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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Vida em Vida–Francisco Cândido Xavier

Índice do Blog

 

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Vida em Vida

 

Chico Xavier

Espíritos Diversos


Ante Jesus

Jésus Gonçalves

 

I

Inda vejo, Senhor, de alma oprimida,

A Trácia devastada, a ânsia de Atenas,

Constantinopla em lágrimas e penas

E Roma flagelada e envilecida...

 

Vejo a conquistadora e horrenda lida,

O gozo, o saque e a morte, em velhas cenas,

E o fausto senhoril que trouxe apenas

Desilusão e horror, à nossa vida.

 

E ouço-Te a voz, Jesus, dizendo – Basta!

De um rei fizeste um verme que se arrasta

E abriste-me o caminho da aflição!...

 

Anjos correram como sombras vagas,

Mas, depois de vertir-me em lepra e chagas,

Achei-Te, Excelso, no meu coração!

 

II

 

Hoje, Senhor, não peço o vão tributo

Das multidões famélicas, vencidas,

Que humilhei, no transcurso de outras vidas,

Semeando miséria, pranto e luto...

 

Das rosas que me deste por feridas

Recolhi muita graça e muito fruto.

Passageiras vitórias não disputo,

Nem procuro vanglórias esquecidas.

 

Perdoa-me, Senhor, se agora venho,

Recordando-Te as úlceras no Lenho,

Rogar-Te algo das bênçãos que entesouras!

 

E que eu possa, feliz com o dom divino,

Socorrer os irmãos do meu destino

No turbilhão das chagas redentoras!

 

 


Ante o Berço Torturado

Emmanuel

 

À frente da criança torturada no berço, unge-te de paciência e ternura para a tarefa que o Céu te confia.

Nesse corpo enfermiço e mirrado em que sobram vagidos de sofrimento, manifesta-se alguém que o destino te devolve ao trabalho de reajuste.

Será possivelmente o filho ou o irmão, o companheiro ou o amigo do passado, com que te acumpliciaste no desvio das Leis Excelsas.

Antes de rogarem asilo em teus braços, terão padecido, além, aflições atrozes e, trazidos ao teu convívio, estarão provisoriamente internados no templo de teu amor, aguardando-te o concurso preciso.

Ontem experimentavam na Esfera Espiritual os resultados da delinqüência na luta humana...

O horror do suicídio deliberado...

O remorso do crime oculto...

Os frutos da crueldade...

Reintegrados no campo do espírito, guardavam na própria almas os tristes remanescentes da conduta ominosa.

Hoje, tornam à experiência do mundo, e rogam-te apoio e bondade, auxílio e consolação.

Aqui, exibem o câncer e a cegueira, ali mostram mutilações, acolá, revelam a loucura precoce, além acusam a paralisia infantil, mais adiante, oferecem o doloroso espetáculo de flores, cobertas de chagas, que o infortúnio teria envenenado na hora do alvorecer.

Mas, em todo quadro de dor, vige a Infinita Misericórdia que nos permite a concessão do recomeço com os recursos infelizes por nós mesmos acumulados, para que se nos recupere o entendimento diante da Eterna Vida.

*

Guarda o teu anjo enfermo com desvelada solicitude e ajuda-o com o orvalho de teu carinho e com a bênção de tua prece, na travessia da grande sombra para o retorno à Divina Luz.

 

 


Cada Qual Corre Mais

Cornélio Pires

 

Era Nhá Nica, a esposa de Nho Tato,

Muito feliz na Roça do Fundão,

Mas dizia ao marido: “Filho, não!!...

Que não quero feiúra em meu retrato”.

 

Teimosa, ela bebia chá do mato

E tanto fez aborto sem razão,

Que, um dia, enfraqueceu, de supetão,

E morreu num cubículo sem trato.

 

Noutra vida, Nhá Nica chora em luta...

E’ só grito e gemido que ela escuta...

Cansada de sofrer, quer novos pais.

 

A pobre pede corpo a toda gente,

Mas onde vai faz frio de repente

E quem sente esse frio corre mais...

 

 


Carta a um Amigo na Terra

André Luiz

 

Caro companheiro.

Você quer saber algo de sua verdadeira situação na Terra.

Compreendo.

Quando a pessoa entra nessa grande colônia de tratamento e cura, é convenientemente tratada.

A memória deve funcionar na dose justa.

É natural.

A permanência aí poderá ser longa e, por isso mesmo, certas medidas se recomendam em favor dos beneficiários.

Atende às instruções do internato e não se preocupe, em demasia, com os problemas que não lhe digam respeito.

Não se prenda aos seus apetrechos de uso e nem acumule utilidades que deixará inevitavelmente, quando as autoridades observarem você no ponto de retorno.

Se algum colega de vivência estima criar casos, esqueça isso. Não vale a pena incomodar-se .

Ninguém ou quase ninguém passa por aí sem dificuldades por superar.

Viva alegre, com a sua consciência tranquila.

Em se achando numa estância de refazimento, é aconselhável manter-se fiel à tarefa que a administração lhe confie.

Procure ser útil, deixando o seu lugar tão melhorado quanto possível, para alguém que aí chegue depois.

Quanto ao mais, considere você e os demais companheiros de convivência e necessidade simplesmente acampados, unidos numa instituição de tratamento oportuno e feliz.

Aí você consegue dormir mais tempo, distrair-se na sua faixa temporária de esquecimento terapêutico, deliciar-se com excelente alimentação, compartilhar de vários jogos e ensaiar muita atividade nobre para o futuro.

Aproveite.

O ensejo é dos melhores.

Descanse e reajuste as próprias forças porque o trabalho pra você só será serviço mesmo, quando você deixar o seu uniforme do instituto no vestiário da morte e puder regressar.

 

 


Cegueira

Epiphanio Leite

 

Reconhece-te, irmã... Retornas de outras eras...

Soberana feudal, o busto nobre empinas...

A teu mando cruel, as hordas assassinas

Espalham fogo e lama... E, sorridente, esperas.

 

Guardas em pranto e sombra o povo que dominas...

Encantas e destróis... Amas e vituperas...

Um dia, a morte chega e, erguendo as mãos austeras,

Deita-te o corpo inerte ao pé das casuarinas...

 

Depois de tanto tempo, achei-te reencarnada,

És hoje triste cega aos arrancos na estrada,

Somando as provações, no intuito de entendê-las...

 

Mas louva, nobre dama, a treva que te espia,

Pela dor da cegueira, alcançarás, um dia,

O teu reino de amor, resplendendo as estrelas.

 

(Versos à soberana feudal que conheci há seis séculos, em pleno fastígio do poder humano mal aplicado, e que reencontrei agora, na provação da cegueira física, procurando nos estudos reencarnacionistas a chave de solução aos problemas que lhe afligem a redentora existência).

 

 


Começar Outra Vez

Maria Dolores

 

Alma querida, escuta!... Entre os lances do mundo,

Se escorregaste à beira do caminho

E caíste, talvez, em pleno desalinho,

Na sombra que te faz descrer ou desvairar,

Ante a dor de visita, a renovar-te anseios,

Não desprezes pensar! ... Levante-te e confia,

Porque a vida te pede, abrindo-te outro dia:

- Começar outra vez, trabalhar, trabalhar!...

