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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Urgência–Francisco Cândido Xavier

Índice do Blog

 

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Urgência

 

Chico Xavier

Emmanuel

 

 

 

Com estas páginas simples, unicamente desejamos destacar a importância de nossa sintonia com Cristo de Deus, através da observação e da vivência dos ensinamentos que ele nós deixou, de modo a reconhecermos que nem sempre conseguiremos sem longo esforço a paz dos grupos sociais ou das equipes de trabalho, a que estejamos vinculados, mas, inegavelmente, ser-nos-á sempre possível manter a paz dentro de nós.

Emmanuel

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Índice

       

Introdução

Atitudes de Urgência

Contar as Bênçãos

Notas da Irritação

Ação e Paz

Prevenções

Paciência e Raciocínio

Apoio Mágico

Ante as provas necessárias

Caridade e Influência

Nossa Outra Face

Se Refletirmos

Somente o Amor

Alguma Coisa

Harpa Viva

Esquece o Mal

Diante do Dinheiro

Dentro de Nós

Construindo Sempre

Almas em Prova

Diante das Provações

Reino do Amor

Companheiros que Partem

Desvinculações Familiares

Ama Servindo

Ante os Cimos

Pensa em Deus

 

 


 

INTRODUÇÃO

 

 

Leitor amigo:

"Que poderemos fazer, de imediato, em favor de nossa própria tranqüilidade"? Semelhante indagação de tantos companheiros nos induziu à formação deste despretensioso volume reunindo assuntos relacionados com a nossa própria segurança íntima.

 No Plano Físico, defrontamo-nos, a cada passo, com o imperativo das tarefas de urgência.

Um edifício em perigo que deve ser escorado...

O incêndio iminente, cuja causa reclama extinção...

O obstáculo na estrada, exigindo vigilância para evitar acidentes...

A febre, no campo orgânico, evidenciando a necessidade de medicação adequada, a fim de que o processo infeccioso seja banido...

Este livro pretende expor lembretes e medidas que nos auxiliem na preservação do melhor para nós mesmos em nosso relacionamento, de uns para com os outros. Aqui respondemos aos numerosos amigos que nos interpelam sobre a harmonia na vida interior.

Com estas páginas simples, unicamente desejamos destacar a importância de nossa sintonia com o Cristo de Deus, através da observação e da vivência dos ensinamentos que ele nos deixou, de modo a reconhecermos que nem sempre conseguiremos, sem longo esforço, a paz dos grupos sociais ou das equipes de trabalho, a que estejamos vinculados, mas, inegavelmente, ser-nos-á sempre possível manter a paz, dentro de nós.

EMMANUEL

Uberaba, 17 de Novembro de 1979.


 

ATITUDES DE URGÊNCIA

 

Em favor da paz em ti e em torno de ti, não te esqueças das atitudes de urgência.

Cultiva a fé em Deus para que não te falte a tranqüilidade de espírito.

Age sempre, buscando servir.

Lembra-te de que outros farão a ti o que fizeres dos outros e com os outros.

Espalha o bem que puderes, onde puderes e quanto puderes.

Não cobres tributos de gratidão.

Abstém-te de procurar defeitos no próximo, recordando que todos nós - os espíritos ainda vinculados à evolução da Terra - temos ainda o lado escuro do próprio ser por iluminar.

Evita o ressentimento para que o ódio não se te faça veneno na vida e no coração.

Esquece as ofensas, incondicionalmente, na certeza de que as agressões pertencem aos agressores.

Já que nem sempre será possível viver sem adversários, não olvides o respeito que lhes é devido.

 Se erraste, apressa-te a corrigir-te.

 Na hipótese de haveres ferido a alguém, solicita desculpa a quem prejudicaste, reparando essa ou aquela falta cometida.

Cumpre o dever a que te empenhaste.

Não descarregues em ombros alheio as obrigações que te competem.

Guarda fidelidade aos compromissos assumidos para que os teus companheiros se te mantenham fiéis.

Não acredites em facilidades sem preço.

Conserva correção nas tarefas pequenas, para que essa mesma correção não se te faça pesada nas grandes tarefas.

Nos instantes de crise, não te suponhas a única pessoa em provação sobre a Terra para que a tua dor não se converta em perturbação.

Trabalha sempre e sê útil, sem transitar nos labirintos do tempo perdido, ainda mesmo quando te reconheças sem a necessidade de trabalhar.

Usa criteriosamente a vida e os bens da vida, reconhecendo que tudo pertence a Deus que, por amor, te empresta semelhantes recursos e a Quem, no momento oportuno, tudo precisarás restituir.

Nessas diretrizes, seguiremos tranqüilos, estrada adiante, e, conquanto as imperfeições de que ainda sejamos portadores, estaremos, com a Bênção de Deus, na condição de obreiros da paz.

 

 

 


 

 

Contar as Bênçãos

 

Processo simples de preservar a própria tranqüilidade será trazer, junto à memória, um coração reconhecido.

Enquanto na Terra – plano de experiências renovadoras – são vários os momentos em que o espírito de gratidão é capaz de sofrear-nos quaisquer impulsos à rebeldia.

Determinada enfermidade terá chegado ao teu campo de ação.

Recorda quantos dias terás usufruído relativa saúde física e compreenderás que a paciência se te faz obrigação.

Certo desarranjo em máquina de teu uso haverá surgido, impedindo-lhe o funcionamento.

Pergunta a ti mesmo quantas vezes esse engenho já te serviu pontualmente e saberás restaurá-lo com a serenidade conveniente.

Um companheiro terá saído de teu clima afetivo, ao encontro de lições das quais se considera necessitado.

Conta as bênçãos que recebeste no convívio de semelhante criatura e descobrirás na própria alma a compreensão que te livrará de queixas indébitas, aprendendo a abençoá-la em seus novos caminhos.

Tribulações te apareceram.

Observa o tempo que atravessaste no mundo, sem maiores percalços e disporás da calma precisa para solucionar os problemas transitórios que te ensombrem os dias.

Perdeste talvez um ente amado que se te ausentou da presença para a Grande Mudança, a que todo ser humano está submetido pela força da morte física.

Lembra-te do carinho e da alegria que essa pessoa te proporcionou, no curso da existência e, sem dúvida, chorarás sem blasfêmia e sem desespero, em vista do reconhecimento a que não te podes negar, refletindo no tesouro do amor com que essa afeição te enriqueceu a vida.

