.

Na tarde do dia 5 (cinco) de agosto deveríamos encontrar-nos com o querido médium em sua casa acolhedora. Ninguém se lembrara do detalhe do meu aniversário nesse dia, exceto Margaridinha, minha filha, que prevenida por mim, não comentou sobre o assunto com ninguém, justamente para evitar constrangimentos.

Mais ou menos às 16 horas chegamos a casa do nosso Chico. Ao abrir-nos o portão fui recebida por ele. D. Zilda e Senhor Weaker que, juntos, cantaram "Parabéns para você." Não é preciso dizer o quanto me comovi e esquecendo-me, por um momento, de quem se tratava, perguntei-lhe:

- Chico, quem lhe contou? - Ora, Hilda, foi o Carlinhos.

Esta prova maravilhosa da mediunidade límpida, espontânea, a cada momento mais surpreendente, de nosso Chico me levou, pela inefável doçura ambiental, a sensação de Deus presente...

Sob aquela sensação interior. misto de alegria e afeto, tivemos Chico, eu e minhas companheiras de viagem: Ruth Monteiro, Gilda Duncan, Dinan Tavares e rainha filha Margarida, alguns momentos de troca de palavras vivas...

Não percebi a hora exata em que leu a carta que levara de Ruth Maria. Apenas comentou comigo, mais tarde, que havia se comovido bastante com o sentimento de que estava impregnada.

Mais ou menos às 18 horas caminhamos para o Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, de Peirópolis, a uns 20 km de Uberaba, um lugar humilde mas que toca de perto a sensibilidade religiosa de qualquer um. O presidente do Centro, Sr. Langerton, ficou surpreso com a nossa chegada. Não parecia esperar por nós, dada a sua admiração.

Entre pessoas humildes e sinceras, estudantes e praticantes do espiritismo cristão: velhos, jovens e crianças, iniciamos a reunião da noite, presidida pelo Senhor Langerton. Enquanto as palavras do Evangelho eram lidas e comentadas, o nosso Chico psicografava algumas páginas...

Ao final da sessão, como é de praxe, as mensagens foram lidas por ele, entre lagrimas e orações íntimas do grupo.

Uma era a do nosso Carlinhos (a sua segunda mensagem) - "Palavras do Coração" e outra de Lenora, filha da Professora Ruth Maria Chaves Martins, que com poucos meses de vida havia desencarnado em meus braços, por uma dessas coincidências que só Deus explica, precisamente 8 (oito) anos antes do desastre.

Este fato era inteiramente desconhecido por Chico, pois a carta enviada por Ruth Maria foi um dos poucos contatos que mantivera até ai com o médium.

Não pude dominar minhas emoções. Afinal quem era Chico senão um mensageiro da Espiritualidade Maior, distribuindo provas de tal teor?

E as "Palavras do Coração" ditadas por Carlinhos ressoavam profundas dentro de mim como o seria para qualquer um que já tivesse tido um filho como Carlinhos, que jamais pudera em vida demonstrar perceber maiores detalhes que se passavam em seu derredor. Ressoavam como se fosse pérolas sonoras que o tempo não deveria consumir.

 

"Minha Mãezinha querida,

Eis o seu filho de volta,

 Trago hoje por escolta

Antigos votos em flor!...

Com eles, escrevo agora

Meu bilhete de alegria,

Comemorando o seu dia,

Abrilhantado de amor.

Aniversário feliz!...

Estranha força me invade,

É a presença da saudade,

Revendo o bolo de luz!...

Resguardando-me no colo,

Você dizia que eu era

Sua flor de primavera,

Seu presente de Jesus!...

A festa de nossa casa,

Em seu natalício lindo,

É sempre júbilo infindo

Que da memória não sai...

Margaridinha comigo,

Todos nós em seu carinho,

Flávio e Luís com Celsinho

E o coração de Papai!...

Meditando, agradecia

A nossa doce ventura.

Quantas lições de ternura!...

Benditos silêncios meus!...

Nosso lar foi minha escola,

Em que, de novo, criança,

 Tive retorno á esperançar,

Buscando a Bênção de Deus!...

Mãezinha, meus parabéns!...

Seja a fé, por luz sublime,

O apoio que me arrime

Nas lutas que vêm e vão!...

Em seu lindo aniversário

- Dia feliz e dileto -

Nas flores do meu afeto,

Receba o meu coração!...

 

 

Depois desta o nosso filhinho escreveu, através da dedicação abençoada de Chico, mais duas mensagens, repletas de provas e de autenticidade.

Detalhes descritos nos versos acima, Chico os desconhecia completamente.       Com Carlinhos ao meu colo quantas e quantas vezes repeti-Ihe:    

- Você, meu filho, é que é o meu maior presente!   

- Você é para mim um presente do Céu! 

- Carlinhos, você é primavera constante em minha vida. Que seria de nossa casa sem você?       

Durante quase dezessete anos era habitual entre nós, em todos os nossos aniversários, saborear juntos, ele no meu colo, o  "bolo de luz" a que se refere tão carinhosamente em sua mensagem.    

Só mesmo uma pessoa que estivesse presente em nosso dia-a-dia com o nosso Carlinhos teria condições de descrever de  modo tão real a nossa saudosa convivência.  E Chico, é claro,  nunca esteve presente nesses momentos marcantes de nosso lar.    

Há um outro detalhe dessa minha viagem que não pode deixar de ser relatado. Ao terminar a reunião Chico, que ignorava que eu mantivera um diálogo com o Professor Osvaldo na véspera de sua morte e em circunstâncias especiais, me disse:     

- Hilda, Cadinhos está me pedindo que você avise a D. Ruth que ela fique tranqüila, pois desde o dia 6, véspera do acidente, ele conduziu até a Escola Técnica, onde estava o Prof. Osvaldo, as suas duas filhinhas, Lenora e Analaura, para permanecerem com ela até a hora fatal.      

Provas maiores não poderia ter. A abençoada mediunidade de Chico Xavier é dado indiscutível na história do fato espírita. Não só indiscutível, mas fundamental. 

Esse é o nosso médium... Mais que isso: um discípulo do Senhor que vive o bem, doando de si amor, sabedoria, segurança e consolo.      

 

Mensagem de Leonora

 

Mãezinha Hilda, peço a bênção de Deus para nós.

Desculpe chamá-la assim... (1) Penso em Mãezinha Ruth, (2) nestes dias de prova e compreendo que todas as mães aqui são minhas mães também. Especialmente a senhora que meus pais nos habituaram a considerar desse modo.

Rogo dizer à Mãezinha Ruth que Deus não nos abandona. Ela se sente tão só depois do que sucedeu... Mas o Papai não está morto. (3) Ele e a nossa companheira (4) estão hospitalizados. Muitos amigos estão velando por nós. Meu avô Martins que vim a conhecer-reconhecer (5) aqui e a nossa tia Maria nos tranqüilizam.

Mãezinha Hilda, peça à nossa mãe para não chorar mais a noite chamando Papai, porque isso vai ate ele sem que nós possamos saber como evitar-lhe a dor de querer dar resposta sem as forças precisas. Tudo será renovado para o bem de nós todos. Analise, Luciana e André Luiz precisam de nossa Mãezinha robustecida e mais forte. Nossa Vovó também necessita amparar-se mais em Mãezinha Ruth. Nós estamos juntos, todos juntos. O lar maior que não admite separação e o amor com que nos amamos. Todas as sombras vão passar. Estávamos, muito de nós, com o papai Osvaldo no dia 7. (6) Mamãe não preciso pensar que ele tenha sofrido dores. Aquilo que na terra foi choque, aqui foi sono aplicado. (7) Ele acordou com serenidade, mas ainda chora com as lágrimas dos nossos entes queridos especialmente minha Mãezinha Ruth e minha Vovó em pronto.

Diga por favor a Mãezinha Ruth que nos estamos crescendo a Aninha e  eu estamos aqui para lembrar isso. (8) Mãezinha Ruth terá forças para o trabalho e, pelo trabalho, teremos tudo o que for preciso para que nada nos falte. A vida não termina quando o corpo desaparece de nós. Tudo aqui é melhor, mas a saudade e a falta que sentimos uns dos outros não nos deixam pensar assim seja. Mas os instrutores nos dizem que sem a luta e sem o sofrimento não aprenderíamos a seguir a Deus, em cujo amor todos nos reuniremos um dia.

Mãezinha Ruth a vencer a dor da separação, sustentando-se na fé. Boa noite ao grupo fraterno. (9) Escrevi com o coração. É tudo o que pude fazer. Deus nos proteja e nos abençoe.

LENORA

 

(Mensagem recebida por Francisco Cândido Xavier no Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, de Peirópolis, Minas Gerais, em 5 de agosto de 1974).

(1) A Mensagem é dirigida particularmente à Professora Hilda Mussa Tavares, Professora de Matemática no Liceu de Humanidades de Campos e na Escola Técnica Federal de nossa cidade, amigo da família de Lenora.

(2) Professora Ruth Maria Chaves Martins, tanto quanto a Professora Hilda, cooperadora da Escola Jesus Cristo.

(3) Professor Oswaldo Martins professor de Geometria Descritiva e Desenho Geométrico na Faculdade de Filosofia, na Escola Técnica Federal e no Liceu de Humanidades de Campos. Vítima de desastre automobilístico, na manhã do domingo 7 de julho deste ano, nas proximidades de Casimira de Abreu, RJ., desencarnou, cerca de quatro horas após, no Hospital da cidade de Macaé.

(4) Referência à jovem Elicéia, ama das crianças, também desencarnada no desastre.

(5) O Vovô Martins, de que fala Lenora é Adamastor Martins, pai do Professor Oswaldo, desencarnado em 31 de janeiro de 1973. Em carta dirigida ao médium Francisco Cândido Xavier, agradecendo-lhe a mensagem espontaneamente por ele psicografada, a Professora Ruth Maria testifica: "Não há nenhum detalhe contraditório ou inexplicável no texto da mensagem. É toda ela íntegra e autêntica da primeira à última linha." E sobre o Vovô Martins declara que "ele só viu Analaura e Lenora uma vez"... Daí a expressão "conhecer-reconhecer" da gentil mensageira espiritual.

(6) "Estávamos com o papai Oswaldo no dia 7". Esta afirmativa de Lenora se desdobra em um fato admirável que, após a recepção da mensagem, o médium Xavier relatou à destinatária da mesma, professora Hilda Tavares. Declarou o médium que Cadinhos (Carlos Vítor Mussa Tavares) que acabara de ditar para sua Mãezinha uma mensagem em versos, "Palavras do Coração", lhe estava dizendo, no momento, que na véspera do desastre que vitimara o professor Oswaldo, ele Cadinhos, em compainha de outros Amigos Espirituais, conduzira as meninas Analaura e Lenora até junto de seu pai Oswaldo, que se encontrava em uma reunião de professores da Escola Técnica Federal. E ainda que as duas filhinhas ficaram em companhia de seu papai, desde a tarde de 6, a fim de ajudá-lo espiritualmente para a dolorosa provação da manhã de 7 de julho. Isso comprova a lição dos nossos Benfeitores Espirituais a respeito de uma relativa porcentagem de determinismo no quadro de nossos sofrimentos e provações terrestres.

(7) Na referida carta que a professora Ruth Maria escreveu ao médium Xavier, ela confirma esse estado de sonolência do Professor Oswaldo, que, pela mensagem, ficamos a saber que era uma providência de ordem espiritual para evitar-lhe maiores sofrimentos: "Mas quando eu lhe perguntava o que sentia, ele dizia-me apenas que estava muito cansado e desejava interromper a viagem."

(8) Aninha é Analaura, irmã de Lenora, desencarnada antes dela, em 3 de maio de 1964.

(9) O grupo fraterno é o das irmãs cooperadoras da Escola Jesus Cristo, em visita ao médium Xavier, nos primeiros dias de agosto deste ano- Professora Hilda Mussa Tavares, Professora Ruth Monteiro, estudante Margarida Maria M. Tavares. D. Dinan Polônio Tavares e Professora Gilda Duncan.

 

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Daisy Andrade Pastor Almeida

 

... ele é a criatura singular que tem o tempo destinado somente às coisas de Deus...

 

Minha família católica, obrigava-nos em nossa infância o acompanhamento de catecismos, missa etc. Relutava muito contra tudo isso, pois não me afinava nesse conceito dogmático. O respeito pela família era muito grande; estávamos no tempo em que não se podia dizer não. Minha ansiedade em busca de algo que preenchesse o vazio que sentia, tornava-se cada vez maior, a religião não a supria. Papai, por decepções religiosas em seu meio, passou a estudar a Doutrina Espírita e, em seguida, a freqüentar suas reuniões, das quais, participei de algumas. Menina, não entendia muito, ou quase nada.

Criando o hábito da leitura, papai colocou-me em mãos o primeiro romance espírita; como extasiou-me, busquei outros e cada vez mais interessava-me, encontrando o alimento que sustentaria os meus anseios.

Não quero demonstrar sentidos contra qualquer religião, pois, apesar de sermos espíritas, mamãe nos derradeiros momentos de sua vida, trouxe sua palavra de fidelidade à sua crença, dizendo: "Sou católica, não posso trair minha religião, mas na minha volta, serei espírita." Este era seu conceito, o qual respeitava muito.

O tempo foi passando, casei-me, meu marido protestante, passava por vários fenômenos espíritas, obrigando-o a aceitar nossa Doutrina. Ouvia falar muito de Chico Xavier, sonhava em conhecê-lo.