 

Ergue-te regressando à estrada justa,

Contempla a terra amiga em derredor,

Vê-la-ás, pormenor em pormenor,

Por mãe que sofra e sangra, a recriar...

Medita na semente à sós, que o lavrador sepulta...

Quando alguém a supõe, humilhada e indefesa,

Ressurge em brilho verde, ouvindo a Natureza:

- Começar outra vez, trabalhar, trabalhar!...

 

Fita o perfurador rasgando as entranhas da gleba;

O homem que o maneja, a golpes persistentes,

Pesquisa, sem cessar, todos os continentes,

Do deserto escaldante aos recessos do mar...

E eis que a lama oleosa, esquecida há milênios,

Trazida à flor do chão, é ouro e combustível,

Que o progresso conclama em ordem de alto nível:

- Começar outra vez, trabalhar, trabalhar!...

 

Toda força lançada em desvalia

Quando erguida, de novo, em apoio de alguém,

Retoma posição no serviço do bem,

Utilidade viva a circular...

Olha a pedra moída, em função do cimento

E o barro que assegura a gestação do trigo,

Falando a todos nós, em tom seguro e amigo:

- Começar outra vez, trabalhar, trabalhar!...

 

Assim também, alma fraterna e boa,

Se caíste em momentos infelizes,

Não te abatas, nem te marginalizes,

Levanta-te e retoma o teu próprio lugar!...

Aceita os grilhões das provas necessárias,

Esquece, age, abençoa, adianta-te e lida,

E escutarás a voz da Lei de Deus na vida:

- Começar outra vez, trabalhar, trabalhar!...

 

 


Contato Social

Emmanuel

 

Não menosprezes o quadro de luta em que nasceste.

 

A sociedade humana é o filtro renovador do espírito que surge e ressurge na carne a fim de purificar-se e evoluir para a luz.

 

Seja onde for o ponto de ação em que te situas, deixa que o grande entendimento te inspire o caminho para que a bondade te sustente o roteiro.

 

Não te consagres à reprovação diante das faltas alheias, nem cultives o azedume à frente do mal.

 

Recorda que a Justiça Divina preside todas as ocorrências, operando as necessárias transposições no curso das horas, a fim de que todas as criaturas se ajustem ao destino que o mundo lhes assinala.

 

Os que hoje escapam deliberadamente ao dever de ajudar, voltarão amanhã com os tristes remanescentes da própria fuga para que lhes recapitulem os lances do aprendizado.

 

Não necessitas acusar o delinqüente que te aflige a visão, porque o tempo gravará nele mesmo os dolorosos sinais da loucura a que se confia e nem te cabe criticar os afortunados que tripudiam, insensatos, no sofrimento dos infelizes, porquanto, mais tarde, envergarão a estamenha da angústia, restaurando a tranqüilidade do próprio ser.

 

Lembra-te de que os revoltados regressarão ao palco da Terra, em dolorosas inibições para que aprendam a buscar o prazer de servir, e não olvides que a inteligência ingrata e escarnecedora retomará um corpo enfermiço em que a idiotia ser-lhe-á inquietante cadeia de temporária derrota.

 

Guarda a certeza de que o Senhor nos concede o contato social por lição sublime na escola da experiência.

 

Os ignorantes e os sábios, os melhores e os menos bons, os superiores e os subalternos, os familiares e os companheiros, as simpatias e os desafetos são recursos educativos, com que a infinita Bondade nos aprimora.

 

Arma-te de paciência e de amor e compadece-te de todos, auxiliando sem distinção.

 

Não violentes.

Não firas.

Não condenes.

Não amaldiçoes.

 

Cada qual de nós é peça importante na engrenagem da vida e o trabalho essencial que nos cabe fazer é justamente o do nosso próprio burilamento, de vez que, retificando em nós aquilo que nos aborrece nos outros, estaremos aperfeiçoando em nós mesmos os valores imperecíveis da evolução.

 

 


Desigualdade

Emmanuel

 

Estudando o problema da desigualdade no campo da vida humana, mentalizemos grande oficina destinada à produção de reconforto e progresso.

 

Todos os servidores são aí admitidos em bases iguais, no capítulo do direito.

 

Todavia, no recinto consagrado às obrigações que o regulamento lhes traça, entrega-se cada grupo a diverso procedimento.

 

Aqui vemos aqueles que, ao invés de utilizarem o instrumento que a administração lhes confia, dele retiram peças valiosas com que se desmandam na prática da desesperação e da delinqüência.

 

Além, encontramos trabalhadores desatinados que maldizem os tesouros do tempo, espalhando o pessimismo e a ociosidade, gerando indisciplina e perturbação.

 

Surpreendemos os que dilapidam os patrimônios da casa que lhes cabe prestigiar e defender, tanto quanto os que solapam os interesses morais do templo de trabalho que os recebeu para a extensão de valores e benefícios.

 

Decerto que a esses apenas adjudicar-se-á os vexames da dívida a que se empenham, de vez que a desigualdade infeliz com que assinalam a própria ficha não procede senão deles mesmos, nas lamentáveis diretrizes que adotam nas linhas da experiência.

 

Temos no estudo simples a imagem da própria Terra.

 

Cada espírito recolhe na Providência Divina o empréstimo do corpo e as possibilidades que lhe enriquecem o campo de luta para a edificação do progresso no santuário do bem, entretanto, se não atende as obrigações que a vida lhe preceitua, na esfera da ação correta perante as Divinas Leis, retardar-se-á no caminho, para corrigir impropriedades e desacertos ou reajustar atitudes e empreendimentos, através de reencarnações laboriosas e torturadas. Isso ocorre porque sendo o amor a essência da vida, a justiça é o instrumento que o veicula, consoante a Eterna Sabedoria que nos confere alegria ou dor, enfermidade ou saúde, queda ou ascensão, luz ou treva, segundo os resultados de nossas próprias obras.

 

 


Diálogo no Lar

Emmanuel

 

Destaca-se na atualidade terrestre a convivência por instrumento de harmonia nas relações humanas.

 

Entendimento de nação a nação, de grupo a grupo.

 

Raros companheiros, porém, reconhecem por enquanto a legitimidade da indicação para a segurança doméstica.

 

Temos no mundo a escola em que se verifica a administração do ensino, entre professores e alunos; o foro para a troca de alvitres, entre magistrados e os que recorrem à justiça; o consultório para o intercâmbio de informações entre o médico e o doente; o mercado destinado aos ajustes recíprocos, nos domínios da oferta e da procura.

 

Porque não manter no lar o ponto de encontro dos corações que compõem a equipe familiar?

 

Observa a importância da palavra compreensiva e oportuna, quando funciona em teu benefício, na solução dos empeços da vida, e não sonegues em caso o pagamento do imposto verbal do amor que todos devemos uns aos outros, no instituo da evolução.

 

Não importa a idade física de teus filhos ou tutelados.

 

Ausculta-lhes as tendências e aspirações, oferecendo-lhes na frase amiga a luz de tuas próprias experiências, de modo a auxiliá-los, tanto quanto possível, a sentir raciocinando e a discernir o rumo exato que se lhe descerre à frente, nas sendas que lhes caiba trilhar.

 

Não importa que teus pais ou orientadores, em família, se mostrem nessa ou naquela posição diferente, no calendário que rege a existência corpórea.