Contar as bênçãos de que se dispõe é a melhor medida para que se anote a estreiteza de qualquer provação.

Aprendamos a guardar para com Deus um coração agradecido e em Deus obteremos sempre a paz necessária, a fim de vencermos as mais rudes provas.


 

Notas de Irritação

 

Cólera, na maioria das vezes, pode ser definida por situação de calamidade no mundo íntimo.

Na vida prática, o homem possui a prevenção contra incêndios, o controle da energia elétrica, o serviço imunológico na preservação da saúde e o sinal vermelho nos códigos de trânsito, evitando acidentes.

Por que não estabelecer em nós mesmos, nas horas difíceis, o minuto de silêncio ou de prece, inibindo a explosão do azedume?

Semelhante impacto de forças desorientadas é suscetível de conturbar o ambiente de que necessitamos para viver, tanto quanto é capaz de arrasar muitas plantações de esperança ao redor de nosso amor.

A irritação não apenas pressiona os recursos orgânicos da pessoa que a ela se rende, irrefletidamente, predispondo-a para doenças de natureza obscura, mais igualmente espalha agressões vibratórias sobre aqueles que nos compartilham o dia-a-dia e que, muitas vezes, dependem de nossa serenidade a fim de se equilibrarem na vida.

Se alguém te atordoa, acalma-te e espera, proporcionando tempo a ti mesmo, a fim de solucionar o problema que esse alguém te apresenta.

Age sem precipitação e sem barulho, resguardando, sobretudo, a tranqüilidade dos corações que se te fazem apoio nas próprias experiências.

Se algo te fere, perdoa e esquece, para que não agraves as tuas dificuldades com o peso das emoções negativas.

Ora e pede à Providência Divina compreensão e paz, de modo a que teus dias na Terra se tornem marcados pelo rendimento no bem.

E sempre que te inclines à ira, faze o teu minuto de silêncio ou de oração, observando que a cólera, em qualquer questão e em qualquer circunstância, é uma sombra que te complicará os caminhos ou te fará perder.

 


Ação e Paz

 

Aflição condensada é semelhante a bomba de estopim curto, pronta a explodir a qualquer contato esfogueante.

Indispensável saber preservar a tranqüilidade própria, de modo a sermos úteis na extinção dessa ou daquela dificuldade.

Decerto que para cooperarmos no estabelecimento da paz, não nos seria lícito interpretar a calma por inércia.

Paciência é a compreensão que age sem barulho, em apoio da segurança geral.

Refletindo com acerto, recebe a hora de crise, sem qualquer idéia de violência, porque a violência sempre induz ao estrangulamento da oportunidade de auxiliar.

Diante de qualquer informação desastrosa, busca revestir-te com a serenidade possível para que não te transformes num problema, pesando no problema que a vida te pede resolver.

Não afogues o pensamento nas nuvens do pessimismo, mentalizando ocorrências infelizes que provavelmente jamais aparecerão.

Evita julgar pessoas e situações em sentido negativo para que o arrependimento não te corroa as forças do espírito.

Se te encontras diante de um caso de agressão, não respondas com outra agressão, a fim de que a intemperança mental não te precipite na vala da delinqüência.

Pacifica a própria sensibilidade, para que a razão te oriente os impulsos.

Se conservas o hábito de orar, recorre à prece nos instantes difíceis, mas se não possuis essa bênção, medita suficientemente antes de falar ou de agir.

Os impactos emocionais, em qualquer parte, surgem na estrada de todos; guarda, por isso, a fé em Deus e em ti mesmo, de maneira a que não te afastes da paz interior, a fim de que nas horas sombrias da existência possa a tua paz converter-se em abençoada luz.

 

 

 

 


 

Prevenções

 

Não permitas que a prevenção negativa te obscureça o pensamento.

A imaginação intoxicada por idéias infelizes é capaz de gerar enfermidades que, por vezes, raiam na loucura ou na delinqüência.

Habitua-te a refletir com elevação nas razões alheias, tanto quanto agradeces, aos que te rodeiam, a compreensão com que acolhem as tuas, nessa ou naquela circunstância, a fim de que a paz permaneça contigo.

Não mentalizes o mal, quando determinadas atitudes dos outros se te afigurem diferentes.

O amigo que se te afastou da convivência terá problemas graves que ainda não conheces; a irmã que, de momento, não te considerou a palavra, decerto estaria fixando a atenção em assuntos outros que lhe prenderam os ouvidos em provisória surdez; o chefe ou o subalterno que te receberam em serviço com o sobrecenho carregado serão talvez portadores de crises orgânicas ainda imanifestas; e o colega que te tratou com aspereza provavelmente se mostra aturdido por desastres ou provações em família que lhe inibem, por agora, o prazer da cordialidade.

Resguarda a tranqüilidade própria, a fim de que não a percas.

Vigilância é higiene do espírito.

Prevenção negativa, no entanto, é censura antecipada.

Não adquiras pensamentos destrutivos na feira da desconfiança.

Imuniza-te contra o desequilíbrio, mas não te armes contra ninguém.

Conserva o coração no clima da paz e da alegria e reconhecerás que é possível viver tranqüilamente, desde que deixemos aos outros a iniciativa de assumirem as próprias experiências e igualmente viver.

 

 

 

Paciência e Raciocínio

 

Auxílio amoedado e promoção social constituem por si valioso amparo, significando créditos que te impulsionam para respeitabilidade e progresso.

Existe, no entanto, uma fonte de apoio, em ti mesmo, que te livrará de muitas calamidades suscetíveis de te arruinarem a vida, partindo da vida íntima.

Referimo-nos à paciência que podes sustentar contigo à feição de sentinela silenciosa.

Não nos esqueçamos, porém, de que semelhante virtude pode ser comparada a uma planta que tão-somente se desenvolve no terreno da compreensão.

Não bastará, por isso, tolerar sem raciocinar para que a paciência permaneça conosco.

Diante das crises que te visitem no dia-a-dia, coloca-te no lugar daqueles que se fizeram instrumentos de inquietação.

Terás sofrido ofensas...

Pensa, porém, nos problemas que agitavam o espírito do agressor incapaz de agüentar a si mesmo, nos momentos de angústia.

Impuseram-te prejuízos materiais...