Como a realização desse sonho já estava se tornando antiga, fomos a Pedro Leopoldo em abril de 1952, oportunidade em que se realiza uma comemoração do Livro Espírita, nessa cidade.

Ao chegarmos a Belo Horizonte, no remanejo das pessoas para as acomodações, pois estávamos num grupo, meu marido e eu hospedamo-nos em casa da Senhora Dolores Abreu, muito simpática, hospitaleira, adorável. Minha gratidão a essa senhora é muito grande.

A caminho do prédio de Assistência e Saúde, palco das comemorações, o Sr. Abreu chamou-nos a atenção para um aglomerado de pessoas, apontando-nos o Chico. Fui tomada de grande emoção, tremia da cabeça aos pés. Ao aproximar-me, fui logo dizendo, "Chico estou realizando o maior sonho de minha vida", virando-se respondeu: "Obrigada dona Daise". Fiquei atônita, chamou-me pelo nome e sem me conhecer, e de uma forma diferente, acentuando o "á", corrigi-lhe, falando a pronúncia ao seu ouvido, Deise. Olhou-me muito significativo e fomos assistir às palestras. Algum tempo depois, perguntei a ele o porque de me chamar daquele jeito. Disse ter visto meu nome escrito.

Quando meu marido fazia a palestra sobre o livro espírita, classificando-o como o "Livro Divino", Chico havia recebido pela psicografia uma mensagem de Castro Alves, com o título "O Livro Divino". Marcava também o progresso da mediunidade de meu marido.

No dia seguinte, 22 de abril, fomos comemorar seu aniversário em sua casa, se bem que atrasado, pois nascei em 2.4.1910. À noite, na reunião, prosseguia minha alegria; Chico pediu que me levassem ver o primeiro Centro Luiz Gonzaga, em casa de seu irmão José, onde recebera suas primeiras mensagens.

Extasiou-me sua simplicidade, as vibrações que ali sentíamos, nos transportavam o céu. Voltamos.

Desse dia em diante, íamos visitá-lo periodicamente. Por duas vezes passamos nossas férias em Pedro Leopoldo, que marcaram dias inesquecíveis em minha vida.

Em uma das viagens, meu marido adoeceu com um espasmo cerebral, recebeu seus primeiros socorros através de Chico, colocando-se em condições para voltar ao Rio de Janeiro e continuar seu tratamento. Nessa época Chico diariamente ministrava passes em Lauro. Na volta de seu almoço, Chico passava pelo hotel Minas Gerais, onde estávamos hospedados e, em seguida, para seu trabalho na Fazenda Modelo. Com esse tratamento Lauro melhorava a olhos vistos.

Meu filho, certa ocasião, por uma intoxicação, suas mãos começaram a entortar, levando-me a grande desespero. Chico animando-me, receitou homeopatia e na 3.ª dose, no mesmo dia, a melhora se fez notar.

Sempre tivemos em Chico, essa criatura boa, amiga, que mesmo estando longe permanece em nossos corações cheios da maior gratidão.

Meu esposo lhe dedicara profunda amizade e sentia por ele uma grande admiração. Várias vezes, em palestras feitas aqui no Rio, em Centros espíritas, referindo-se ao Chico, afirmava que era a pessoa mais perfeita que conhecia na Terra. Estas palavras eram sinceramente ditas e repetidas por ele.

Através de sua psicografia, recebi em Uberaba uma mensagem do nosso querido Doutor Bezerra, onde diz que a emoção do meu marido era grande e o impedia de dizer alguma coisa, que não podia de próprio punho escrever, mas que aguardava a oportunidade de poder dar notícias suas.

Sempre que tenho a feliz oportunidade de estar junto ao Chico, observo que, enquanto o médium palestra com alguns irmãos, outros ficam a escutá-lo atentamente, bebendo-lhe a palavra. É comum, então, ouvir-se dizer: " Você prestou atenção ao que ele disse?", "Respondeu à pergunta que lhe fiz mentalmente". Outros comentam impressionados: "A carapuça veio para mim". Perfeita. Como pode`? Ele captou meu pensamento!...

As lições chegam, na conversa amiga, como mensagens diretas a quantos necessitam delas. Outras vezes, em visita ao querido amigo em Uberaba, encontrei-me com grande número de pais aflitos, desesperados, em busca de notícias dos filhos queridos, que deixaram a vida, quase todos ainda jovens. Observe-se que nem todos são espíritas. Há casos de pessoas sem crença que foram levadas por amigos e por misericórdia de Deus, recebem suas mensagens e saem banhadas de pranto, consoladas, impressionadas mesmo com a autenticidade dos nomes, dos fatos relatados pelos comunicastes. É a prova da sobrevivência do espírito e de sua comunicação com os encarnados.

Numa dessas ocasiões, um senhor perguntou ao Chico: "Porque ainda não recebi notícias de minha filha? Já vim aqui várias vezes e ainda não tive essa felicidade..." O Chico, amável como sempre, respondeu: "Não depende de mim, meu irmão; o telefone toca de lá para cá e não daqui para lá." O senhor agradeceu a resposta e pensativo saiu esperando nova oportunidade.

Assisti em Uberaba, na Comunhão Espírita Cristã, uma senhora pedir ao Chico que fluidificasse a sua garrafa com água. Ele observou que ela poderia levar sua garrafa à sala de passes, onde irmãos nossos estavam realizando esse trabalho. Ela porém informou que já haviam terminado os trabalhos, e insistiu, delicadamente que ele o fizesse. Chico colocou as mãos sobre a garrafa aberta e todos nós assistimos a água tomar uma coloração leitosa e, no mesmo instante, suave perfume de rosas invadiu o ambiente e foi sentido por todos os presentes, extasiados.

Eu e meu esposo, quando encarnado, por várias vezes fomos agraciados em receber do médium lenços ensopados de perfume, que perdurava por muito tempo. A água fluida a mesma coisa, seu perfume modificava-se dentro das necessidades de cada um.

Lembro-me de uma reunião em Pedro Leopoldo onde todos nós recebemos uma espécie de "chuvinha miúda" de perfume, para tratamento de vários irmãos presentes, e no final fortíssimo cheiro de éter. Maravilhoso.

Ainda em Pedro Leopoldo, em casa de André irmão de Chico, recebíamos pelas suas abençoadas mãos, uma linda e comovente carta de meu pai, onde confirmava nas suas primeiras linhas a identificação da caligrafia dele.

Perante a humanidade conturbada de hoje, ele cumpre fielmente a destinação sublime de esclarecer os homens através dos livros recebidos da Espiritualidade Maior, como arauto das Verdades Divinas, conclamando-os a praticarem os ensinamentos do Cristo Eterno e por seus exemplos de amor ao próximo, de humildade e de trabalho, ele dá a maior lição viva que repercutirá nos tempos que advirão.

Sua figura espiritualizada de líder do cristianismo reditivo, sempre exerceu sobre mim a mais benéfica influência. O seu viver simples de homem bom, a sua palavra evangelizadora, a sua fidelidade à Doutrina Espírita, aliada a enternecedora modéstia que o tornam um verdadeiro Seareiro do Senhor, marcaram fundo o espírito que sou, ensinando-me a entender a vida, consolidar minha fé e a esforçar-me no serviço cristão.

Sabe, Chico é um amor! Ele tem sido e será sempre para mim o modelo, o guia, o amigo, o cristão no seu profundo sentido. Pela alma e pelo coração, tenho por ele o mais puro sentimento e sinto-o tão antigo, que creio ter começo num passado muito longínquo. É como se fora um pai muito querido que reencontrei pelos caminhos da vida e que tem me dado às mãos guiando-me com o seu coração amigo,

Os seus cinqüenta anos de mediunidade, considero como doação integral de uma vida ao trabalho do Senhor.

A sua conscientização no que seja a responsabilidade de uma missão a cumprir é extraordinária. O Chico não se restringe à psicografia pela qual recebeu uma centena e mela de livras em prosa e verso, sobre religião, filosofia e ciência, romances espalhados pelo mundo e traduzidos em vários idiomas, levando a paz, o amor e a sabedoria.

Ele é a criatura singular que tem o tempo destinado somente às coisas de Deus.

Milhões de pessoas já lhe beijaram as mãos e o rosto; já lhe ouviram a palavra orientadora; já receberam a resposta elucidativa às perguntas feitas sobre todos os assuntos desde o mais íntimo ao mais transcendental, já sentiram a paz que dele emana aos que estão ao seu lado; tiveram consolo em momentos de dor: presenciaram a sua paciência e o respeito que tem por todos; possuem uma dedicatória carinhosa em um livro; já viram seu amor aos menos afortunados da vida, em forma de ajuda material e espiritual, que nesses longos e abençoados anos leva pessoalmente a esses irmãos; já assistiram inúmeras vezes passar mais de 12 horas consecutivas atendendo uma multidão que o espera ansiosa por uma palavra ou autógrafo. Com a paciência Divina e a resistência do forte, atende a todos com abraços, beijos e sorrisos.

Cinqüenta anos de renúncia para dedicar-se ao serviço mediúnico abençoado, que desde os seus primeiros anos lhe exigiu sacrifícios e multo amor.

Nesta era da comunicação não se tem notícia de uma vida igual.

Gostaria de finalizar este depoimento com uma cena que assisti em Pedro Leopoldo, quando inúmeras pessoas formavam uma fila para falar com Chico. Uma moça de aparência humilde e simpática, procurava-o para um problema com sua filha. Beijou as mãos de Chico, sendo retribuída em seguida com o mesmo gesto. Uma pessoa a meu lado, moradora na cidade, dizia-me ser ele uma pessoa de vida fácil. Chico, paternalmente, atendeu-a, orientou-a, animou-a e ao despedir-se beijou-lhe as mãos novamente, recebendo em troca "Muito obrigado seu Chico. Deus lhe pague".

A noite, na peregrinação, o acompanhávamos num grupo pelas ruas da cidade, com lampiões e lanternas quando passávamos por um bar onde haviam várias pessoas no seu interior e nas portas, ouviu-se uma voz que dizia: "Olha, lá vai o seu Chico, vai com Deus e reze por mim".

Ele, olhando-a de onde se encontrava, respondeu: "Fica com Deus minha filha".

A emoção invadiu-me a alma, ao saber que aquela voz era da mulher que o havia procurado na véspera para o conselho no centro. Lembrei-me da passagem evangélica do Meigo Jesus e a pecadora. "...Vai e não peques mais". Olhei para o Chico e fiquei pensando: "É, este homem segue à risca os ensinamentos do Cristo".

Atualmente, quando os preconceitos continuam afastando as criaturas umas das outras, Chico, personifica o "Amai-vos uns aos outros como vos amei", ensinado há 2.000 anos pelo Mestre Nazareno.

 

 

Ruth Maria Chaves

 

... escolhera-me a Providência para permanecer...

 

Um testemunho

 

Quem, pela primeira vez, me falou em Chico Xavier o fez de maneira incrédula. Era a propósito do caso Humberto de Campos e o meu amigo só encontrava uma explicação racional: "pastiche" inconsciente.

Aquela época eu não havia iniciado ainda o meu curso de Letras na Faculdade de Filosofia e pouco conhecimento possuía dos fenômenos de apreensão de estilo. Mas a intuição me dizia que um mistério bem maior pairava sobre a psicografia do médium mineiro.

Um longo hiato aconteceu entre a referência inicial e minha verdadeira aproximação da doutrina. Neste período, fiz o meu curso universitário, iniciei a vida profissional, casei-me. mudei-me do Rio de Janeiro para Campos.

A dor da perda de minhas duas filhas - Analaura e Lenora - ambas em tenra idade, trouxe-me para a fé, à maneira daquela rês que só atravessou o rio, porque o seu bezerrinho havia sido levado para a outra margem, conforme conta o primeiro texto mediúnico que me tocou mais fundo o coração. Refiro-me à mensagem do menino Silvinho Lessa, dada através de Chico a seus pais, mostrando a finalidade daquele sofrimento familiar e exortando-os a atravessar o rio da incredulidade e alcançar a margem da fé.

Em contato com os textos da multiplicidade de espíritos que se comunicam através da sensibilidade mediúnica de Chico - muitos dos quais escritores cujas obras terrenas me são bastante conhecidas - pude compreender melhor a ingenuidade de se tentar explicar pelo "pastiche" o fenômeno.

"Pastiche" é a imitação servil, a apreensão do estilo de outrem. Na França há uma coleção intitulada À la manière de (À maneira de...) em que um escritor menor imita declaradamente, e com perfeição, um dos grandes nomes da literatura. Acontece que é necessário o exercício de uma vida inteira, para se assenhorear de apenas um estilo alheio. Como explicar então o fenômeno estilístico de Chico Xavier?

O seu Parnaso de Além-Túmulo é um desafio prodigioso que só a crença inabalável numa vida além da vida pode explicar. Pois, à maneira de acordes jamais dissonantes, e por misericórdia divina, a poesia também continua.

Em 1974, quando alguns anos já haviam decorrido da partida de minhas duas filhas, meu marido também desencarnou inesperadamente, em conseqüência de traumatismo craniano sofrido num acidente automobilístico. Era uma data de especial significação, pois completávamos exatamente, naquele 7 de julho, 13 anos de casados.

Escolhera-me a Providência para permanecer ainda neste mundo, na guarda dos três filhos pequeninos. Viajávamos todos no veículo acidentado e apenas meu marido e a dedicada ama de minhas crianças faleceram.