 

Anota-lhes os pontos de vista e dá-lhes no veículo do carinho e do respeito quanto sabes e apenas de melhor, relativamente aos problemas da vida, para que semelhantes valores se lhes incorporem ao patrimônio espiritual.

 

Todavia, não deixes o diálogo amigo tão-somente para os dias de aflição, quando a crise haja surgido, estabelecendo desastre e sofrimento nos trilhos da experiência doméstica. Mantém o hábito de conversar freqüentemente com os seres amados, praticando a caridade da cortesia e da tolerância, e reconhecerás sem dificuldade que, muitas vezes, alguns simples minutos de diálogo afetuoso, na paz do cotidiano, conseguem realizar verdadeiros prodígios de tranqüilidade e segurança, francamente inabordáveis por longos e longos meses de azedume ou de discussão.

 

 


Divina Conduta

Maria Dolores

 

Esta singela narrativa

Ouvi de amado amigo – um gênio dentre os gênios –

História que ele arquiva

Em seus registros de milênios.

 

Um Espírito que, em si, já conquistara

Inteligência primorosa e rara

Manifestou anseio superior:

Desejou trabalhar junto ao Senhor,

Amá-lo, vê-lo e fruir-lhe a presença...

Para isso pediu aos Ministros da Lei

Que se lhe concedesse uma vida de rei.

Recebida a licença,

Fez-se na Terra um nobre soberano,

Foi grande, poderoso, justo e humano,

Mas, adstrito à própria posição,

Viveu atento à representação

Do povo que escolhera governar.

De volta ao Grande Lar,

Assim que o Mais Além se lhe descerra,

Subiu a conviver com benfeitores

Que haviam sido príncipes na Terra...

 

Mas, logo após, rogou aos Divinos Mentores

A graça de ser santo...

Tornou ao mundo transformado

Em famoso varão

Que só pensava em perfeição

Viveu de isolamento, entre prece e o jejum,

Sem se doar a mal nenhum;

No entanto, circunscrito

Às tradições da crença em que vivia,

Abandonando o corpo teve a companhia

De ilustrados teólogos do Além,

Mensageiros da Paz e Expoentes do Bem.

 

Decorrido algum tempo, ele quis ser um artista.

Voltou a Terra músico e pintor;

Foi um gênio a compor e recompor

Imagens de harmonia e poemas em cor.

Regressando ao Além, depois de longos dias,

A transportar consigo láureas resplendentes

Passou a respirar

No clima cultural de artistas eminentes.

 

Depois disso, por décadas afora,

De vida em vida, em largo itinerário,

Eis que a sede de Cristo mais se lhe aprimora...

Foi Escritor, Juiz, Cientista e Operário.

 

Mas um dia chegou em que ele disse:

- Senhor! Senhor! Tenho escolhido tanto,

Ignoro, porém, o que te agrade,

Dá-me agora, Jesus tua vontade,

Ensina-me o dever,

Para que eu seja o que preciso ser!...

 

Tempo vasto rolou nas vias do Infinito.

Quando voltou a renascer

Numa casa singela...

A vida lhe corria doce e bela

Quando os pais retornaram para o Além...

Os três irmãos do lar,

Consolidando a própria segurança,

Não se pejaram de o desvincular

Do direito de herança...

Ele não destacou qualquer reclamação,

Aprendera dos pais a ciência do bem.

Aceitou contas que jamais fizera

E compromissos que desconhecia,

Sem ferir ninguém.

 

Esqueceu todo o mal, buscando um novo dia,

Estudou, quanto pode, entre serviço e escola,

Fez-se negociante e depois lavrador,

Casou-se e converteu-se em pai guiado pelo amor,

Mas porque socorresse aos pobres e aos doentes,

A família insurgiu-se a golpes deprimentes...

 

A esposa sem razão

Permutou-lhe o carinho e a companhia

Por um homem tocado de ambição.

Ao vê-lo amargurado, em transes de agonia,

Os filhos declararam-no demente

E um processo instaurou-se de repente,

A julgá-lo incapaz de senso e direção.

Destituído e expulso do seu chão,

Não levantou a voz sequer

Para acusar os filhos e à mulher.

E prosseguiu servindo

Agia, sol a sol, por ínfimo ordenado,

Mas esparzindo sempre a riqueza do amor,

Onde surgisse algum necessitado.

 

Alcançou noventa anos de amargura

E nunca se queixou, nem se deu à secura...

Era sempre um amigo da alegria,

Criando paz e luz, bondade e simpatia.

 

Certa noite, sozinho,

O estimado velhinho.

Viu-se fora do corpo, ante a pressão da morte...

Procura na oração apoio que o conforte,

Mas isso um anjo posto à cabeceira,

Fala-lhe brandamente: - meu irmão,

Partamos para a vida verdadeira...

Ele escutou celeste cavatina

E, aflito, perguntou; que há que não entendo?

O Emissário aclarou: é a música divina,

Saudando um justo que acabou vencendo...

Entre assombro e receio, estranheza e torpor,

O pobre proferiu ansiosa indagação:

- Quem será esse justo, Deus de Amor?

 

O silêncio se fez qual se fosse de estalo.

Logo após, o velhinho, a chorar de emoção,

Viu que o próprio Jesus vinha buscá-lo...

Prosternado, gritou: Senhor, eu não mereço!...

Mas o Cristo avançou, estendo-lhe a mão...

 

Soluçando de amor e de alegria,

O pobre irradiou sublime claridade,

No entanto, nem notou que ele próprio trazia

No próprio coração, a estrela da humildade.

 


Dor Bendita

Epiphanio Leite

 

Lembro-te, velho amigo, a triste liderança...

Ajudas-te ao corcel... O corcel rincha e voa...

Ordenas atacar, a trombeta ressoa...

Levas contigo a morte e o sofrimento avança.

 

Aniquilas a vida, extingues a esperança...

Matas, feres, destróis, envileces à-toa...

Fazem-te chefe e rei, guardas cetro e coroa,

Mas, em plena vitória, o túmulo te alcança!...

 

Depois de tanto tempo, achei-te reencarnado;

Mendigo sem ninguém, redimes o passado...

Dói-me fitar-te a lepra em calvário imprevisto...

 

Entretanto, bendize a dor que te consterna,

Por ela, ascenderás à luz da vida eterna,

Para servir ao Bem, entre as hostes do Cristo!...

 

(Versos dedicados a um companheiro que conheci, há quatro séculos, na condição de guerreiro eminente e rei triunfante, amigo esse que teve a infelicidade de abusar do poder, na prática do mal, e que hoje reencontrei reencarnado, na posição de mendigo, entregue a dolorosas provações, na via pública).

 

 


Em Tempos de Hoje

Leandro Gomes De Barros

 

Meus irmãos, filhos de Deus

Não pensem que sou maluco,

Sou apenas cantador

Do sertão de Pernambuco.

 

Convidado por amigos,

Minha voz se desemperra

No sentido de exaltar

A evolução que há na Terra.

 

O que eu devia falar

Usando de garbo e gosto

É que o mundo de hoje em dia

Subiu de rumo e de posto.

 

Mas já fui de meu recanto

A todos os continentes,

Não achei progresso algum

Só vi cousas diferentes.

 

Não sei se depois da morte

Sou mais burro aqui,

Mas vou falar com franqueza

Do que eu via e do que eu vi.