Imagina o estado de penúria ou de ignorância daqueles que te situaram no cipoal da aflição e compadece-te deles que adquirem pesares e lutas para a dor do arrependimento.

Traíram-te a confiança...

Considera a enfermidade ou a obsessão dos seres amados que se hajam, talvez, agravado ao ponto de te ferirem e te esquecerem.

Cercaram-te de injúrias...

Medita na perturbação dos amigos ou adversários que adotaram comportamento infeliz, entrando em dívidas escabrosas com que se defrontarão, um dia.

Alguém te humilhou os entes mais caros...

Pondera o desequilíbrio dos que tombaram na delinqüência sem refletir que estão comprando provas e lágrimas com que seguirão nas veredas da culpa.

Recordemos:

Paciência raciocinada é a paciência que não se perde.

Cultiva no coração essa fonte de bênçãos, ante as dificuldades e experiências da vida e conquistarás a serenidade a se te converter, por fim, em paz de espírito.

Daí por diante, caminharás para a frente nos domínios da evolução. compreendendo em definitivo quanto vale o amor na garantia da vida, estendendo o bem e extinguindo as trevas.

 

 


 

Apoio Mágico

 

Em nos referindo aos obstáculos com que nos defrontamos na Terra, é preciso haver atravessado experiências de vastas dimensões espirituais para entender a significação de semelhante auxílio. Apoio mágico, assegurando a paz de quantos se disponham a usá-lo nos momentos difíceis.

Crises nos surpreendem a todos.

Algumas aparecem sob a forma de barreiras materiais facilmente transponíveis, sempre que pudermos escorar-nos numa vara de ouro. Diversas repontam no caminho, figuradas em mudanças inevitáveis de que, às vezes, conseguimos extrair enorme proveito desde que saibamos aceitá-las com paciência.

Outras se vinculam aos problemas da enfermidade ou da desencarnação que, embora nos magoem, atraem-nos sem dificuldade a consolação dos amigos ou o socorro público.

Existem, no entanto, as outras muitas que nos chegam de rijo sobre o coração, lembrando lâminas escondidas a nos estraçalharem os sentimentos... Os golpes das mãos que nós mesmos um dia acariciamos; as palavras acusadoras saídas de lábios, dos quais, muitas vezes, partiam para nós as fontes da luz e da bênção; os prejuízos montados na ação de companheiros que nos hajam convertido em degraus para a escalada aos postos de temporária evidência na Terra; o abandono a que nos terão relegado almas queridas a quem nos entregávamos com todo o amor e os gestos de menosprezo nascidos naqueles mesmos corações, sobre os quais levamos a efeito os nossos melhores investimentos de confiança...

Para superar essas provas que comumente nos deixam em chagas ocultas a deitarem sangue em forma de lágrimas, calemo-nos e esperemos, trabalhando e servindo, porque o silêncio construtivo nos trará o apoio mágico da humildade – da humildade em que se levantam no Universo todas as bases do próprio amor de Deus.

 

 


 

Ante as Provas Necessárias

 

Confessas-te, freqüentemente, à beira do desânimo, à face das alfinetadas morais que te ferem a alma sensível: a impensada desconsideração de um amigo; a frustração de um negócio que te propiciaria lucros sobre lucros; o comportamento infeliz de companheiro determinado em experiências difíceis; a perda de condução; a roupa estragada...

Esquecemo-nos habitualmente de que pequena invigilância é suscetível de inclinar-nos aos desastres da alma, tanto quanto um abuso no trânsito pode custar muitas vidas e recusamos os contratempos educativos com que a vida nos abençoa, imunizando-nos contra males maiores, descendo ao delírio e à irritação que bastas vezes precedem a obsessão ou a delinqüência.

Quando te vejas, assim, sob o impacto de aborrecimentos claramente remediáveis pelas tuas atitudes de serenidade e de paciência, deixa que as asas de tua própria imaginação te conduzam aos milhares de hospitais, consultórios médicos, clínicas de tratamento, ambulatórios diversos e aposentos de enfermos, a fim de ver e escutar, em espírito, tantos irmãos nossos que jazem comprometidos em desequilíbrios orgânicos muitas vezes irreversíveis.

Visita, pelo menos mentalmente, os paralíticos, os mutilados, os cegos, as mães sofredoras que suportam a penúria dos filhos, como se trouxessem um punhal de fogo enterrado no coração; a dor dos pais amorosos, tombados em pauperismo e moléstias, incapazes de prover as necessidades do lar; os presidiários esquecidos, os doentes em supremo abandono e aqueles outros companheiros nossos em absoluta e desesperada exaustão que suspiram pela morte, como sendo a esperada solução para os problemas aflitivos que lhes martirizam a alma.

Pensa, alguns momentos por dia, nas provações e nas privações dos outros e aprenderás a somar as vantagens que te felicitam a existência, verificando enorme saldo de bênçãos em teu favor.

Então, compreenderás que ao invés de nos queixarmos do mundo, ante as provas e as lutas que ainda nos incomodam, será talvez o próprio mundo que possua motivos para queixar-se de nós.

 

 


 

 

Caridade e Influência

 

Freqüentemente admitimos que socorro, perdão, caridade e donativo encontram significado exclusivamente nas horas de crise.

Entretanto, estamos todos à frente da vida e dentro dela, com a obrigação de reconhecermos a presença dos benfeitores que nos estenderam os braços para a travessia dos obstáculos naturais na experiência comum.

Acionemos os botões da memória e vê-los-emos todos:

é a criatura vinculada ao nosso afeto, que nos amparou em família, encorajando-nos na realização dos nossos melhores ideais; quando as circunstâncias adversas nos induziam à frustração e desânimo;

é a pessoa que nos deu as mãos na travessia de risco iminente;

é o irmão que nos favoreceu com exemplos de intrepidez e tolerância;

é o amigo que nos auxiliou a encontrar o privilégio de servir;

é o companheiro que nos mostrou a bênção da oração, renovando-nos a vida.

Onde estiveres, pensa nisso e relaciona os bens que podes distribuir.

Ninguém calcula os resultados construtivos da sementeira considerada vulgar.

Alguém dirá que isto é óbvio, entretanto, aquilo que é óbvio é sempre o inevitável na existência e o mais difícil de se fazer.

Auxiliar aos outros, a fim de sermos auxiliados, é claro imperativo no mecanismo das relações humanas, contudo, é preciso relacionar quantos séculos estamos despendendo, a fim de senhorear semelhante aprendizado.