Quase um mês após, quando ainda convalescíamos dos traumatismos físicos e espirituais, recebi inesperada mensagem enviada pela filhinha Lenora, que se valeu da mediunidade abençoada do Chico e da presença, em Uberaba, de uma grande amiga, Hilda Mussa Tavares, nos braços de quem havia desencarnado, aos cinco meses.

Nunca poderia imaginar que minha filha, meu bebezinho doente, fosse agora um espírito amadurecido, que me vinha confortar com palavras tão justas, firmes e serenas.

Se a sua mensagem consolidou a fé que eu já conquistara, a duras penas, é verdade, teve entretanto o mérito de trazer para o nosso campo doutrinários outros familiares que, à maneira daquela rês da história de Silvinho Lessa, ainda se mantinham renitentes na margem de lá. Minha sogra abraçou a doutrina e conseguiu transformar o grande desespero numa grande saudade.

As mensagens de nossos entes queridos são páginas importantíssimas no nosso soerguimento. Dádivas consoladoras, testemunhos de fé, precisam ser divulgados para que, a maneira de lâmpadas acesas, possam espalhar a luz à sua volta. Mas é preciso completá-las com a dedicação aos livros doutrinários que, estes sim, são o caminho para a Verdade e a Vida.

Na Escola Jesus Cristo a que me filiei por opção, aprende-se que as obras recebidas pela psicografia de Chico Xavier constituem matéria de cristalino saber, jamais maculado pelas imposturas da vaidade.

Não sei o que teria sido de mim, se não houvesse encontrado um sentido justo para a dor que, por várias vezes, se abateu sobre minha vida. Creio que me teria transformado num ser egoísta, frustrado, ressequido interiormente.

E, compreendendo que o meu sofrimento pessoal é apenas uma lágrima pequenina no oceano do pranto de resgate da humanidade, ponho-me a meditarem como estaríamos todos nós, se, há cinqüenta anos atrás, não se houvesse iniciado o mandato mediúnico de Chico Xavier?

Que Deus o abençoe, Chico, e que sejamos dignos de merecer a continuidade do seu trabalho apostolar.

 

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Maria José Caetano Marcondes

 

...não prega a caridade e caridoso, não prega a paciência, e paciente...

 

Desde mocinha, alimentava o desejo de conhecer Francisco Candido Xavier, o bom "Chico Xavier", como é popularmente conhecido. Mas, com o namoro, noivado, casamento, filhos e tantos afazeres domésticos, sempre fui deixando para depois.

Entretanto, durante todo esse tempo - aproximadamente trinta anos - embora ouvindo sempre falar"do Chico, não havia lido nenhuma obra psicografada por ele.

Em abril de 1975 (dia 29), perdi minha filha Maria Célia Marcondes, nascida em 27.9.1951.

Era gêmea de Homero Marcondes, hoje médico, residente em Santos. Mas, infelizmente, Maria Célia não acompanhou os passos do irmão-gêmeo e tão querido. Pois, aos poucos, fomos percebendo - e também os médicos, com muita hesitação nos procuravam dizer - que Maria Célia apresentava deficiência física. A causa, segundo eles, era trauma de parto, uma vez que as crianças, além de gêmeas, eram de 7 meses, e a Maria Célia foi a primeira a nascer.

A família foi aumentando: em 26.4.1954, nasceu Maria Helena; a 27.7.1956, os gêmeos Marcos e Marcelo; e no dia 27.3.1958 veio ao mundo a nossa caçula Maria Elisa.

Estávamos, então, com três meninas, as "Três Marias", e três meninos, Homero, Marcelo e Marcos.

Com exceção de Maria Célia, todos fisicamente fortes e perfeitos, graças a Deus. Apesar de sua grande deficiência, posso dizer que Maria Célia nos deu de tudo, e nós também, na medida em que a doença permitia, lhe proporcionamos tudo o que foi possível.

Quantos anos! Quanto carinho! E, em troca, quantos agradecimentos recebíamos!

Porém, digo-o com franqueza, sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, perderíamos a querida Maria Célia. Os médicos preveniam e nós também, notávamos que ela, depois dos 13 anos, começava a definhar, sendo baldados todos os recursos da medicina.

Chegou, então, o dia 29 de Abril de 1975, em que desencarnou.

Maria Célia, posto que moça de 23 anos e 7 meses, sempre vividos em nossa companhia, mais parecia um anjo de 9 ou 10 anos.

Apesar de preparados para esse triste desfecho, o nosso desespero foi total. O único consolo era pensar que ela havia partido para Deus, parando de sofrer (pois ela sofria horrivelmente).

Em 29 de abril do ano seguinte, 1976, fomos todos à missa do aniversário de desencarne, celebrada na mesma capela onde seu corpo fora velado.

Como foi triste! Quantas lágrimas! Que falta ainda nos fazia Maria Célia!

E foi Maria Helena quem se incumbiu de pedir aos irmãos e parentes mais íntimos que fossem fortes, pois assim "a Mamãe e o Papai suportariam melhor".

Porém, em momento algum, poderíamos pensar que, exatamente dois meses após essa missa - 29.6.1976 - estaria saindo da mesma capela o corpo da nossa tão querida e boa filha Maria Helena, que tanto nos confortara na perda de Maria Célia.

Estava com apenas 22 anos, 2 meses e 2 dias, quando, em 28.6.1976, por volta das 15:15 hs., na estrada Mogi - Via Dutra, sofreu gravíssimo acidente, falecendo no próprio local, dentro do carro que dirigia.

Não seria preciso dizer que o nosso desespero foi indescritível e pensamos que esse novo golpe seria insuportável.

A verdade, todavia, é que "Deus numa nos dá uma cruz tão pesada, que não possamos carregar".

Basta ter n'Ele muita fé.

Não me lembro bem de como passamos o primeiro mês, após o desencarne, tantos foram os remédios e as injeções.

Sei que pouco antes da missa de 30.° dia, fomos para o apartamento da nossa, então, futura nora, na cidade de Santos, onde seria celebrada a missa.

Lembro-me de que, no dia seguinte, recebi o que considero o melhor presente de toda a minha vida, até então: o livro "Jovens no Além", de Chico Xavier, trazido por um grande amigo e colega de meu filho Homero, o ilustre médico Dr. Edson José Amâncio e sua digna esposa D. Dulciana, que residem também em Santos.

Eu o li na mesma noite e tão grande foi a impressão que me causou que, na manhã seguinte, fui às livrarias e comprei "Entre Duas Vidas", " Voltei", "E a Vida Continua", além de diversas outras obras, todas psicografadas por Chico Xavier.

Passei a viver de leitura.

Conquanto católica, sempre acreditei na reencarnação. Realmente, como Deus, que é Pai de Suprema Bondade, poderia dar a seus filhos uma única chance, se nós, pais comuns, procuramos dar-lhes todas as oportunidades possíveis?

Daí, veio o desejo e o firme propósito de conhecer pessoalmente Chico Xavier.

Fomos a Uberaba em setembro e novembro de 1976 e em março e abril de 1977.

Ficamos hospedados em residências de parentes do Dr. Edson, que é de Uberaba.

E, graças a Deus, em todas essas vezes, tivemos a suprema felicidade de falar alguma coisinha ou apenas abraçar o Chico.

Em abril deste ano (perto do dia em que Maria Helena faria 23 anos), ao me aproximar de Chico, eu chorava muito e não conseguia falar.

     Ele então perguntou-me: "Quem é o avô Caetano?"

 Respondi, ainda chorando: "o papai", ao que ele retrucou: "Não, o avô Caetano morto, Vicente Caetano`?"

Fiquei pasmada, pois se tratava do meu bisavô, que desencarnou quando o papai tinha apenas 4 anos de idade, portanto, há 64 anos.

Chico indagou ainda: "E o José Marcondes?" Respondi não saber.

- "Pergunte ao seu marido", disse ele.

Perguntei e transmiti a resposta: "José Marcondes era o avô do meu marido".

Ainda nesse dia, o Chico perguntou à minha filha Maria Elisa, que estava sozinha num canto: "Filha, você é irmã das duas meninas Marcondes?"

A Maria Elisa só pode acenar afirmativamente, tal a sua emoção.

Mais tarde, ao vê-la novamente, ele falou: "Até logo, Maria Elisa".

Ela, deslumbrada, veio perguntar-me se eu havia contado o seu nome ao Chico. Respondi que não.

Sem conseguir me conter, achei um jeito de perguntar-lhe: "Chico, por que você chamou a minha filha de Maria Elisa?"

 Essa pergunta, pensei depois, poderia parecer (mas longe de mim tal intenção) propositada para deixá-lo em dúvida.

A sua resposta foi: "E que a Maria Helena toda hora me diz: "Chico, olhe a minha irmã, esta é a Maria Elisa".

Nem sei dizer, quanta emoção! Quanta beleza!

Casos assim, parecidos com este meu, que deixavam as pessoas abismadas, presenciei diversos!

E nunca houve um caso sequer, em que o Chico ficasse atrapalhado ou confuso.

Ao contrário, ele fala nas pessoas, dá recados e conselhos sempre com total firmeza.

E uma coisa deveras linda e impressionante!

Como o "Dia das Mães" seria em 8.5.1977, senti muita necessidade de estar em Uberaba.

Por felicidade, no dia 6 sexta-feira, consegui me aproximes do Chico e ele disse: "Filha, a Maria Helena está com a tia Sinhá" (tia do meu marido desencarnada há 28 anos) "e com o tão devoto Padre José" (vigário de Santa Isabel, há 18 anos desencarrnado).

Fiquei atônita, uma vez que a lembrança dos dois, sinceramente, há muito que não passada pela minha cabeça e, ainda mais, não conheci tia Sinhá.

O Chico continuou: "A Maria Helena me falou muito no noivo". Pensei: "Coitado do Toninho" (pois assim o chamávamos sempre). Chico disse então: “É o Agenor, não é?” Impressionada, pois nem me lembrei do nome completo dele, na hora, retruquei: "Agenor?" e ele respondeu: "Sim, Agenor Antonio".  

Comecei a chorar, eis que este é exatamente o nome dele.

Nessa noite, estávamos presentes, meu marido, o nosso filho Marcelo e eu. Qual não foi o nosso contentamento e surpresa, quando soubemos que Maria Helena nos enviava uma mensagem maravilhosa, com detalhes impressionantes sobre o acidente e outras coisas, transmitindo recados da Maria Célia e agradecimentos. Que emoção! Que beleza!

Continuamos sempre indo a Uberaba.

A 23.6.1977 (próximo do primeiro aniversário de desencarne de Maria Helena), novamente estávamos no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba: Homero, com a esposa, o noivo da Maria Helena, Marcos, Marcelo, Maria Elisa, Marco Aurélio (um primo, que é como um filho nosso), meu marido e eu.

Outra surpresa belíssima nos aguardava. Era uma nova mensagem de Maria Helena, também maravilhosa, rica em detalhes e nomes.

Nessa comunicação, entre outras coisas, ela disse que Maria Célia estava fazendo exercícios para poder escrever-nos em breve. Disse até o nome da rua onde mora o noivo, que nem nós sabíamos de cor, datas, nomes, etc.

Essas mensagens passaram a ser o nosso "Novo Mundo", e através delas recebíamos novas forças para continuarmos. Perto do aniversário da Maria Célia (em 27.9.1977 ela faria 26 anos), fomos mais uma vez até o Chico. E, maravilha das maravilhas, na noite de sexta-feira, 23.9.1977, a Maria Célia nos enviou uma mensagem.

Aqui convém ressaltar que Maria Célia nunca falou nada. jamais conseguiu segurar qualquer objeto, firmar o pescoço ou sentar-se, a não ser quando. em tratamento médico, usava a "coleira" e a "goteira", aparelhos que, por sinal, tanto a faziam sofrer.

Era linda de rosto, mas de culpo torto e deformado pela doença.

Nesse comunicado, cheio de minúcias, Maria Célia fala. entre outras coisas, da escadaria da Igreja-Matriz de Santa Isabel (escadaria enorme, com diversos patamares em cada lanço de degraus, para descanso). Fala do Monte Serrat, onde faz suas orações de agradecimentos à Nossa Senhora.

Uma senhora presente, nossa amiga, D. Acácia Maciel Cassanha, perguntou-me: " Você a levava sempre a Santos?" Respondi: Não, por que? Ao que ela replicou: "É que ela fala no Monte Serrat". Mas esclareço que nos fundos da nossa casa, em Santa Isabel, existe uma elevação de terra, chamada justamente "Monte Serrat", e no seu cume há uma igrejinha dedicada à Nossa Senhora. Maria Célia sempre tomava sol num terraço, de onde se vê perfeitamente o Monte-Serrat e a igreja. Fiquei admirada, pois tudo isso nunca me passou pela idéia.

  Na mensagem, Maria Célia ainda fala na "Pedra Grande" local onde temos o sítio denominado "Três Marias", na Variante Santa Isabel - Via Dutra; conta como pode agora apreciar tudo tão bem; fala em Maria Helena e em outros familiares, tudo com detalhes verdadeiros e tão íntimos que, só Deus, na minha modesta opinião, poderia permitir psicografias assim.

  Não tenho o intuito de promover Chico Xavier. Primeiro porque ele não precisa. Segundo, ele não gosta.

  Todavia, como mãe que sofreu e ainda sofre, mas agora com mais resignação e esperança, principalmente após a leitura de "Jovens no Além", e agraciada que fui, por conhecer Chico Xavier e receber as mensagens, vejo-me na obrigação de dar o meu testemunho, puro e verdadeiro, contando alguns fatos que se passaram comigo e familiares.