 

Em minha casa de taipa

Levantada sobre o chão,

O teto tremia ao vento

Mas não se via ladrão.

 

O pessoal do roçado

Rezava e dormia cedo.

Agora, a noite do povo

É rua, polícia e enredo.

 

Qualquer palavra era dada

Com segurança e raiz,

Hoje, a dívida é cobrada

Com sentença de juiz.

 

Vestida dos pés ao coco

Era a pessoa de outrora,

Vê-se hoje muita gente

Com muitas peças de fora.

 

Nas praias então o assunto

Já se tornou cousa feia,

Encontra-se em qualquer parte

Gente pelada na areia.

 

Uns falam que é por moléstia

Que estão assim, a contendo.

E a gente lhe vê na cara

O riso do assanhamento.

 

Na capa dos seminários,

Vinha a flor, vinha a charrua,

Agora, em qualquer revista,

Aparece gente nua.

 

Hoje, muita mulher mãe

Mudou por fora e por dentro,

Se há promessa de criança,

Que dá baixar noutro centro.

 

Muitos espíritos lindos,

Querem corpo no Planeta,

Mas já vivem perguntando

Como nascer de proveta.

 

Os meninos do passado

Tinham vida e mocotó,

Agora penso nos filhos,

Das latas de leite em pó.

 

A carroça, algumas vezes,

Matava um nos gerais,

Hoje, a queda de avião

Mata cem e, às vezes, mais.

 

Alguém aprendia mal

Quando estivesse na prisão,

Agora, o assunto está livre

Na luz da televisão.

 

Em verdade a Medicina

Progrediu muito no efeito;

Doentes são bem tratados,

Mas morrem do mesmo jeito.

 

Há tantos remédios novos!...

Não há lista que os resuma

E o livro nos cemitérios

Não aponta baixa alguma.

 

Grandeza dos tempos novos?

Procuro e não sei qual é

Tempo antigo era mais duro

Mas contava com mais fé.

 

Progresso humano? Não sei

Se o mundo anda muito exato.

Tenho saudades do campo

De minha choça no mato.

 

Respeito a Terra de agora

E a evolução dos ateus,

Tudo existe para o bem

Pela Vontade de Deus.

 

Sei que tantos empeços

Nos quais agora me movo,

Deus em tudo está criando

O brilho de um mundo novo.

 

Mas sou sincero. Se agora

Renascer é minha sina,

Quero um mundo sem motores,

Sem guerra e sem gasolina.

 

 


Encontro Inesquecível

Maria Dolores

 

A nossa reunião em preces começara.

Em derredor, a névoa densa...

 

Éramos oitos irmãos, ante a presença

Da inteligência rara

De antigo delinqüente,

Que precisava rumo diferente.

 

Finda a nossa oração,

O Instrutor exclamou, emocionado:

- Escuta, meu irmão,

Agora, és nosso convidado

Para a escola do amor.

Em nome de Jesus, cuja a paz nos alcança,

Rogamos-te esquecer os gestos de vingança

Que exerces sobre humilde lar terreno,

Hoje quase desfeito

Sem que a piedade te penetre o peito,

Semelhante a motor sustentado a veneno...

 

Um estranha e estridente gargalhada

Ecoou, sob a névoa desolada.

 

- Nunca! – disse o infeliz, mal disfarçando a ira –

Não me faleis de amor, essa eterna mentira,

Farei justiça pelas próprias mãos.

Estou cansado de preceitos vãos.

Ingênuos pregadores, que dizeis

De tudo o que sofri no relho da injustiça?

Das mistificações de vossas duras leis,

Ninguém me arrancará do ódio que me escolta,

Quero ser a vingança, o rebate, a revolta...

Pobre órfão de mãe, sem pai que me quisesse,

Para sobreviver doente, exausto e roto,

Fiz-me rato de esgoto,

Embora o homem, meu pai, amplamente soubesse

Que eu tinha sob os pés o abismo por destino...

Fui ladrão e assassino.

Temível salteador

Respondendo a sarcasmo o fel da minha dor!...

 

Ante a pausa pequena,

O Instrutor indagou em voz serena:

- E Deus, irmão? Que fizeste de Deus?

 

- Eu preferi trilhar a estrada dos ateus –

- Replicou, apressado, o espírito infeliz –

- Se há Deus também é um Pai que não me quis;

Sei que saí da morte e existo em outro plano,

Mas não quero ilusões do pensamento humano!...

 

- E o bem? Não queres crer na prática do bem? –

- Disse o Orientador, paciente e amigo-

- Não desejamos obrigar-te,

Quanto possas, porém, modifica-te e vem

Ao caminho do amor que é sempre o nosso abrigo,

A doar-nos socorro em qualquer parte.

 

- Tolice!... – proclamou a rebelde entidade –

O bem aduba o mal em toda Humanidade,

A prática do bem sugere desacatos,

É a galinha a sofrer na desova de ingratos.

 

Notando-lhe a feição empedernida,

O nosso grupo em prece ao Criador da Vida

Pediu por ele apoio e proteção.

 

Assim que terminou a singela oração

Que o nosso Condutor em pranto formulara,

Veio do Azul Imenso uma luz rosicler

Que se fez, entre nós, simpática mulher...

Abraçou-nos sorrindo, em júbilo e tristeza,

Dirigindo-se após ao rude sofredor,

Falou-lhe em doce voz, repassada de amor:

- Filho, Deus te abençoe!... – E o pobre a ouvi-la,

Qual se atendesse, enfim, a invencível comando,

Cambaleou sem força e gritou, soluçando:

- Mãe, generosa mãe, rever-te me aniquila...

Não me retenhas, mãe! A treva me reclama,

Fita-me o peito em fel, a converter-se em lama...

Sou apenas um monstro, acusado e infeliz!...

 

Ela, porém, sentou-se, linda tal qual era,

Colocou-lhe a cabeça no regaço

E parecendo um anjo, acalmando uma fera, a lhe apontar a imensidão do Espaço:

- Filho, é meu ideal, o mais belo e o mais santo;

Não te sintas a sós, eu nunca te amei tanto

Quanto agora que estás desolado e sozinho

Não te creias no mal, és filho dos Céus,

Deus não cria em ninguém o estigma dos réus.

A vida nos fará renovado caminho.

Erraste, filho meu, mas as faltas que tens

Resgataremos nós com nossos novos bens.

Retornarei a Terra e seguirás comigo,

Viveremos num lar singelo, claro e amigo;

Conforme a proteção de Afetos Imortais,

Terás comigo o amor de meus futuros pais...

No tempo que eu dormir e pequenina for

Serás junto ao meu berço,

Meu fiel companheiro e maior defensor...

E, em regressando a ser menina-criança,

Estarás junto a mim por meu sonho-esperança.

Nos bebês que eu tiver, em brinquedos do lar,

Sei que te embalarei com as canções de ninar;

E ao tornar-me mulher, sem qualquer empecilho,

Serás, então, de novo,

Ante a benção de Deus, meu tesouro e meu filho...

Não chores mais. Agora, é o fim da longa espera,

Raiará para nós a nova primavera...

Não te importem a luta, o esforço, a prova e a dor!...

Todo lugar é Céu onde está nosso amor!...

 

Calou-se a mãe sublime. E entre nós, em seguida,

Ergueu-se a sustentá-lo com ternura,

Qual se o pobre fosse a própria vida.