A fonte de água limpa é suprimento óbvio na sustentação da comunidade.

Experimente, porém, essa ou aquela pessoa passar sem ela.

Meditemos nisso e observemos a significação da nossa influência sobre aqueles que nos rodeiam, para entendermos que ninguém deve esperar por ofensa, necessidade, desastre ou penúria, a fim de cultivar o amor a que somos chamados, através do respeito e do amparo que nos devemos uns aos outros.

E assim agindo reconheceremos, por fim, que todo dia e toda situação constituem ensejo e lugar para nos devotarmos todos à construção do bem.

 


 

Nossa Outra Face

 

Expressando-nos na condição de espíritos da Terra e dirigindo-nos aos companheiros da Terra, convém recordar em matéria de julgamento, que todos nós, os aprendizes de elevação, estamos conscientes de nossa outra face. A face oculta que trazemos.

Não nos reportamos aqui aos amigos que trabalham entre nós com o íntimo iluminado pelo amor, em seus mais altos estágios de grandeza.

Reportamo-nos a nós mesmos, os que pugnamos pelo auto-aperfeiçoamento.

Observemos que as Forças do Bem, claramente interessadas em nossa melhoria, suscitam, no mundo, em nosso favor, todo um acervo de situações que, em nos impulsionando à disciplina, nos induzem à educação.

Obrigações domésticas, deveres públicos e sociais, responsabilidades de profissão, preceitos de relacionamento e, sobretudo, os compromissos de caráter religioso, na essência, significam tarefa de acrisolamento interior, compelindo-nos à sociabilidade e à gentileza na superfície de nossas manifestações.

A Sabedoria da Vida procura esculpir-nos a imagem nos moldes da sublimação integral.

Recordemos as tempestades magnéticas do desespero e da revolta, do crime e da lamentação em forma de angústia vazia a que nos entregamos instintivamente e rememoremos as ocasiões em que fantasiamos o mal onde o mal não existe e, ainda, aquelas outras em que exercemos a opressão disfarçada, ampliando processos de crueldade mental sobre os outros e verificaremos que carregamos por dentro a nossa outra face, a exigir-nos atenção e burilamento.

Compreendamos semelhante verdade sem fixar-nos na crosta de nossas vestimentas psicológicas.

Voltemo-nos para o âmago de nós em espírito, mas sem os prejuízos do azedume e da auto-condenação, plenamente integrados na certeza da Misericórdia de Deus, e encontraremos a nossa própria alma imortal a pedir-nos paz e luz, amor e sabedoria, a fim de altear-se com segurança para a Vida Maior.

 

 

 

 


 

Se refletirmos

 

Se refletirmos na Terra, diante daqueles que, porventura nos ofendam, que todos eles, tanto quanto nós, estão igualmente fiscalizados pela lei de causa e efeito, na bica de serem também feridos nos espinheiros da experiência;

ameaçados pelo guante invisível de provações dolorosas;

rodeados de obstáculos que demoram a perceber;

seguidos pelas tribulações e lutas que lhes esperam no mundo os entes amados;

marcados por enfermidades potenciais que acabarão talvez por exigir-lhes cuidados de sacrifício;

anotados para situações aflitivas que a existência nos apresenta a cada dia, por testes de melhoria em tempo determinado;

cercados pelas dificuldades que enxameiam no caminho de todos;

observados para transformações e mudanças que lhes visitarão a estrada, inevitavelmente, com vistas ao burilamento próprio, qual acontece a nós mesmos.

Se entendermos que os nossos prováveis ofensores jazem expostos, tanto quanto nós, às lutas e sofrimentos de que todos necessitamos no auto-aperfeiçoamento, decerto que só lhes responderíamos aos golpes, que nos venham a desferir, com bondade e compreensão, amor e tolerância e nem mesmo perderíamos um só minuto, com desencanto e lamentação, de vez que, para educar o coração, todos nos achamos matriculados na escola da vida e para reparar nossos erros e falhas dentro dela em qualquer situação, bastar-nos-á unicamente viver.

 

 

 

 


Somente o Amor

 

Cada criatura vive no centro das realizações dos seus próprios pensamentos, como a raiz da árvore se mantém sob o tronco e sob a ramaria que nutriu e desenvolveu.

Todos estamos limitados, por isso, à extensão da onda mental que somos suscetíveis de criar e desenvolver.

Ninguém penetrará o domínio das forças que não compreende.

A percepção instintiva do irracional está longe de entender o palácio de princípios superiores que regem a vida dos homens, tanto quanto os homens se acham distantes do ingresso espiritual no santuário divino das leis que dirigem a vida dos anjos.

Quem se encarcera na escuridão, não segue além das trevas; quem se rende ao mal, com as dívidas do mal se confunde.

É por essa razão que Jesus nos descortinou os horizontes do amor, como as únicas sendas capazes de alargar os limites de nossa comunhão com as fontes mais altas da vida.

Somente quem auxilia sempre adquire o tesouro da simpatia com que pagará, feliz, o tributo da ascensão.

Somente quem perdoa consegue libertar-se para as experiências de ordem superior.

Somente quem exerce o ministério da fraternidade real encontra na Terra o seu próprio lar e na Humanidade a sua própria família.

Somente quem ama quebra os grilhões da sombra.

Ainda que com extrema dificuldade, ambientemos a plantação do amor, no solo de nossas almas.

Só o amor consegue romper as algemas de nossos compromissos com a animalidade e só ele nos fará suficientemente fortes e valorosos, para vencer os percalços e limitações do cubículo da carne, orientando-nos no caminho da sublimação imortal.

 

 

 

Alguma Coisa

 

Quando observares o incêndio lavrando na vizinhança, não é preciso te candidates ao título de herói, procurando as tarefas de integral remoção do perigo.

Faze alguma coisa, para que o fogo se reduza ou se extinga e terás agido com a fraternidade no coração.

Se a penúria visita a paisagem social em que respiras, não é necessário te convertas em salvador apressado.

Traze a quem sofre alguma gota de remédio ou a côdea de pão que te sobra na mesa farta e terás cumprido o dever da solidariedade humana.

Se o desastre feriu aqueles que te seguem de perto, não é imperioso te transformes em pessoa milagrosa.