  E, não ficasse ainda mais longa esta declaração, muito ainda teria a contar. Coisas bonitas, vistas e ouvidas por mim e muitos dos meus, graças a Deus.

  Chico Xavier é a personificação da bondade, da humildade e da tolerância. Impressiona, só de vê-lo.

  Agradeço a Deus a suprema dádiva de ser uma das pessoas que puderam conhecê-lo pessoalmente.

  Ele não prega a humildade - é humilde; não prega a caridade - é caridoso; não prega a paciência - é paciente: não prega a amizade - é amigo de todos e, principalmente, demonstra que sofre, com os sofrimentos de todos e a todos ama indistintamente.

  Tenho lido muito e vou a Uberaba sempre que posso. E quero dizer aqui: "Muito obrigada, Jesus Amado, por tudo o que vi, ouvi e, principalmente, por tudo o que recebi."

Aparte do Doutor Dioscórides Marcondes dos Santos Freire.

Depois do testemunho de minha querida esposa, cremos que pouco mais nos resta dizer, pois se fôssemos contar todas as mensagens que temos presenciado serem psicografadas; todo o amor, abnegação e paciência com que Chico Xavier recebe a todos, que o procuram indistintamente, nas horas difíceis, acreditamos que iríamos nos alongar demasiadamente.

Só nos resta dizer de público, e de coração para corações, que depois de termos tido a felicidade de conhecer Chico Xavier, e após recebermos mensagens de nossas queridas filhas, psicografadas por ele, recomeçamos a viver.

Nosso intuito e maior desejo são de que estes testemunhos vindos do fundo de nossa alma, possam servir de alento e coragem a tantos, que como nós sofreram e sofrem, procurando alguém que nos console e apóie, e depois que conhecemos nosso bondoso Chico Xavier e sua Doutrina, é que aprendemos que este alguém está sempre ao nosso lado, sem que consigamos vê-lo.

Referimo-nos, é claro, ao Cristo que, nunca nos abandonando e nem nos esquecendo, está sempre presente.

Hoje podemos afirmar, sem medo de errar, que o encontramos e esta aproximação nos trouxe ânimo, coragem, consolo. e porque não asseverar: vontade de viver, graças a Deus.

E isto devemos a Doutrina e a Chico Xavier, o homem que só pratica a caridade, a bondade, ao lado do amor puro, sincero e desinteressado que a todos distribui.

Se nossas palavras não foram capazes de traduzir todo nosso agradecimento por tudo de bom que temos recebido, poderá o nosso Chico Xavier com sua experiente acuidade, avaliar qual foi a emoção com que as escrevemos e quanto nos ficou ainda para dizer do nosso respeito, da nossa admiração por ele, e por tudo quanto representa aos nossos sentimentos e à Doutrina Espírita.

E agora, todo o dia ao terminarmos nossas preces, passa a dizer com toda sinceridade que brota do nosso âmago:  

Muito obrigado, meu Jesus, somos felizes apesar de tudo, graças a Deus.

Mensagem de Maria Célia.

 

Querida mãezinha, meu querido papai, minha querida vovó Esther, meus irmãos sempre lembrados.

Tanta alegria se me expande do coração nesta hora de escrever que, em silencio, rogo a deus nos abençoe a todos.

Não compreendo a felicidade que me toma de assalto. Nossa Maria Helena me ampara as mãos e os movimentos quase inadequados, para traçarem minhas noticias de agradecimentos.

Não pensava que a nossa festa de aniversario fosse lembrada num ponto de interação entre dois mundos.

Entretanto. Mãezinha, creio que o meu natalício seria melhor colocado naquele 29 de abril de minha partida.

Creia, Mamãe, estou em lagrimas de gratidão. Mas louvo aquele recanto onde estive por tanto tempo, ouvindo os ensinamentos de Jesus, sem a possibilidade de comentá-lo. Vovó Esther, você recordará nossos diálogos em que a palavra era somente sua, mas o intercambio entre nós era a verdadeira, porque vocês e Mamãe, especialmente, me sabiam escutar as respostas com os meus modos e com os meus olhos.

Bendito leito. 

Que seria de mim se pudesse ter vivido, ai na Terra, andando no passo dos outros? Sei que meu pai e minha mãe tudo fizeram para que eu tivesse a felicidade de Homerinho...

Mas Homerinho foi sempre um grande rapaz, que devia caminhar para estudar muito e servir no Bem.

Eu, no entanto, Mãezinha, nessa existência que o fim de abril fechou com chaves de paz, devia permanecer ali em nossa casa, meditando no silencio do quarto...Às vezes, a principio chorava por dentro.

Queria movimentar-me qual se estivesse dotado com os mesmos poderes de Maria Helena e de Maria Elisa e contrariava-me, pensando que Deus não fora meu amigo...

Hoje, porem, compreendo quanto valor me felicitava naquela imobilidade recheada de pensamentos ativos. Não sei, Mãezinha, se você recorda que, aos poucos as suas palavras misturadas de paciência e carinho se entranharam em mim. Você me dizia que eu era a sua companheira de todas as horas e que eu havia nascido para ser um anjo...

Mãe querida, em seu coração, era eu a perola que enfeitava a nossa casa, quando, gradativamente compreendi que estava em prova, atendendo as leis de Deus. Mas você, Mãezinha me falava com tanto amor que me vi na obrigação de asserenar-me.

Lembro-me dos seus bons dias, das suas flores, das suas bênçãos. A imagem de Jesus no lindo quadro que aprendi a beijar, e depois de muita vaidade ferida – digamos assim para que eu não procure disfarçar os meus próprios sentimentos – um dia, somando em silêncio os seus carinhos e os gestos de amor de todos os nossos para comigo,a calma e a aceitação possuíram minha alma.

Aprendi com v.c., Mamãe, a amar a Jesus, de tal forma, que eu já não queria levantar-me e ser igual às outras pessoas, porque desejava que Ele me encontrasse paciente, sem qualquer rebeldia. Graças a Deus tudo passou tão depressa que, em me voltando pata trás, desejaria estar em nossa casa ouvindo as suas palavras e vendo as meninas e os seus irmãos, sempre bem postos para sair.

Recordo-me de tudo e também, de modo especial trago ao Paizinho e a Vovó o meu reconhecimento.

Eu sei que Papai, nos tempos últimos, saia apressado de nosso grupo pensando em mim de olhos molhados.

Como sou grata ao amor que todos me deram com tamanha dedicação! Todos estão em meu carinho e em minha gratidão de todas as horas. E desde que a nossa Maria Helena voltou para cá, observo que já somos as duas, com os familiares daqui, um pedaço de nosso grupo de santa Isabel. Mãezinha, ambas agradecemos ao seu esforço para restituí-nos as Leis De Deus! Sabemos como foram pesados as lagrimas de seus olhos.

Cad gota era um retrato de imensa dor, derramando aflição em nossas saudades que eram tantas. Mas, desde que Maria helena conseguia darem as nossas noticias, você e Papai com todos os nossos se renovaram. Encontráramos uma ponte que não conhecíamos; a ponte que passou a nos ligar com outras pessoas que sofriam tanto quanto nós e, às vezes, mais do que nós. Papai e você, com Homerinho e Jacinta, Marcos e Marcelo, Maria Elisa, Marcos Aurélio e todos os nossos atravessaram o rio da diferença que praticamente isolava do mundo. Éramos felizes. Mãezinha, que não havíamos talvez aprendido a conhecer as dores dos outros. Mas vocês, o nosso querido, passaram a ver que havia meninas e moças atadas a leitos de sofrimento, que nunca haviam encontrado a migalha da felicidade que me proporcionava. E depois da vinda de Maria helena, a nossa família, seja em Santa Isabel, em São Paulo, ou em Goiás, se mostra profundamente aumentada. Mamãe, às vezes, penso que nos separamos para que o nosso amor fique maior.

Quando a vejo, ao lado de uma criança incapaz de mover-se, noto os seus olhos me procurando nos pequeninos ou nas jovens desvalidas, como se a nossa ternura se encontrasse em cada uma delas. E agora, quando você e Papai, vovó e os meninos, encontram o noticiário de algum quadro triste em acidente de trânsito, sabemos Maria Helena e eu, que raciocinam na base da solidariedade, procurando por minha irmã naqueles que passam por semelhantes abalos.

Continuemos assim, trabalhando em favor dos necessitados, mais necessitados que nós mesmos. Falo assim, porque ninguém existe que não precise de alguma cousa e, nem existe pessoa alguma que não possa doar migalha do que tem ou do que é, para a alegria do próximo. Agora, eu que aprendi a beijar a efígie de Jesus em casa, estou aprendendo com vocês a enxergar o Senhor em cada rosto de criança ou de pessoa adulta, marcado pelo sofrimento.

Muito gratas estamos por tudo o que planejaram distribuir com os nossos bons amigos presentes, em lembrança nossa e em lembrança do nosso estimado Augusto, que ficou sendo para nós o irmão daqui.

Deus os recompense! Transformaram nossas flores e nossos sequilhos, nossos vinhos e nossas refeições felizes em pães e agasalhos, em amor e esperança.

Isso é felicidade verdadeira, porque, na Terra, a felicidade é sempre uma promessa de alegria permanente que só se vê permanente quando chegamos aqui, para compreendê-la e conquistá-la.

Mãezinha, agora já posso subir as escadarias da Matriz ele Santa Isabel, com desenvoltura e, posso ir até a Serra Grande, escalando a Pedra Branca e a Pedra Grande para ver deslumbrada, a paisagem bonita que Deus nos concedeu para viver. E também atingir o Monte Serrat e fazer as orações de agradecimento na igreja de Nossa Senhora!

Sinto-me leve, desatada de uma espécie de camisa de força. Decerto que não quero dizer que vivi prisioneira, mas apenas exaltar minha gratidão a Deus por are ver livre da imobilidade. Creia, porém, que é tanto o meu amor por você e por Papai que eu desejaria ter ficado aí, até o dia em que pudéssemos partir todos juntos. Mas o vovô Stamata me diz que isso resultaria em mal para nós, porque, sem a separação, não teríamos a mudança que a todos nos favoreceu.

Tio Quito, o bisavô Santos Freire, o novo Stamato e muita gente boa me carregaram nos braços, quando saí do corpo.

Se a saudade não existisse, eu diria que estou feliz, mas a saudade é a sombra da luz que passou em nós e por nós, sem se apagar.

Maria Helena me recomenda dizer ao Papai que o amigo Fernando Garcia está hospitalizado, passando com boas melhoras, da névoa do corpo que deixou pura a claridade plena que o esperava... É assim mesmo... A vida espiritual é semelhante ao dia no alvorecer. Primeiro, umas riscas douradas no escuro da noite e depois a luz vai chegando devagarinho, até que o Sol se faça de todo. Agora neto posso ser mais extensa. Vovô Stamato diz que não devo abusar do tempo, mas creiam todos de casa que o tempo não existe para quem ama. Peço perdão se faltei com algum nome de família em minhas lembranças. Sou novata de escola e faço os meus exercícios primeiros.

Mãezinha e Papai, recebam com vovó Esther, com Maria Elisa e com meus irmãos todos, sem esquecer a nossa querida Jacinta, todo o coração da filha que lhes deve tanto e que os ama e amará para sempre.

Maria Célia

 

MARIA CÉLIA MARCONDES - Nascida em São Paulo, em 27 de setembro de 1951 , desencarnada em Santa Isabel, em 29 de abril de 1975, com 23 anos e sete meses. Desde o nascimento Maria Célia apresentava grande deficiência física; nunca conseguiu se locomover, nem jamais se expressou verbalmente, não conseguindo também fazer uso das mãos pela total ausência do tato.

PAIS - Dioscórides Marcondes dos Santos Freire e Maria José Caetano Marcondes.

VOVÓ ESTHER - Avó materna, a quem Maria Célia muito queria.

MARIA HELENA - Sua irmã, muito querida, nascida em São Paulo em 26.04.1954. Desencarnou em acidente na Mogi-Dutra, dia 28.06.1976. Foi sepultada exatamente 14 meses após o desencarne de Maria Célia.

HOMERINHO - Irmão gêmeo de Maria Célia.

MARIA ELISA - Irmã caçula de Maria Célia nascida em São Paulo em 27.03.1958.

JACINTA - Cunhada de Maria Célia, casada há nove meses com o Homerinho. Maria Célia tinha muito afeto por ela.

MARCOS E MARCELO - Gêmeos. Irmãos de Maria Célia nascidos em São Paulo, em 27.07.1956.

MARCO AURÉLIO - Primo em 2.° grau de Maria Célia. Nascido em Bebedouro em 21.06.1953. Filho do Tio Quito Stamato, de quem ela fala. Foi criado por nós como filho e é tido como irmão de Maria Célia.

AUGUSTO - Augusto Cezar Netto - nascido também em 27.09.1942 e desencarnado em 27.02.1968 na Praia Grande, jovem que tem mensagens em: "Entre 2 Vidas, "Jovens no Além". "Somos Seis" e diversas outras. Filho de Raul Cezar e Yolanda Cezar.

VOVO STAMATO - Seu bisavô materno, pai da vovó Esther. Foi o fundador do Espiritismo na cidade de Bebedouro, mais ou menos em 1905.

TIO QUITO (STAMATO) - Desencarnado em Bebedouro em 24.02.1962 pai de Marco Aurélio. Tio avô materno, de Maria Célia.