Depois, a despedir-se, a nobre criatura,

Na carícia de luz, que das mães se descerra,

Partiu a carregá-lo, em direção a Terra.

 

Nosso Mentor, em voz pausada e enternecida,

Agradeceu aos Céus a tarefa cumprida.

E, qual se me encontrasse, em reunião qualquer,

Exclamei, a chorar, em êxtase profundo:

- Sê louvado, meu Deus, porque deste à mulher

A chave para a vida e a redenção do Mundo!...

 

 


Estudando a Infância

Emmanuel

 

O espírito – viajante da Eternidade – adormece no berço para acordar na sementeira, tanto quanto adormece no túmulo para acordar na colheita.

E o homem que amadurece na experiência terrena suspira por encontrar além da morte, braços amigos que o sustentem na grande romagem para a Divina Luz.

Todavia, cada criatura desperta, depois da morte, na região para a qual dirigiu os próprios passos.

Há quem reabra os olhos na paisagem reconfortante do amor e da alegria, consoante a alegria e ao amor que plantou na leira humana, mas também há quem se reconquiste em pleno espinheiro de aflição e sofrimento, segundo a aflição e o sofrimento que espalhou na própria estrada.

Por isso mesmo, é possível observar na própria Terra, a lei de correspondência, pela qual cada um responde pelas próprias obras.

 

Cada espírito renasce na posição que merece, de acordo com as dívidas ou aquisições a que se ajusta.

Há quem nasça no ódio com que intoxicou o próprio destino, como há quem retoma o corpo com as mesmas feridas que, ontem, estampou na própria alma.

Daí, o impositivo de entendermos na infância, não a estação de irresponsabilidade festiva, mas a hora favorável de abençoada preparação do futuro.

Receberemos, amanhã, na alma confiada às nossas mãos, aquilo que hoje lhe oferecemos.

 

Nossos filhos no mundo são consciências que gravitam em torno de nossa vida refletindo, agora ou mais tarde, o nosso devotamento ou a nossa deserção.

Não vale iludir a criança com a fantasia do dinheiro ou do privilégio; anestesiando-a na leviandade.

 

O lar é, antes de tudo, a escola do caráter e, somente quando os responsáveis por ele se entregarem, felizes, ao sacrifício próprio, para a vitória do amor, é que a vida na Terra será realmente de paz e trabalho, crescimento e progresso, porque o homem encontrará na criança as bases justas do programa da redenção.

 

 


Inferno Antes

Emmanuel

 

Reportar-se muita gente ao inferno, além do sepulcro, no entanto, é imperioso lembrar o inferno que nós mesmos criamos antes do berço.

*

Em verdade, se somos individualmente examinados depois do túmulo, não será lícito esquecer que a Justiça Divina nos observa igualmente em nossa expressão grupal.

Dessa forma, nas linhas da experiência doméstica, no campo da luta humana, quase sempre enxameiam, junto aos espíritos encarnados, aquelas almas desprevenidas que com eles se acumpliciaram na delinqüência e que, em lhes precedendo os passos na viagem da morte, não se fizeram ausentes.

E o tempo, o juiz que premia méritos e retifica defeitos, reúne nas telas da vida espiritual antigos companheiros de viciação e de ignorância, investindo cada um na parcela de sofrimento, indispensável à precisa reparação.

*

Renteando com a morada terrena, dolorosos processos de purgação e acrisolamento aglutinam os seres imprevidentes que, tomados de aflição e loucura, suplicam a bênção da volta à carne, para o trabalho do recomeço.

Diante disso, o mesmo tempo, em nome de Deus, confere de novo aos desertores do bem a suspirada ocasião para o reajuste, orientando-lhes o retorno através de reaproximações gradativas.

Desse modo, pais e filhos, cônjuges e parentes, superiores e subalternos, irmãos e amigos renascem, uns ao lado dos outros, na hora justa, cada qual suportando o quinhão de dor regenerativa que lhes é adjudicado.

E enfermidades e provas, separações e amarguras, mutilações e desastres, aleijões e infortúnios surgem, portas adentro das instituições e dos lares, tanto quanto nos elos da consanguidade e nos laços afetivos.

*

Fruto do passado delituoso a expiação pede a todos serenidade e renúncia para que o horizonte se aclare na recomposição do destino.

*

Saibamos render culto constante ao amor fraterno, auxiliando sem paga, porque somente construindo alegria dos outros é que edificaremos o caminho ditoso que nos liberte, enfim, das algemas da sombra para a bênção da luz.

 

 


Jornadas do Tempo

Maria Dolores

 

Vejo-lhes, muita vez, os grupos rumorosos...

Rogam socorro a Deus, em suplício profundo.

Querem renascimento, a fim de se esquecerem

Da culpa que os mantém presos ao chão do mundo.

 

Espíritos no Além que passaram na Terra,

Estendendo a ambição e o domínio sem peias,

Recolhem, de retorno, as obras que fizeram,

Plantando espinheiras nas estradas alheias.

 

Suplicam renascer, em extrema penúria,

Pedem expiação que os corrija e reprima,

Rogam corpos em chaga, ostracismo e abandono

Com a perda integral de toda a humana estima.

 

Imploram regressar em condições amargas,

Anelam revelar na luta que lhes doa

A nova compreensão de quem se emenda e sofre,

Bendizendo o infortúnio em que se aperfeiçoa...

 

O Senhor lhes concede a bênção suplicada

E ressurgem na Terra, entre almas sofridas,

Devem buscar na paz, no amor e na humildade

A força de apagar os erros de outras vidas...

 

Conquanto as exceções, no entanto novamente,

Crescendo para o mundo em sombras de ilusão,

Ei-los a repetir equívocos de outrora,

Rebeldia, vaidade, orgulho, ostentação...

 

Não escutam a fé que lhes pede trabalho

Na obediência à luz que lhes vem da rotina,

E a vasta multidão se transvia em protestos,

Complica-se a gritar, padece, desatina...

 

Atentos ao passado a que se voltam,

Tentam fugir de Deus que os ampara e os escolta...

Pobres seres que varam vida e tempo

Entre o frio da treva e o fogo da revolta!...

 

Alma querida, escuta!... Se na Terra

A provação é sombra que te alcança,

Não temas... É o pretérito de volta...

O presente aflitivo é a nossa própria herança...

 

Sofre sem reclamar, serve, prossegue...

Além da própria angústia, alma sincera,

Encontrarás, chorando de alegria,

A luz da vida nova que te espera...

 

 


Louca

Epiphanio Leite

 

Reencontrei-te, afinal, entre provas austeras...

Ontem, ouro e brasão – senhora das senhoras –

Hoje, vagas ao léu, ninguém sabe onde moras,

Louca atirada à rua, em pranto, deblateras!...

 

Ajusta-te a pele em túrgidas crateras,

Transformou-se-te o tempo em calvário das horas!

Apedrejam-te e ris... Acalentam-te e choras...

Nada lembra em teu vulto a dama de outras eras.

 

Louca!... Zombam de ti, quando surges na estrada,

Trazes a expiação da beleza culpada,

Lembro-te, sofro... E, ao ver-te, em mágoa, me constranjo!...

 

Mas bendize, senhora, o corpo em lama e trevas!...