Coopera, de algum modo, com os teus braços amigos, para que os problemas sejam solucionados e revelar-te-ás em bom caminho.

Se a maledicência amontoa espinheiros, em torno da alheia reputação, ninguém espera sejas o advogado palavroso dos ausentes.

Basta que faças algum silêncio ou que pronuncies uma frase caridosa e marcharás na senda de elevação.

O Céu não reclama dos homens a santidade improvisada e nem exige que a criatura abandona hábitos seculares de um dia para outro.

Aguarda, sim, a nossa migalha de boa vontade na redução dos variados enigmas da luta humana.

Em verdade, grande é a dor que martiriza os corações vinculados à Terra...

Realmente, a aflição é hoje problema generalizado, em todas as latitudes do Globo, mas, quando cada coração fizer alguma coisa, cada dia, pela vitória do bem, estaremos alcançando para o mundo inteiro a conquista da felicidade imortal.


Harpa Viva

 

Não menosprezes teu corpo a pretexto de santificação da própria alma.

Nele recebemos na Terra, a harpa divina em cujas cordas é possível entoar-se o cântico de trabalho que a vida nos reclama para o concerto universal da harmonia.

Recorda que, por esse instrumento sublime, ouves a ternura do coração materno, recebes a bênção do lar e amealhas, pouco a pouco, a riqueza da experiência.

É por ele que exercitas a fraternidade que te conduzirá ao amor e te inicias na ciência que te arrojará, mais tarde, ao esplendor da sabedoria.

Muitos chamam-no prisão, como se a escola pudesse receber o estigma do cárcere.

Nós, porém, chamemo-lo santuário em que entesouramos dons inefáveis, vaso de luz em que nos habilitamos à ascensão para a Luz Maior.

Harpa viva em que se reflete a Infinita Inteligência, nela usamos os sentimentos e os pensamentos, através da palavra e da ação, no testemunho de amor aos semelhantes.

O corpo físico é o campo mais elevado de trabalho que a evolução nos oferece na Terra, em nome do Criador.

Saibamos respeitá-lo e honrá-lo com aquilo que possuamos de melhor.

O lavrador leal à sementeira acaricia e protege a enxada que lhe propiciará a fortuna do pão.

O violinista fiel aos próprios ideais preserva o instrumento que lhe definirá a melodia.

Ninguém pode aprimorar a alma desestimando o veículo em que somos compelidos a cultivar, com paciência e carinho, os germens da própria sublimação.

Ama o teu corpo, ainda hoje, para que amanhã possa teu espírito rejubilar-se com o serviço perfeito.

Não te esqueças!

Sem o tronco escuro e, por vezes, disforme que se agarra ao chão lodoso pelas raízes, a flor e o perfume, o fruto e a alegria estariam relegados a simples sonhos na angústia da natureza morta.

 


 

Esquece o Mal

 

A paz depende muito mais do esquecimento do mal que do propósito de corrigi-lo.

Toda vez que buscarmos a retificação de nós mesmos, olvidando as faltas dos outros, situaremos o ensinamento silencioso da bondade, na própria exemplificação, sem alarde e sem menosprezo ao valor do próximo.

Esquece o mal e o bem aparecerá.

A própria natureza é uma lição viva nesse particular.

O solo despreocupa-se dos detritos que o temporal lhe arremessa à face e produz o milagre do pão.

O tronco robusto olvida o serrote áspero que lhe fere as entranhas e converte-se em utilidades valiosas para a vida.

O mármore ignora os golpes contundentes do martelo e converte-se em obra prima.

A pedra esquece a máquina que a tritura e abre o próprio seio em pepitas de ouro que constituem a garantia do trabalho e do reconforto no campo da civilização.

A ostra ferida desapega-se da própria dor e fabrica a pérola sublime.

A semente desconhece a solidão da cova escura a que é projetada e transubstancia-se em folhagem, perfume, flor e fruto.

Se desejas a vanguarda de luz, liberta-te das algemas da sombra.

Se te propões a ajudar, não te detenhas em demandas inúteis.

Enquanto te demoras, na contemplação do mal, perdes tempo, adiando a cultura do bem.

Da arte de esquecer as experiências inferiores, nasce a vitória da verdadeira ascensão espiritual.

Avancemos ao sol do amor e, se temos conosco a vocação de consertar pela violência ou de corrigir pela irritação, estejamos convencidos, com a sabedoria do povo, de que, em qualquer lugar, ou em qualquer tempo, “muito ajuda quem não atrapalha”.

 


 

 

Diante do Dinheiro

 

Examina em que se transforma o dinheiro nas tuas mãos, a fim de que possas ajuizar quanto ao proveito dos recursos passageiros que o Senhor te empresta à vida.

Não é o metal ou o papel da moeda circulante que te impõem prejuízos ao coração, mas sim o próprio sentimento com que deles te vales para imergir a existência na sombra do tédio ou da enfermidade, do remorso ou da indisciplina.

Repara o que fazes e aprende a dirigir o dinheiro pra que o dinheiro não te dirija.

Com alguns vinténs congregados, podes realmente adquirir a alegria e o socorro de muitos.

O leite à criança enferma e o livro ao analfabeto...

O pão ao faminto e o remédio ao doente...

O estímulo ao companheiro que luta na solução de inquietantes problemas e a felicidade do irmão em prova, algemado a aflitivos débitos...

Muita gente, porém, mobiliza a posse de alguns dias na aquisição de dor para muitos anos, de vez que, acumulando a prata e o ouro da Terra para dominar e ferir, escraviza-se a velhas paixões e a vícios pregressos, elevando-se, pela convenção da moeda humana, à frente do mundo e caindo, desassisada, diante das Leis Divinas.

Não temas o dinheiro dignamente conquistado, aprendendo, sobretudo a produzi-lo com teu próprio suor, e, guiando-lhe os movimentos no caminho do trabalho e da luz, da caridade e da educação, terás dele feito não mais o tiranizante senhor a encarcerar-te no estranho reino do azinhavre e da sovinice, mas sim o companheiro legal e o servo amigo a sustentar-te os passos na direção do Reino de Deus.

 

 


 

 

Dentro de Nós

 

Não te esqueças de que estender a caridade sem interesse e de que ensinar sem afetação, aos que sabem menos que nós, é o processo de beneficiar a nós mesmos.

Em razão disso, não olvides o nosso dever no bem incessante.