BISAVÓ SANTOS FREIRE - Bisavô paterno, pai da avó dona Elisa Freire. Desencarnado em Mogi das Cruzes em 23.02.1927.

FERNANDO GARCIA - Amigo de Maria Helena e dos irmãos de Maria Célia, desencarnado em acidente automobilístico em Mogi das Cruzes em 21.08.1977.

 

 

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Carlos Eduardo de Toledo

 

... quero falar com Chico Xavier...

 

Antes de mais nada, devo me apresentar: nasci na Cidade: de São Manoel, neste Estado, aos 16 de agosto de 1914, passando residir em São Paulo desde 1918; fui criado na religião católica-apostólica-romana, a qual, aliás, é a de toda a minha família, estudei em dois colégios católicos, no Ginásio Municipal de São Joaquim, em Lorena e no Colégio São Luiz, desta Capital; cursei em seguida a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, na qual me formei em 1936, exercendo, desde então, a profissão de advogado; e casei-me em 1940, com minha querida mulher, Olga de Toledo, também católica, de cujo consórcio tivemos três filhos: Heloísa, Antônio Carlos e Carlos Alberto, sendo que os dois primeiros já são casados e o caçula faleceu solteiro, aos 23 de dezembro de 1969, prestes a completar 21 anos de idade.

Mesmo após o falecimento de nosso querido e amado fìlho, minha mulher não acreditava e nem se interessava pelo Espiritismo. Eu, entretanto, já há bastante tempo, em momentos de aflição ou desanimo, procurava conforto moral participando, vez ou outra, de sessões espíritas, das chamadas "Mesa Branca", em casa de amigos, pois, além de acreditarem Deus e em Jesus, também acreditava, como continuo acreditando, na comunicação com os Espíritos; até que um dia, um grande amigo e excelente colega, já falecido, Dr. Oswaldo Barreto, espírita dos mais eminentes e cultos, aconselhou-me a freqüentar ou estudar o Espiritismo kardecista.

Não cheguei, naquela época, a por em prática tal conselho. dado que, pouco tempo depois, minha vida e as de minha mulher e filhos foram abaladas por uma, para nós, terrível tragédia: nosso filho Carlos Alberto fora vítima de um acidente fatal, de motocicleta! Descrever o nosso sofrimento e as aflições pelas quais passamos em conseqüência dessa inesquecível perda, é realmente difícil, pois somente os pais, em situação semelhante. é que podem avaliar. Estávamos assim desesperados, quando uma pessoa caridosa nos encaminhou a casa de uma senhora espírita, Da. Zilda Giunchetti Rosin, cuja missão, por ter perdido, num desastre de automóvel, seus dons únicos e maravilhosos filhos, Drausio e Diogenes, além, da de doutrinação. em que é excelente, era e é a de consolar pais que perderam filhos e, com Da. Zilda começamos a conhecer a doutrina espírita-cristã e a receber os primeiros ensinamentos, o que, afinal, muito nos ajudou, proporcionando-nos as primeiras resistências para enfrentarmos o desespero da separação de nosso amado filho; além de termos testemunhado, por duas ou três vezes em sua casa, durante a prece, a presença de seus dois filhos, através de leves estalidos de uma limpada elétrica instalada no teto de um dos compartimentos do pavimento superior; por tudo o que e o mais que adiante relato, muito devemos a Da. Zilda.

Minha mulher, entretanto, continuou desesperada ainda por muito tempo e sempre desinteressada do Espiritismo, até que uma noite, passados uns três anus, ela surpreendeu-me com pedido repentino, dizendo-me: "Quero falar com Chico Xavier!". Respondi-lhe, então, que isso não era fácil, pois o Chico morava em Uberaba, cerca de 500 quilômetros de São Paulo, ao que ela disse: "Não tem importância, quero falar com o Chico Xavier neste fim de semana. esteja ele onde estiver." Não querendo perder tão inesperada oportunidade, mas não sabendo como chegar até ao Chico, lembrei-me de Da. Zilda e telefonei-lhe em seguida, a fim de solicitar-lhe uma apresentação, pois sabia que ela se dava com o Chico e tive outra surpresa: ela também iria a Uberaba e se prontificou a nos acompanhar lá, como de fato ocorreu.

Assim, numa sexta-feira a noite, véspera do Dia das Mães, em 1973, na Comunhão Espírita Cristã, temos apresentados por Da. Zilda ao Chico Xavier! O nosso primeiro encontro com o Chico, como aliás sempre acontece com as demais pessoas no mesmo estado de desespero, como acontecia com minha mulher e também comigo, foi por demais emocionante! Mas o Chico, com aquela sua voz mansa e suave, como sempre fala com todos, foi um bálsamo para nossas almas e, antes de me ver, pois ainda não lhe fora apresentado, disse à minha mulher: "Não chore, minha filha, pois ao meu lado está um rapaz mandando um abraço para o Carlinhos!" Mas, se o Chico não sabia o meu nome, pois não tinha ainda sido apresentado e se muito menos sabia que, em família, sou chamado por esse diminutivo, tal recado já nos deixou atônitos! E não parou aí a nossa admiração. No dia seguinte, sábado, fomos novamente a uma sessão, menos numerosa e lá Da. Zilda recebeu, psicografada pelo Chico, uma longa e linda mensagem de seu filho mais velho, Drausio, que, como sempre, foi lida por ele e qual não foi nossa surpresa quando, a certa altura, dizia a mensagem: "Está aqui o jovem Carlos Alberto que manda um cravo vermelho para a sua mãezinha Olga. Ele está sendo assistido pelo irmão Arthur Toledo e pelo irmão Zoilo Simões"! Não pude conter minha emoção, pois além de ouvir o nome de nosso amado filho, ouvira também o do meu querido Pai, falecido em 1935 e, ainda o do Sr. Zoilo Simões, falecido alguns anos antes, conforme notícia que eu lera num jornal, vítima de acidente de automóvel. Mas o que surpreendia era o fato de que o Chico não sabia o nome de meu Pai e, muito menos, o do Sr. Zoilo Simões, pessoa, aliás, que eu não conhecera e que nunca vira, pois deixei São Manoel quando tinha quatro anos de idade e dele sabia apenas o nome, por ser o mesmo de antiga e respeitável família de minha terra. Mas não foi só. Logo em seguida nós e todos os presentes, inclusive o Chico, tomamos "passe" dado por algumas senhoras que adentraram o salão e, durante os minutos que permanecemos tomando "passe", o salão, de grande proporções, foi tomado de um forte e delicioso perfume de rosas, sendo eu informado que era da presença de uma entidade de luz, chamada Scheilla. E, assim que terminou o "passe", desapareceu o perfume como que por encanto... Esse fato, evidentemente sobrenatural, foi comentado pelas pessoas presentes, a maioria das quais vindas de fora, inclusive por nosso filho Antonio Carlos, que nos acompanhou em nossa primeira viagem a Uberaba. Nesses dois dias que lá passamos, tivemos a oportunidade de fazer grandes amizades, especialmente com aqueles que, em razão da dor, buscaram alívio junto ao Chico Xavier.

A partir de então, passamos, de tempos em tempos, a freqüentar as sessões espíritas de Chico Xavier, em Uberaba, a princípio na Comunhão Espírita Cristã e, depois, no Grupo Espírita da Prece e a ouvir dele, em suas prédicas e em suas visitações e distribuição aos pobres, a doutrina espírita cristã, consubstanciada no "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e os seus ensinamentos sobre as virtudes que devemos praticar para o aperfeiçoamento de nossas almas, especialmente a caridade. Somente através de Chico Xavier e de seus edificantes exemplos, é que tivemos uma noção exata do que seja "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos". E também, através dele, é que temos recebido o conforto moral de que tanto necessitávamos, minha mulher e eu, face à perda corporal de nosso amado filho Carlos Alberto.

À propósito, devo relatar ainda que, graças a Deus e a Jesus, recebemos duas maravilhosas e consoladoras mensagens de nosso filho Carlos Alberto, psicografadas por Chico Xavier: a primeira, na noite de 14 de junho de 1974 e a segunda, no dia 13 de setembro de 1975: mensagens essas que, a exemplo de tantas outras recebidas por inúmeras pessoas que perderam entes queridos, por conterem tantas particularidades, notadamente de família, completamente ignoradas por Chico Xavier, são uma prova evidente que o nosso amado filho, em espírito, está vivo e velando por nós. Fato também surpreendente ocorreu quando da última citada mensagem: após entregar-nos os originais da mensagem, o Chico me perguntou: "Você sabe quem é Giuseppe Sanzi"?. Indagando da razão da pergunta, Chico esclareceu: "É que o Carlos Alberto disse-me há pouco que ele está muito ligado ao ramo da família, da Itália." Não podendo esconder a minha admiração, pois todos os nossos amigos, inclusive o Chico, só nos conheciam em Uberaba, por Olga Toledo e Carlos Toledo, respondi-lhe: "Não sei, Chico, quem é Giuseppe Sanzi, mas tenho a lhe dizer que o meu sogro se chamava Affonso Sanzi e, portanto, Sanzi é o sobrenome de solteira de minha mulher." Em seguida, Chico perguntou-me: "Existe lá em São Paulo uma Rua Pedroso?", ao que eu lhe respondi: "Sim, existe e eu moro na Rua Pedroso de Moraes",tendo o Chico dito então: "É isso mesmo, Pedroso de Moraes." "Porque essa pergunta?", indaguei. Respondeu-me o Chico: "Porque o Carlos Alberto também me disse que tem passado pela Rua Pedroso de Moraes e tem ouvido uma música do Roberto Carlos, que fala num amor inconstante, mas que o amor dele por vocês é constante." Essa música, que eu não conhecia, tentei saber qual era, em várias casas de discos de São Paulo, mas sem resultado, até que, tempos depois, minha netinha Fanny, que ignorava completamente aquele assunto, perguntou-me se eu queria ouvir a primeira música que ela aprendera ao violão: e tocou e cantou, para mim, uma das músicas de Roberto Carlos, chamada "Olha". que era aquela que eu tanto procurava...

Naqueles dois primeiros dias que, em 1973, passamos em Uberaba, também conhecemos nossa grande amiga, Da. Yolanda Cesar, que igualmente perdera um de seus filhos, um lindo e forte rapaz, de nome Augusto, a quem muito devemos por todo consolo que temos recebido do Chico Xavier, pois a exemplo cio que tem feito conosco, é incansável em ajudar a todas as pessoas que se encontram no estado de tristeza, de aflição e de desespero, em que ela e nós estivemos, pelo que somos sumamente gratos a ela.

E através de Da. Yolanda, viemos a conhecer e a freqüentar o Lar do Amor-Cristão, desta Capital, caridosa entidade kardecista, na qual, além de recebermos ensinamentos da doutrina espírita-cristã e de recebermos também os benefícios de "passes magnéticos", temos encontrado, em seus dignos e bondosos dirigentes, inestimáveis apoio e conforto moral.

Feito o retrospecto de nosso relacionamento com o Chico Xavier, nosso querido irmão em Jesus, o Divino Mestre, o meu depoimento sobre a sua respeitável pessoa, pode ser assim resumido:

Chico Xavier, que recentemente completou 50 anos de contínua mediunidade, fato por si só extraordinário, e que durante esse longo tempo, sempre assistido por Espíritos de Luz, só tem se dedicado a fazer o bem a todas as pessoas que o procuram, sem distingui-Ias se são ocas ou pobres, a par de ser um homem de extrema bondade, de notória integridade de caráter, de reconhecidas virtudes, entre as quais ressaltam a humildade, a paciência e a caridade. e de uma cultura geral e religiosa admiráveis, é um anjo de paz e amor que Deus enviou à “Terra! Felizes aqueles que tiveram ou têm o privilégio de se aproximar de Chico Xavier”.

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Encarnação Blasquez Galves

 

Reencontro de Corações

 

Maio de 1959 data que recordamos com imensa alegria! Os bons ou maus momentos que passamos são sempre lembrados, pois, eles marcam nossa existência; são pontos definitivos de nossa vida.

Maio de 1959 foi sem dúvida nenhuma um dos melhores momentos da vida do casal Galves.

Galves e eu havíamos lido alguns livros psicografados por Chico Xavier e sentimos um desejo imenso de conhecer o médium que recebia páginas tão belas.

Curiosidade, pensávamos naquela época; necessidade, reconhecemos agora. Eram os primeiros passos na abençoada Doutrina.

Insegurança e intranqüilidade eram uma constância em nossas almas, principalmente na minha e não devo responsabilizar somente a mediunidade hoje tão querida por nós, mas, também ela oferecia campo para que a paz tão necessária não se fizesse presente em nossas vidas..

Fomos a Uberaba em um pequeno grupo, mas sentimos que Chico muito depressa familiarizou-se conosco e nos dispensava uma grande atenção.

Ele nessa oportunidade realizava peregrinações aos sábado às casas das famílias assistidas e nessas ocasiões as beneficiadas que nos recebiam ofereciam cafezinho e água que os bons espíritos perfumavam com muito carinho.

Chico, delicadamente, logo chamava Galves e lhe oferecia café ou água perfumada.

Essa atenção despertou a curiosidade de todos os presentes, principalmente de Galves que ao recolher-se para o descanso dizia um pouco preocupado: "Nena, acho que eu vou morrer muito em breve, pois Chico dispensou-me tanto carinho, carinho esse que eu nada fiz por merecer".

Estávamos longe de imaginar que aquela atenção representava trabalho e alegria futuros e que seria mais vida e não morte em nossa existência atual.