Nele plasmas com a dor das lágrimas que levas

A brancura de um lírio e a beleza de um anjo!...

 

(Versos dedicados à devotada amiga de outro tempo que, apesar de nobre e generosa, transformou a beleza física em motivo para desregramento e criminalidade e que, presentemente, reencontramos reencarnada, na provação da loucura, maltrapilha e abandonada à via pública).

 

 


Mendigo

Epiphanio Leite

 

Lembro-te rico e nobre... O peito hirsuto e forte...

Empinas o corcel dominante na pista...

Nos jogos medievais, tudo o que mais se avista

É a força de teu barco e a graça de teu porte!...

 

Mas abusas do amor, de conquista em conquista,

Filhas, esposas, mães arrastas para a morte...

Quanto luto e aflição, sem que nada te importe!...

E o corpo se te esvai e sem que o ouro te assista...

 

Achas, desencarnado, as vítimas de outrora,

O remorso te assalta o coração que chora...

Tudo o tempo envolveu em espessa neblina!...

 

Reencontrei, hoje, enfim, mendigo em longa prova.

Louva, porém, os Céus... Na dor que te renova,

Sublimarás o amor para ascensão divina!...

 

(Versos ao companheiro de lutas brilhantes cavaleiro dos ajustes medievos com quem partilhei alegrias e reveses, há precisamente seis séculos, o que encontrei, presentemente, na condição de pedinte, enfermo e relegado à via pública, depois de múltiplas aventuras em que se complicou nas experiências e ideais do campo efetivo.)

 


Mulheres Nossas Mães

Leandro Gomes de Barros

 

Amigos querem que eu fale,

Olhando o mundo pra frente,

Quanto à mulher de hoje em dia

E a mulher de antigamente.

 

Não sei se falo do assunto,

Versejando em boa hora,

Que a Lei de Deus me castigue

Se ofendo alguma senhora.

 

Reconheço que na Terra

Muitas imitam Maria,

Essas todas são sagradas

Mas não fazem maioria.

 

A mulher de minha infância

Andava em outro sentido,

Orgulhando-se de ser

A proteção do marido.

 

Se o homem vinha armado,

Dando força ao palavrão,

Ela sorria em silêncio,

Ouvindo qualquer sermão.

 

Esposo vindo da rua

Com os nervos postos em brasa

Achava na companheira

O alívio dentro de casa.

 

Toda moça que casasse

Não encontrava empecilhos

Para ser mãe amorosa

De oito, nove ou dez filhos.

 

Quando o Céu trazia a noite,

Do lar rico aos mais plebeus,

As mães, ao lado dos filhos,

Rezavam pensando em Deus.

 

Hoje a muda mudou muito,

A Terra deu grande salto.

Se o homem comenta crises,

A mulher fala mais alto.

 

Se o esposo traz conselhos,

Mesmo de jeito sofrido,

A mulher, em muitos casos,

Desce a bronca no marido.

 

Quando o homem quer mais filhos,

Após colher um ou dois,

A esposa adia a conversa

E diz que os terá depois.

 

Mas depois nem pensa nisso

E o marido que se rompa,

Porquanto, a esposa procura

A tal de tranca na trompa.

 

Muitos espíritos vejo

Rogando a Deus vida nova,

Mas muita mulher de hoje

Diz que ser mãe é uma prova.

 

Se o cabra insiste chorando,

A pedir berço e conforto,

Muita mãe cede e arrepende

Jogando o infeliz no aborto.

 

Se o pobre teima, insistindo,

Em chorança que não pára,

Vem a pílula do contra

Que lembra um tapa na cara.

 

Muita mulher de hoje em dia

Tem gabinete de lado,

E, em casa, o esposo a recebe

Qual um colega cansado.

 

Engenheiras e ministras

Exercem alta missão,

No entanto, na gravidez,

Voltam à antiga função.

 

O esposo, às vezes, inquieto,

Que se cale sem palpite,

Senão é rua, pensão

E os cobres para o desquite.

 

Creio que toda mulher

É um anjo que nos domina,

Todas as mães são ligadas

À Providência Divina.

 

Muita gente diz que, em breve

Nós teremos novo lar,

Que as mulheres progredindo,

O mundo vai melhorar.

 

Hoje, porém, vendo muitas

Pedindo o aborto por lei,

Se há progresso para a vida,

Sinceramente, não sei.

 

 


Na Terra

André Luiz

 

Na Terra, Deus nos concede o corpo, através de pais amigos.

Cada um de nós se lhe faz inquilino temporário em regime de responsabilidade.

*

Deus nos proporciona a riqueza das horas pela contabilidade do Tempo.

Cada criatura, em momento oportuno, apresentará o relatório dos próprios dias.

*

Deus nos oferta os laços afetivos pelos princípios da afinidade.

Podemos valorizá-los ou não, conforme o nosso próprio arbítrio.

*

Deus nos concede a propriedade, por intermédio das leis organizadas pelos próprios homens.

Daremos conta do usufruto respectivo.

*

Deus nos oferece as sementes pelos recursos da Natureza.

Plantio e colheita são sempre de nossa escolha.

*

Deus nos confia o dinheiro, através do trabalho ou da generosidade alheia.

Somos responsáveis pela aplicação da finança nos seja creditada.

*

Deus nos habilita para a eficiência com máquinas diversas, por meio da própria inteligência humana.

Compete a nós outros a programação e a condução delas.

*

Em suma, toda criação e doação das vantagens de que dispomos procedem de Deus.

Entretanto, é justo reconhecer que todos os êxitos e problemas da utilização pertencem a nós.

 

 


No Limiar de Novo Berço

Emmanuel

 

Transporto o grande portal do túmulo nossa alma padece, quase sempre, arrependia e enlutada, a revisão dos próprios erros.

 

Aqui, surgem na imaginação superexcitada a sombra de clamorosos pesares ante a deserção do dever que nos pedia renúncia, em troca da vitória espiritual.

 

Adiante, aflitivos remorsos nos aguardam, irredutíveis, perante a bagagem enorme dos males que semeamos.

 

Mais além, fantasmas acusadores de irmãos que encontraram a morte por nossa causa agigantam-se-nos na memória, muitas vezes, clamando por pagamento e justiça.

 

É então que, em muitas ocasiões, carreando o purgatório do sofrimento, em nós mesmos, longe de avançar no rumo do Céu, regressamos aflitos e torturados ao berço da experiência terrestre para reajustar e reaprender.

 

O amor infinito de Deus, todavia, descerra-nos mil recursos diversos para que nossas penas sejam amainadas.

 

É por isso que ao invés de tombarmos assassinados pela dívida de homicídio que perpetramos, habitualmente recebemos no próprio lar, categorizados à conta de filhos de nosso amor, os inimigos de outrora que nos conheceram o punhal na carne ou a lamina da calúnia no coração.

 

E é ainda por isso que, sem necessidade absoluta de sermos espoliados por aqueles a quem furtamos o estímulo de viver, com eles renascemos do reduto doméstico para afagá-los com as nossas lágrimas de ternura e com as dores de nosso devotamento, reintegrando-os na posse da alegria e nas bênçãos da confiança.

 

Aceita os deveres mais ásperos que o mundo te confia por títulos preciosos da Misericórdia Divina, aliviando-te o madeiro da culpa, em vista de te facultarem suave caminho à solução dos próprios débitos.