Recorda que a vida edificou em ti um centro de criação e inteligência que te cabe desenvolver.

Viverás sob o esplendor solar, mas se não possuis bastante visão para percebê-lo, vacilarás envolvido nas sombras em que tantos se mergulham.

Caminharás entre sinfonias de imponente beleza, entretanto, se não contas com ouvidos percucientes para registrá-las, clamarás no deserto da surdes.

Disporás de bolsa repleta, contudo, se não sabes conjugar o verbo discernir, a fortuna arrojar-te-á, talvez, em precipícios de sofrimento e desilusão.

Respirarás entre preciosas bibliotecas em que jaz entesourada a luz do pensamento de todas as épocas, no entanto, se não podes penetrar o sentido da letra, cambalearás senda afora, à maneira de um sonâmbulo infeliz, nas obscuridades da noite.

Foge da inércia e trabalha sempre!...

Trabalha servindo aos bons para que se preservem e aos menos bons pra que se reajustem, aos sábios para que se santifiquem e aos ignorantes para que se iniciem no conhecimento superior.

“Fora da caridade não há salvação” pode também significar “fora do auxílio aos outros não te libertarás do eu”, inclinado à vaidade e ao orgulho, ao egoísmo e à discórdia.

Consagremo-nos à plantação indiscriminada e constante do bem, desculpando e ajudando, aprendendo e redimindo, enriquecendo-nos de amor e avançando na sabedoria, e assim, criando paz e felicidade, beleza e progresso em torno de nossos passos, compreenderemos igualmente com Jesus que a vida é invariavelmente o espetáculo soberano das bênçãos do Pai Celestial, no livro da natureza, e que é preciso acender, dentro de nós, a luz imprescindível, a fim de que através da sublimação da própria individualidade, estejamos em sintonia com a vida imperecível.

 


 

Construindo Sempre

 

Se procuras ensejo para realizar-te, em matéria de paz e felicidade, age e serve sempre.

No trabalho, não somente surpreenderás o caminho do aprimoramento próprio, mas igualmente a ginástica do espírito, conferindo-te sustentação e segurança.

Lembra as águas estagnadas, o arado ocioso sob a ferrugem, a terra de qualidade, quando entregue ao mato inculto e os móveis abandonados que a poeira consome.

Mantém-te na melhor forma de auxiliar e socorrer, elevar e construir.

No mundo, o inesperado vigia sempre.

Indispensável afiar os instrumentos da emoção para facear os imprevistos que apareçam, quando as ocorrências sejam de molde a espancar-te a sensibilidade.

O trabalho é a única força capaz de adestrar-nos para vencer nos encargos que a vida nos imponha.

Sem atividade que a dignifique, a própria riqueza amoedada assemelha-se à múmia emparedada no cofre, tanto quanto a cultura que não ampara os outros é uma luz escondida sem proveito para ninguém.

Não te iludas.

Por muito serenas se mostrem as águas em que navegamos, a tempestade virá, um dia, testar-nos a resistência e a coragem, a criatividade e a compreensão.

Necessário exercitar as próprias energias, aprender algo mais, aperfeiçoar o que se sabe e caminhar adiante.

Seja qual for a estrada em que te encontres, não te marginalizes.

Age e serve.

Se dificuldades maiores te alvejam o espírito, não te detenhas porque as circunstâncias te hajam colocado num labirinto de problemas dos quais ainda não conheces a estrutura. Prossegue trabalhando e a mais difícil de todas as soluções se te surgirá.

 

 


 Almas em Provas

 

É possível estejas atravessando a provação de observar criaturas queridas, nas sombras de provação maior.

Almas queridas anestesiadas no esquecimento de obrigações que lhes dizem respeito; companheiros dominados por enganos que lhes furtam a paz; filhos que se terão marginalizado em desequilíbrio e amigos que se afirmam cansados de esperar pela vitória do bem para abraçarem, depois, larga rede de equívocos que se lhes farão caminhos dolorosos...

Ao invés de reprová-los, compadece-te deles e continua fiel ao trabalho de elevação que esposaste.

Se permanecem contigo, tolera-lhes com bondade os impulsos de incompreensão, auxiliando-os, quanto puderes, a fim de que se retomem na segurança de que de distanciam.

Se te abandonam, não lhes impeças a marcha, no rumo das experiências para as quais se dirigem.

Sobretudo, abençoa-os com os teus melhores pensamentos de proteção.

Recorda que se consegues ajuizar quanto às necessidades de alma que patenteiam, é forçoso reconhecer que são eles doentes perante a sanidade em que te mostras.

Busca entender-lhes a perturbação e ora por eles.

São companheiros que a rebeldia alcançou em momentos de crise; corações que se renderam ao materialismo que admite os prodígios da vida unicamente por um dia; seres amados que ainda não suportam a disciplina pela próprio burilamento ante a imaturidade em que se encontram ou espíritos queridos sob a hipnose da obsessão.

Embora pareça que não te amem, ama-os mesmo assim.

Entretanto, se te permutam a fé por insegurança ou se trocam a luz pelo nevoeiro, não precisas acompanhá-los porque os ames.

Se tudo já fizeste para sustentá-los em paz, entrega-os à escola do tempo que de ninguém se desinteressa.

Os que procuram voluntariamente espinheiros e pedras na retaguarda, um dia, voltarão à seara do bem que deixaram...

Onde estiveres, abençoa-os.

Como estiveres, abençoa-os.

E ainda que isso te doa ao coração, continua fiel a ti mesmo, no lugar de servir que a vida te confiou, porque Deus os protege e restaura no mesmo infinito amor com que vela por nós.

 

 

 

 


Diante das Provações

 

Diante das provas e tribulações do dia-a-dia, se pausarmos, vez em vez, por alguns instantes, para a necessária reflexão...

E se no curso de nossas reflexões, ponderarmos nas bênçãos que temos recebido; nas vantagens que usufruímos perante os companheiros em dificuldades maiores que as nossas na retaguarda;

na importância da indulgência;

nos resultados contraproducentes da irritação;

no caráter destrutivo de quaisquer manifestações de rebeldia ou azedume;

nas lições que nos será possível obter dos obstáculos dignamente suportados;

nos donativos da calma e bondade que os outros esperam de nós, a fim de garantirem a segurança que lhes é própria;

no significado das nossas atitudes de generosidade e entendimento;

nos lucros de ordem geral que nos será lícito auferir da tolerância;

e nos testemunhos de prudência e compreensão que todos podemos oferecer, colaborando com os Mensageiros do Cristo de Deus, na sustentação do bem e da paz, do bom ânimo e da alegria de todos aqueles que nos cercam na experiência comum, decerto que saberíamos colocar a esperança e o trabalho, acima de todas as desilusões e de todos os insucessos, sem nos afastar da paciência hora alguma.