Ao conhecermos Chico, Galves e eu, tivemos a impressão exata de que nos localizávamos no espaço e no tempo: nossos, olhos viam o fenômeno mediúnico, nossas almas sentiam a força do amor porque a própria materializava-se em forma de homem de pequena estatura e de gestos lentos, ensinando-nos como andar certos e seguros, sem tropeços. Estava diante de nós um homem de visão apoucada, mostrando as belezas de um mundo melhor, um homem que sem ter a beleza de um Apolo, parecia belo, muito belo, porque fez com que passássemos a ver as belezas do mundo terrestre, aquelas que quando se sofre não se consegue vislumbrar.

Sentimo-nos nesse dia, mais esposa, mais mãe, mais filha, enfim, um ser que renascia diante de um pai espiritual que acabava de reencontrar.

Sentimos uma atração imensa, uma afeição mútua e quando Chico Xavier tomou as mãos de Galves e as minhas e as beijou tivemos a certeza de que estas mãos já deveriam ter estado unidas num passado distante: foi como uma volta aos tempos longínquos e um despertar num presente sonora.

Viemos para São Paulo transbordando de alegria e desde essa data acrescentamos em nosso álbum de família mais uma fotografia, pois a família Galves sentia-se enriquecida com este espírito de escol que a ela se integrava de forma tão sutil.

Passamos a visitar Chico regularmente, talvez mais ávidos de presenciar fenômenos mediúnicos do que de receber conhecimentos espíritas.

Certa vez, Chico, que não conheceu meu pai, desencarnado em 19.10.1932, transmitiu-me oralmente um recado que me comoveu, muitíssimo: Nena, seu pai, Senhor Nicomedes, esta presente e solicita seja dito a você que ele está muito feliz e que tem acompanhado a você em todas as suas tarefas e estudos espíritas, alcançando com você grande melhora e franco progresso, porque está aproveitando as luzes da Doutrina Espírita, em sua companhia.

Essa notícia nos trouxe imenso reconforto.

No decorrer desta amizade, que crescia com o tempo, fomos premiados com muitos fenômenos, mas junto também chegou o esclarecimento de maneira que pudéssemos avaliar o equilíbrio e a segurança do grande médium amigo.

Testemunhar os fenômenos presenciados por nós, o que vimos, o que ouvimos de beneficiados pela mediunidade de Chico é praticamente impossível. São inúmeros os fenômenos ocorridos... Destacaremos para relato, um, ocorrido conosco:

 Repentinamente vi-me atacada de uma enfermidade que depois de larga peregrinação por consultórios e laboratórios, os médicos constataram ser uma doença de pele chamada Porocematose de Willian, enfermidade essa para a qual poucos recursos a medicina encontra.

Fui visitada pelo Dermatologista que receitou uma medicação à base de vitamina A, que só poderia ser adquirida na Argentina. O remédio que pude ter disponível era insuficiente, pois as lesões eram bastante grandes nas pernas e cobriam todo meu braço.

Usando-o, deu para uns dias apenas.

Galves preocupadíssimo, comunicou-se com Chico ao telefone informando-o de meu estado. O médium após ouvi-lo atento, como sempre, recomendou-me uns medicamentos homeopáticos e disse ao Galves que o Doutor Bezerra de Menezes pedia que eu evitasse o sol.

Passei a seguir tal recomendação, pois realmente a exposição ao sol aumentava as lesões, conforme constatei observando-me melhor.

Terminado o remédio receitado pelo Dermatologista, mandamos preparar mais uma porção sem a sua supervisão.

No prazo recomendado voltei ao consultório. Espantado com o meu estado, o médico indagou desde quando eu estava com a pele tão limpa das lesões e o que havia feito. Confessei a ele que havia mandado preparar mais medicação, mas ele não aceitou isso como suficiente para a cura visto que a primeira receita era preparada à base de álcool e a segunda fora preparada à base de solução aquosa com a vitamina A.

Informou-me que nem uma nem outra seria suficiente para a cura de lesões como as que eu possuía, reafirmando que pouco ou nada havia para a cura efetiva dessa moléstia. Meu problema era um caso para estudo.

O médico pediu-me que o visitasse periodicamente porque aquela melhora rápida para ele era um milagre. Isto ocorreu em janeiro de 1970.

O processo das lesões levou apenas uns 20 dias para ser debelado. Conservo ainda algumas marcas das mesmas, mas fiquei completamente curada.

Chico calou-se diante de todas as ocorrências, mas soubemos através de uma amiga que na noite em que Galves lhe telefonou, ao desligar o aparelho, grossas lágrimas correram dos olhos do querido amigo, ficou silencioso durante largo tempo e orou, orou muito por mim. Tenho a certeza de que Chico foi o meu protetor e avalista no mundo espiritual quando pediu por minha saúde.

Se alguma possibilidade tinha eu de receber aquela bênção, quem pode duvidar que eu tenha recebido essa misericórdia do Alto por ter tido no Plano Espiritual um avalista como Chico Xavier?

Agradecemos a Deus todas as dádivas terrestres e de um modo especial a de ter Chico Xavier como Mentor Espiritual, Encarnado.

 

Inayá Ferraz de Lacerda

 

... a autenticidade de sua figura humana, o torna impor nesta admirável missão de amor...

 

Carlos Augusto partiu para o plano espiritual numa radiosa tarde de setembro de 1951, mais precisamente domingo, dia 16. Tão jovem! Quinze anos e meio, cheio de vida, esperanças e projetos.

Mas, conforme nos disse posteriormente, em Campinas, ou em qualquer outro lugar que se encontrasse, seria chamado ao testemunho. Era um débito coletivo adquirido na idade média... Por isso tantos, na flor da idade, naquele dia foram convocados ao cinema Rink, cujo teto desabou em plena matinê. A dor e o luto atingiram inúmeros corações, amargurando-os.

Graças a Deus, já estávamos iniciados na consoladora Doutrina dos Espíritos. Suportamos estoicamente o golpe e tivemos de nos revestir de força redobrada, para sustentarmos o desespero do pai "cujo coração estava tão triste e escuro como uma noite sem estrelas" e só pensava em suicídio. Chegou a emagrecer vinte quilos em um mês. Em permanente cuidado e vigilância sobre meu marido, amparada pelo carinho e orações de nossos amigos, escoaram-se os últimos meses do ano.

Em janeiro de 52, graças à bondade de nossa amiga D. Esmeralda Bitencourt, pudemos concretizar nosso grande desejo de conhecer pessoalmente o Chico, em Pedro Leopoldo.

Recordo-me como se fosse agora do nosso encontro. Aguardava-nos à porta do hotel e quando descíamos a escada, ouvimo-lo comentar com D. Esmeralda: mas ela é muito jovem ainda! Foi um encontro gostoso, como de velhos amigos que não se vissem há muito tempo.

À noite assistimos a reunião no Centro Luiz Gonzaga. Quando entramos Chico chamou-nos e disse-nos que um rapaz nos acompanhava, descrevendo-o tão minuciosamente, que de pronto o identificamos. Receiosa, porém, de afirmá-lo, na dúvida dissemos não estar certa de quem se tratava. Ele parou um minuto se tanto e revelou-nos exatamente quem nós pensáramos: "ele diz que é o Antônio Peres."

Esse rapaz fora casado com a sobrinha do Oswaldo, meu marido. Desencarnara em desastre de avião, que desapareceu nas serras de Petrópolis, sendo encontrado somente dois anos após. O fato de acompanhar-nos à entrada do Centro, constituiu admirável prova para nós. Na primeira mensagem de nosso filho, recebida no dia seguinte em reunião na casa de André, irmão de Chico, Carlos Augusto nos disse que "ao despertar no plano espiritual, estavam a seu lado algumas pessoas, reconhecendo entre elas de imediato, o Antônio Peres que o alertou com palavras amigas"... Surpreso, pois sabia-o morto, o Antônio revelou-lhe, a pouco e pouco, que ele também já se encontrava no outro plano da vida.

Hospitalizado, assistido por André Luis e por seu avô paterno, Dr. Simeão Lacerda, também médico, passou seus primeiros tempos de saudade ansiosa, essa "carência do coração, essa fome de presença a que chamamos saudade"...

Sua mensagem, linda, esclarecedor: e confortadora, trouxe-nos um pouco de paz ao coração. Seu espírito curioso e indagador, quando ainda no plano físico, lera Nosso Lar de André Luiz e outros livros da coleção infantil. Afirmou-nos que "as leituras que levou lhe serviram de muito. Facilitaram o entendimento de sua nova situação com uma clareza que nem sabia definir". Foram um tesouro, que não só representaram benefícios exclusivos para sua alma, como também para as dos dois companheiros de viagem: Carlos Balthazar e Benedito que buscaram junto dele novas luzes para seus espíritas.

Pediu-nos que realizássemos um Culto de Evangelho no Lar, para que, "à sombra dessa arvore que plantaríamos juntos, enriquecêssemos nossos espíritos para a eternidade".

Tão logo voltamos à casa, instituímos esse Culto abençoado, que teve início a 11 de fevereiro de 1952 e é realizado todas as segundas-feiras de 20 30 às 21,30 horas e que, decorridos 26 anos, vem sendo feito ininterruptamente, sem uma única falha.

Voltamos a Pedro Leopoldo em setembro do mesmo ano, para a comemoração do 1.° aniversário no plano espiritual. Em sua mensagem, afirma-nos: "o amor venceu a morte" e mais adiante: "afinal de contas eu não morri. Estou mais vivo do que nunca e devo cumprir meus deveres para aumentar as minhas possibilidades de ajudá-los na jornada do mundo". Sobre o culto doméstico do Evangelho, diz-nos carinhoso: "sinto-me nele como num jardim. Abençoadas sejam as flores das preces e das conversações sadias que estamos plantando juntos"...

Nessa estada junto ao nosso querido Chico, começamos a acalentar a esperança, de realizar reuniões de materialização com fotografias.

Em dezembro estávamos de volta para concretizar o maravilhoso sonho. Na noite de 3 de dezembro de 1952, numa reunido especial no Centro Luiz Gonzaga, com cerca de oitenta pessoas, confrades e amigos de Pedro Leopoldo e Belo Horizonte, realizou-se a l.ª reunião de materialização, tendo como médium de cabine Francisco Peixoto Lins. Nossa amada Scheilla orientou tecnicamente toda a parte fotográfica. A chapa foi batida por meu irmão Henrique Lomba Ferraz fotógrafo amador, com a máquina Rolleiflex diafragma 8 - velocidade 1/100. Ignorávamos qual o espírito fotografado, de vez que ao bater a chapa, ao clarão do flash, diz meu irmão nada ter visto. além da parede branca da sala. Ao revelar, porém, o filme, em seu laboratório tivemos o deslumbramento e a emoção extraordinária de identificarmos nosso Gugu...

Sobre essa foto maravilhosa, a primeira de espírito materializado tirada em Pedro Leopoldo com a presença de Chico, assim se expressa Carlos Augusto em sua mensagem de quatro de abril de 1953: "extremamente confortado com o auxílio de nossa querida Mãezinha Scheilla, de Nina, de Aracy e do nosso Peixotinho, agradeço a Deus a ventura com que pude ofertar-lhes meu retrato".

Não satisfeito, porém com o tesouro que nos doara, programava outra foto, desta vez conosco - papai e mamãe - sem parecer fantasma, isto é sem ectoplasma aparente, conforme nos prometeu na mensagem de 16 de setembro de 53: "contudo, prossigo nutrindo a esperança de nosso retrato juntos... nossos amigos daqui, notadamente Scheilla, podem harmonizar as vibrações entre a objetiva e a nossa imagem e daí a minha esperança de que estaremos unidos em breve para semelhante tentativa". Esta não se realizou, por circunstâncias alheias à vontade do plano espiritual.

Houve contudo, outras reuniões de materializações com fotos, mais precisamente três, respectivamente em 7 de abril de 53, do espírito de Camerino, faroleiro em Macaé, Est. do Rio; em 16 de setembro de 53, do espírito de Ana, de Campos, Est. do Rio; em 13 de dezembro de 1954, do espírito de Pinheiros - 3 fotos batidas consecutivamente para demonstrar o efeito da luz destruindo o ectoplasma e finalmente, na mesma reunião a foto de uma amiga espiritual de Chico, encerrando a série de materializações.

Nos 26 anos decorridos, desde o regresso de Carlos Augusto ao plano espiritual, visitamos nosso querido Chico todos os anos, eventualmente até duas vezes no mesmo ano e das 29 mensagens recebidas pelo seu carinho e bondade, todas constituem tesouros de afeto, dedicação e amor de nosso Gugu, num interesse permanente por nossos caminhos, nossas realizações, projetos e esperanças. Ausência presente em cada passo de nossas vidas, tem nos estimulado na perseverança acompanhando-nos nas lides de cada dia. A certeza deste amor, nos alimenta o animo e a coragem. "Não nos achamos juntos por acaso... embora afastado do plano físico prosseguirei com todos dia a dia"...

A partir de 25 de janeiro de 1955 começamos a receber juntamente com as mensagens de Gugu, lindos sonetos do querido amigo espiritual Cruz e Souza, a quem estamos ligada no passado por laços de grande afeição.