 

Teus pais e filhos, teu esposo ou esposa, teus irmãos e parentes, companheiros e adversários, superiores e subalternos são quase sempre, os pontos vivos de luta regeneradora que, aceitos com o amor de Jesus, se convertem nas estações progressivas da grande jornada, pela qual te retiras do vale das trevas para os cimos da luz.

 

 


Pedras

Emmanuel

 

As dificuldades de qualquer natureza são sempre pedras simbólicas, asfixiando-nos as melhores esperanças do dia, do ideal, do trabalho ou do destino, que recebemos na glória do tempo.

É necessário saber tratá-las com prudência, serenidade e sabedoria.

Há diversos modos de considerar os obstáculos, removendo-os ou aproveitando-os.

O preguiçoso recebe os calhaus da luta e estende-se no caminho, sucumbido ao seu peso. É o espírito desanimado, indolente e enfermiço.

O desesperado, em se sentindo sob os granizos da sorte, confia-se à intemperança mental e atira-os ao viandante inocente ou à porta de companheiros inofensivos. É o espírito indisciplinado, renitente e impulsivo, que sabe apenas ferir o próximo ou denegri-lo com atitudes impensadas ou levianas.

O homem inteligente, todavia, recebe as pedras da experiência e, ainda mesmo sangrando as mãos ou o coração, recolhe-as, cuidadoso, valendo-se delas para a confecção de utilidades ou para a construção de edifícios consagrados ao agasalho, ao reconforto ou à benemerência, em favor dele mesmo, e de quantos ao acompanham na marcha evolutiva.

Ninguém passará ileso nos caminhos do mundo.

As pedras da incompreensão e da dor, no ambiente comum da existência carnal, chovem sobre todos.

Do entendimento e da conduta de cada um dependerão a felicidade ou o infortúnio, na laboriosa romagem terrestre.

 

 


Prisão sem Grades

Epiphanio Leite

 

Vejo-te, nobre amigo, a despontar da bruma.

Castelão sedutor, de conquista a conquista,

Não achas coração de mulher que resista...

Segues... E no teu passo a treva se avoluma...

 

Noivas, esposas, mães... Das vítimas, em suma,

Onde falas de amor, aumenta-se-te a lista...

Mas chega a morte e vais por estrada imprevista,

Em que sombra te espera e a dor te desapruma.

 

Quis ver-te reencarnando e encontrei-te, inda há pouco...

Vagueias, mundo afora, abandonado e louco,

Espolinhas-te em lama e choras no monturo!...

 

Mas, agradece a Lei que segrega em prova:

Na cela de aflição que te apura e renova,

Descobrirás, de novo, as fontes do amor puro.

 

(Versos a um companheiro que, há dois séculos, abusou dos valores físicos, utilizando o sexo unicamente para criar infortúnio alheio, e que reencontramos agora na prisão sem grades de um cérebro doente, em provação redentora.)

 

 


Prova e Libertação

Epiphanio Leite

 

Lembro-te, nobre amiga, a voz de soberana,

Poderosa mulher quando ordenas e falas,

Da púrpura do trono ao carmesim das salas,

És rainha e senhora, amada e desumana.

 

Que estranha sedução nos perfumes que exalas!...

Quantos lares destróis, quanto afeto se engana!...

De paixão em paixão, gastas a vida insana

E morres, humilhando os homens que avassalas...

 

Quanto tempo se foi!... Mas reencontrei-te, agora,

Mãe reencarnada e triste, alma que sonha e chora,

Entre penúria e pó, chagas, sombras, ruínas...

 

Mas agradece a dor do cárcere de penas,

Nele retomarás teu carro de açucenas

Para reinar com Deus, nas vastidões divinas

 

 


Purgatório

Emmanuel

 

Indubitavelmente, quando transviados na terra, conduzimos para o túmulo o inferno do remorso, alojado nos escaninhos da consciência.

É ai, nos precipícios da sombra, com os quais sintonizamos aspirações e desejos, que passamos a sofrer justas conseqüências de nossos erros deliberados, azorragues de dor que nos atormentam a memória, nas telas sucessivas de agoniado arrependimento, com que a imobilizar-nos a idéia em cárceres de aflição e terror, resultantes de nossa própria criação mental a enovelar-se sobre nós mesmos.

Entretanto, o Socorro Divino jamais falha e chega o momento em que o inferno convertido em purgatório salutar renasce conosco no berço terrestre, situando-nos, mediante a forma física, no reduto doméstico ou no quadro social suscetíveis de conduzir-nos ao reajuste.

É por isso que vemos no mundo as mais dolorosas enfermidades e as mais aflitivas mutilações, de permeio com os desgostos familiares e com as provações mais profundas a se revelarem através de inibições deploráveis, de chagas íntimas, de incompreensões, de amarguras, de miséria angustiosa e pauperismo desolador...

Cada consciência que ressurge na carne, no campo da dívida a resgatar, carreia consigo a cruz salvadora em que se lhe redimirá o espírito, à frente da vida eterna.

Não olvides, pois, que a riqueza da fé representa a claridade bendita em que é possível estender os talentos do amor, clareando os quadros de nossos gravames e compromissos.

A nós outros, portanto, a quem coube o quinhão maior da luz, compete o serviço incessante no bem dos outros, para que através da oportunidade de hoje possamos libertar-nos do purgatório de ontem, pavimentado em nós mesmos o abençoado caminho de ascensão a luminoso porvir.

 

 


Resgate e Amor

Epiphanio Leite

 

Recordo-te, Senhora... A seda se te entrança

Na cabeleira loura... Ao colar que rebrilha,

Exibes, donairosa, o manto de escumilha,

Mas crias, em redor, revolta e insegurança...

 

Por ciúmes de alguém, matas a própria filha...

Fruis mentido prazer e, um dia, a morte avança...

Tornas á luz do Além... Choras sem esperança...

E rogas outro berço, ante a dor que te humilha...

 

Hoje, achei-te, de novo... Enferma, quase inerte,

Paralítica e só, o pranto se te verte

Ao pedir pão e teto, esmolando de rastros...

 

Mas, louva, amada irmã. A Lei serena e austera...

Alguém te aguarda a vida... É a filha que te espera,

A fim de erguer-te à luz que fulge, além dos astros!...

 

(Versos dedicados à dama nobre de nossas relações pessoais no século passado, que reencontrei agora, na condição de mendiga enferma, na praça pública, resgatando um delito passional cometido em família e que se junge a dolorosa prova, depois de rogar, na Vida Espiritual, que lhe fossem concedidos os recursos necessários à própria redenção.)

 

 


Retorno de Paz

Cornélio Pires

 

- “Deus afaste meu filho de Ana Flora!...”

Assim dizendo, um dia, Nhá Joaquina

Deu veneno fatal para a menina,

Temendo tê-la em condição de nora.

 

Mas, embora chorasse a própria sina,

O rapaz desposou Lia Teodora...

E a morta veio aos dois, nascendo agora

Uma gorducha e bela pequenina.

 

Nhá Joaquina, ansiosa, veio vê-la,

Disse à nora que a neta era uma estrela

E ali ficou, em Taquaral do Engenho...

 

Depois clamou, trazendo a neta ao peito:

- “Quero deixar meu filho e estou sem jeito,

Esta menina é a luz de Deus que eu tenho.”