 

 


Reino do Amor

 

Quando transformarmos as próprias mãos em instrumentos de trabalho constante, no erguimento do progresso comum, elevando as formas de vivência nas áreas de ação a que fomos chamados...

Quando convertermos os próprios olhos em agentes de luz, a fim de enxergarem unicamente o bem nos caminhos alheios, para que a concórdia e a segurança consigam reinar em auxílio de todos...

Quando transubstanciarmos os nossos ouvidos em atalaias de compreensão e bondade, filtrando exclusivamente as palavras que possam servir à tranqüilidade e ao engrandecimento da vida...

Quando transformarmos o coração numa fonte de bênçãos e fizermos da própria mente um vasto campo de idéias nobres, a fim de assimilarmos as inspirações dos Planos Superiores, de maneira a melhorarmos os padrões da vida ao redor de nós...

Quando aceitarmos a injúria por estímulo ao trabalho, o mal por via de acesso ao bem, a dor por sementeira de alegrias e a beneficência, em suas múltiplas formas, por simples dever que as Leis do Senhor nos traçam a todos, uns à frente dos outros...

Então, estaremos cooperando não só pelo estabelecimento definitivo do império espiritual da felicidade no campo humano, mas, acima de tudo, teremos atingido a sublime  descoberta do Reino do Amor que Jesus anunciou estar em nós mesmos, de modo a irradiar-lhe a Harmonia e a Paz, onde estivermos, para sempre.

 

 

 

Companheiros que Partem

 

Sofres quando os entes amados se apartam de ti, na direção de tarefas ou experiências que divergem das tuas...

Quererias viver com eles em permanente integração e por isso a separação te dói, qual se padecesses dolorosa mutilação nos tecidos da própria alma.

Entretanto, que afeição verdadeira será menos afeição, apenas por que se veja fustigada por circunstâncias de espaço e tempo?

A energia solar que invade o céu no Brasil não é diferente daquela que penetra o firmamento da Tailândia.

Quando os entes queridos te digam adeus nas bifurcações do caminho, não lhes arremesses à estrada quaisquer farpas de incompreensão.

Faze deles portadores de tua simpatia, seja onde seja.

Que eles possam beneficiar os outros como beneficiaram a nós e quando nos retomem o convívio, seja na Terra ou noutros mundos, que nos possam trazer acrescidas de amor as vibrações de amor com que os abençoamos na despedida.

Que seria do mundo se as plantas monopolizassem os próprios frutos ou se os rios fugissem de viajar, receando o vampirismo da terra seca?

Dá teu coração, em forma de entendimento e ternura, ao companheiro que parte e envolve-o em prece de reconhecimento, clareando-lhe o caminho.

Com dobrados motivos devemos fazer isso, se ele foi, no contato conosco, um expoente de bondade, enriquecendo-nos a existência de tranqüilidade e de alegria. Se as leis da renovação lhe determinaram a ausência, isso ocorre por impositivos que funcionam acima de nossa própria vontade a lhe chamarem adiante o dom de cooperar e a faculdade de construir; investindo-nos na obrigação de seguir-lhe os padrões de atividade, a fim de que venhamos a progredir sempre e servir cada vez mais.

Aquele que nos auxiliou tanto quanto pode, é e será invariavelmente um benfeitor, diante de quem a gratidão será para nós inequívoca, e de um benfeitor ninguém se afasta, com sentimentos de azedume e palavras de fel.

Louvemos os entes amados que nos deixam, convertendo separação em esperança e transformando distância em razão para agradecimento maior.

Lembremo-nos de que a fonte que nos dessedenta e ampara a segurança doméstica pode dessedentar e amparar os nossos vizinhos pela Misericórdia de Deus.

 

 


 Desvinculações Familiares

 

Momentos surgem nas áreas da família terrestre em que a vida nos pede compreensão e serenidade, sempre mais amplas, a fim de que o desequilíbrio não se estabeleça, criando problemas desnecessários.

Referimo-nos ao instante no qual um dos componentes do grupo doméstico altera conscientemente as próprias diretrizes, com a indiferença diante dos compromissos assumidos.

Certamente, em ocasiões quais essas em que notamos uma pessoa querida a se afastar da execução do plano de paz correspondente ao dever que traçou a si própria, não se lhe negarão os avisos afetuosos, nos diálogos de coração para coração.

Entretanto, se essa criatura que se nos faz sumamente estimável nos recusa os alvitres e ponderações, isso não é motivo para sofrimentos inúteis.

Não se compreende porque devamos cercear os passos dos entes amados que não nos prezem a intimidade, subestimando os encargos que abraçaram conosco.

É preciso entender que o caminho de muitas das criaturas que mais amamos, ainda não se vincula à senda que a Sabedoria da Vida nos deu a trilhar.

Possivelmente, estaremos observando com o enfoque de nossas próprias experiências, determinados perigos futuros a que se expõem; no entanto, isso é assunto que se refere aos companheiros a que nos reportamos e não a nós, compreendendo-se que em nossa própria estrada no mundo, sobram riscos a facear.

Quando existam crianças nesses processos de desvinculação, é justo nos voltemos para elas, estendendo-lhes a proteção que se nos torne possível, ainda mesmo quando estejam, por força das circunstâncias, junto ao parente indireto, com o qual os familiares que amamos estejam em oposição.

Os pequeninos são as vítimas, quase sempre indefesas, de nossos desajustes e, em qualquer caso, é imperioso permanecermos acordados para a responsabilidade de auxiliá-los, considerando o futuro, de modo a que se sobreponham aos nossos desastres afetivos e às nossas indecisões.

Quanto aos adultos, nas opções a que se inclinem, saibamos respeitá-los nas situações que prefiram, mesmo porque todos nós – os espíritos ainda ligados à evolução da Terra – temos problemas e débitos, ideais irrealizados e numerosas reparações a fazer, perante a Contabilidade de Vida sobre a qual se baseiam as Leis de Deus.