Esses encontros de setembro - nossa festa do coração - no dizer de Gugu, até 1958 em Pedro Leopoldo, e de 59 em diante em Uberaba, fora, na primeira fase, comemorados com preces, mensagens e bolo de aniversário, este por generosidade e carinho de D. Luiza, irmã de Chico, a quem devemos toda a gratidão pela delicadeza das homenagens. Tudo isso porque Carlos Augusto na mensagem do I.° aniversário assim se expressou ao terminar: "penso que, se fôssemos fazer um bolo, teria uma vela para apagar". Daí por diante, o bolo delicioso e belo, com data e flores, esteve sempre presente, comemorando a cada ano, mais um aniversário do seu retorno ao plano espiritual.

Os encontros de Pedro Leopoldo e de Uberaba, até 29 de novembro de 1974 terminavam no avançar da norte, em reunião íntima com outros médiuns, nas quais nossa amada Scheilla, incorporada (em Chico), materializava flores como biscuit, cruzes com dizeres, colares e mantilhas de renda finíssimas, todos esses objetos iluminados e transparentes, impregnados de substâncias curadoras, com finalidade de tratamento, razão pela qual o grupo era sempre reduzido. No final recebíamos presentes de flores, conchas e pedras transportadas de longe. Carlos Augusto perfumava, encharcando-os, os lenços de todos os presentes e falava com cada um. O encerramento, pela nossa Scheilla, era sempre uma prece linda e comovedora que nos emocionava até as lágrimas.

Tivemos provas sem conta de identificação de parentes e amigos queridos já no plano espiritual, os quais, através da admirável mediunidade de Chico, apresentavam-se a nós, por vezes ou quase sempre, para sermos mais precisos, quando nem pensávamos neles.

Citaremos, num de nossos encontros à descrição para meu pai, da presença junto dele, de um espírito que se dizia muito seu amigo, descrevendo pormenorizadamente, inclusive as condições trágicas de seu passamento, identificando como Pedro de Oliveira - prefeito de Carangola, Est. de Minas.

De outra feita, solicitando Oswaldo notícias de seu pai Dr. Simeão que há muito não se manifestava, Chico respondeu: acaba de chegar, em companhia do Dr. Homero Miranda Monteiro de Barros seu colega. A presença e sobretudo a citação por extenso do nome do colega de Oswaldo sensibilizou-o muitíssimo, porque este moço havia sido seu contemporâneo na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e muito seu amigo, desencarnado pouco tempo depois de formado.

Como essas, outras sucederam-se inúmeras no decorrer de nossos encontros. Outros fatos curiosos aconteceram. Reportar-nos-emos a dois: Em sua casa em Pedro Leopoldo, numa tarde, conversávamos, quando de súbito aconteceu algo inesperado. O ar ficou fortemente impregnado de éter. Chico então nos disse: é o dr. Simeão que vem trazendo o espírito do Dr. João Francisco Paes Barreto, antigo Juiz de Direito de Carangola, para ser beneficiado por nossa Scheilla. Velho amigo de meu pai, que naquele momento desencarnava, sem que nós nem sequer o soubéssemos enfermo.

Numa das reuniões de preces para o Gugu, ao encerrá-la Chico levantou-se para apanhar algo em seu quarto. Ao voltar. decorrido algum tempo, estranhando nós a ausência de Cruz e Souza, perguntamos por ele. Chico respondeu-nos, assentando de imediato à mesa, pegando lápis e papel: ele acaba de chegar e vai nos transmitir um soneto. Diz que seu atraso deveu-se ao fato de termos mudado o horário da reunião. Realmente a mesma fora marcada para a noite e antecipada para a tarde. Deu-nos então o admirável soneto "Falando ao Coração".

Noutra ocasião, levamos para Chico ver, uma foto de Gugu - a última tirada para sua carteirinha de estudante - e absolutamente idêntica à da materialização. Era inverno e fazia um frio tremendo em Pedro Leopoldo. Tarde da noite, ao terminar a reunião de tratamento espiritual, à frente do porta-retrato de Carlos Augusto estavam enfileiradas quatro angélicas fresquinhas e orvalhadas "simbolizando as quatro letras da palavra AMOR" conforme disse Gugu através de Chico.

Neste convívio admirável de 26 anos, no qual pudemos desfrutar todas as riquezas de bondade e carinho do coração do Chico, nossas palavras são inexpressivas e pobres para traduzirem todo afeto e gratidão que temos por sua maravilhosa pessoa.

A seu exemplo permanente de fidelidade, no desempenho de seu mandato mediúnico, devemos este tesouro inestimável das 150 obras recebidas, que constituem o Evangelho do futuro, para toda a humanidade.

O amor com que executa suas tarefas, esse amor vivido, sofrido e exemplificado junto a quantos o procuram em aflições e dores, o credenciam como apóstolo da 3.a Revelação. A autenticidade de sua figura humana rica de sentimentos diante dos sofrimentos, seu acendrado amor à Doutrina que vem exemplificando heroicamente em seus 50 anos de mediunidade e vida pública, o tornam impar nesta admirável missão de amor.

Cremos ser impossível conhecê-lo e, mais ainda, privar de seu convívio e de sua amizade, sem receber forte e benéfica influência. E nós não poderíamos fugir à regra. De 1952 em diante, pelo pouco que relatamos do muito que nos foi dado fruir, presenciar e participar, nossa vida assumiu novos rumos, diante dos horizontes que se abriram ao nosso entendimento.

Jamais teremos condições de retribuir o muito que lhe devemos. Nossas preces humildes e toda a filial ternura de nosso coração, esse quase nada é tudo que fala de nossa gratidão reconhecida e sem limites.

 

Mensagem de Carlos Augusto

 

Meu querido Papai,

Minha querida Mamãe,

Peço-lhes me abençoem no grande caminho.

Correm os dias, incessantes... E o nosso coração, como um relógio de Deus, vai marcando os acontecimentos e as lutas, as alegrias e us dores, ns dificuldades e recordações.

Um ano se foi... Na primeira hora, tudo parecia o desmoronamento completo. Quem nos visse, desolados, como nos achávamos, talvez acreditasse que a esperança não mais surgiria no solo de nossas vidas, mas a Providência Divina tudo renova para o bem e, com ela, nossas aspirações renasceram.

O amor venceu a morte e com a graça de Jesus pude falar e puderam escutar-me. A fé ressurgiu luminosa e sublime e continuamos juntos. Poderia haver, Paizinho, outra alegria maior que essa - a de nos sentirmos unidos uns aos outros, acima da própria separação? Consulto meus desejos mais íntimos, minhas ansiedades ocultas e reconheço que não poderia conseguir, de minha parte, um tesouro maior...

A sua tristeza amargava-me o espírito. Sem que o senhor pudesse recordar nas horas de vigília comum, seu pensamento me procurava, aflito, na vida espiritual, enquanto o corpo descansava na bênção do sono, como se o seu carinho me houvesse voluntariamente deixado numa floresta escura... Simplesmente porque me manifestara desejoso de permanecer no Rio, seu coração afetuoso julgou que a minha internação em Campinas teria sido um erro de nossa parte. Entretanto, depressa compreendemos com o amparo do Alto que a Vontade de Deus deve imperar sobre a nossa. Tudo aconteceu Papai, obedecendo a imperativos do nosso passado espiritual.

Minha partida ou rainha vinda não poderia ser adiada. E quando o senhor entendeu comigo a necessidade da conformação, diante dos Desígnios Superiores, uma nova paz, me banhou a alma.

Seu filho está feliz, tanto quanto é possível sermos felizes com a saudade no coração. Por sem intermédio, Mamãe querida, tenho conversado com Papai e com os nossos, influenciando indiretamente em nossas palestras habituais, a fm de que o bom ânimo não se afaste de nosso ambiente. Hoje, tenho a idéia de ver-lhe a alma carinhosa e devotada com mais acerto. Sei dos seus sonhos de bondade e dos seus anseios de comunhão com a Espiritualidade Santificante...

Suas interrogações, Mãezinha querida, e suas meditações em silêncio guardam para mim uma grande voz. Tenhamos serenidade e confiança em Deus na travessia do grande mar da existência no mundo.

Em torno de nossa embarcação há tantos náufragos tocados pela aflição e pela dor! Conservemos a coragem no coração. Ergamos a Jesus nossos olhos e sentimentos, dele esperando a segurança para as nossas realizações. Todos estamos em processo de redenção. Pouco a pouco, penetramos o domínio da Verdade e a verdade nos ensina, calmamente, as sua lições.

Grandes amigos nossos me falam do pretérito que precisava converter em felicidade vitoriosa no futuro... Assim, pois, rogo-lhe muita fé na Divina proteção. No serviço aos nossos semelhantes, vamos descobrindo a estrada para os cimos de nossa elevação. Ainda mesmo ao preço de lagrimas e sacrifícios, avancemos para diante...

Há momentos em que nossos pés sangram na marcha, contudo não desanimar e a condição de nosso triunfo. Ajudemos, como sempre, a Vovozinha querida em suas lutas. Tudo passa e tudo se renova...

Não suponhas a senhora que eu não sinta a extensão dos nossos problemas espirituais. A desencarnação não nos confere a isenção da dor que aperfeiçoa e santifica sempre. Ainda agora, recebendo a minha alma, as lagrimas amorosas e as lembranças de papai, sinto que o pranto dele me arranca o mais intenso trabalho de aprimoramento. Preciso crescer em conhecimentos novos para auxiliá-lo

Afinal de contas, eu não morri. Estou mais vivo do que nunca e devo cumprir meus deveres para aumentar as minhas possibilidades de ajudá-los na jornada do mundo. A evolução e nossa. O aprendizado nos pertence. Cabe-nos estudar e servir, lutar e enriquecer-nos de luz, tanto na terra como n ávida espiritual. Jesus não nos abandona. E nessa ardente certeza de que sermos amparados, seguirei para diante a procura de merecimento espiritual para ser-lhes mais útil.

Aqui se encontra em nossa companhia o Vovô Simeão que sorridente nos pede coragem e valor para obtenção da vitória. Ele se rejubila com as melhoras que Papai vem experimentando e promete colaborar, como sempre, em nossa felicidade. O nosso amigo Aguinaldo, além de outros companheiros que também comemoram o primeiro aniversário de vida nova, partilha nossas preces desta noite, de pensamento voltado aos que deixou inquietos e saudosos no mundo. Já fizemos, todos juntos, as nossas orações e roguei ao Senhor concedesse aos amados paizinhos e à nossa casa feliz as bênçãos do seu infinito amor.

Nosso Ronaldo ainda não se encontra bem reajustado para vir com bastante proveito. Ele é um herói, mas é muito difícil enfrentar as situações violentas com imediata serenidade. Acha-se muito bem assistido e tenho a impressão de que em breve tempo conseguirá reaproximar-se do ambiente familiar, sem comoções destrutivas. Esperemos a passagem dos dias, suplicando para ele o concurso dos nossos Maiores.

Mamãe, os assuntos são tantos que Ihe peço perdão se não puder referir-me a todos. Não quero, porém, olvidar o nosso abençoado culto doméstico do Evangelho. Sinto-me nele como num jardim. Abençoadas sejam as flores das preces e das conversações sadias que estamos plantando juntos. Nossa amiga Nina tem estado sempre conosco. Espero que o nosso santuário prossiga sempre iluminado. Um dia, todos juntos, sob a árvore do amor triunfante, louvaremos nosso esforço de agora.

Nosso Luiz Eduardo tem aproveitado muito as vibrações renovadoras de nossas orações e comentários cristãos. Jesus nos abençoe. Agradeço, com muito carinho, a presença do tio Ernani, da tia Elza e do nosso amigo Pedro em nossa, festa de corações.

Penso que, se fôssemos, hoje fazer um bolo, teria uma vela por apagar. A vida espiritual é novo renascimento e conto com a alegria de prosseguirmos em nossas lembranças. A todos os nossos de casa, muito particularmente à Vovozinha, o meu abraço cheio de júbilo e reconhecimento.

E reunindo-os em meu amor e em minha esperança, com um beijo de muito carinho, sou o, filho que os acompanha, reconhecido e feliz.

Carlos Augusto

 

Francisco Candido Xavier

 

1927

 

8 de julho

 

1977

 

A FEDERAÇÃO ESPIRITA BRASILEIRA regozija-se com quantos, no Brasil e além-fronteiras, elevam a Deus as suas gretes de gratidão pelas bênçãos distribuídas na Terra, em forma de ensino e consolação, auxilio e roteiro, através da Mediunidade com Jesus.

A CASA-MATER DO ESPIRITISMO, lembrando a data que assinala meio século de intenso labores de Francisco Cândido Xavier, no campo mediúnico ligado especialmente à, missão do livro espírita, deseja expressar, simbolizado no amplexo ao médium de Pedro Leopoldo e Uberaba, o seu carinho e apreço irrestrito a todos os médiuns, do passado e da atualidade, que deram e dão expressivas provas de dedicação ao trabalho do Senhor, sabendo renunciar e testemunhar, com valor e fé, no dia-a-dia, a excelência da mensagem do Espírito da Verdade, na restauração do Cristianismo do Cristo.

Que a Paz do Senhor permaneça com o querido seareiro. E que Ismael o ilumine e proteja sempre.

 

 

 

 

 

Joaquim Alves

 

... Chico sempre foi para mim, pai, mãe, irmão e amigo ...

 

Após experiências amargas na juventude em sombras e com a partida de minha inesquecível progenitora para o mundo maior, encontrei a luz através do Apóstolo do Espiritismo - Léon Denis, em sua obra: No Invisível.