 

 


Revisão

Silva Ramos

 

“Nunca te esquecerei...Espere-me, querida!...”

Disse o guerreiro audaz à jovem loura e bela.

Quantas juras de amor o tempo desmantela!...

Ei-la que sofre ao longe... Ele se casa e olvida.

 

Mata-se a noiva triste ao saber-se esquecida

E suporta no Além a mágoa a que se atrela.

Nada ouve, nem vê... A dor é sentinela

Que lhe renova o ser, restaurando-lhe a vida.

 

Desencarnado, um dia, o castelão de outrora

Descobre a moça em treva, arrepende-se e chora...

Quer dar-lhe novo berço a refazer-lhe os passos..

 

Hoje, em sítio singelo, é um pai atento e amigo,

Cultiva o solo em paz e carrega consigo

Uma filhinha cega a lhe sorrir nos braços.

 

 


Semente e Fruta

Silva Ramos

 

“Bate mais!... Bate mais!...” – E a senhora proclama:

- “Escravo sem valor que morra na senzala!”

O relho, em mão cruel, se desenrola, estala

E a vítima, sangrando, expira sobre a lama.

 

Quanto infeliz tombando ao pé da nobre dama!...

Chega um dia porém... Ei-la inerme, sem fala...

Compadecidamente, a morte vem buscá-la.

No Além, chora, censura, esbraveja, reclama...

 

Por fim, quer renascer... Dá-lhe o Céu vida nova.

Hoje, bela mulher, guarda um leito de prova,

A dor lhe fere a carne e agarra o peito rouco...

 

Sob o relho da angústia, a dona do passado

Morre, sentindo o corpo exânime e quebrado,

Ao câncer que a constringe e exaure, pouco a pouco.

 

 


Tempo de Mães

 

Sabedoria do povo

Em pequenino rifão:

Mãe é um amor sempre novo

Por dentro do coração

Marcelo Gama

 

Bendito este dom profundo,

Brilhe sempre onde estiver:

Maternidade no mundo

É luz de Deus na mulher

Américo Falcão

 

Nossos laços... Quem os conte

Não vejo pessoa alguma...

Afeiçoes, temos em mente,

Mãe, porém, só tem uma

Pedro Costa

 

O espírito quando quer

Evoluir, a rigor,

Pede um corpo de mulher

E faz-se mãe por amor...

Casimiro Cunha

 

Coração de mãe recorda,

Entre alegrias e dores,

Um lago feito de pranto

Sempre enfeitado de flores...

Vivita Cartier

 

Terra, das almas que mostras,

Aquela em que te alteias

É a mulher que se faz mãe

De criancinhas alheias,

Toninho Bittencourt

 

Embora as lutas da estrada

E as lágrimas que a consomem,

Mãe é a mulher sublimada

Que não deseja ser homem.

Silveira de Carvalho

 

 

A mulher, após ser mãe,

Em todos os seus caminhos,

Tem um calvário de rosas

Atapetado de espinhos.

Benigna da Cunha

 

Afirmação contestada,

Mas sempre clara e sabida:

O homem manda na Terra,

A mulher governa a vida.

Chiquito de Moraes

 

Para qualquer criatura,

Bons e maus, crentes ou ateus,

Em qualquer parte do Mundo,

Mãe é a presença de Deus.

Auta de Souza

 

 


Teus Filhos

Emmanuel

 

Se conflitos inquietantes te envenenam a alma, obstando-te a harmonia conjugal, as leis da vida não te impedem a separação do companheiro ou da companheira, com quem a convivência se te fez impraticável, embora, com isso, estejas debitando ao futuro a solução de graves compromissos em tua vida de espírito... Entretanto, pensa nos filhos. Almas queridas que viajaram das estâncias do passado, pelas vias da reencarnação, desembarcaram no presente, através dos teus braços, suplicando-te auxílio e renovação.

Quem são eles? Habitualmente, são aqueles mesmos companheiros de alegria e sofrimento, culpa e resgate, nas existências passadas, em cujo clima resvalaste em problemas difíceis de resolver. Ontem, associados de trabalho e ideal, são hoje os continuadores de tua ação ou intérpretes de tuas obras.

Quase sempre, renascemos na Terra à maneira das vergônteas de uma raiz, e, em nosso caso, a raiz é o conjunto de débitos e aspirações em que se nos desdobram os dias terrestre, objetivando nossa ascensão espiritual.

Os filhos não te pedem apenas dinheiro ou reconforto no plano físico, Solicitam-te igualmente assistência e rumo, apoio e orientação.

Se te uniste com alguém no tálamo doméstico, semelhante comunhão encerra também todos aqueles que acolhes na condição de herdeiros do teu nome, a te rogarem proteção e entendimento, a fim de que não lhes faleçam o dom de servir e a alegria de viver.

Em verdade, repetimos, as leis da vida não te impedem o divórcio, porque situações calamitosas existem no mundo nas quais a alma encarnada se vê sob ameaça de naufrágio nas pesadas correntes do suicídio ou criminalidade e o Senhor não faz a apologia da violência. Apesar disso, considera a extensão dos teus compromissos, porquanto não te reunirias com alguém no âmago do recinto caseiro para a criação da família ou para sustentação de tarefas específicas, sem razões justas nos princípios de causa e efeito, evolução e aperfeiçoamento.

Sejam, pois, quais forem as circunstâncias constrangedoras que te afligem no lar, reflete, acima de tudo, em teus filhos, que precisam de ti. A tua união inclui particularmente cada um deles; e eles que necessitam hoje de tua bênção, se buscas esquecer-te a fim de abençoá-los, amanhã também te abençoarão.

 

 


Trabalho e Tempo

Emmanuel

 

Trabalho e tempo estão intimamente associados.

A Sabedoria Divina estabeleceu concessão idêntica a todas as criaturas na Terra, em nos reportando à riqueza das horas.

Um mil e quatrocentos e quarenta minutos por dia: quota rigorosamente igual para qualquer pessoa domiciliada na Terra.

 

Anotemos que nada se fez e nem se faz no mundo sem tempo.

 

Um edifício qualquer é formado por recursos materiais condensados no tempo.

Determinada criação artística é o tempo do autor, materializando as suas próprias idéias.

 

Reflitamos na importância das horas e vejamos por nós mesmos em que se nos transforma o tempo, se em atividades que favoreçam ou prejudiquem aos outros ou a nós mesmos.

 

Comparando os minutos a metros de solo, é fácil verificar que estamos todos plantando destino no campo das horas.

Qual acontece na gleba comum, as nossas ações, recordando sementeiras, respondem com resultados conseqüentes.

Por isso mesmo, qual sucede no domínio das plantas, nossos atos produzem sempre, de acordo com a espécie dos propósitos a que se vinculam.

Observa, assim, cuidadosamente, o que fazes.

 

O tempo que se te fez oportunidade para efetuar aquilo ou isso também julgará o que fizeste.

Considerando isso, trabalha e não te omitas.

 

Agradece o tempo de que dispões e converte-o, tanto quanto possível, em progresso e sublimação, a dentro de ti mesmo.

 

Tempo é vida.

Evolução da vida é trabalho.

E a nossa vida, aqui ou alhures, será sempre aquilo que escolhemos e realizamos nas possibilidades de tempo que Deus nos concedeu.

 

 

 

FIM