 

 

 

 


 Ama Servindo

 

Muitos companheiros se propõem a conquistar a vitória, nesse ou naquele tipo de luta; no entanto, em qualquer conflito, a vitória somente vale quando envolve a paz de todos.

Reter o melhor para si, unicamente, é uma forma de egoísmo; contudo, fazer-se alguém melhor, a benefício dos outros, é o caminho para a tranqüilidade.

Geralmente, quando nos achamos no Plano Físico, as leis da vida nos colocam, de preferência, junto daqueles com os quais ainda não nos harmonizamos de todo. Por isso, aprender tolerância é curso de elevação espiritual dos mais importantes.

Às vezes, por longo tempo, na existência terrestre, temos pela frente os adversários gratuitos, os parentes difíceis, os desafetos que remanescem de vidas passadas ou os companheiros desinformados e infelizes.

Em suma, é o antagonismo a oferecer-nos oportunidades de melhoria e burilamento. Em vista disso, observa no assunto, os pontos essenciais a considerar.

Faze pelos familiares-problemas todo o bem que puderes. Não acredites, em tempo algum, que hajas feito por eles o bastante, embora conservando a própria paz íntima, depois dos teus deveres plenamente cumpridos, porque, de nossa parte, nunca admitimos que Deus haja realizado o suficiente em nosso favor.

Não recolhas ofensas e sim age, de tal modo que os teus mais austeros críticos melhorem as próprias opiniões a teu respeito.

Ninguém te pede bajular os inimigos gratuitos para obter-lhes a simpatia, mas reconhecer-lhes as qualidades nobres e respeitá-los para nós todos é simples dever.

Se alguém demonstra intolerância para contigo, anota isso por traço de ligação com o pretérito e procede com discrição, aguardando o momento em que possas ser útil a esse alguém, passando a desfazer impressões negativas que terás criado à distância, em outros quadros da vida.

E se esse ou aquele irmão te falta à confiança, criando-te dificuldades e prejuízos, considera-os por doentes, mais necessitados de apoio e compreensão que de corrigenda.

Enfim, para ganhar a paz, toma o amor ao próximo por legenda da própria vida.

Abençoa e auxilia, serve e espera.

Não lutes para complicar as lutas que se te fazem necessárias.

Amando e servindo, vencerás.

 

 

 

Ante os Cimos

 

Compreendemos a dor que se te vincula no espírito, quando a prova te busca.

É como se a morte do coração se antecedesse a do corpo, impelindo-te a vegetar nos processos da vida.

Arquitetaste a paisagem doméstica, no clima de amor e paz, e te prendeste a extenso campo de problemas na intimidade do lar.

Investiste confiança e ternura em alguém que te deixou a sós, convertendo-te o sonho em amargosa experiência.

Perdeste talvez o equilíbrio orgânico e te internaste em longo período de enfermidade ou recuperação, adiando realizações que te parecem fundamentais na conquista da própria segurança.

Entregaste pessoas queridas às requisições da morte e carregas lesões do sentimento, sob nuvens de lágrimas que te arrasam as forças.

Viste familiares alterando o comportamento, a te permutarem a dedicação por aventuras estranhas, relegando-te a presença a extremo abandono.

Atravessaste a existência em atividade e abnegação e agora, sem os que mais amas, provavelmente, contemplas melancolicamente a face da velhice corpórea.

Entretanto, renova-te em espírito e deixa que a fé te reajuste a visão.

Nas dificuldades do lar, reténs a oficina de trabalho em que resgatas as sombras do passado para o suspirado acesso à luz;

nos seres amados, que te deixaram a sós, dispões de instrumentos valiosos que te burilam os sentimentos;

nos empeços orgânicos possuis agentes preciosos de cura e embelezamento do próprio ser; nas afeições que se transferiram para a Vida Maior, contas com tesouros de amor nos júbilos porvindouros;

nos familiares que modificaram a própria conduta, em padrões menos felizes, tens motivos de ensinamento e sublimação;

e no desgaste físico em trabalho incessante, descobres novas formas de serviço e esperança, preparação e felicidade.

Observa a existência com os olhos do espírito e sublime renovação se te fará cada vez mais bela nas sendas em que avanças.

Reflete na Sabedoria e na Bondade de Deus, pensa na perenidade do amor e na imortalidade da alma, e, seja qual for a prova em que te encontres, reconhecer-te-ás o caminho da Espiritualidade Superior, sentindo, por dentro do próprio coração, a indefinível alegria do Grande Alvorecer!...

 

 


 

 

Pensa em Deus

 

Muitas são as calamidades que assolam ainda o mundo.

Entretanto, pensa em Deus quando o pessimismo te fale em destruição.

O Criador deixa ao Homem a liberdade de pensar com a obrigação de colher os frutos das sementes que haja plantado em suas escolhas e, por isso mesmo, ante as provações coletivas que o Homem venha a suscitar, a própria Divina Providência o auxilia a atenuá-las ou suprimi-las, pouco a pouco.

Na vida individual, porém, a Presença Divina é mais perceptível ao coração acordado na fé.

Saibamos recordar.

É provável que problemas de intrincada complexidade, em vários passos da existência, te hajam repontado da estrada, subtraindo-te a segurança.

Mas Deus, sem que o soubesses, te induziu a soluções inesperadas, restituindo-te a paz de espírito.

Enfermidades estranhas combaliram-te as forças, entretanto, justamente quando te supunhas à frente da morte, Deus inspirou providências que te reequilibraram as energias, sem que te desses conta de semelhante favor.

Enganos lamentáveis, em certas ocasiões, talvez te houvessem marginalizado o entendimento, compelindo-te a desajustes começantes, mas Deus, em silêncio, usando meios que desconheces, te trouxe novamente à razão e à serenidade.

Afeições queridas, possivelmente, largaram-te o caminho, quando mais necessitavas de apoio e colaboração, nas tarefas em que te compromissaste, mas Deus, sem alarde, te curou as feridas da alma e te ofertou companhias outras mais nobres e mais úteis que te amparam no dever a cumprir.

Em todas as crises da experiência humana, nunca deixes de amar e compreender, desculpar e servir sempre.

Em qualquer circunstância, pensa em Deus.

Mesmo que hajas caído no mais profundo abismo, crê no bem e espera por Deus, porque Deus te levantará.

 

 

 

 

FIM