Nos primeiros contatos com a obra dos Espíritos, codificada pelo gênio admirável de Allan Kardec, e, pela obra psicografada de Francisco Cândido Xavier, penetrei o mundo maravilhoso de André Luiz. A leitura despertou-me o imenso desejo de estarem Pedro Leopoldo.

Pelos idos de janeiro de 1952, aproveitando a época de férias, viajamos com nosso caro amigo José Bissoli, no ensejo de conhecermos Chico e o seu trabalho.

Ao chegarmos à cidade de Pedro Leopoldo, procuramos André, seu irmão; que nos informou estar Chico trabalhando na fazenda Modelo. A tarde, após o almoço, Chico nos procurou no hotel onde estávamos hospedados. Ao se apresentar, foi aquele abraço comovido como se abraçássemos alguém que se ausentasse por longo tempo... voltando ao coração.

Acontecimentos extraordinários se verificaram no decorrer dos anos, no convívio com o generoso e querido amigo, que não cabem nestas rápidas linhas.

Desde os primeiros instantes de convivência, fatos, dados e detalhes inúmeros aconteceram e acontecem no mundo mediúnico do Chico, que deram livros e livros, autenticando as faculdades paranormais do amigo querido.

Chico é o grande elo após a figura valorosa de Allan Kardec, a continuar as tarefas de cristianização deste formoso planeta. Penso, que após ele virão outros tarefeiros a consolidar as luzes do Consolador Prometido. Emmanuel por exemplo.

Nestes 26 anos de convivência com o prezado amigo Chico Xavier, nos valem por 26 anos de universidades em todos os currículos da vida. Chico sempre foi para mim, pai, mãe, irmão e amigo. Um mundo energético de amor.

Nestes cinqüenta anos de mediunidade em que se comemora a presença do trabalho de Chico Xavier, auguro para que os fatos de sua mediunidade, ainda para as décadas futuras, em que, a nossa alegria esboça o desejo de trazer a público os diversos acontecimentos de que fomos testemunha, e que serão publicados em futuro breve, se a Bondade Divina nos permitir.

Com a permissão dos amigos leitores, abaixo junto a este testemunho a mensagem enviada pelo espírito de minha mãe, Maria do Rosário, na presença do nosso amigo José Bissoli e de minha irmã Cândida Alves Arnoldi.

 

Mensagem de Maria do Rosário

 

Meus filhos, Deus nos abençoe.

Nada mais reconfortante para o coração materno que a alegria de reunir no regaço os filhos queridos. Cabem vocês nos meus braços? Cabem sim. Um à direita, outro à esquerda e o meu coração repartido. Saudade! Quem saberá o que significa esta doce palavra, mais que as mães supostamente mortas?

Venho agradecer a vocês dois as lembranças carinhosas de domingo passado. Quase que estive com vocês dois, todo o dia, tamanhas foram as vibrações de ternura com que me cercaram. Deus recompense a vocês dois por todas as bênçãos com que me iluminaram a alma. Aquilo, meu querido Quim, que vocês fazem em meu nome, é como se eu mesma estivesse no amor que sabem estender com Jesus.

Filha querida, tenho ouvido suas lágrimas de dentro. Ouvir lágrimas rim. As mães ouvem. Eu sei que você está carregando um fardo muito pesado de angústia, desde que Maximina voltou. Às vezes, apesar dos amores que enriquecem os seus dias, você se sente só. Não pense assim. Nunca estivemos tão juntos, quanto agora. Meus filhos estão comigo como se nunca nos separássemos. Cândida, o esposo chegou em boas condições, mas ainda permanece em restauração. Convalescença natural, depois de longo tempo sob cuidados na Terra mesma. Nossa querida Maximina, porem, conquanto haja regressado para cá, há menos tempo, a meu ver está melhor do que eu mesma. Tranqüila, fortalecida. Vocês perderam a presença material dela no mundo, em meu beneficio. Ela se achava tão doente, sem que vocês percebessem! Tão doente, que pedimos a Nosso Senhor nos permitisse trazê-lo para nós. O corpo se mantinha de pé com dificuldade, porque minha filha sabia superar os próprios impedimentos físicos.

Creiam que a vida, de improviso para v.c., foi uma benção que os nossos benfeitores conseguiram em nosso auxilio. Talvez sem isso, devesse minha filhinha suportar alguns meses de sofrimento desnecessário. Compreendi, querida Candinha, que você sofreria muito com a separação rápida, mas confiamos em sua fé. Agora, nossa casa aqui está crescendo. Temos nosso novo lar a erguer-se. Desejo a vocês vida longa na Terra, tão longa quanto nos seja possível receber do Senhor, mas espero um dia, receber vocês em meus braços.

Vocês podem avaliar a minha felicidade quando vi Maximina em meu colo. Senti-me na condição de ave que achara uma filha, há tantos anos, longe do ninho!... Oh! Senhor! Quem na Terra, antes da Vida Espiritual conseguirá saber o que seja a felicidade dos que se reencontram depois da morte? Maximina já pode colocar benditas obrigações sobre os ombros e já vem auxiliando a vocês. Parece inacreditável, mas nos duas estamos plantando flores e renovando a moradia espiritual. Gloria a Deus pelas alegrias que me concede. À medida que a família humana esvazia a residência terrestre, aumenta-lhe a verdadeira vida os componentes no Plano Espiritual.

Quim, meu filho, muitos amigos daqui estão empenhados em auxiliá-lo para o trabalho novo. Eu, sem alcançar mais profundamente o que desejava, peço a Deus abençoe você, onde você estiver. Que tudo seja benção e alegria, paz e felicidade onde você pise. Comigo esta o nosso caro Joaquim igualmente reconfortado por saber que a nossa Maximina esta bem. Abraça-os com a renovação espiritual em que se felicita.

Filhos queridos, quero prosseguir e não posso... Agradeço a Jesus os recursos com que escrevo... Não tenho, até agora, tanto habito ou tanto jeito para isso. Se eu pudesse em vez de letras, traria flores e com as flores os beijos de ternura que lhes dou em pensamento e lembrança de todos os dias

Minha filha, cuide de você, defenda sua saúde. Não deixa a  saudade transformar-se em desejo de vir para cá. Recorde a necessidade da sua presença entre os nossos. Espere com paciência. Você e Quim são a nossa presença aí, tanto quanto somos aqui a representação de vocês. Continuemos unidos. O amor é a ponte sobre os abismos da morte, o nosso fio de ligação permanente.

Vocês falam e nós ouvimos. Respondemos e vocês ouvem. Coração a coração, pensamento a pensamento. Amor é a força que nos guia tanto de perto, quanto de longe.

Vivam aí para Jesus com todos.

Quanto possam, façam o bem.

O bem é a única moeda que não sofre alteração na vida Real. Trabalhar, servir, auxiliar, abençoar... Com essas luzes a nossa viagem para o reencontro em Jesus será uma bênção. Amados filhinhos, Deus nos abençoe.

Com vocês, a alma e a vida, a saudade e a esperança da mamãe reconhecida e feliz.

Maria do Rosário

 

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 Impressões palmares colhidas em 1937 pelo Professor Manuel Paes de Almeida, da mão de Francisco Candido Xavier e impressas em seu livro "Sua Alma, Sua Palma."

 

 

Maria Eunice Meirelles

 

...Chico foi sempre profundamente vinculado à família, que ele sempre tratou e trata com enorme respeito e profundo amor...

 

Achava-me ainda num colégio de meninas de Curso Ginasial, quando conheci Chico Xavier, através de rumoroso processo judicial movido contra ele e a Federação Espírita Brasileira pela família do escritor Humberto de Campos, em 1944.

Acompanhei com muito interesse todas as fases do processo, através da imprensa e admirei-me ao saber que ele entregava tanto quanto entrega ainda hoje, todos os livros psicografados por ele, gratuitamente, aos editores espíritas para divulgação e serviços de beneficência. Como era de se esperar a Justiça Brasileira na ocasião deu ganho de causa ao médium e à respeitada instituição sediada no Rio, então Capital da República.

Desde a ocasião em que nos referimos acompanho as atividades mediúnicas de Francisco Cândido Xavier com absoluta pontualidade.

Muitos casos, oriundos de sua mediunidade, tivemos a felicidade de presenciar e, receber diversos recados dos Benfeitores Espirituais, consolando-nos pela perda dos entes queridos, como por exemplo, o que em seguida reproduziremos.

À nossa querida irmã e companheira de ideal, Maria Eunice, trazemos as notícias de nossa cara Iná, que se encontra em repouso terapêutico para a restauração integral das próprias forças. Conta com o apoio espiritual da companheira, e tem recebido todos os suportes mentais que a sua dedicação lhe endereça em forma de assistência espiritual.

Em março de 1976 fui testemunha da afirmativa da Sra. D. Aparecida Conceição Ferreira, fundadora do Lar da Caridade, ex-Hospital do Pênfigo, na cidade de Uberaba, que declarou, de público haver recebido a importância de Cr$ 140.000,00 (cento e quarenta mil cruzeiros) das mãos de Francisco Cândido Xavier, importância esta que lhe fora doada pela Sra. D. Ida Góes, residente à Av. Oswaldo Cruz n.° 70, no Rio, para que fosse aplicada em favor dos nossos irmãos doentes na citada instituição. Impressionada com o assunto procurei saber o número do recibo de D. Aparecida Conceição Ferreira, conforme devia constar no Cadastro do Imposto de Renda e posso informar aos interessados que esse recibo tem o n.° 768, datado de 1976.

Sou ainda testemunha pessoal de haver o Chico entregue a dádiva de cem alqueires de terras, que lhe foi feita por D. Consuelo Caiado, residente na antiga Capital de Goiás, doação essa da qual ele entregou metade à Comunhão Espírita Cristã de Uberaba, e a outra metade a uma comissão de espíritas distintos para a fundação do "Lar Fraternidade" na ex-metrópole Goiana. Considerando-se que em 1975, data da doação, essas terras valiam Cr$ 20.000,00 (vinte mil cruzeiros) por alqueire. Chico entregou espontaneamente dois milhões de cinzeiros para ambas as casas assistenciais.

Ainda em 1975, em dezoito de dezembro, participei de uma reunião em que a senhora Dona Margarida Magnabosco, residente na cidade Paulista de Santa Rita do Passa Quatro, ofertou a Chico Xavier a quantia de Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros), como presente de Natal, mas o médium conquanto agradecesse essa elevada importância, pediu que a mesma fosse confiada a uma comissão de espíritas da aludida cidade, para a criação da "Cantina Dalila" em que cada criança aí pudesse tomar diariamente um copo de leite. Até mesmo na aludida reunião formou-se a comissão composta do Senhor Brasil de Souza Prado e Senhora e do Sr. Flavio Camargo e Sra. e de Dona Elza de Camargo, residentes na mencionada cidade, sendo que esta Cantina já está funcionando com a distribuição de 300 copos de leite por dia, para as crianças de Sta. Rita.

Observando esses fatos, convidamos à atenção dos leitores para o estudo vivo da mediunidade e do desprendimento que conheço pessoalmente em Chico Xavier, nosso querido orientador.

Sobre os fenômenos mediúnicos, de que a mediunidade de Chico Xavier tem fornecido amplos testemunhos. deixo o assunto a outros amigos nos depoimentos que naturalmente prestarão e também sus arquivos da imprensa.

Com respeito ainda à vida de Chico Xavier, a leitura ou releitura da coleção do "Reformador", mensário da Federação Espírita Brasileira, do ano de 195H, em cujas páginas se pode obter amplo noticiário alusiva ao jovem Amauri Pena, desencarnado em junho de 1961 (notícia essa que também pode ser obtida na coleção do "Reformador" de 1961) pode elucidar, a nosso ver, a transferência de Francisco Cândido Xavier, de Pedro Leopoldo para Uberaba, já que Chico foi sempre profundamente vinculado à família, que ele sempre tratou e trata com enorme respeito e profundo amor.

- Gostaria de passar a palavra ao meu esposo, Dr. Celso de Souza Meirelles, que poderá relatar fatos importantes sobre a vida do nosso querido médium Chico Xavier, pois também acompanha as obras e o trabalho do prezadíssimo amigo desde 1947, quando também participou no setor de trabalho nas exposições do Ministério da Agricultura, referentes à Pecuária Mineira,juntamente com o Dr. Romulo Joviano, na qualidade de Médico Veterinário e juiz das Exposições Pecuárias.

Em 1947, segundo informações da família do Sr. Fred Figner, que foi um apóstolo espírita da caridade no Rio de Janeiro, esse amigo legou ao Chico a importância de cem mil cruzeiros, a que ele renunciou pedindo às filhas do Sr. Fred Figner, entregassem a importância em beneficio do Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira, departamento este do qual o Sr. Fred Figner foi um dos fundadores. Note-se que o médium na ocasião recebia o vencimento mensal na repartição em que trabalhava de "duzentos e cinqüenta cruzeiros" por mês, quando os juros dos cem mil cruzeiros lhe dariam Cr$ 500,00 mensalmente.

Em 1948 Chico Xavier foi presenteado com a importância de cinqüenta contos de réis, pelo nosso confrade já desencarnado Coronel Arlindo Ribeiro, residente em Santos, Est. de São Paulo, a Rui Azevedo Sodré - 91 , conforme informação do Doutor Romulo Joviano, meu amiga, então chefe do médium em Pedra Leopoldo. Chico entregou a mencionada quantia em favor do Centro Espírita Luiz Gonzaga para compra e construção da sede do referido centro, em Pedro Leopoldo - Minas, plenamente desprendido da idéia da posse.

 

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